quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Inválidos do Comércio:

As aprendizagens de uma visita memorável


Uma delegação da candidatura de Lisboa do PCTP/MRPP às eleições autárquicas, encabeçada por Joana Miranda, candidata à Presidência da Câmara Municipal da capital, foi recebida na tarde desta última 2ª feira, dia 23 de Setembro, nas instalações dos Inválidos do Comércio, em Lisboa, por elementos da sua direcção e pelo seu presidente, Engº Vítor Damião.

Tal como se afirma na sua página na internet – www.invalidos.org – “uma instituição de solidariedade social ao serviço da comunidade desde 1929”, isto é, há mais de 80 anos!  A instituição, que em 1960 chegou a ter 54 mil associados, regista actualmente cerca de 13 mil. A partir de 1985 passou a considerar como data limite para a admissão de novos sócios os 70 anos de idade, quando desde a sua fundação até aquela data essa idade era de 65 anos.

Mesmo assim, em grande medida devido à qualidade e excelência da assistência que presta, já só tem capacidade para admitir novos sócios para substituir associados que, entretanto, tenham falecido. O que se traduz numa lista de espera para acesso à ocupação de um quarto ou residência de cerca de 500 idosos.
Nos Inválidos do Comércio residem actualmente 330 associados e, para assegurar todos os serviços, incluindo os cuidados de saúde continuados, existem 270 trabalhadores, entre os quais 14 enfermeiros e três médicos residentes, barbearia, cabeleireiro e serviço de manicura e pedicura. Isto para além da necessidade de se recorrer a trabalhadores externos, no quadro de empresas que, em “outsourcing” , asseguram assistência técnica especializada à manutenção de alguns equipamentos.

Ficámos deveras impressionados com a logística que vai desde a confecção de refeições ao serviço de refeitório até à lavandaria e engomadaria, passando pelas inúmeras salas de actividades, desde as lúdicas, como assistir ao programa preferido de televisão, até à biblioteca, ao anfiteatro, à sala de formação ou à sala dos computadores. Não esquecendo de mencionar, claro está, a loja de “bric à brac” onde se realizam, entre outras, as quermesses e venda de Natal.

E, em tempos de Verão prolongado, Primavera e Outono não chuvosos e invernos solarengos, um magnífico jardim, a lembrar o abraço confortável e cheiroso de antigos claustros, onde se pode ler, confraternizar ou, simplesmente, fruir do solo, da brisa que afaga o rosto e nos traz memórias de vivência e experiências passadas.

Desde a sua fundação que ficou determinado que os residentes têm de ser tratados pelo seu nome próprio e não por um número. Reveladoras da formação democrática e republicana do seu fundador, Alexandre Ferreira, são as quatro citações que estão patentes no Salão Nobre da instituição, uma sala com muita história à qual foi dado, de forma merecida, o seu nome, e das quais destacamos a seguinte:

“Não desejamos que a velhice seja uma agonia ou a morte, mas o crepúsculo de cores vivas do sol – vida que desaparece no ocaso sem dores e sem queixumes”. Uma visão e um espírito antagónicos à política de “caridadezinha”, à comiseração hipócrita e cínica que está por detrás do “assistencialismo” piegas e patético que sucessivos governos praticam quando desviam e malbaratam as verbas que deveriam ser afectas para provir os idosos com um fim de vida digno e sem constrangimentos.

Com fundos próprios decorrentes de doações e quotas de associados e uma verba acordada com a Segurança Social que cobre mais ou menos 24% dos custos de funcionamento, os Inválidos do Comércio são bem o paradigma de que, quando uma instituição é gerida com base no respeito pelo financiamento que advém das quotizações que estes trabalhadores realizaram ao longo de toda uma vida de trabalho, ela consegue servir os interesses do povo.

Tal como os seus fundadores, a actual direcção da instituição, num rasgo visionário de enaltecer, inaugurou há cerca de um ano um moderno e bem equipado espaço que acolhe cerca de 74 crianças até à idade de três anos, a Creche João Katz onde o lema é “aprender a aprender”.


Uma aprendizagem que não nos cansaremos de divulgar, pois prova que as instituições, como os homens, quando servem o povo e quem trabalha, independentemente das opções políticas ou religiosas que cada um dos seus membros adopta, têm carácter e fibra, possuem
coluna vertebral e são verdadeiras estruturas da democracia em Portugal.

Sem comentários:

Enviar um comentário