quarta-feira, 18 de junho de 2025

19 de Junho de 2025, um teste à credibilidade da diplomacia francesa sobre a Palestina


19 de Junho de 2025, um teste à credibilidade da diplomacia francesa sobre a Palestina

René Naba / 18 DE juNHO DE 2025 / EM Actualités

Última atualização em 18 de junho de 2025

Versão em francês: https://www.madaniya.info/2025/06/18/le-19-juin-2025-un-test-de-la-credibilite-de-la-diplomatie-francaise-sur-la-palestine/  


Mensagem de George

Só juntos, e apenas juntos, os proletários e as diversas componentes das massas populares podem travar e impedir a ascensão de todos os processos de fascistização em curso...

Encorajemos, camaradas, os diversos processos de convergência de lutas a nível local e regional, e mais ainda a nível internacional.

Que floresçam mil iniciativas de solidariedade a favor da Palestina e da sua promissora Resistência!

Solidariedade, toda a solidariedade, com os resistentes nas prisões sionistas, nas celas de isolamento em Marrocos, na Turquia, na Grécia, nas Filipinas e noutras partes do mundo!

O capitalismo não passa de uma barbárie, e honra a todos os que se lhe opõem na diversidade das suas expressões!

Juntos, camaradas, e só juntos venceremos!

As minhas saudações comunistas a todos vós, camaradas e amigos.

O vosso camarada Georges Abdallah


19 de Junho de 2025, um teste à credibilidade da diplomacia francesa sobre a Palestina (1)

Por René Naba, presidente honorário do movimento Quartier Libre “car tu y es libre”. Autor de um próximo livro sobre Georges Ibrahim Abdallah, “L'emmuré de Lannemezan”, co-editado pela UNION LOCALE CGT DE MARTIGUES, “Car t'y es libre” (Quartier Libre) e o colectivo Palestine Martigues.

Por vezes, as coisas acontecem.

Em 19 de Junho de 2025, a França deveria co-presidir com a Arábia Saudita uma conferência na sede das Nações Unidas em Nova Iorque com o objectivo de promover o reconhecimento internacional do Estado da Palestina, no mesmo dia em que, por uma infeliz coincidência, a justiça francesa deve decidir o destino de Georges Ibrahim Abdallah, militante libanês de confissão cristã, mas comunista, que dedicou a sua vida ao reconhecimento de uma Palestina independente.

Uma coincidência histórica ainda mais infeliz, pois o homem por trás da conferência internacional sobre a Palestina é ninguém menos que Emmanuel Macron, sob cujo mandato foi aprovada a lei IRHA, que equipara qualquer crítica a Israel ao anti-semitismo.

Para completar a perfídia, duas semanas antes dessa conferência, a França planeava entregar a Israel uma carga militar, na data altamente simbólica de 5 de Junho de 2025, data comemorativa da derrota árabe de Junho de 1967. As explicações rebuscadas fornecidas sobre esse assunto pelo ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, revelaram-se, à sua imagem, bizarras.

Essa manobra equivalia a um incentivo ao belicismo israelita. Ela foi frustrada pela vigilância dos estivadores da CGT do porto de Fos. Agradecemos-lhes por isso.

Bis repetita placent: numa distorção do espírito típico dos líderes ocidentais em tudo o que diz respeito a Israel, Emmanuel Macron invocou «o direito de Israel de se proteger e garantir a sua segurança» para justificar a agressão caracterizada do Estado hebreu contra as instalações nucleares iranianas, em 13 de Junho de 2025.

Intervenção de René Naba na manifestação de solidariedade com Georges Ibrahim Abdallah, organizada em 16 de Junho de 2025 pela UNION LOCALE CGT DE MARTIGUES, Collectif Palestine Martigues e “Car t'y es libre” (Quartier Libre).

Texto da intervenção de René Naba
durante a manifestação de solidariedade
com Georges Ibrahim Abdallah com vista
 à sua libertação, contra o genocídio
e pela paz na Palestina.
Manifestação organizada em 16 de Junho de
2025 por iniciativa conjunta da
UNION LOCALE CGT DE MARTIGUES,
do Collectif Palestine Martigues e do
«Car t’y es libre» (Quartier Libre),
do qual o autor deste texto é presidente honorário.


