A inocuidade das farsas eleitorais
Colocar
a questão da futilidade das eleições presidenciais americanas (francesa, russa,
chinesa, alemã, canadiana, etc.) é colocar a questão de : “Quem
governa este país – ou melhor, quem governa esta economia mundializada e
financeirizada?”

A farsa eleitoral americana está à altura
da imagem da caótica economia yankee
Os Estados Unidos, o centro hegemónico do império em
declínio, vive um novo período de frenesim eleitoralista, como em todos os
quatro anos, há mais de duzentos anos. Este período de apoplexia democrática
não trará nada de novo, assim como as dezenas de farsas eleitorais
presidenciais que o precederam. Quando digo que os "Estados Unidos"
vivem sob a "democracia" histérica, entenderá que não considero a
América dirigente - a América do capital - a América da burguesia e da pequena
- burguesia- os homens de mão e os subalternos precedentes. No que diz respeito aos
assalariados, o proletariado e a sua ponta de lança, a classe operária
americana, se não fossem os sindicatos pré-formatados, há muito tempo que
a ínfima minoria que ainda se envolve no
exercício de "votar por dever cívico ”teria parado esse tipo de absurdo. É
completamente errado afirmar que esta undécima farsa eleitoral americana "mostra um retrato da guerra de classes nos
Estados Unidos da América" (4).
Os líderes das claques desta feira redundante são compostos
por profissionais pequeno-burgueses profissionais, clericais, das comunicações,
da educação, dos serviços governamentais e a florescente indústria das ONGs (Organizações Não Governamentais – Nota do
Tradutor). Em suma, uma grande camada de funcionários que não são
produtores de mais-valia, mas que vivem da remuneração do estado
"providência", financiado pelos impostos dos assalariados; Estado,
que é hoje precisamente forçado à austeridade após uma dívida endémica que
anuncia a iminente falência do Estado. O que explicamos no nosso último
editorial "A crise do capitalismo aprofunda-se" (5). A fonte de
emprego desses pequenos burgueses explica o seu apego agressivo a favor dos
serviços públicos e da propriedade estatal dos meios de reprodução da força de
trabalho. Para o proletariado operário, seja o empregador uma empresa privada
ou o estado burguês corrupto, não muda nada ao seu estatuto de assalariado
explorado.
Bernie vai para a guerra
Não
acreditamos que a oligarquia ianque, o grande capital internacional enredado
entre outros capitais mundiais, esteja minimamente assustada com o fantoche
político Bernie Sanders, que criticamos severamente depois de ele se ter
curvado diante do altar do New York Times (6).
Neste inquérito, Bernie, o socialista, afunda-se e atesta a
sua submissão ao grande capital ianque. SIM, ele consideraria uma intervenção militar
humanitária (como Kouchner mentor socialista) e, SIM, ele poderia considerar um
bombardeamento preventivo contra a população do Irão e / ou da Coreia do Norte. O que torna esse social-democrata burguês - milionário - fiel
aos socialistas da Segunda Internacional que votaram nas razões da guerra
imperialistas para a Primeira Guerra Mundial e aos comunistas da Terceira Internacional
que participaram no esforço de guerra da Segunda Guerra Mundial e com a
esquerda que aguarda pela 3ª Guerra Mundial.
Para o
resto do programa social-democrata, Bernie
apresenta algo já estafado como a faculdade gratuita para estudantes do
ensino médio; o sistema de seguro de saúde para todos; investimentos de capital
social que não existem (a dívida pública dos EUA é de 24 triliões de dólares);
programas que a oligarquia não terá nenhum problema em bloquear no Congresso,
como no dia em que Obama quis fechar a colónia penal de Guantanamo.
De qualquer forma, Bernie
nunca se aproximará do trono imperial ianque, não porque a oligarquia tenha
medo dos reformistas socialistas colaboracionistas (que ela apoia com a sua
propaganda mediática e os seus
créditos), mas porque a situação de pré-insurgência nos Estados Unidos - o
nível de tensão social entre o grande capital e as massas proletárias - ainda
não exige que a ilusão reformista populista suba um degrau para salvar o modo
de produção capitalista. Tal poderá vir a acontecer, mas a América ainda não
chegou lá. E o Green New Deal (o novo acordo verde – Nota do Tradutor) é mais do que suficiente
para enganar a pequena burguesia e a juventude efémera.
O proletariado não se deve deixar atrair
por estas manobras de sedução socialistas
Sanders participa nessa vasta farsa eleitoral burguesa, deixando de acreditar que esse modo de produção e as suas relações sociais de produção estão sujeitas à farsa democrática, ou seja, à amável ditadura dos ricos no Congresso e na Casa Branca . Os militantes revolucionários proletários - não devem deixar-se envolver acreditando e propagandeando esses disparates eleitoralistas como o fizeram antes: Allende, Chávez, Morales, Maduro, Ortega e tantos outros populistas que abalaram o sono do proletariado que hoje, depois de 70 anos de sonolência comunista-socialista-esquerdista, volta a vestir o colete amarelo e rejeita tudo o que fede a esquerda reformista-eleitoral.
Notas
7.
https://les7duquebec.net/archives/231044 e uma breve análise das causas profundas do fenómeno Sanders
https://les7duquebec.net/archives/252853
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