por Robert Bibeau
Por Marc Rousset.
Para aqueles que têm feito voz grossa a propósito das nossas
“profecias” de infortúnio sobre as bolsas, a crise financeira, a grande
depressão no horizonte, os nossos analistas saem reforçados. Se ontem prevíamos
inexoravelmente o colapso, não arriscámos qualquer prazo - o sistema possui
reservas para adiar o inevitável. A crise da saúde, que monopoliza essas
reservas, atinge fortemente o coração dos lucros e surpreende o sistema em
desequilíbrio e a cambalear antes de sua implosão. Podemos agora dar alguns
elementos do cronograma que eles só podem adiar, mas não descartar, conforme
explica aqui Marc Rousset. Robert Bibeau. Editor. http://www.les7duquebec.net
As bolsas europeias recuperaram na sexta-feira, mas o Dow
Jones perdeu 4,55%, ou 17,3% durante a semana, terminando em 19.173,98 pontos,
ou seja, a pior semana desde a crise financeira de 2008, os biliões de Trump e da
Fed, dos governos europeus e do BCE não conseguiram dissipar os temores de uma
recessão, enquanto o preço do barril de petróleo do WTI continuou em queda. O
índice VIX do medo aumentou na segunda-feira, de 19 de Março, até 83, caindo
para 74,8 na terça-feira, um número próximo a 2008.
Emmanuel
Macron já perdeu a primeira batalha contra o coronavírus, enquanto a
Coreia, Singapura e Taiwan travaram o vírus sem colocar o país e o povo em
suspenso. Estupidamente enviou 17 toneladas de suprimentos médicos para Wuhan
em Fevereiro e perdeu um tempo precioso de dois meses antes de reagir,
recusando-se, por razões ideológicas, ao encerramento e controle sanitário das
fronteiras nacionais. A França de Macron não tem um suprimento estratégico suficiente
de máscaras para profissionais de saúde, e muito menos para os franceses, ou
testes, o que representa um ganho de orçamento de apenas 15 milhões de euros. A
impreparação do estado é óbvia, o verbo da Macronia
é abundante, a acção impotente e os resultados catastróficos!
Depois de convidar maciçamente as empresas a recorrer ao
trabalho de curta duração com um custo inaceitável para as finanças públicas e
que arriscava parar completamente a economia do país, o governo mudou a sua
estratégia, reforçando as condições para validar o trabalho de curta duração
para empresas . É anormal que os estaleiros de obras parem ou que os artesãos
não possam fazer obras se assim o desejarem, apesar do problema das máscaras e
dos testes insuficientes. Como o MEDEF e o CFDT indicam, sob pena de acelerar a
falência da França, devemos "encontrar um meio-termo feliz entre aqueles
que pedem que as empresas fechem por precaução e aqueles que querem mandar
todos para o trabalho".
A ineficaz Bruxelas entra em pânico e suspende sine die o pacto de estabilidade, que limita os défices
estatais a 3% do PIB e a dívida pública a 60%. Apesar da acção do BCE, as taxas
de juros alemãs, francesas e, sobretudo, italianas aumentaram. Existe um risco
potencial de divergência das taxas de juros nos empréstimos de longo prazo por
país e de desmembramento da área do euro.
O mundo, incluindo os triunfantes Estados Unidos de Trump e a
China, vai mergulhar na recessão e, de
acordo com a OIT em Genebra, 25 milhões de empregos estão ameaçados. As
políticas monetárias de liquidez do Fed e do BCE são necessárias para evitar
falências e a explosão imediata, mas
impotentes para resolver problemas de défices de oferta e procura nas economias
reais, enquanto o índice industrial “Empire
State” caiu em Março para -21,5, o mais baixo desde a crise financeira de 2008.
O Goldman Sachs estima que o PIB
da China possa contrair 9% no primeiro trimestre e o dos Estados Unidos 5% no
segundo trimestre.
Como a França, a Europa não tem outra solução senão
continuar a trabalhar, apesar do coronavírus, porque a bazuca ilusória dos 750
biliões de euros derramados pelo BCE, de agora até 2020, não representa senão
três semanas de trabalho para um PIB de 12,5 triliões de euros da zona do euro,
tanto mais que muito em breve se vai colocar o problema da confiança numa moeda
ilusória. Mas também em Itália, o acordo para manter a actividade das fábricas,
depois dos riscos sanitários, mostra sinais de fragilidade, com greves ao
retardador. (O mesmo se aplica aos planos
de resgate adoptados em Março de 2020 pelo Congresso americano - 2 triliões de
dólares - da Alemanha – 1 trilião de euros - do Canadá - cento e dez biliões de
dólares canadianos Nota do Editor).
O grande ponto de interrogação que pode fazer tudo tombar é a
intensidade e a propagação da crise sanitária nos Estados Unidos, Califórnia,
incluindo Silicon Valley e o Estado de Nova York, agora em confinamento.
O coronavírus não faz senão
precipitar a crise, há muito anunciada, da bolha das acções e do
hiper-endividamento; agrava-a, mas não a
causa. De 1980 a 2019, a capitalização bolsista mundial das empresas aumentou 113%, enquanto o PIB
global aumentou apenas 35%! Os mercados estarão muito mais preocupados com as
curvas de infecções e mortes no mundo, os défices públicos, o aumento do hiper-endividamento
dos estados, das empresas e dos indivíduos, assim como com a perda de confiança
na moeda e no Sistema, mais do que com as impotentes bazucas dos gastos do
Estado e da artilharia monetária ineficaz, a longo prazo, dos bancos centrais.
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