Vertiginosa é a inconsistência intelectual de Júpiter da França. Israel, a única potência atómica do Médio Oriente, semeia o terror na região, e o balneário de Le Touquet, fora do solo, acusa o Irão de perturbar a região, quando o Estado hebreu nunca assinou o tratado de não proliferação nuclear, ao contrário da República Islâmica, que aceitou o controlo das suas actividades pela Agência Internacional de Energia Atómica. Tal incongruência de comportamento é provavelmente atribuível à racionalidade cartesiana de que a tecnocracia francesa tanto se orgulha.

Apesar destes factos altamente prejudiciais para a sua imagem, a França enfrentará, nesse dia, 19 de Junho, um terrível dilema. Se mantiver o militante palestiniano na prisão, a sua abordagem diplomática parecerá antinómica ao seu objectivo na ONU. Uma gesticulação diplomática, como é habitual. Uma simples postura declamatória. Em suma, «palhaçada».

Georges Ibrahim Abdallah representa, de facto, um resumo de todas as torpezas da França, revelador do mau funcionamento deste país, cujos mitos fundadores, sobre os quais prosperou durante muito tempo, se desmoronaram. Julguem por vós mesmos:

A «Pátria dos Direitos Humanos», neste caso específico, cometeu um abuso de direito. Ao fazê-lo, revela-se apenas como a «Pátria da Declaração dos Direitos Humanos» e não como a «Pátria dos Direitos Humanos», segundo a expressão de Robert Badinter, antigo ministro socialista da Justiça e antigo presidente do Conselho Constitucional.

A França, que durante muito tempo se considerou «a filha mais velha da Igreja», arrogando-se, por esse título, a função de «protectora dos cristãos do Oriente», revelou-se, no caso de Georges, – embora maronita de nascimento e ex-aluno de congregações religiosas cristãs libanesas – como exercendo uma função não de protecção, mas de «protectorado» na pura tradição colonial francesa, perseguindo incansavelmente qualquer pensamento dissidente.

O acaso do calendário – a coincidência destes dois eventos, a 19 de Junho de 2025, a conferência da ONU sobre a Palestina e o veredicto no caso Georges Ibrahim Abdallah, selou simbolicamente a ligação indissociável entre o militante comunista libanês e a causa palestiniana.

Há 77 anos que Israel enterra metodicamente a identidade palestiniana sob os escombros, ao mesmo tempo que, há 41 anos, a França se esforça por emparedar o Líbano cristão pró-palestiniano.

De passagem, recordemos que Israel não pratica um “genocídio”, que etimologicamente significa “o extermínio intencional, no todo ou em parte, de um grupo nacional”, mas sim um SOCIOCÍDIO, a aniquilação de toda a sociedade palestiniana em todas as suas componentes humanas, culturais e económicas, bem como do seu património arqueológico, artístico, cinematográfico, gastronómico e culinário, arrogando-se a propriedade do Zaatar.

Ver estes links sobre este assunto:

 

·         https://www.renenaba.com/vive-tabboule-libanaise-de-meme-fattouche-hommos-falafel-arabe-cas-ibri-aw-khaligi/

·         https://www.madaniya.info/2018/06/20/le-pillage-du-patrimoine-cinematograhique-palestinien-par-l-armee-israelienne/

 

77 anos de luta em vão. O povo palestiniano resiste, tal como Georges, sem se deixar abater pelo desânimo. A rectidão do seu comportamento constitui uma lição de coragem exemplar para todos os militantes que lutam pela concretização das suas reivindicações. Um «Homem de Pé», cuja atitude contrasta com a subserviência da fauna político-mediática francesa.

