Só um chapado oportunista como Fernando Medina, actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, poderia produzir a afirmação de que a capital poderia retirar proveito da crise pandémica de Covid-19 para resolver alguns problemas que enfrenta no sector da habitação, o trânsito excessivo e a poluição, a que se acresce a abrupta queda das avultadas receitas do turismo que o estão a levar ao desespero e a lançar mão de todas as armas que julga ter ao seu alcance para as compensar.
Demonstrando uma confrangedora insensibilidade ao
sofrimento, miséria e morte a que, por culpa do executivo chefiado pelo seu
patrono de sempre, António Costa, estão sujeitos os munícipes de Lisboa e de
todo o país, este vendido ao grande capital imobiliário e financeiro, que em
nenhuma ocasião esboçou sequer que iria exigir a revogação da Lei dos despejos
da fascista Cristas, e apoiou uma Lei de
Bases da Habitação inconsequente e igualmente oportunista, como a que foi
elaborada por Helena Roseta, tem o desplante de vir afirmar que, para a
autarquia que manipula e dirige, uma das principais aposta:
Ou seja, este energúmeno político, desencantado por António
Costa para o substituir à frente do executivo camarário de Lisboa, escamoteia
que foi ele e a autarquia que dirige que acolheram e aprovaram milhares de
processos de “alojamento local”, precisamente porque consideravam que essa
política iria “acrescentar valor” para Lisboa. O resultado está à vista de
todos. Expulsão em massa de dezenas de milhar de operários e trabalhadores e
suas famílias, da capital e, sobretudo, dos seus bairros populares. E
transformação dos trabalhadores expulsos da sua cidade em criados de libré para
servirem turistas ávidos de “cultura” a baixo preço.
Mas, o oportunismo desta ave de rapina vai mais longe. Não
são esses operários, esses trabalhadores, e essa famílias, que ele pretende
fazer retornar a Lisboa. Nada disso! É aquilo a que ele chama de “classe
média”!!!
Mais, o imbecil quer-nos fazer crer que é sustentável uma
crise conjuntural poder resolver um problema estrutural, que assenta num modo
de produção absolutamente obsoleto e criminoso, como é o modo de produção
capitalista.
É, novamente, uma aposta no populismo mais rasteiro que
escamoteia que, mantendo-se os pressupostos da Lei dos Despejos da fascista
Cristas e a Lei de Bases da Habitação da errática e inconsequente Roseta, mal a
crise pandémica seja ultrapassada- e sê-lo-á – a especulação imobiliária
retomará o caminho que lhe foi aberto, primeiro por Jorge Sampaio (com o
primeiro PDM de Lisboa), e depois pelos sucessivos executivos camarários
liderados pelo PS, sobretudo aqueles onde pontificaram Costa e Medina.
Não se deixem enganar de novo! Aproveitem a oportunidade
para correr da autarquia de Lisboa com esse autêntico Pinóquio que tem agora a
distinta lata de afirmar que “... não podemos sair desta pandemia com os mesmos
problemas que tínhamos antes dela ...”.
Quando a pandemia – ou porque fez o seu caminho natural, ou
porque, entretanto, foi desenvolvida alguma vacina que a previna – finalmente
desaparecer – e isso irá acontecer com toda a certeza – assistiremos a um Medina
sem vergonha a colocar a viola do engano e da ilusão no saco da mentira e da
manipulação, a retomar os velhos fundamentos de Costa – que ele tão caninamente
prossegue – de que é necessário “criar valor” para Lisboa. Claro que, uma vez
mais, se esquecerá de referir um “pequeno” detalhe. Criar valor para quem? Não
certamente para as dezenas de milhar de munícipes que foram expulsos da cidade,
mas para o grande capital imobiliário, especulativo, financeiro.
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