quarta-feira, 4 de março de 2020

A farsa eleitoral americana atinge o seu ponto mais baixo !






A inocuidade das farsas eleitorais

Colocar a questão da futilidade das eleições presidenciais americanas (francesa, russa, chinesa, alemã, canadiana, etc.) é colocar a questão de : “Quem governa este país – ou melhor, quem governa esta economia mundializada e financeirizada?”



No entanto, esse leitor idealista deixa-se enganar por Bernie e por toda a comunicação social burguesa e pelos actores da cena política americana. Não é um comité secreto - de lobistas - que dirige a economia capitalista do mundo. O modo de produção capitalista é governado por leis imperativas - intrínsecas ao sistema económico e todos os comités secretos - todos os políticos - todas as instituições burguesas nacionais e / ou internacionais têm o mandato de aplicar essas leis essenciais. Eles fazem isso com mais ou menos talento e sucesso, é o único critério que diferencia um governo da esquerda de um governo da direita. Um deles proporá a liberalização do crédito e a impressão de dinheiro a rodos para estimular artificialmente o falso consumo, até o país entrar no colapso da dívida, um partido da oposição assume o controle do aparato estatal - na ocasião de uma farsa eleitoral instável - e impõe uma política de austeridade para forçar os assalariados a reembolsar os credores do estado endividado. E assim, oscila da esquerda para a direita o pêndulo da alternância política do grande capital financeiro (2). Esta é a razão pela qual nós, proletários revolucionários, não aconselhamos os proletários a participarem nessas farsas eleitorais, onde uma facção da burguesia (à direita) confronta uma facção da burguesia (à esquerda) e onde o proletariado é convidado a submeter-se  e a renunciar aos seus direitos de classe, não sendo Bernie Sanders senão uma personagem de esquerda nessa miserável farsa (3).

A farsa eleitoral americana está à altura da imagem da caótica economia yankee
Os Estados Unidos, o centro hegemónico do império em declínio, vive um novo período de frenesim eleitoralista, como em todos os quatro anos, há mais de duzentos anos. Este período de apoplexia democrática não trará nada de novo, assim como as dezenas de farsas eleitorais presidenciais que o precederam. Quando digo que os "Estados Unidos" vivem sob a "democracia" histérica, entenderá que não considero a América dirigente - a América do capital - a América da burguesia e da pequena - burguesia- os homens de mão e os subalternos  precedentes. No que diz respeito aos assalariados, o proletariado e a sua ponta de lança, a classe operária americana, se não fossem os sindicatos pré-formatados, há muito tempo que a ínfima  minoria que ainda se envolve no exercício de "votar por dever cívico ”teria parado esse tipo de absurdo. É completamente errado afirmar que esta undécima farsa eleitoral americana  "mostra um retrato da guerra de classes nos Estados Unidos da América" ​​(4).

Os líderes das claques desta feira redundante são compostos por profissionais pequeno-burgueses profissionais, clericais, das comunicações, da educação, dos serviços governamentais e a florescente indústria das ONGs (Organizações Não Governamentais – Nota do Tradutor). Em suma, uma grande camada de funcionários que não são produtores de mais-valia, mas que vivem da remuneração do estado "providência", financiado pelos impostos dos assalariados; Estado, que é hoje precisamente forçado à austeridade após uma dívida endémica que anuncia a iminente falência do Estado. O que explicamos no nosso último editorial "A crise do capitalismo aprofunda-se" (5). A fonte de emprego desses pequenos burgueses explica o seu apego agressivo a favor dos serviços públicos e da propriedade estatal dos meios de reprodução da força de trabalho. Para o proletariado operário, seja o empregador uma empresa privada ou o estado burguês corrupto, não muda nada ao seu estatuto de assalariado explorado.

Bernie vai para a guerra

Não acreditamos que a oligarquia ianque, o grande capital internacional enredado entre outros capitais mundiais, esteja minimamente assustada com o fantoche político Bernie Sanders, que criticamos severamente depois de ele se ter curvado diante do altar do New York Times   (6).

Neste inquérito, Bernie, o socialista, afunda-se e atesta a sua submissão ao grande capital ianque. SIM, ele consideraria uma intervenção militar humanitária (como Kouchner mentor socialista) e, SIM, ele poderia considerar um bombardeamento preventivo contra a população do Irão e / ou da Coreia do Norte. O que torna esse social-democrata burguês - milionário - fiel aos socialistas da Segunda Internacional que votaram nas razões da guerra imperialistas para a Primeira Guerra Mundial e aos comunistas da Terceira Internacional que participaram no esforço de guerra da Segunda Guerra Mundial e com a esquerda que aguarda pela 3ª Guerra Mundial.

Para o resto do programa social-democrata, Bernie apresenta algo já estafado como a faculdade gratuita para estudantes do ensino médio; o sistema de seguro de saúde para todos; investimentos de capital social que não existem (a dívida pública dos EUA é de 24 triliões de dólares); programas que a oligarquia não terá nenhum problema em bloquear no Congresso, como no dia em que Obama quis fechar a colónia penal de Guantanamo. 
De qualquer forma, Bernie nunca se aproximará do trono imperial ianque, não porque a oligarquia tenha medo dos reformistas socialistas colaboracionistas (que ela apoia com a sua propaganda mediática  e os seus créditos), mas porque a situação de pré-insurgência nos Estados Unidos - o nível de tensão social entre o grande capital e as massas proletárias - ainda não exige que a ilusão reformista populista suba um degrau para salvar o modo de produção capitalista. Tal poderá vir a acontecer, mas a América ainda não chegou lá. E o Green New Deal (o novo acordo verde – Nota do Tradutor) é mais do que suficiente para enganar a pequena burguesia e a juventude efémera.

O proletariado não se deve deixar atrair por estas manobras de sedução socialistas

Sanders participa nessa vasta farsa eleitoral burguesa, deixando de acreditar que esse modo de produção e as suas relações sociais de produção estão sujeitas à farsa democrática, ou seja, à amável ditadura dos ricos no Congresso e na Casa Branca . Os militantes revolucionários proletários - não devem deixar-se envolver acreditando e propagandeando esses disparates eleitoralistas como o fizeram antes: Allende, Chávez, Morales, Maduro, Ortega e tantos outros populistas que abalaram o sono do proletariado que hoje,  depois de 70 anos de sonolência comunista-socialista-esquerdista, volta a vestir o colete amarelo e rejeita tudo o que fede a esquerda reformista-eleitoral.









Notas

7.      https://les7duquebec.net/archives/231044 e uma breve análise das causas profundas do fenómeno Sanders  https://les7duquebec.net/archives/252853


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