Este caso revelou, de facto, a extrema servilidade da França em relação aos Estados Unidos e a Israel, como atesta o comportamento do antigo ministro socialista do Interior, Manuel Valls, antigo pró-palestiniano, agora «ligado eternamente a Israel» devido ao seu casamento com uma francesa de confissão judaica, obedecendo, sem dizer uma palavra, às ordens de Hillary Clinton, na época secretária de Estado dos Estados Unidos, levando esse transfuga socialista a abster-se de emitir uma obrigação de deixar o território francês, a famosa OQTF, muito apreciada hoje em dia pelos seus sucessores.

Sobre Manuel Valls, consulte este link:

·         https://www.madaniya.info/2016/12/06/france-manuel-valls-no-pasaran/

 

Uma servilidade acompanhada por uma paralisia do debate público francês devido à colaboração de Vichy com o nazismo, que obscurece a razão e obstrui a visão.

No final do mandato de Macron, Manuel Valls, o renegado socialista, irá imediatamente para o lixo da história, marcado com o selo da infâmia e afligido com o estigma indelével da mancha moral absoluta, enquanto Georges Ibrahim Abdallah será elevado à estatura de ícone vivo da luta política.

De derrota em derrota, o povo palestiniano, de contratempos judiciais em contratempos judiciais, Georges Ibrahim Abdallah, irão à vitória final, para retomar o lema revolucionário do líder chinês Mao Tsé Toung, um conhecedor, «de derrota em derrota até à vitória final».

Vida longa ao povo palestiniano, seja qual for o resultado da sua luta.

Vida longa a Georges Ibrahim Abdallah, seja qual for o resultado da sua batalha judicial.

E que na memória dos povos em luta o seu exemplo viva eternamente.

 

NOTAS

 

1-     Texto da intervenção de René Naba durante a manifestação de solidariedade com Georges Ibrahim Abdallah com vista à sua libertação, contra o genocídio e pela paz na Palestina. Manifestação organizada em 16 de Junho de 2025 por iniciativa conjunta da UNION LOCALE CGT DE MARTIGUES, do Collectif Palestine Martigues e do «Car t’y es libre» (Quartier Libre), do qual o autor deste texto é presidente honorário.

 

Ver neste link a

Intervenção de Virginie UL Martigues

https://docs.google.com/viewerng/viewer?url=https://www.madaniya.info/wp-content/uploads/2025/06/Intervention-Virginie-UL-Martigues.pdf  

 

René Naba

Jornalista e escritor, ex-responsável pelo mundo árabe-muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois conselheiro do director-geral da RMC Médio Oriente, responsável pela informação, membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo dos Direitos Humanos e da Associação de Amizade Euro-Árabe. De 1969 a 1979, foi correspondente rotativo no escritório regional da Agência France-Presse (AFP) em Beirute, onde cobriu, nomeadamente, a guerra civil jordano-palestiniana, o «Setembro Negro» de 1970, a nacionalização das instalações petrolíferas do Iraque e da Líbia (1972), uma dezena de golpes de Estado e sequestros de aviões, bem como a guerra do Líbano (1975-1990), a terceira guerra israelo-árabe de Outubro de 1973 e as primeiras negociações de paz entre o Egipto e Israel em Mena House, no Cairo (1979). De 1979 a 1989, foi responsável pelo mundo árabe-muçulmano no serviço diplomático da AFP [ref. necessária], depois conselheiro do director-geral da RMC Médio Oriente, encarregado da informação, de 1989 a 1995. Autor de «L'Arabie saoudite, un royaume des ténèbres» (Golias), «Du Bougnoule au sauvageon, voyage dans l'imaginaire français» (Harmattan), «Hariri, de père en fils, hommes d'affaires, premiers ministres» (Harmattan), «Les révolutions arabes et la malédiction de Camp David» (Bachari), «Média et Démocratie, la captation de l'imaginaire un enjeu du XXIme siècle» (Golias). Desde 2013, é membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo dos Direitos Humanos (SIHR), com sede em Genebra. Além disso, é vice-presidente do Centro Internacional Contra o Terrorismo (ICALT), em Genebra; presidente da associação de caridade LINA, que actua nos bairros do norte de Marselha, e presidente honorário da «Car tu y es libre» (Quartier libre), que trabalha para a promoção social e política das zonas periurbanas do departamento de Bouches-du-Rhône, no sul da França. Desde 2014, é consultor do Instituto Internacional para a Paz, a Justiça e os Direitos Humanos (IIPJDH), com sede em Genebra. Desde 1 de Setembro de 2014, é responsável pela coordenação editorial do site https://www.madaniya.info  e apresentador de uma coluna semanal na Radio Galère (Marselha), às quintas-feiras, das 16h às 18h.

