segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Bitcoin – uma história de delírio, miragem e ganância!




Muitas são as ilusões que se geram relativamente à natureza de classe do Bitcoin, uma criptomoeda supostamente descentralizada, um dinheiro electrónico para aquilo a que se convencionou chamar transacções ponto-a-ponto (peer-to-peer electronic cash system).
A ilusão reside no facto de, sendo descentralizada- o que não corresponde, de todo, à verdade, como adiante se verá – esta que foi a primeira moeda digital do mundo, apresentada em 2008 por um grupo de programadores sob o pseudónimo Satoshi Nakamoto, aparenta constituir um sistema económico alternativo, que alegadamente seria responsável pelo ressurgimento de um sistema bancário livre !!!
Inicialmente usada nos mercados negros, tal como a Silk Road, a cotação bitcoin-dólar cresceu significativamente em 2013 e foi responsável pelo grande nível de popularidade obtido por esta criptomoeda. Demonstrando que é uma ilusão pensar-se que esta criptmoeda foge ao controlo das autoridades – governamentais, financeiras ou de regulação – o bitcoin está regulado, desde 2013, pelo FinCEN, que estabeleceu regulações sobre "moedas virtuais descentralizadas", legislação que englobava mineradores de bitcoin norte-americanos.
Além disso, se é certo que a China proibiu – desde 2009 – o uso do bitcoin, no mercado americano esta criptomoeda já merece honras de cotação comparada com o dólar e, em Setembro de 2019, a International Exchange passou a negociar contratos futuros de bitcoin com liquidação física.
Apesar de permitir, segundo os seus defensores, transacções financeiras sem intermediários, mas verificadas por todos os usuários (nodos) elas acabam por ser gravadas num banco de dados distribuídos – designado por blockchain.
Sendo uma estrutura alegadamente sem entidade administradora central – só aparentemente ao contrário de outras moedas, emitidas por bancos centrais -, ela está sujeita às leis do mercado capitalista, podendo grandes movimentos de oferta e procura influenciar a oscilação do seu valor de mercado – definido durante as 24 horas do dia - e, assim, induzir a inflação até numa moeda que, aparentemente, não permite a qualquer entidade governamental manipular a emissão e o valor da criptmoeda ou induzir a inflação com a produção de mais moeda.
As aparências, porém, iludem! Comparada, no âmbito financeiro e contabilístico internacional, ao ouro, o Bitcoin é enquadrado em termos tais como:
·         Activo especulativo (bem material)
·         Dinheiro commodity (mercadoria)
·         Unidade de conta (bem de troca)
Isto é, pode ser empregue como meio de troca e possuir escassez relativa, além de cotação própria, mas, integrada num modo de produção capitalista ela assume, tal como as outras moedas, uma natureza de classe burguesa, capitalista e imperialista, e passa a obedecer às mesmíssimas leis que o sistema capitalista dita para a mercadoria dinheiro em geral.
A prova de que esta criptomoeda está sujeita às leis do mercado capitalista revela-se, por exemplo, na redução da recompensa do bloco de Bitcoin pela metade, halving, no passado mês de Maio. Tratou-se de um evento muito aguardado para muitos no universo cripto. Desde então, o Bitcoin recuperou massivamente e tem vindo a registar altas frequentes, com algumas correcções. Conforme alguns analistas, desde o evento do halving, o Bitcoin valorizou aproximadamente 45% em relação ao dólar. Isso torna o BTC um dos activos com melhor desempenho em 2020.

Recordamos que o halving  é uma característica que está encravada dentro do código da criptomoeda. Diferente – só formalmente -  dos sistemas monetários actuais nos quais os governos imprimem dinheiro sem parar, o bitcoin reduz a sua emissão a cada 4 anos.
Foi o que aconteceu em Maio passado, quando um novo halving ocorreu, durante o qual o total de bitcoins emitidos a cada dez minutos caiu de 12,5 para 6,25 bitcoins.
Os comunistas devem, pois, denunciar todos aqueles trafulhas que apresentam o bitcoin como um instrumento e ferramenta para se ultrapassar e perverter o modo de produção capitalista e o regime de escravatura assalariada que lhe está associada. Não só o bitcoin sobrevive à custa do sistema capitalista onde se integra como uma espécie de “novo padrão” (competindo com o ouro ou a prata), como ele próprio assenta numa espécie de pirâmide de Ponzi que, mais tarde ou mais cedo, rebentará na cara e nas mãos dos seus utilizadores - cegos pela ganância e obtenção de lucro fácil -, depois de esgotadas as hipóteses de elasticidade do sistema.

1 comentário:

  1. Já por duas vezes fui interpelado pelo TM e hoje foi a segunda. Estava no Hospital de Santo António, onde ando há 28 meses a fazer quimioterapia a um 3º Câncer inoperável. Agora chego a casa e vejo esta publicidade. Diziam-me que tinha feito um registo há meia hora e hoje 3 dias. O Pior para mim é que me pareciam ter dados meus. Tenho de recorrer à protecção de dados e comunicar já agora ao meu banco. Para saber quem essa empresa bicoin. O TM de hoje era talvez vindo do Brasil...

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