sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Memórias da Guerra do Líbano 1/3: As Raízes Americanas da Guerra Civil no Líbano (1975-2000)

 


Memórias da Guerra do Líbano 1/3: As Raízes Americanas da Guerra Civil no Líbano (1975-2000)

René NABA / 5 de abril de 2018 / em DecryptionLíbano

Última atualização em 5 de Fevereiro de 2024

Nota do Editor

www.madaniya.info  publica um dossier especial em três partes intitulado "Líbano-Memórias de Guerra", dirigido por René Naba, director do site, que forneceu uma adaptação condensada, em francês, do livro do diplomata americano James R. Stocker intitulada: "Spheres of intervention: US Foreign policy and the collapse of Lebanon 1967-1976", James R. Stocker, Cornell University Press.

·         http://www.cornellpress.cornell.edu/book/?GCOI=80140100599430

Resumo

·         Memórias da Guerra do Líbano 1/3: As Raízes Americanas da Guerra Civil no Líbano (1975-2000)

·         Memórias da Guerra do Líbano 2/3: O Pacto Nacional, uma mentira da qual o componente muçulmano da população libanesa foi vítima.

·         Memórias da Guerra do Líbano 3/3: Serge Soghanalian (1929-2011), representante perfeito do submundo dos mercadores da morte

com Aditivo

1- Líbano: 17 de Maio de 1983, "Um Dia de Infâmia", "Yom Al A'Ar, Ya Lil A'AR".
Artigo publicado por ocasião do 35º aniversário da conclusão do tratado de paz israelo-libanês. Uma história sobre o rosto oculto deste dia de infâmia. Um tratado revogado pela vontade do povo, um caso raro da abolição de um tratado internacional devido a uma revolta popular.

2- A utilidade de certos rumores em tempos de guerra
Por Roger'a*

Rumores são uma continuação da guerra (civil/confessional), por outros meios.

O autor, James Stocker, aprendeu árabe na Universidade de Damasco. Antecipando a escrita do seu livro, passou um ano no Líbano para a sua documentação.

O autor baseia-se nos arquivos do Departamento de Estado, do Conselho de Segurança Nacional, dos serviços de inteligência dos EUA, bem como nos arquivos das bibliotecas dos presidentes Lyndon Johnson, Richard Nixon e Gerald Ford, além das anotações pessoais de Joseph Sisco, ex-Subsecretário de Estado para Assuntos do Médio Oriente.

A versão árabe deste livro foi fornecida pelo académico americano de origem libanesa, Assaad Abou Khalil, animador do blogue  http://angryarab.blogspot.fr/ também colaborador do jornal libanês "Al Akhbar", que garantiu a publicação dos principais trechos numa série de artigos divididos em dez partes.

A resenha do livro em inglês pode ser encontrada neste link pelo mesmo autor:

·         http://angryarab.blogspot.fr/2016/09/james-stokers-new-book-on-lebanon-most.html

Facto significativo: No seu relato dos factos, o autor do livro evita mencionar intervenções israelitas contra a população libanesa, incluindo ataques regulares da força aérea israelita e bombardeamentos de artilharia contra vilarejos no sul do Líbano, assim como evita mencionar a extensão do terror infligido pelo exército israelita à população civil libanesa.

A versão francesa foi adaptada por René Naba, director do site www.madaniya.info

Fim da nota do editor.

Os principais pontos deste livro

I – Prelúdio: A eleição do presidente Camille Chamoun.

Os Estados Unidos "literalmente compraram" a eleição do pró-ocidental Camille Chamoun como presidente da República do Líbano (1952-1958), ou seja, subornaram parlamentares libaneses para que o seu candidato triunfasse sobre o seu rival, o líder nacionalista Hamid Frangieh, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

Por que tanto entusiasmo pelo segundo presidente da República Libanesa? Provavelmente porque Camille Chamoun, grande amigo do xá do Irão e das monarquias hachemitas pró-britânicas do Iraque e da Jordânia, era um grande nome da maçonaria árabe, tal como muitos outros líderes árabes.