 

Fonte: https://www.madaniya.info/2025/06/18/le-19-juin-2025-un-test-de-la-credibilite-de-la-diplomatie-francaise-sur-la-palestine/

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice


O ATAQUE TERRORISTA AMERICANO-ISRAELITA CONTRA O IRÃO

 


O ATAQUE TERRORISTA AMERICANO-ISRAELITA CONTRA O IRÃO

18 de Junho de 2025 Robert Bibeau


Por Robert Bibeau e Normand Bibeau

Em 12 de Junho, 200 aviões de guerra conjuntos EUA-Israel atacaram o Irão, usando o programa nuclear iraniano como pretexto. Mas este ataque terrorista não tem como objectivo o enriquecimento de urânio. Este ataque terrorista, ilegal segundo o direito internacional, tem como objectivo a mudança de regime e o realinhamento de Teerão sob a bota americana .(1)


O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou o início da Operação Coragem do Leão , que visa eliminar a infraestrutura de enriquecimento nuclear do Irão e, em seguida, promover uma mudança de regime em Teerão e realinhar o Irão a favor do bloco imperialista ocidental . Netanyahu e os seus comandantes militares indicaram que esse ataque terrorista levaria várias semanas.

Um elemento-chave do ataque mortal parece ter como objectivo decapitar líderes militares e da indústria militar iraniana ligados ao programa nuclear iraniano. O líder sionista afirma ter novas informações a indicar que o Irão está a preparar-se para desenvolver armas nucleares. (sic)

De acordo com autoridades israelitas, essa inteligência foi a base para a decisão de atacar traiçoeiramente o Irão, mesmo com os Estados Unidos hipocritamente envolvidos em negociações com o Irão sobre como reduzir o seu potencial de armas nucleares e, ao mesmo tempo, permitir que as operações de enriquecimento de urânio para fins civis continuassem.

Não há dúvida de que serão necessários mais detalhes sobre o que a agressão das 200 aeronaves americanas e israelitas atingiu nesta primeira vaga de ataques. Relatos iniciais sugerem que, além dos ataques para decapitar agentes do governo, o ataque atingiu instalações de defesa aérea e comunicações, instalações de enriquecimento nuclear em Natanz e Firdos, instalações de produção de mísseis balísticos em Parchin, uma base de operações de mísseis balísticos em Piranshahr e outras instalações de natureza semelhante. (1)

O Irão é o seu pior inimigo

Nos últimos meses, o Irão apresentou-se como um estado nuclear limiar . Embora o Irão tenha todo o direito, como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear ( TNP ), de possuir a capacidade de enriquecer urânio num programa nuclear pacífico, duplamente alardeado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão não tem o direito legal de procurar capacidade de armas nucleares enquanto permanecer signatário do TNP. (1)

"A acumulação de urânio enriquecido a 60% pelo Irão, para o qual não havia nenhum propósito legítimo relacionado com as actividades nucleares declaradas, foi um acto deliberado do Irão para se posicionar dentro da estrutura de um ciclo de enriquecimento de urânio enriquecido a aproximadamente 92%, que seria utilizável numa arma de fissão."(1)


Centrífugadoras iranianas IR-6

Da mesma forma, o Irão instalou cascatas centrífugadoras IR-6 avançadas, mais eficientes em termos de enriquecimento de urânio, na sua estação subterrânea de enriquecimento em Firdos. Essas cascatas poderiam converter o urânio iraniano enriquecido a 60% em urânio de qualidade militar em poucos dias, fornecendo ao Irão material físsil suficiente para 3 a 5 armas nucleares.(1)

Na última década, a indústria militar iraniana dominou todas as tecnologias necessárias para produzir uma ogiva com componentes electrónicos avançados e sensíveis ao calor, capaz de suportar o calor da reentrada hipersónica. A única coisa que impediu o Irão foi a decisão oficial da liderança iraniana de que as armas nucleares eram proibidas pela jurisprudência islâmica vigente — ou seja, uma fatwa, ou decreto, emitida pelo Líder Supremo do Irão, o Aiatolá Khamenei, que considerou as armas nucleares incompatíveis com os princípios da República Islâmica do Irão .

