Respondendo à miserável provocação das empresas de estiva,
que decidiram solicitar a insolvência da Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa (A-ETPL), o Sindicato Nacional dos Estivadores e da
Actividade Logística (SEAL)
convocou uma greve que tem início hoje e se prolonga até ao dia 30 de Março.
A greve, para além das empresas Liscont,
Sotagus, Multiterminal e Terminal Multiusos do Beato – que propuseram uma
redução de 15% na massa salarial e o fim das progressões automáticas de
carreiras - afectará as sete empresas de
estiva do grupo turco Ylport.
A demonstração mais cabal de que não tem
qualquer fundamento o pedido de insolvência da A-ETPL, é-nos dada pela reacção
da Porlis - uma empresa de trabalho portuário detida pelos diversos operadores
de terminais no Porto de Lisboa – que teve o desplante de anunciar o
recrutamento de 30 estivadores na última semana, a fim de assegurar operações
de carga e descarga no porto da capital.
Os dirigentes do SEAL acusam a A-ETPL de gestão
danosa, pelo facto de esta não actualizar o tarifário às empresas de estiva
pela cedência de estivadores para a movimentação de cargas há 26 anos – período
durante o qual a inflação foi superior a
65%. Como denuncia António Mariano, presidente do Seal, ao acrescentar que “bastaria uma
actualização desse tarifário em 5% para resolver o problema financeiro da
A-ETPL, mas as empresas alegam que isso é incomportável».
Já se compreendeu que existe manifesto dolo
quando, ao mesmo tempo que se propõe, segundo denuncia o SEAL, a insolvência da
A-ETPL, se criam novas empresas, mesmo ao lado, “em que se oferece
emprego a alguns trabalhadores – nunca será a todos”! Em nosso
entender, o que estas empresas da estiva pretendem com isto é fragmentar e
dividir os estivadores e criar as condições para “legitimar” os fura-greves
para poderem continuar a impor as condições salariais miseráveis que praticam.
Assinalamos a resposta dos estivadores da
Operestiva – que trabalham para a Sadoport, do grupo Ylport – que, respondendo
ao pedido de solidariedade para com a greve e a luta dos estivadores do porto
de Lisboa feita pelo Conselho de Estivadores – uma organização mundial que
representa mais de 140 mil estivadores -, decidiram solidarizar-se com os seus
irmãos de classe de Lisboa, convocando greves parciais a partir de 16 de Março,
em Setúbal. Integram-se também nesta cadeia de solidariedade os estivadores
afectos à Setulsete, que cede mão-de-obra à Tersado e à Setefrete, que
irão fazer greve ao trabalho suplementar aos dias úteis.
O Conselho Internacional de Estivadores sublinha estarem dispostos
a tomar medidas nas centenas de portos onde estão presentes, para bloquear a
acção danosa das empresas, nomeadamente do grupo Yilport e da sua reconhecida
postura anti-sindical, denunciando também o facto de, como foi divulgado pela
imprensa especializada no passado dia 21 de Fevereiro e “ao contrário do que afirma a Yilport, o porto de Lisboa foi
aquele que mais cresceu em termos absolutos, em Portugal”, acrescentando que esse crescimento atingiu “...os 458,7 mil TEU (mais 7,1% face a 2018)».
O que a luta dos estivadores do porto de Lisboa e dos outros
portos nacionais demonstra é que o papel dos sindicatos nunca poderá ser o de
“conselheiros” do patronato quanto à forma de gerirem a actividade de novos
negreiros à qual dão o nome de “negócio”. O papel dos sindicatos tem de ser,
por um lado, o de lutarem por melhores condições de remuneração, de segurança,
de dignidade e, por outro, o de elevar a consciência política e organizativa
dos operários e trabalhadores que representam para que, lutar contra a
escravidão assalariada passa pela destruição do modo de produção capitalista e
pela adopção do modo de produção comunista.
Retirado de : http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/92-movimento-operario-e-sindical/2680-estivadores-de-lisboa-em-greve
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