A propósito de Camille Chamoun

·         https://www.madaniya.info/2016/09/30/franc-maconnerie-dans-le-monde-arabe-et-musulman-2-2/

Chamoun foi eleito em 1952, numa época em que os Estados Unidos, emergindo como os grandes vencedores da Segunda Guerra Mundial, começavam a posicionar-se no cenário mundial, substituindo as duas antigas potências coloniais europeias: a Grã-Bretanha e a França. Um período marcado no Médio Oriente pelo lançamento do Ponto Quatro, um programa de cooperação entre os Estados Unidos e o mundo árabe, inspirado no Plano Marshall para a Europa; pelo golpe de Estado da CIA contra o primeiro-ministro nacionalista iraniano Mohamad Mossadegh (1953), culpado de ter nacionalizado as instalações petrolíferas iranianas; e, finalmente, pela constituição do Pacto de Bagdade (1955), que reunia os países muçulmanos sunitas Paquistão e Turquia, em torno da dinastia hachemita do Iraque. Este pacto deveria servir de elo intermediário entre a OTAN (Europa/Estados Unidos) e a OTASE (Sudeste Asiático).

Camille Chamoun, pupilo dos americanos por excelência, tal como o primeiro-ministro iraquiano da época monárquica, Noury Said, recusou-se a romper as relações diplomáticas do Líbano com a França e a Grã-Bretanha, em sinal de solidariedade com o Egipto, vítima de uma agressão tripartida na sequência da nacionalização do Canal do Suez (1956), uma agressão liderada pelas duas antigas potências coloniais da região (França e Grã-Bretanha) e a sua criatura Israel, sinal indiscutível de um alinhamento cego aos objectivos atlantistas.

Camille Chamoun terminará o seu mandato durante a primeira guerra civil libanesa. A guerra eclodiu em Maio de 1958 com o assassinato do jornalista libanês Toufic Al Matni, acendendo o rastilho, enquanto o Egipto e a Síria, sob a égide de Gamal Abdel Nasser, coroado pela nacionalização do Canal do Suez (1956), procediam à união das duas repúblicas árabes.

Os Estados Unidos desembarcaram tropas no Líbano em Julho de 1958, paralelamente ao lançamento de comandos britânicos na Jordânia, a fim de contrabalançar os efeitos do golpe de Estado anti-monárquico no Iraque e a proclamação da República pelo general nacionalista Abdel Karim Kassem.

Para além dos grandes princípios altamente proclamados e regularmente brandidos contra os seus detractores, verifica-se que os Estados Unidos não hesitam em recorrer à corrupção para garantir uma clientela dócil com o objectivo de impor a sua hegemonia.

II – A propósito da 2ª guerra cívil libanesa (1975-1990)

A liderança maronita, responsável pelo fogo inicial.

1- A liderança maronita é responsável pelo início da guerra. Os Estados Unidos e os principais líderes cristãos (tanto os ex-presidentes Camille Chamoun, Charles Hélou e Soleimane Frangieh como Pierre Gemayel (falangistas) e Raymond Eddé, bem como a hierarquia militar cristã, defendiam abertamente a manutenção do sistema de repartição confessional do poder, garantindo a preponderância da comunidade maronita no sistema político libanês.

2- A aliança tripartida dos três principais líderes maronitas (Camille Chamoun, Pierre Gemayel, Raymond Eddé), selada por ocasião das eleições legislativas de 1968, na sequência da derrota árabe de Junho de 1967, constituía, na verdade, um pacto de confronto tanto contra a OLP, fortemente implantada em Beirute após o massacre palestiniano do «Setembro Negro» jordaniano (1970), como contra a esquerda libanesa, com o objectivo de silenciar as forças contestatárias à hegemonia ocidental no Médio Oriente. Raymond Eddé, líder dos cristãos moderados, afastou-se deste pacto com o início da guerra civil libanesa em 1975 e não pegou em armas nem contra os libaneses, nem contra os palestinianos.