"Mas o Irão tornou essa posição de princípios sem sentido nos últimos meses, já que declarações de altos funcionários, conselheiros e políticos iranianos deixaram claro que essa fatwa que proíbe armas nucleares poderia ser revertida se a República Islâmica enfrentasse uma ameaça existencial de um estado com armas nucleares."(1)

Em suma, o Irão posicionou-se como um estado produtor de armas nucleares.

      E depois? Usar ou abandonar definitivamente?

O génio da escalada saiu da garrafa. O Irão está agora num dilema de " usar ou desistir ", em que a capacidade nuclear mínima adquirida terá que ser rapidamente transformada numa capacidade nuclear viável, ou será reduzida e/ou eliminada por ataques dos EUA e de Israel.

Tendo prometido retirar-se do TNP caso as suas instalações nucleares fossem atacadas, o Irão não tem escolha a não ser cumprir a ameaça. Não cumpri-la seria visto como um acto de rendição por parte do regime iraniano, o que serviria para abrir caminho para uma mudança de regime em Teerão — o verdadeiro objectivo desta guerra em escalada no Golfo Pérsico.

A questão, então, é se os ataques EUA-Israel alcançaram o nível de destruição necessário para impedir que o Irão adquira rapidamente armas nucleares. A chave para a dupla EUA-Israel (o mentor e o seu Estado pária terrorista) neste estágio é induzir o Irão a retirar-se do TNP e iniciar o processo de aquisição de capacidade nuclear, o que servirá para ostracizar o Irão no Ocidente e justificar futuras agressões da dupla imperialista.

Este acto do Irão permitirá que os Estados Unidos, que supostamente se distanciaram desses ataques aéreos furtivos, e a Europa, cujas principais nações (Grã-Bretanha, França e Alemanha) afirmaram que o Irão nunca poderá possuir armas nucleares e que "Israel – o terrorista – tem o direito de se defender" (sic), expressem o seu apetite assassino pela guerra.(1)

Para isso, o Irão precisa continuar a construir uma bomba. Isso não pode ser alcançado destruindo as instalações de enriquecimento de urânio profundamente enterradas — uma tarefa que vai para além das capacidades convencionais tanto do Estado judeu quanto dos Estados Unidos —, mas sim matando a liderança e a alta administração das forças armadas e da indústria militar iraniana, e destruindo a infraestrutura crítica usada pelo Irão para fabricar os vários componentes essenciais para uma arma nuclear e seus sistemas de mísseis balísticos.


A Instalação de Enriquecimento de Natanz

A combinação desses ataques é logicamente projectada para semear o caos e a incerteza no programa de armas nucleares do Irão.

Parece que ele atacou e matou vários altos funcionários iranianos que eram essenciais nos esforços para estabelecer um programa de armas nucleares.

O Irão prometeu retaliação maciça contra o estado judeu e qualquer nação que apoie um ataque israelita à infraestrutura nuclear iraniana.


Lançamentos de mísseis iranianos

Se o Irão não lançar tal ataque, por qualquer motivo (falta de capacidade, falta de vontade política ou ambos), então ele cria uma janela de oportunidade para a diplomacia mostrar a sua cara feia e impor um cessar-fogo que garanta os ganhos dos EUA e de Israel, ao mesmo tempo em que abre o Irão para inspecções internacionais da sua infraestrutura de enriquecimento nuclear e produção de mísseis balísticos — em suma, uma enorme vitória dos EUA e de Israel e uma derrota do Irão e do bloco asiático BRICS .

