Um desafio à transparência e à
verdade!
Apesar de já estarmos em pré campanha, o que é certo é que
será somente no próximo dia 17 de Setembro que, oficialmente, terá início a
campanha eleitoral autárquica. Altura para referenciar o facto de que, em
Lisboa, PS e PSD, não tendo sido os únicos – porque outros partidos com eles
estiveram coligados -, mas tendo sido os principais partidos a gerir o
executivo da Câmara Municipal de Lisboa, quando confrontados com as denúncias
da candidatura do PCTP/MRPP sobre essa gestão, e com as nossas propostas, utilizam
frequentemente o argumento da legitimidade
eleitoral.
A esses senhores, a quem desde já dizemos que não possuem a
legitimidade que reclamam, pois estão a executar uma política absolutamente
antagónica aquela com que se apresentaram ao sufrágio dos cidadãos de Lisboa,
lançamos um desafio, agora que se vai iniciar a campanha eleitoral. Sejam
honestos e transparentes – atributos de que tanto gostam de se gabar e que
exigem aos outros - e digam aos lisboetas, aos eleitores que se candidatam
para:
·
Prosseguir a expulsão de mais cidadãos de
Lisboa, a um ritmo de 10 mil por ano, que é o que têm feito ao longo de mais de
3 décadas, sendo que tal política – que ambos executam – levou a que Lisboa
tivesse perdido mais de metade da sua população desde o 25 de Abril de 1974
·
continuar a apadrinhar e a favorecer os grandes
grupos da especulação imobiliária e o pato bravismo, destruindo instrumentos
que poderiam servir de travão à especulação imobiliária como é o caso da EPUL,
ou aceitando projectos como o da Colina de Santana, que levará – se vier a ser
executado – à destruição impiedosa, não só de centros hospitalares de
referência e absolutamente necessários para assegurar a saúde a que os cidadãos
de Lisboa têm direito – como são os Hospitais de S. José, Santa Marta,
Capuchos, Instituto Oftalmológico Gama Pinto e Desterro – como levaria à
destruição do património arquitectónico e cultural das instalações em que eles
se encontram, assim como as do já desactivado Miguel Bombarda, para, nesses
locais instalar condomínios de luxo, favorecendo, uma vez mais, a especulação
imobiliária e o pato bravismo e assegurando a prossecução de uma estratégia de
tornar Lisboa uma cidade de ricos, da qual são expulsos os pobres.
·
Quanto a espaços verdes, dizerem aos lisboetas
que vão continuar a apostar no despedimento de mais jardineiros e cantoneiros
altamente qualificados, entregando a manutenção dos jardins, árvores e
canteiros da cidade a empresas que mais não são do que operadoras de moto-serra
interessadas apenas no lucro e que, criminosamente, cometem autênticos
arboricídios por essa cidade fora, como são disso exemplo os plátanos da Av.da
Liberdade, os jacarandás da Rosa Araújo ou as árvores da Ribeira das Naus e da
Rua Pascoal de Melo, entre muitíssimos outros criminosos exemplos. Digam aos
lisboetas que vão prosseguir com a arrogância e prepotência que tem
caracterizado o modelo de direcção e de gestão de ambos, a criminosa destruição
do Parque de Monsanto que, desde que vocês se alcandoraram no poder, já perdeu
mais de 10% do seu perímetro florestal e natural, e o abandono e degradação
evidentes dos jardins e parques da cidade (sugerimos uma visita ao Parque Silva
Porto – vulgo Mata de Benfica – e ao Campo Grande, entre muitos outros
degradantes exemplos, como é o Jardim Constantino)
·
Digam-lhes ainda que nada continuarão a fazer
para assegurar que o povo de Lisboa possa fruir, de novo, da sua relação com o
rio, sequestrado por uma estrutura absolutamente feudal, como é a Administração
do Porto de Lisboa, assim como lhes devem explicar o denodo com que apostam
numa exagerada dimensão para um porto de turismo, roubando muitos quilómetros
de porto a terminais de contentores capazes de gerar uma receita infinitamente
superior à que se estima no vosso projecto para esse porto de turismo
·
Evidenciem aos lisboetas que prosseguirão na
execução dos PDMs que elaboraram para se assegurar de que a indústria e
serviços altamente qualificados tivessem sido, e continuem a
ser,sistematicamente expulsas da cidade, fazendo com que esta tenha perdido
mais de 50% do seu PIB e hoje tenha de recorrer à burocracia e à repressão para
assegurar as receitas necessárias
·
Expliquem aos lisboetas, já agora, porque é que
não existe uma política camarária de transportes que, em articulação com os
concelhos vizinhos onde vivem muitos dos trabalhadores que vêm trabalhar para
Lisboa e que a eles depois têm de regressar, assegure uma rede de transportes
eficaz, eficiente, segura e confortável, exigindo a municipalização dos mesmos
·
Expliquem, ainda, porque é que há cada vez mais
casas em Lisboa, mas cada vez menos habitação a preços comportáveis para a
juventude e para as famílias carenciadas. Assim como, porque é que, recebendo a
autarquia dinheiro a fundo perdido da União Europeia para a recuperação de
bairros populares e bairros camarários, depois de realizar essas obras, vem
aumentar exponencialmente as rendas a quem lá habita. Ou, ainda, expliquem
porque é que preferem cobrir a imensidão de edifícios e prédios degradados em
Lisboa com monumentais panos em vez de prosseguirem uma política que leve à sua
reabilitação e aproveitamento.
·
Expliquem porque é que se opõem – PS e PSD, mas
não só - à aprovação de uma nova Lei dos Solos, que permita ao município deitar
mão e tomar posse de todos os solos urbanos que estejam a ser alvo e objecto de
especulação. É que, a municipalização dos solos urbanos, para além de um meio
de combate à especulação imobiliária, permite a elaboração de PLANOS MUNICIPAIS
transparentes e que sirvam as populações, planos que tem de ter como objectivo
servir as populações e permitir a construção, preservação, reabilitação e
disponibilização de habitações condignas a preços acessíveis para todos os
habitantes.
·
Expliquem porque é que rejeitam a fixação de um
prazo máximo – por exemplo 6 meses – para que os senhorios e proprietários de
todas as casas actualmente DEVOLUTAS, as façam entrar, por venda ou
arrendamento, no mercado da habitação e, caso tal não se verifique, se proceda
à colocação de tais casas numa BOLSA DE ARRENDAMENTO criada pela Câmara e
subsequente atribuição, mediante concurso, do arrendamento das mesmas, com
rendas limitadas, a jovens e famílias carenciadas.
Expliquem tudo isto, sem as manipulações ou mentiras a que
habitualmente recorrem, a ver se os lisboetas continuam a votar em vós. É este
o singelo desafio que, daqui, vos lançamos.
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