As aprendizagens de
uma visita memorável
Uma delegação da candidatura de Lisboa do PCTP/MRPP às
eleições autárquicas, encabeçada por Joana Miranda, candidata à Presidência da
Câmara Municipal da capital, foi recebida na tarde desta última 2ª feira, dia
23 de Setembro, nas instalações dos Inválidos
do Comércio, em Lisboa, por elementos da sua direcção e pelo seu
presidente, Engº Vítor Damião.
Tal como se afirma na sua página na internet – www.invalidos.org – “uma instituição de
solidariedade social ao serviço da comunidade desde 1929”, isto é, há mais de
80 anos! A instituição, que em 1960
chegou a ter 54 mil associados, regista actualmente cerca de 13 mil. A partir
de 1985 passou a considerar como data limite para a admissão de novos sócios os
70 anos de idade, quando desde a sua fundação até aquela data essa idade era de
65 anos.
Mesmo assim, em grande medida devido à qualidade e
excelência da assistência que presta, já só tem capacidade para admitir novos
sócios para substituir associados que, entretanto, tenham falecido. O que se
traduz numa lista de espera para acesso à ocupação de um quarto ou residência
de cerca de 500 idosos.
Nos Inválidos do Comércio residem actualmente 330 associados
e, para assegurar todos os serviços, incluindo os cuidados de saúde
continuados, existem 270 trabalhadores, entre os quais 14 enfermeiros e três
médicos residentes, barbearia, cabeleireiro e serviço de manicura e pedicura.
Isto para além da necessidade de se recorrer a trabalhadores externos, no
quadro de empresas que, em “outsourcing” , asseguram assistência técnica
especializada à manutenção de alguns equipamentos.
Ficámos deveras impressionados com a logística que vai desde
a confecção de refeições ao serviço de refeitório até à lavandaria e
engomadaria, passando pelas inúmeras salas de actividades, desde as lúdicas,
como assistir ao programa preferido de televisão, até à biblioteca, ao
anfiteatro, à sala de formação ou à sala dos computadores. Não esquecendo de
mencionar, claro está, a loja de “bric à brac” onde se realizam, entre outras,
as quermesses e venda de Natal.
E, em tempos de Verão prolongado, Primavera e Outono não
chuvosos e invernos solarengos, um magnífico jardim, a lembrar o abraço
confortável e cheiroso de antigos claustros, onde se pode ler, confraternizar
ou, simplesmente, fruir do solo, da brisa que afaga o rosto e nos traz memórias
de vivência e experiências passadas.
Desde a sua fundação que ficou determinado que os residentes
têm de ser tratados pelo seu nome próprio e não por um número. Reveladoras da
formação democrática e republicana do seu fundador, Alexandre Ferreira, são as
quatro citações que estão patentes no Salão Nobre da instituição, uma sala com
muita história à qual foi dado, de forma merecida, o seu nome, e das quais
destacamos a seguinte:
“Não desejamos que a velhice seja uma agonia ou a morte, mas
o crepúsculo de cores vivas do sol – vida que desaparece no ocaso sem dores e
sem queixumes”. Uma visão e um espírito antagónicos à política de
“caridadezinha”, à comiseração hipócrita e cínica que está por detrás do
“assistencialismo” piegas e patético que sucessivos governos praticam quando
desviam e malbaratam as verbas que deveriam ser afectas para provir os idosos
com um fim de vida digno e sem constrangimentos.
Com fundos próprios decorrentes de doações e quotas de
associados e uma verba acordada com a Segurança Social que cobre mais ou menos
24% dos custos de funcionamento, os Inválidos
do Comércio são bem o paradigma de que, quando uma instituição é gerida com
base no respeito pelo financiamento que advém das quotizações que estes
trabalhadores realizaram ao longo de toda uma vida de trabalho, ela consegue
servir os interesses do povo.
Tal como os seus fundadores, a actual direcção da
instituição, num rasgo visionário de enaltecer, inaugurou há cerca de um ano um
moderno e bem equipado espaço que acolhe cerca de 74 crianças até à idade de
três anos, a Creche João Katz onde o lema é “aprender a aprender”.
Uma aprendizagem que não nos cansaremos de divulgar, pois
prova que as instituições, como os homens, quando servem o povo e quem
trabalha, independentemente das opções políticas ou religiosas que cada um dos
seus membros adopta, têm carácter e fibra, possuem
coluna vertebral e são
verdadeiras estruturas da democracia em Portugal.
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