Se o Irão procura finalizar o seu programa de armas nucleares, está a convidar os Estados Unidos e a Europa a participarem na agressão militar ilegal. Este tem sido o papel atribuído ao agressor americano-israelita desde o início do absurdo nuclear iraniano.

Além disso, embora o presidente Trump e o secretário de Estado Marco Rubio tenham hipocritamente tentado distanciar-se desse acto ilegítimo e ilegal de agressão militar dos EUA e Israel, há elementos dentro do governo Trump e do Congresso dos EUA (o senador Lyndsey Graham em particular) que apoiam abertamente os ataques dos EUA e Israel ao Irão.

Para que lado é que Donald Trump vai oscilar?  Essa é a pergunta errada.

Os Estados Unidos estão a supervisionar a agressão EUA-Israel: Tucker Carlson critica publicamente Donald Trump . O conhecido jornalista, considerado um apoiante do presidente americano, afirmou que Washington não só estava ciente do plano de agressão, como também contribuiu activamente para a sua implementação.

Carlson enfatizou que os políticos que proclamam o princípio " América Primeiro-MAGA " não podem mais negar de forma convincente o envolvimento dos EUA. "O nosso país está envolvido até ao pescoço. Vale a pena dar um passo para trás e perguntar: como é que tudo isso ajuda os Estados Unidos? Nenhuma resposta razoável me vem à mente", lamentou.(2)

Trump já ameaçou o Irão com a destruição se Teerão não concordar com um acordo nuclear. Esta pode ser a última newsletter antes de uma guerra total. Os anos de financiamento e envio de armas para Israel, dos quais Donald Trump acabou de se gabar no Truth Social, inegavelmente colocam os Estados Unidos no centro disso. Washington sabia que esses ataques estavam para vir. Eles ajudaram Israel a executá-los. Os políticos não podem mais voltar as costas de forma crível e alegar que não tiveram nada a ver com isso. <…> Vamos dar um passo para trás e questionar-nos: como é que tudo isso ajuda os Estados Unidos? Nenhuma resposta sensata me vem à mente.(2)


Isso é confirmado pelo jornalista Pepe Escobar:

Vamos directo ao assunto. O ataque devastador ao Irão pelos "escolhidos" psicopatológicos e genocidas dos supremacistas étnicos baseados em Telavive — uma declaração de guerra de facto — foi coordenado com detalhes com o presidente dos Estados Unidos, o treinador de circo Donald Trump. Esse narcisista infantil, imerso na imagem que o seu espelho reflecte, revelou tudo numa mensagem confusa. Aqui estão alguns trechos.

"Dei ao Irão todas as oportunidades possíveis para chegar a um acordo." Não havia "acordo": essas eram, na verdade, as suas exigências unilaterais. Afinal, o Irão torpedeou o acordo original, o JCPOA , porque não era o seu "acordo".

“Eu disse-lhes que seria mil vezes pior do que qualquer coisa que eles já vivenciaram, anteciparam ou ouviram falar.”

A decisão de atacar já havia sido tomada. "Alguns iranianos radicais manifestaram-se com bravura, mas (...) estão todos MORTOS agora, e a situação só vai piorar!"

A alegria acompanha o papel. "Os próximos ataques já planeados serão ainda mais brutais."

Alinhamento total com a estratégia de “decapitação” EUA-Israel. “O Irão deve fechar um acordo antes que não reste nada e salvar o que antes era chamado de Império Iraniano.”(3)


O ataque americano-israelita

O facto é que os Estados Unidos deram ao Estado judeu fascista a ordem de atacar o Irão, tanto ajudando a moldar a realidade geo-política para apresentar a acção EUA-Israel como legítima (ao mobilizar as nações árabes do Golfo em face da utópica agressão iraniana, quanto usando o Conselho de Governadores da AIEA para adoptar uma resolução acusando o Irão de violar as suas obrigações de salvaguardas sob o TNP). Essas negociações foram apresentadas como legítimas, mas foram pouco mais do que um esforço dos Estados Unidos para provocar o comportamento iraniano, que seria monitorizado através de meios de inteligência dos EUA e da UE/OTAN para identificar alvos a serem destruídos pelo ataque terrorista EUA-Israel.

