1 août 2020 Robert Bibeau 2 Commentaires
Sobre a questão do lucro
que a China obteve durante a crise da Covid, ela ganhou em força bruta, por exemplo no PIB em comparação com os
Estados Unidos. E ela também ganhou em termos de endividamento, relativamente,
à medida que os níveis de dívida dos EUA explodiram como resultado da crise.
Agora temos uma recuperação em forma de V na China e uma má recuperação em
forma de W nos Estados Unidos. Com muito mais dívida adicional.
É claro que existe a questão das relações públicas e do poder brando (soft power). Por um lado, os Estados Unidos culparam a China pela
pandemia, mas, por outro, envergonharam-se por causa do seu fraco desempenho em
conter a pandemia, em comparação com outros países. E eles perderam pontos em
todo o mundo devido à sua retirada da OMS no meio da pandemia. A Europa e os
países em desenvolvimento não gostaram nada. Lembre-se de que o Covid também
enfraqueceu as forças armadas dos EUA, e há problemas com isso, inclusive em
navios e bases no exterior, a doença até sabotou o maior exercício dos EUA planeado
para ter lugar na Europa há 30 anos anos. E a pandemia nos Estados Unidos ainda
é violenta, não está a ser contida e as taxas de mortalidade estão a subir
novamente.
Aqui, por exemplo, os futurólogos da Pardee UNC Health Care dizem que a China venceu durante a crise, em capacidades brutas. A pesquisa sobre o futuro e o poder relativo entre países é a sua especialidade (ver link -spécialité)
No
que concerne medidas gerais das capacidades materiais, a imagem é clara: o
COVID-19 está a reduzir a lacuna das capacidades relativas dos Estados Unidos e
da China e a acelerar a transição entre os dois países. Graças a vários
cenários de previsão de longo prazo usando a ferramenta International Futures,
Collin Meisel, pesquisador associado, e Jonathan Moyer, director do Pardee
Center, explicam (ver link - expliquent)
no blog Duck of Minerva que a China
provavelmente ganhará em poder mundial em relação aos Estados Unidos até 2030
devido ao impacto económico e à mortalidade do COVID-19. Esse ganho em poder
mundial é igual às capacidades da Turquia hoje.
Sobre a questão do dólar
americano, Stephen Roach afirma (ver link - affirme)
igualmente que haverá um declínio significativo a médio prazo. E o argumento é
bastante lógico - se a participação dos Estados Unidos na economia mundial
estiver em declínio - e diminuirá pelo menos até 2060 - e se o nível da dívida
dos EUA atingir níveis sem precedentes, o dólar vai cair. Eu concordo com este
argumento. É bastante lógico.
Sobre a questão de chips
e semicondutores, David Goldman é céptico quanto à capacidade dos Estados
Unidos em parar a China nesta questão (ver links - arrêter la Chine à ce sujet
) :
Fundamentalmente, a Huawei ainda possui fornecedores
avançados, na Coreia do Sul e no Japão. E alguns deles recusam-se a ceder. O
problema para os Estados Unidos é que a China é o maior mercado de
semicondutores do mundo e o maior importador de chips do mundo, dando às
empresas privadas boas razões para contornar os equipamentos fabricados nos
Estados Unidos a fim de exportar para a China. Depois, a China também armazena
grandes quantidades de chips. Até 2025, deverá poder substituir a produção
estrangeira pela produção local. Portanto, essas proibições são perdedoras para
os Estados Unidos, e a China - sim, isso
acarretará custos para a China até 2025. Mas também levará empresas americanas,
como a Qualcomm, a perder o mercado chinês de chips, que é o maior do
mundo, e não há nada para o substituir.
São centenas de biliões
perdidos para os Estados Unidos devido à redução progressiva do mercado mais
lucrativo. Assim, em termos relativos, a China não perderá nesta batalha,
pois os Estados Unidos também perderão muito, assim como a China. É uma
situação de perdedor-perdedor. E não se esqueçam que a China alertou para que
um ataque total dos EUA à Huawei resultaria na expulsão da Boeing
do país que se está a tornar o maior mercado de aviação do mundo, e
também resultará em centenas de biliões de perdas para essa sociedade e isso
vai provavelmente reflectir-se na Airbus. A China precisa de muitos
aviões até 2028, quando os substituirá pelos seus próprios, no valor de
centenas de biliões de dólares. Elevar a Airbus
acima da Boeing, que já está com
grandes problemas, será um grande golpe para a indústria aeroespacial americana.
