Quer no governo anterior, onde contou com o apoio sem
limitações por parte das muletas do PCP, BE e Verdes, quer no actual – que
prossegue, no essencial as políticas implementadas pelo anterior – onde, apesar
de aparentemente mais discreto, esse apoio se mantém, os resultados dessa
política expressaram-se no abandono do Serviço Nacional de Saúde (SNS), na
liquidação da Escola e do Ensino Público, dos Transportes Rodoferroviários, do
Serviço de Metropolitano de Lisboa e Porto e do Aeroporto Internacional de
Lisboa.
Demonstrando a sua cada vez mais acentuada propensão para o
arbítrio e a fascizante arrogância, o governo Costa/Centeno não discute nenhum
dos investimentos que se propõe realizar no quadro de uma estratégia nacional
de desenvolvimento. Bem pelo contrário!
É o caso da “solução” aeroportuária Lisboa + 1, em que o
governo surge a ameaçar os municípios que se opõem à proposta de transformar
parte da base aérea do Montijo em “segunda perna” do aeroporto internacional de
Lisboa – realçando como positivo o facto de ser a ANA, agora privatizada, a
realizar o investimento -, quando a solução que se impõe é a de um Aeroporto
Internacional de Lisboa, em Alcochete.
Após quatro anos de paralisia, em que Costa e Centeno
impuseram, como dizia o nosso camarada Arnaldo Matos num tuíte que publicou em
11 de Janeiro de 2019, “um governo aparentemente de centro esquerda
(PS/PCP/BE/Verdes), mas que se comportou sempre como um governo de direita, com
orçamentos salazarentos, sem história nem grandeza”, o governo prossegue, no
actual mandato, uma política assente na “estupidez e pequenez de espírito de
imbecis cruzados de idiotas”, que não vislumbram um futuro para o país
persistindo, em matéria de aeroporto internacional, na “solução Lisboa + 1,
quer dizer Lisboa e um bocado da Base do Montijo”.
Razão tinha o camarada Arnaldo Matos quando, no supracitado
tuíte, afirmava que “com gente desta, Portugal nunca teria chegado a nascer e o
milagre é que ainda esteja vivo”, sublinhando, mais adiante, ser esta “mesma
equipa de tolos que continua a governar Portugal” que se propõe a fazer “um
aeroporto assente em duas pernas : uma no já ocupado planalto da Portela e a
outra num bocado da pista militar do Montijo”.
Esta estratégia não serve os interesses de Portugal.
Dissemo-lo antes e mantemos a convicção de que esta política vende-pátrias serve,
sobretudo, os interesses imperialistas de Espanha que se bate por manter a
“centralidade” de Madrid e que pretende, com esta “solução”, impedir que Portugal
lhe retire o protagonismo que tem tido nesta matéria, remetendo Lisboa para um
mero apeadeiro aéreo, incapaz de receber “as novas aeronaves de 800 passageiros
que já andam a voar pelo mundo”.
Portugal perdeu quase cinco anos a adiar a solução Alcochete
– que vinha, depois de longo e intenso debate, do governo Sócrates, do qual
fazia parte António Costa -, para “substituí-la por um projecto menor que não
serve o país”.
Ainda no seu supracitado tuíte de 11 de Janeiro de 2019, o
camarada Arnaldo Matos relevava o facto de que “o tráfego aéreo do futuro do
hemisfério ocidental, quando vem da Europa e sai para África, América, Pacífico
e o Oriente longínquo e, em sentido inverso, encontra Portugal – Lisboa e não
Madrid”, impõe “um Aeroporto Internacional em Alcochete”, que seja “um
investimento estratégico que se prende com a independência e o desenvolvimento
futuro de Portugal”, ademais um investimento que, relembrava, se enquadra na
“estratégia global da Nova Rota da Seda” acordada entre António Costa – no
final do seu anterior mandato – e o presidente chinês.
Lisboa e não Madrid! Optar entre ser placa giratória
aeroportuária do essencial do tráfego aéreo de e para a Europa, ou um mero
apeadeiro regional, eis o que está em discussão. Optar pela segunda via, como
pretendem Costa e Centeno, resulta numa miserável traição aos interesses de
Portugal e confere a Madrid , de mão beijada, o papel de uma centralidade que
Portugal tem todas as condições para protagonizar.
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/2678-lisboa-mero-apeadeiro-aereo-ou-aeroporto-internacional
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