Mudança de regime, mudança do campo imperialista, esse é o objectivo

Relatórios actuais sugerem que o Irão pode declarar guerra ao Estado judeu. Tal declaração transformaria este conflito numa luta existencial entre uma suposta "nação", Israel – na realidade, um campo militar ocidental entrincheirado nas periferias do Médio Oriente, que foi vendido ao público americano como um aliado ferrenho dos Estados Unidos – e outra nação, o Irão, que foi vendido como um inimigo mortal. Isso significa que, em última análise, os Estados Unidos lançarão o seu poderio militar na batalha para alcançar a derrota estratégica do Irão , impor uma mudança de regime em Teerão e realinhar o país com o Bloco Ocidental imperialista .

Em vez de prender os Estados Unidos a um acordo bi-lateral, por mais injusto que fosse, o Irão prolongou o processo de negociação, prendendo o país numa saga ocidental que nunca teve a intenção de produzir um acordo de paz, mas sim de ganhar tempo para que as forças armadas americanas e israelitas preparassem o seu ataque à nação aliada de Pequim e Moscovo... Lembram-se da Ucrânia?

Hoje, o Irão tem apenas uma chance de sobrevivência.

É preciso entender que o Irão jamais poderá possuir armas nucleares. Se tentar fazê-lo, o país será destruído, assim como o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, o Sudão, a Síria e o Iémen.

O Irão será capaz de desferir golpes extremamente pesados ​​contra o estado fascista de Israel, ataques tão devastadores — somados ao encerramento do Estreito de Ormuz , por onde passa 25% do petróleo mundial — que os Estados Unidos terão que se envolver em negociações de cessar-fogo.


Mísseis iranianos apontados para o estado hebraico

E a base deste acordo de cessar-fogo deve ser a normalização do programa nuclear do Irão dentro da estrutura do TNP, com o apoio das potências imperialistas orientais – o eixo Pequim-Moscovo.

Esse resultado táctico é possível?

O Irão teria que destruir grande parte do estado hebraico, algo que o contratante americano não permitirá.

"A Verdadeira Promessa 3 , o ataque com mísseis balísticos iranianos prometido há muitos meses contra Israel, está suspenso. O Irão precisa agora executar esta operação com perfeição e determinação se o governo da República Islâmica quiser sobreviver."

O próprio Irão e os seus representantes no Médio Oriente estão a espalhar o mito de que o proxy israelita é independente das maquinações imperialistas; isso é falso e um erro de propaganda que serve ao Império Americano.

Veja como os amigos do Irão descrevem a política israelita que exonera o Império Americano no Levante:

"Israel senta-se no direito internacional como um banco velho. O seu objectivo não é a segurança, é o domínio. Ao perpetuar o mito de um Irão nuclear ameaçador, está a justificar o seu próprio programa atómico ilegal, cuidadosamente não reconhecido, nunca inspeccionado e, no entanto, o mais perigoso da região. Acima de tudo, utiliza esta ficção para justificar um estado de guerra permanente, no qual pode fazer-se de eterna vítima enquanto actua como agressor principal". Não é o campo militar israelita e os seus dez milhões de mercenários fanáticos que têm a força para enfrentar o mundo inteiro, mas é a hegemonia americana que tem esse poder.(4) 


Tudo está podre nos reinos dos mulás, dos BRICS e dos americanos-israelitas

Pepe Escobar, Scott Ritter e os outros estão a sonhar acordados se esperam o " despertar do gigante iraniano com pés de barro ". Essa agressão militar, que não tem equivalente na história recente além de Pearl Harbor pelos militaristas japoneses, é o ápice de uma contínua retirada das potências imperialistas do Sul Global diante de inúmeras e sem resposta execuções extra-judiciais, desde o General Soleimani, passando pela do Presidente Raisi e do Ministro das Relações Exteriores (19 de Maio de 2024), o líder do Hamas em Teerão, o líder do Hezbollah, a expulsão do Presidente Assad da Síria, culminando na eleição presidencial do agente da CIA e do Mossad, do MI6 e do Ocidente Colectivo: "o reformador" (tv5monde, 6 de Julho de 2024), aquele "que quer reconciliar o Irão com os Estados Unidos". (Le Monde, 14/07/2024), o renegado iraniano: Massoud Pezershkian , representante da facção pró-Ocidente em Teerão.