Para ir mais longe neste tema

III- O exército libanês e a sua passividade face a Israel.

A-    As negociações de armistício israelo-libanês em Nakoura, uma ilusão, uma «cortina de fumo» para uma coordenação militar entre os dois países.

Essas negociações, estabelecidas pelo acordo de armistício de 1948 assinado entre Israel e os países árabes do campo de batalha, prolongaram-se além do prazo razoável para esse tipo de negociação.

Na verdade, essas negociações serviram como «pretexto para uma coordenação política entre os dois países», com o incentivo dos Estados Unidos. Estacionados no posto fronteiriço libanês de Nakoura (sul do Líbano), eles nunca impediram Israel de cometer repetidas agressões contra o Líbano, nem impediram a violação do espaço aéreo libanês pela aviação israelita, assim como os bombardeamentos intensos da artilharia israelita contra as aldeias do sul do Líbano, com o objectivo de forçar o êxodo da população dessa zona de maioria xiita e repeli-la para Beirute.

Um êxodo forçado destinado a constituir em Chyah (sul de Beirute), a famosa Dayeh dos jornalistas ocidentais, um cinturão de miséria em torno da capital libanesa, nas proximidades dos campos palestinianos de Sabra Chatila, na estrada para o aeroporto.

Na sequência dessa conivência, Israel não hesitou em instrumentalizar os oficiais traidores do exército libanês (Saad Haddad e Antoine Lahad) para constituir um exército de auxiliares que actuavam como guardas de fronteira do Estado hebraico, sob o nome de «Exército do Sul do Líbano» (ASL), no auge da guerra civil libanesa.

B-     O comportamento singular dos dois antigos comandantes-chefes do exército, o general Émile Boustany e o seu sucessor, o general Iskandar Ghanem.

A autonomia do comando do exército em relação ao poder político era tal que, durante a guerra de Junho de 1967, o comandante-chefe (cristão) do exército, o general Émile Boustany, recusou-se a obedecer às ordens do primeiro-ministro sunita Rachid Karamé de iniciar hostilidades contra Israel em solidariedade com os países árabes no campo de batalha (Egipto, Síria).

O general Emile Boustany ficará na história pela sua passividade durante o ataque israelita contra a frota aérea civil libanesa e o aeroporto internacional de Beirute-Khaldé, em Dezembro de 1968, bem como pelo seu envolvimento num caso de comissões ilegais na sequência da compra de mísseis CROTALE ao exército francês. Com total impunidade.

No final de uma carreira repleta de negócios, o general Boustany beberá até às últimas gotas do cálice das suas transgressões, representando o Líbano na assinatura do acordo palestiniano-libanês do Cairo, em Novembro de 1969, que legalizou a presença armada palestiniana no Líbano, sob a égide de Nasser, assinando assim a sua derrota simbólica perante os seus adversários.

O seu sucessor, o general Iskandar Ghanem, anteriormente comandante militar da fortaleza de Beirute, destacou-se pela sua indiferença durante o ataque israelita ao centro da capital libanesa, em Abril de 1973, que decapitou alguns dos principais líderes da OLP, Abou Youssef An Najjar, ministro do Interior da OLP, Kamal Nasser, porta-voz da central, e Kamal Adwane, responsável pela jovem guarda palestiniana.

O general Ghanem foi promovido a comandante-chefe do exército, apesar da sua prevaricação e dos repetidos pedidos do então primeiro-ministro Saeb Salam para que se demitisse como forma de punição.

C-    O comandante Johny Abdo, designado pelos israelitas para suceder a Bachir Gemayel: membro do Conselho de Guerra das Forças Libanesas.

A passividade do exército em relação aos sucessivos ataques israelitas contra Beirute e o sul do Líbano, ao longo de trinta anos, bem como as ambições israelitas sobre os rios do sul do Líbano (Litani e Zahrani), levaram ao surgimento de um corpo de auto-defesa xiita, substituindo o vazio do poder estatal, para a protecção da zona fronteiriça entre Israel e o Líbano.

A história do exército libanês face a Israel não é uma sucessão de gloriosas proezas militares, mas uma longa história de conivência e prevaricações, na medida em que, desde a independência do Líbano em 1943, há 73 anos, todos os comandantes-chefes que se sucederam à frente do exército, com a notável excepção do general Émile Lahoud, consideraram o Estado hebraico como o grande bastão com o qual era importante reprimir a contestação popular libanesa e, posteriormente, a resistência palestiniana.

Durante a segunda guerra civil libanesa, o comando do exército libanês dispunha da sua própria organização terrorista secreta, «At tanzim», que activava discretamente durante os períodos de trégua para retomar as hostilidades.

A simbiose entre o alto comando do exército e as milícias cristãs era tal que um dos líderes do 2º Bureau Libanês (o serviço de inteligência), o major Johnny Abdo, integrava o Conselho de Guerra da Frente Libanesa, uma coligação de milícias cristãs. Homem nas sombras por excelência, Johnny Abdo havia sido nomeado pelos israelitas para suceder Bashir Gemayel, após o assassinato do líder falangista na véspera de assumir o cargo de Presidente da República, em Setembro de 1982.

Formado nas academias militares anglo-saxónicas, ao contrário de todos os seus antecessores e sucessores de formação francesa, Emile Lahoud, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (1989-1998) e posteriormente Presidente da República (1988-2007), foi o teórico da «doutrina da retaliação» face às repetidas agressões israelitas, particularmente contra o sul do Líbano, iniciando uma resposta dupla contra as invasões do Estado hebraico, combinando uma acção conjunta do exército em apoio à guerrilha do Hezbollah libanês.

Desrespeitando o Direito Internacional, contrariamente a todos os usos internacionais, Émile Lahoud, único chefe de Estado cristão do mundo árabe, será, no entanto, colocado em quarentena por instigação do presidente francês Jacques Chirac, na sequência do assassinato de Rafic Hariri, antigo primeiro-ministro libanês de quem era parceiro de negócios e seu pupilo póstumo.

Para avançar mais nessa sequência

Johnny Abdo, o candidato israelita para suceder o líder falangista Bachir Gemayel

·         http://www.al-akhbar.com/node/273130

Johnny Abdo, o homem nas sombras por excelência

·         http://www.renenaba.com/wissam-al-hassan-la-dague-du-dispositif-securitaire-saoudien-au-proche-orient/

De reviravolta em reviravolta, de escalada em escalada, tal passividade levou à constituição do Hezbollah e à sua formidável resposta balística assimétrica, tornando a formação político-militar xiita a arquitecta da retirada israelita do Líbano, sem tratado de paz ou negociação, um caso único nos anais da guerra contemporânea.

Sobre o Hezbollah

Hassan Nasrallah, o primeiro líder desde Nasser a desenvolver uma capacidade de influenciar a opinião pública israelita.

·         https://www.madaniya.info/2016/07/10/hassan-nasrallah-premier-dirigeant-arabe-depuis-nasser-a-avoir-su-developper-une-capacite-d-influence-sur-l-opinion-publique-israelienne/

Hezbollah, sentinela da independência libanesa

·         https://www.madaniya.info/2016/07/15/hezbollah-hassan-nasallah-la-sentinelles-de-l-independance-libanaise-2-2/

IV - O êxodo dos cristãos do Líbano, o maior envenenamento da primeira fase da guerra.

A informação de que os americanos estavam a considerar a deportação de cristãos libaneses do Líbano é uma "grande mentira". O boato foi forjado pela liderança cristã para "forçar a solidariedade com a população cristã do Líbano", consternada com a extensão dos danos, a viragem dos combates, e para levá-los a juntar-se às fileiras das milícias em combate.

O boato foi amplificado na época da visita do enviado americano ao Líbano, Dean Brown, enviado do presidente Gerald Ford, "que veio justamente para reafirmar o compromisso dos Estados Unidos em apoiar o esforço de guerra das milícias cristãs", que a liderança maronita queria impressionar com a importância da adesão cristã à causa da milícia.

Os incentivos de Dean Brown levaram a liderança maronita a recusar qualquer concessão aos seus adversários palestinianos progressistas, prolongando assim as hostilidades, a destruição do Líbano, o sofrimento da sua população e o enfraquecimento do país. Como se vê, os conselheiros nunca são os que pagam.

O acordo de Taif (Arábia Saudita), que pôs fim à guerra do Líbano em 1989, consagrou a desclassificação das prerrogativas constitucionais dos maronitas, sanção inevitável da sua cegueira política e do seu belicismo obstinado.

V- Estados Unidos: Transparência para os outros.

Os Estados Unidos defendem a transparência para os outros. No Líbano, eles estavam ansiosos para ter um canal directo de comunicação com o Presidente da República, "contornando o Ministério dos Negócios Estrangeiros para que essas conversas 'ULTRA-SECRETAS' não fiquem registradas nos arquivos do ministério".

Sob Charles Hélou (1964-1970), o emissário libanês foi Michel El Khoury, filho do ex-presidente da República, cuja actividade secreta foi disfarçada pelo cargo de Presidente do Conselho Nacional de Turismo. O Sr. Michel El Khoury será recompensado pelo seu papel clandestino com a sua subsequente nomeação como Governador do Banco do Líbano. Sob Suleiman Frangieh (1970-1976), o cargo foi ocupado pelo seu genro Lucien Dahdah.

VI- Responsabilidade directa dos Estados Unidos na guerra do Líbano.

Os Estados Unidos não viam a guerra do Líbano como um conflito entre cristãos e muçulmanos, mas como um conflito ideológico entre direita e esquerda, embora a liderança maronita tenha incentivado a administração americana a intervir militarmente no Líbano para silenciar a esquerda libanesa, no auge do fluxo nasserista (1960-1967), e depois a resistência palestiniana.

Dois líderes drusos aliados a Camille Chamoun, o emir Majid Arslane, ex-Ministro da Defesa, e o deputado Fadlallah Talhouq, apelaram nessa direcção aos seus interlocutores americanos, que estavam mais preocupados em lutar contra o seu rival eleitoral Kamal Jumblatt, líder druso do Partido Socialista Progressista (PSP) e futuro líder da coligação Progressista Palestiniana.

Os Estados Unidos favoreciam a escalada das hostilidades como uma distracção das negociações de paz egípcio-israelitas, após a guerra de Outubro de 1973, para travar a Síria no Líbano e fixar a OLP nessa guerra criminosa.

Assim, a administração dos EUA facilitou a transferência de armas via Jordânia e Israel. A ajuda militar americana não tinha tanto a intenção de fortalecer o exército libanês, mas de equipá-lo com os meios para combater organizações e movimentos palestinianos da esquerda libanesa. Para "atacá-los", no interesse da segurança de Israel.

Sob o presidente Charles Hélou, a ajuda económica americana também estava condicionada ao compromisso do governo libanês de endurecer a repressão contra as forças progressistas libanesas.

Para ir além sobre Beirute e a sua função traumática contra israelitas

·         https://www.madaniya.info/2015/04/13/liban-beyrouth-le-vietnam-d-israel/

E sua função crítica em relação aos árabes

·         http://www.renenaba.com/beyrouth-ouest-le-dernier-carre-de-la-contestation-arabe/

VII - A relação Síria/Estados Unidos

A relação da Síria com os Estados Unidos durante a presença síria no Líbano (1976-2005) era infinitamente mais próxima do que a relação entre a Síria e a URSS. Damasco reclamou a Washington sobre as restricções impostas por Moscovo ao Líbano, com o objectivo de poupar os seus aliados no campo palestiniano progressista. Mas o presidente Hafez al-Assad evitou fazer uma mudança de aliança, como foi o caso do presidente egípcio Anwar Al Sadat, ciente dos danos que tal reviravolta causaria no cenário regional e da grande dependência dos Estados Unidos e das petro-monarquias nas quais a Síria se posicionaria como resultado dessa viragem.

Para aprofundar esse tema

·         https://www.madaniya.info/2016/04/05/extraits-de-l-article-de-robert-f-kennedy-jr-a-la-revue-politico/

 (Nota do editor: Sadate, artífice do tratado de paz com Israel, foi assassinado em 6 de Outubro de 1981 por islamistas, aliados dos americanos na guerra anti-soviética no Afeganistão, enquanto a Síria, em plena turbulência jihadista na sequência da chamada «Primavera Árabe», beneficiou do apoio militar resoluto da Rússia a ponto de reverter o curso da guerra, como «prémio pela lealdade» da Síria em relação à Rússia, após o colapso do bloco soviético. O Egipto, por sua vez, após uma sequência de quarenta anos de alinhamento com os Estados Unidos, sob a dupla presidência de Anwar El Sadate e Hosni Mubarak, operou em 2015 uma reorientação em direcção à Rússia sob a presidência do marechal Abdel Fattah Al Sissi.)

Neste link, a versão árabe deste segmento.

·         http://www.al-akhbar.com/node/264254

 

René Naba

Jornalista-escritor, ex-chefe do mundo árabe e muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do director-geral da RMC Médio Oriente, chefe de informação, membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos e da Associação de Amizade Euro-Árabe. De 1969 a 1979, foi correspondente rotativo no escritório regional da Agence France-Presse (AFP) em Beirute, onde cobriu a guerra civil jordaniano-palestiniana, o "Setembro Negro" de 1970, a nacionalização de instalações petrolíferas no Iraque e na Líbia (1972), uma dúzia de golpes de Estado e sequestros de aviões, bem como a Guerra do Líbano (1975-1990) a 3ª guerra árabe-israelita de Outubro de 1973, as primeiras negociações de paz egípcio-israelitas na Mena House Cairo (1979). De 1979 a 1989, foi responsável pelo mundo árabe-muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do director-geral da RMC Médio Oriente, encarregado da informação, de 1989 a 1995. Autor de "Arábia Saudita, um reino das trevas" (Golias), "De Bougnoule a selvagem, uma viagem ao imaginário francês" (Harmattan), "Hariri, de pai para filho, empresários, primeiros-ministros" (Harmattan), "As revoluções árabes e a maldição de Camp David" (Bachari), "Media e democracia, a captura do imaginário, um desafio do século XXI" (Golias). Desde 2013, ele é membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos (SIHR), com sede em Genebra. Ele também é vice-presidente do Centro Internacional Contra o Terrorismo (ICALT), Genebra; Presidente da instituição de caridade LINA, que opera nos bairros do norte de Marselha, e Presidente Honorário do 'Car tu y es libre', (Bairro Livre), trabalhando para a promoção social e política das áreas periurbanas do departamento de Bouches du Rhône, no sul da França. Desde 2014, é consultor do Instituto Internacional para a Paz, Justiça e Direitos Humanos (IIPJDH), com sede em Genebra. Desde 1 de setembro de 2014, é responsável pela coordenação editorial do site https://www.madaniya.info  e apresentador de uma coluna semanal na Radio Galère (Marselha), às quintas-feiras, das 16h às 18h.

Todos os artigos do René NABA

 

Fonte: Liban-Mémoires de guerre 1/3 : Les racines américaines de la guerre civile au Liban (1975-2000) - Madaniya

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




Sem comentários:

Enviar um comentário