30 de Julho de 2020 Robert Bibeau
Por Célestin Bernard N’ Dri
Essas crianças vulneráveis que se tornaram ladrões, assassinos, « micróbios »
São muitos, muito numerosos ... Cem, mil ou mais que mil? Somente o Ministério da Segurança e Protecção Civil pode estimar e fornecer o seu número exacto. A idade varia entre 7 e 17 anos. Essas crianças dos bairros muito pobres de Abidjan, educadas em total miséria, mas forçadas a criar as suas condições de vida e existência, parecem sem qualquer dúvida àquelas que vivem numa selva. Elas roubam, espancam ... e matam. Estas crianças assassinas, chamadas "Micróbios" por causa do seu impressionante número e das suas características nocivas, semeiam terror e desolação no seu caminho ... Elas são a face hedionda do desespero absoluto que o sistema capitalista produz na sua absoluta decrepitude.
Regresso de um fenómeno social muito perigoso que finalmente gangrenou os bairros de Abobo, Attecoube, Adjame, Yopougon, Ayama e… Koumassi. No coração da capital económica, onde moradias luxuosas vivem paredes meias com os kraals da miséria e as favelas que se impuseram à queda da infame cidade de Abidjan.

Evidentemente, a
guerra civil imposta ao país deu origem a uma sociedade sem referências.
Crianças em idade escolar, abandonadas por famílias sem pais, devido a mortes
durante os combates. A violência transformou-se-se infelizmente em troféus de
guerra. A delinquência juvenil também se tornou a partilha dessas crianças,
algumas das quais nasceram durante a guerra. Com a ausência de programas
concretos de integração do governo, as razões fundamentais dessa outra guerra, tal
como é travada, não pode senão piorar. Os filhos dos subúrbios costa-marfinenses,
em grande medida vítimas expiatórias de um sistema de governança indesejado, de
um modo de produção imposto, são forçados a alimentar-se de maneira diferente.

Enquanto isso, este fenómeno que dura há mais de dez anos cria a psicose na cidade de Abidjan, onde sair à noite se torna muito arriscado. Neste momento, todos os costa-marfinenses choram e questionam-se se um dia os governantes poderão pôr um fim às acções desses ladrões e agressores, de outra idade. Talvez seja chegado o momento de colocar um ponto final neste sistema social de uma outra idade que devia ser visado.
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