Os ataques realizados por mercenários israelitas — sob ordens americanas — do próprio território iraniano e o direccionamento quase cirúrgico de " oponentes de Pezershkian ", todos esses factos são convincentes de que o propósito desejado desta declaração de guerra é o derrube do regime iraniano "pró-Moscovo-China-BRICS" para substituí-lo por um regime a soldo dos EUA, tudo isso faz parte dos preparativos para a Terceira Guerra Mundial definitiva que os EUA e o Ocidente Colectivo planeiam travar contra os seus rivais no Sul Global: China, Rússia, Coreia do Norte e outros.

Este Pearl Harbor americano-israelita é apenas um passo na vasta operação para restaurar a hegemonia dos EUA e seus vassalos na apreensão de hidrocarbonetos essenciais para uma guerra vitoriosa.

Este programa NEO-NAZI LEBAUSRAUM 2.0 começou com a limpeza étnica de ucranianos de língua russa que levou à guerra dos " proxies Ukronazi " contra a Rússia, continuou com o genocídio dos mártires palestinianos, a decapitação do Hamas, do Hezbollah, o massacre dos libaneses, dos Houthis, a "aliança" com o renegado Erdogan e seus terroristas jihadistas a soldo, o derrube do regime de al-Assad na Síria e a ditadura de jihadistas ensanguentados, o desmascaramento dos renegados das petromonarquias do Golfo, a "declaração de guerra comercial" contra os bilionários chineses "criptocomunistas", para atingir seu clímax: uma agressão militar dos EUA e de Israel contra o Irão, o elo fraco no " Eixo de Resistência " do Sul Global, que será seguida pela capitulação e reversão do Irão. Os países do Sul Global e os BRICS entenderão o destino que o hegemon americano reservou para eles em caso de fracasso.

Para nós, proletários internacionalistas, pouco importa se o Bloco Imperialista Ocidental vencerá o Bloco Imperialista Oriental, ou vice-versa, continuaremos sendo a carne para canhão desta Terceira Guerra Mundial em gestação, tanto à esquerda quanto à direita, tanto no Ocidente quanto no Oriente... mas não travaremos a guerra deles. (Veja o nosso artigo:  https://les7duquebec.net/archives/300302 ) Da insurreição à revolução proletária.


NOTAS

 

(1) Scott Ritter. “A Coragem do Leão” vs. “A Verdadeira Promessa 3” em:  https://substack.com/home/post/p-165839429

(2) Tucker Carlson:

https://x.com/ericarchambaul7/status/1933676057091096660?s=12&t=h8KbYJg3JYYL0Z64L1snHw

(3) Pepe Escobar:  https://ssofidelis.substack.com/p/la-planete-entiere-prise-en-otage

(4) https://strategika.fr/2025/06/17/ambiance-mossad-en-israel-ou-la-guerre-des-ombres-devient-lapocalypse-publique/

(5) O correio dos estrategas: Ainda podemos evitar uma Terceira Guerra Mundial?  https://lecourrierdesstrateges.fr/2025/06/15/peut-on-encore-eviter-une-troisieme-guerre-mondiale/

(6) De Ben Salmane a Pezeshkian: O mundo islâmico unido para apoiar o Irão face à agressão israelita

https://ssofidelis.substack.com/p/ben-salmane-a-pezeshkian-le-monde

(7) Porque é que a estratégia israelita está condenada ao fracasso?

https://observateur-continental.fr/?module=articles&action=view&id=6998

(8) Iraque:  https://ssofidelis.substack.com/p/un-groupe-de-resistance-irakien-menace

 

 

Fonte: https://les7duquebec.net/archives/300329?jetpack_skip_subscription_popup#

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice