Muitas são as ilusões que
se geram relativamente à natureza de classe do Bitcoin, uma criptomoeda
supostamente descentralizada, um dinheiro electrónico para aquilo a que se
convencionou chamar transacções ponto-a-ponto (peer-to-peer electronic
cash system).
A ilusão reside no facto
de, sendo descentralizada- o que não corresponde, de todo, à verdade,
como adiante se verá – esta que foi a primeira moeda digital do mundo,
apresentada em 2008 por um grupo de programadores sob o pseudónimo Satoshi
Nakamoto, aparenta constituir um sistema económico alternativo, que
alegadamente seria responsável pelo ressurgimento de um sistema bancário
livre !!!
Inicialmente usada nos
mercados negros, tal como a Silk Road, a cotação bitcoin-dólar cresceu
significativamente em 2013 e foi responsável pelo grande nível de popularidade
obtido por esta criptomoeda. Demonstrando que é uma ilusão pensar-se que esta
criptmoeda foge ao controlo das autoridades – governamentais,
financeiras ou de regulação – o bitcoin está regulado, desde 2013, pelo FinCEN,
que estabeleceu regulações sobre "moedas virtuais
descentralizadas", legislação que englobava mineradores de bitcoin
norte-americanos.
Além disso, se é certo que a China proibiu – desde 2009 – o
uso do bitcoin, no mercado americano
esta criptomoeda já merece honras de cotação comparada com o dólar e, em
Setembro de 2019, a International Exchange passou a negociar contratos futuros de
bitcoin com liquidação física.
Apesar de permitir,
segundo os seus defensores, transacções financeiras sem intermediários, mas
verificadas por todos os usuários (nodos) elas acabam por ser
gravadas num banco de dados distribuídos – designado por blockchain.
Sendo uma estrutura
alegadamente sem entidade administradora central – só aparentemente ao
contrário de outras moedas, emitidas por bancos centrais -, ela está sujeita às
leis do mercado capitalista, podendo grandes movimentos de oferta e procura
influenciar a oscilação do seu valor de mercado – definido durante as 24 horas
do dia - e, assim, induzir a inflação até numa moeda que, aparentemente, não
permite a qualquer entidade governamental manipular a emissão e o valor da
criptmoeda ou induzir a inflação com a produção de mais moeda.
As aparências, porém,
iludem! Comparada, no âmbito financeiro e contabilístico internacional, ao
ouro, o Bitcoin é enquadrado em termos tais como:
·
Activo
especulativo (bem material)
·
Dinheiro
commodity (mercadoria)
·
Unidade de
conta (bem de troca)
Isto é, pode ser
empregue como meio de troca e possuir escassez relativa, além de cotação
própria, mas, integrada num modo de produção capitalista ela assume, tal como
as outras moedas, uma natureza de classe burguesa, capitalista e imperialista,
e passa a obedecer às mesmíssimas leis que o sistema capitalista dita para a
mercadoria dinheiro em geral.
A
prova de que esta criptomoeda está sujeita às leis do mercado capitalista
revela-se, por exemplo, na redução da recompensa do bloco de Bitcoin pela
metade, halving, no passado mês de Maio. Tratou-se de um evento muito
aguardado para muitos no universo cripto.
Desde então, o Bitcoin recuperou massivamente e tem vindo a registar altas
frequentes, com algumas correcções. Conforme alguns analistas, desde o evento
do halving, o Bitcoin valorizou
aproximadamente 45% em relação ao dólar. Isso torna o BTC um dos activos
com melhor desempenho em 2020.
Recordamos
que o halving é uma
característica que está encravada dentro do código da criptomoeda. Diferente –
só formalmente - dos sistemas monetários
actuais nos quais os governos imprimem dinheiro sem parar, o bitcoin reduz a sua
emissão a cada 4 anos.
Foi
o que aconteceu em Maio passado, quando um novo halving ocorreu, durante o qual
o total de bitcoins emitidos a cada dez minutos caiu de 12,5 para 6,25
bitcoins.
Os comunistas devem, pois,
denunciar todos aqueles trafulhas que apresentam o bitcoin como
um instrumento e ferramenta para se ultrapassar e perverter o modo de produção
capitalista e o regime de escravatura assalariada que lhe está associada. Não
só o bitcoin sobrevive à custa do sistema capitalista onde se
integra como uma espécie de “novo padrão” (competindo com o ouro ou a prata),
como ele próprio assenta numa espécie de pirâmide de Ponzi que, mais
tarde ou mais cedo, rebentará na cara e nas mãos dos seus utilizadores - cegos
pela ganância e obtenção de lucro fácil -, depois de esgotadas as hipóteses de elasticidade
do sistema.
Já por duas vezes fui interpelado pelo TM e hoje foi a segunda. Estava no Hospital de Santo António, onde ando há 28 meses a fazer quimioterapia a um 3º Câncer inoperável. Agora chego a casa e vejo esta publicidade. Diziam-me que tinha feito um registo há meia hora e hoje 3 dias. O Pior para mim é que me pareciam ter dados meus. Tenho de recorrer à protecção de dados e comunicar já agora ao meu banco. Para saber quem essa empresa bicoin. O TM de hoje era talvez vindo do Brasil...
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