A China tem também cartas para jogar. Sobre a questão dos
Estados Unidos forçarem alguns países a proibir a Huawei, é novamente uma situação de perdedor-perdedor. Os Estados
Unidos e alguns dos seus aliados perderão por causa do uso de equipamentos 5G
mais caros e levarão mais tempo para construir as suas redes. Assim, a China
perde e os EUA e alguns aliados também perdem, mas em termos relativos, as
coisas não mudam em termos de poder, porque ambos perdem. Lembre-se de que a
Alemanha declarou (ver link - déclaré ) que continuará a usar equipamentos da Huawei , e é a maior economia da Europa:
As
três principais operadoras de telecomunicações alemãs, Deutsche Telekom, Vodafone
e Telefonica, promoveram activamente
o 5G nos últimos anos. Elas estão a implementar uma estratégia de "diversificação de fornecedores" e a
usar equipamentos da Huawei nas suas
redes, entre outros fornecedores. Peter Altmaier, ministro da Economia da
Alemanha, disse ao Frankfurter Allgemeine
Zeitung em 11 de julho que a Alemanha não excluiria a Huawei do lançamento da rede 5G do país. "Só pode haver exclusão se a segurança nacional estiver claramente
ameaçada. No entanto, fortaleceremos as nossas medidas de segurança
independentemente do país de origem dos produtos", declarou Altmaier.
"Não existe mudança na posição da
Alemanha", declarou em 16 de julho um porta-voz do Ministério do
Interior do país.
Podemos pois dizer que muito provavelmente metade da Europa
usará a Huawei. No entanto, como você
o disse, uma grande parte do mundo a excluirá. Talvez metade do PIB mundial.
Infelizmente, as coisas não são perfeitas. Um ponto positivo disso é que a Huawei está a apostar em mercados emergentes e estes têm
taxas de crescimento mais altas do que os mercados ocidentais - ou seja, eles
terão mais importância no futuro.
Concordo que os EUA estão a causar danos à China, mas na
minha opinião os danos não são significativos, pois essas situações são principalmente
perdedoras onde o poder relativo permanece o mesmo. E com o tempo, também
haverá danos significativos nos Estados Unidos, como a perda do maior mercado
mundial de chips e da aviação e o aumento potencial de concorrentes tais como a
Boeing, ou como a Airbus.
Portanto, não é assim tão mau para a China. Então, tendo
mencionado tudo isso, não acho que Pompeo sinta o odor de sangue e tente atacar
a jugular. Não é tanto a vulnerabilidade
da China que desperta a ira da elite americana, mas o enfraquecimento dos
Estados Unidos e o que a China ganha durante a crise de Covid.
Em Hong Kong, a China não tinha qualquer opção. Foi uma situação perdedora. Se permitisse o status quo, haveria uma revolução de cor permanente naa medias. Talvez seja melhor parar com isso de uma vez por todas. Eles esperavam que a crise da Covid lhes desse cobertura para o fazer. Isso não deu muito certo.
Infelizmente, é verdade
que a estratégia de intimidação de Trump funciona muitas vezes. Supõe-se
que isso acarreta um custo para os Estados Unidos em termos de relações
públicas na opinião mundial, mas não o vemos. Acho que a maioria dos países do
mundo é covarde demais e prefere seguir a corrente. Só abandonarão os Estados
Unidos depois deles terem perdido irremediavelmente. Bem, não é uma situação
fácil. As reacções americanas são muito fortes e odiosas, precisamente porque
as coisas ainda não são boas para eles e o seu
declínio continua, independentemente de algumas vitórias tácticas – vitórias
de Pirro, onde em alguns casos, é de qualquer forma uma situação perdedora.
§
2019 China 1,27 vez mais elevada em
paridade de poder de compra (PPA)
§ 2030 Chine 1,8 vez maior em PPA
§
Dívida americana / PIB em 2019 :
80%
§
Dívida americana / PIB en 2030 : 125%
§
Dívida americana / PIB en 2050 :
230%
O Highway Trust Fund (HTF) terminará até
2021, o fundo fiduciário Medicare
Hospital Insurance (HI) no início de 2024, o fundo fiduciário do Social Security Disability Insurance
(SSDI) na década de 2020, a Pension
Benefit Guarantee Corporation (PBGC), o Multi
–Employer fund num dado momento da metade dos anos 2020 e o Social Security Old-Age and Survivors
Insurance (OASI) daqui até 2031.
Estimamos que o fundo fiduciário Social
Security OASDI Trust combinado fique sem reservas até 2031.
§
Orçamento militar – antes ds estimativa
Covid, e o orçamento Trump – em 2019 : 3,2% do PIB, em 2030 : 2,5% do PIB – poderá
disparar para 2,3% du PIB graças ao Covid.
§
Despesas discricionárias cívis – antes
da estimativa Covid – em 2019 : 3,2% do PIB, em 2030 : 1,8% do PIB – dispara
para o seu nível histórico mais baixo, pode baixar ainda mais por causa do
Covid.
Isto sem falar do grande fosso social e societário nos Estados Unidos, e da
crise do Covid em curso, que é em grande medida regulado pela China. Conseguem observar agora o declínio ? Eles têm
boas razõe para se inquietarem. Um declínio significativo espera os Estados
Unidos.
Moon of Alabama
Traduzido por jj,
revisto por Wayan para o Saker
Francophone
O império Chinês em grande ascensão, o império Americano em franco declínio, é uma questão de saber quando e não de saber se terá início uma guerra entre estes dois impérios. Naturalmente estarei contra estes dois impérios e não a favor de um deles contra o outro.
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