Memórias da Guerra do Líbano 1/3: As Raízes Americanas da Guerra Civil no
Líbano (1975-2000)
René NABA / 5 de abril de 2018 / em Decryption, Líbano
Última atualização em 5 de Fevereiro de
2024
Nota do Editor
www.madaniya.info
publica um dossier especial em três
partes intitulado "Líbano-Memórias de Guerra", dirigido por René Naba,
director do site, que forneceu uma adaptação condensada, em francês, do livro
do diplomata americano James R. Stocker intitulada: "Spheres of
intervention: US Foreign policy and the collapse of Lebanon 1967-1976",
James R. Stocker, Cornell University Press.
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http://www.cornellpress.cornell.edu/book/?GCOI=80140100599430
Resumo
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Memórias da Guerra do Líbano 1/3: As Raízes Americanas da Guerra Civil no
Líbano (1975-2000)
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Memórias da Guerra do Líbano 2/3: O Pacto Nacional, uma mentira da qual o
componente muçulmano da população libanesa foi vítima.
·
Memórias da Guerra do Líbano 3/3: Serge Soghanalian (1929-2011),
representante perfeito do submundo dos mercadores da morte
com Aditivo
1- Líbano: 17 de Maio de 1983, "Um Dia de Infâmia", "Yom Al
A'Ar, Ya Lil A'AR".
Artigo publicado por ocasião do 35º aniversário da conclusão do tratado de paz
israelo-libanês. Uma história sobre o rosto oculto deste dia de infâmia. Um
tratado revogado pela vontade do povo, um caso raro da abolição de um tratado
internacional devido a uma revolta popular.
2- A utilidade de certos rumores em tempos de guerra
Por Roger'a*
Rumores são uma continuação da guerra
(civil/confessional), por outros meios.
O autor, James Stocker, aprendeu árabe
na Universidade de Damasco. Antecipando a escrita do seu livro, passou um ano
no Líbano para a sua documentação.
O autor baseia-se nos arquivos do
Departamento de Estado, do Conselho de Segurança Nacional, dos serviços de
inteligência dos EUA, bem como nos arquivos das bibliotecas dos presidentes
Lyndon Johnson, Richard Nixon e Gerald Ford, além das anotações pessoais de
Joseph Sisco, ex-Subsecretário de Estado para Assuntos do Médio Oriente.
A versão árabe deste
livro foi fornecida pelo académico americano de origem libanesa, Assaad Abou
Khalil, animador do blogue http://angryarab.blogspot.fr/ também
colaborador do jornal libanês "Al Akhbar", que garantiu a publicação
dos principais trechos numa série de artigos divididos em dez partes.
A resenha do livro em inglês pode ser
encontrada neste link pelo mesmo autor:
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http://angryarab.blogspot.fr/2016/09/james-stokers-new-book-on-lebanon-most.html
Facto significativo: No seu relato dos
factos, o autor do livro evita mencionar intervenções israelitas contra a
população libanesa, incluindo ataques regulares da força aérea israelita e bombardeamentos
de artilharia contra vilarejos no sul do Líbano, assim como evita mencionar a
extensão do terror infligido pelo exército israelita à população civil
libanesa.
A versão francesa foi adaptada por René
Naba, director do site www.madaniya.info
Fim da nota do editor.
Os principais pontos deste livro
I – Prelúdio: A eleição do presidente
Camille Chamoun.
Os Estados Unidos "literalmente
compraram" a eleição do pró-ocidental Camille Chamoun como presidente da
República do Líbano (1952-1958), ou seja, subornaram parlamentares libaneses
para que o seu candidato triunfasse sobre o seu rival, o líder nacionalista
Hamid Frangieh, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.
Por que tanto entusiasmo pelo segundo presidente da República Libanesa? Provavelmente porque Camille Chamoun, grande amigo do xá do Irão e das monarquias hachemitas pró-britânicas do Iraque e da Jordânia, era um grande nome da maçonaria árabe, tal como muitos outros líderes árabes.
A propósito de Camille Chamoun
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https://www.madaniya.info/2016/09/30/franc-maconnerie-dans-le-monde-arabe-et-musulman-2-2/
Chamoun foi eleito em 1952, numa época
em que os Estados Unidos, emergindo como os grandes vencedores da Segunda
Guerra Mundial, começavam a posicionar-se no cenário mundial, substituindo as
duas antigas potências coloniais europeias: a Grã-Bretanha e a França. Um
período marcado no Médio Oriente pelo lançamento do Ponto Quatro, um programa
de cooperação entre os Estados Unidos e o mundo árabe, inspirado no Plano
Marshall para a Europa; pelo golpe de Estado da CIA contra o primeiro-ministro
nacionalista iraniano Mohamad Mossadegh (1953), culpado de ter nacionalizado as
instalações petrolíferas iranianas; e, finalmente, pela constituição do Pacto
de Bagdade (1955), que reunia os países muçulmanos sunitas Paquistão e Turquia,
em torno da dinastia hachemita do Iraque. Este pacto deveria servir de elo
intermediário entre a OTAN (Europa/Estados Unidos) e a OTASE (Sudeste
Asiático).
Camille Chamoun, pupilo dos americanos
por excelência, tal como o primeiro-ministro iraquiano da época monárquica,
Noury Said, recusou-se a romper as relações diplomáticas do Líbano com a França
e a Grã-Bretanha, em sinal de solidariedade com o Egipto, vítima de uma
agressão tripartida na sequência da nacionalização do Canal do Suez (1956), uma
agressão liderada pelas duas antigas potências coloniais da região (França e
Grã-Bretanha) e a sua criatura Israel, sinal indiscutível de um alinhamento
cego aos objectivos atlantistas.
Camille Chamoun terminará o seu mandato
durante a primeira guerra civil libanesa. A guerra eclodiu em Maio de 1958 com
o assassinato do jornalista libanês Toufic Al Matni, acendendo o rastilho,
enquanto o Egipto e a Síria, sob a égide de Gamal Abdel Nasser, coroado pela
nacionalização do Canal do Suez (1956), procediam à união das duas repúblicas
árabes.
Os Estados Unidos desembarcaram tropas
no Líbano em Julho de 1958, paralelamente ao lançamento de comandos britânicos
na Jordânia, a fim de contrabalançar os efeitos do golpe de Estado anti-monárquico
no Iraque e a proclamação da República pelo general nacionalista Abdel Karim
Kassem.
Para além dos grandes princípios
altamente proclamados e regularmente brandidos contra os seus detractores,
verifica-se que os Estados Unidos não hesitam em recorrer à corrupção para
garantir uma clientela dócil com o objectivo de impor a sua hegemonia.
II – A propósito da 2ª guerra cívil libanesa
(1975-1990)
A liderança maronita, responsável pelo fogo inicial.
1- A liderança
maronita é responsável pelo início da guerra. Os Estados Unidos e os principais
líderes cristãos (tanto os ex-presidentes Camille Chamoun, Charles Hélou e
Soleimane Frangieh como Pierre Gemayel (falangistas) e Raymond Eddé, bem como a
hierarquia militar cristã, defendiam abertamente a manutenção do sistema de
repartição confessional do poder, garantindo a preponderância da comunidade
maronita no sistema político libanês.
2- A aliança tripartida dos três principais líderes maronitas (Camille Chamoun, Pierre Gemayel, Raymond Eddé), selada por ocasião das eleições legislativas de 1968, na sequência da derrota árabe de Junho de 1967, constituía, na verdade, um pacto de confronto tanto contra a OLP, fortemente implantada em Beirute após o massacre palestiniano do «Setembro Negro» jordaniano (1970), como contra a esquerda libanesa, com o objectivo de silenciar as forças contestatárias à hegemonia ocidental no Médio Oriente. Raymond Eddé, líder dos cristãos moderados, afastou-se deste pacto com o início da guerra civil libanesa em 1975 e não pegou em armas nem contra os libaneses, nem contra os palestinianos.
Para ir mais longe neste tema
- http://www.renenaba.com/france-liban-a-propos-des-maronites/
- http://www.renenaba.com/raymond-edde-lantithese-dun-chef-de-guerre/
III- O exército libanês e a sua
passividade face a Israel.
A-
As negociações de armistício
israelo-libanês em Nakoura, uma ilusão, uma «cortina de fumo» para uma coordenação
militar entre os dois países.
Essas negociações, estabelecidas pelo
acordo de armistício de 1948 assinado entre Israel e os países árabes do campo
de batalha, prolongaram-se além do prazo razoável para esse tipo de negociação.
Na verdade, essas negociações serviram
como «pretexto para uma coordenação política entre os dois países», com o
incentivo dos Estados Unidos. Estacionados no posto fronteiriço libanês de
Nakoura (sul do Líbano), eles nunca impediram Israel de cometer repetidas
agressões contra o Líbano, nem impediram a violação do espaço aéreo libanês
pela aviação israelita, assim como os bombardeamentos intensos da artilharia
israelita contra as aldeias do sul do Líbano, com o objectivo de forçar o êxodo
da população dessa zona de maioria xiita e repeli-la para Beirute.
Um êxodo forçado destinado a constituir
em Chyah (sul de Beirute), a famosa Dayeh dos jornalistas ocidentais, um
cinturão de miséria em torno da capital libanesa, nas proximidades dos campos
palestinianos de Sabra Chatila, na estrada para o aeroporto.
Na sequência dessa
conivência, Israel não hesitou em instrumentalizar os oficiais traidores do
exército libanês (Saad Haddad e Antoine Lahad) para constituir um exército de
auxiliares que actuavam como guardas de fronteira do Estado hebraico, sob o
nome de «Exército do Sul do Líbano» (ASL), no auge da guerra civil libanesa.
B-
O comportamento singular dos dois
antigos comandantes-chefes do exército, o general Émile Boustany e o seu
sucessor, o general Iskandar Ghanem.
A autonomia do comando do exército em
relação ao poder político era tal que, durante a guerra de Junho de 1967, o
comandante-chefe (cristão) do exército, o general Émile Boustany, recusou-se a
obedecer às ordens do primeiro-ministro sunita Rachid Karamé de iniciar
hostilidades contra Israel em solidariedade com os países árabes no campo de
batalha (Egipto, Síria).
O general Emile Boustany ficará na
história pela sua passividade durante o ataque israelita contra a frota aérea
civil libanesa e o aeroporto internacional de Beirute-Khaldé, em Dezembro de
1968, bem como pelo seu envolvimento num caso de comissões ilegais na sequência
da compra de mísseis CROTALE ao exército francês. Com total impunidade.
No final de uma carreira repleta de
negócios, o general Boustany beberá até às últimas gotas do cálice das suas
transgressões, representando o Líbano na assinatura do acordo palestiniano-libanês
do Cairo, em Novembro de 1969, que legalizou a presença armada palestiniana no
Líbano, sob a égide de Nasser, assinando assim a sua derrota simbólica perante
os seus adversários.
O seu sucessor, o
general Iskandar Ghanem, anteriormente comandante militar da fortaleza de
Beirute, destacou-se pela sua indiferença durante o ataque israelita ao centro
da capital libanesa, em Abril de 1973, que decapitou alguns dos principais
líderes da OLP, Abou Youssef An Najjar, ministro do Interior da OLP, Kamal
Nasser, porta-voz da central, e Kamal Adwane, responsável pela jovem guarda
palestiniana.
O general Ghanem foi
promovido a comandante-chefe do exército, apesar da sua prevaricação e dos
repetidos pedidos do então primeiro-ministro Saeb Salam para que se demitisse
como forma de punição.
C-
O comandante Johny Abdo, designado pelos
israelitas para suceder a Bachir Gemayel: membro do Conselho de Guerra das
Forças Libanesas.
A passividade do exército em relação aos
sucessivos ataques israelitas contra Beirute e o sul do Líbano, ao longo de
trinta anos, bem como as ambições israelitas sobre os rios do sul do Líbano
(Litani e Zahrani), levaram ao surgimento de um corpo de auto-defesa xiita,
substituindo o vazio do poder estatal, para a protecção da zona fronteiriça
entre Israel e o Líbano.
A história do exército libanês face a
Israel não é uma sucessão de gloriosas proezas militares, mas uma longa
história de conivência e prevaricações, na medida em que, desde a independência
do Líbano em 1943, há 73 anos, todos os comandantes-chefes que se sucederam à
frente do exército, com a notável excepção do general Émile Lahoud,
consideraram o Estado hebraico como o grande bastão com o qual era importante
reprimir a contestação popular libanesa e, posteriormente, a resistência
palestiniana.
Durante a segunda guerra civil libanesa,
o comando do exército libanês dispunha da sua própria organização terrorista
secreta, «At tanzim», que activava discretamente durante os períodos de trégua
para retomar as hostilidades.
A simbiose entre o alto comando do
exército e as milícias cristãs era tal que um dos líderes do 2º Bureau Libanês
(o serviço de inteligência), o major Johnny Abdo, integrava o Conselho de
Guerra da Frente Libanesa, uma coligação de milícias cristãs. Homem nas sombras
por excelência, Johnny Abdo havia sido nomeado pelos israelitas para suceder
Bashir Gemayel, após o assassinato do líder falangista na véspera de assumir o
cargo de Presidente da República, em Setembro de 1982.
Formado nas academias militares anglo-saxónicas, ao contrário de todos os seus antecessores e sucessores de formação francesa, Emile Lahoud, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (1989-1998) e posteriormente Presidente da República (1988-2007), foi o teórico da «doutrina da retaliação» face às repetidas agressões israelitas, particularmente contra o sul do Líbano, iniciando uma resposta dupla contra as invasões do Estado hebraico, combinando uma acção conjunta do exército em apoio à guerrilha do Hezbollah libanês.
Desrespeitando o
Direito Internacional, contrariamente a todos os usos internacionais, Émile
Lahoud, único chefe de Estado cristão do mundo árabe, será, no entanto, colocado
em quarentena por instigação do presidente francês Jacques Chirac, na sequência
do assassinato de Rafic Hariri, antigo primeiro-ministro libanês de quem era
parceiro de negócios e seu pupilo póstumo.
Para avançar mais nessa sequência
Johnny Abdo, o candidato israelita para
suceder o líder falangista Bachir Gemayel
·
http://www.al-akhbar.com/node/273130
Johnny Abdo, o homem nas sombras por
excelência
De reviravolta em reviravolta, de escalada
em escalada, tal passividade levou à constituição do Hezbollah e à sua
formidável resposta balística assimétrica, tornando a formação político-militar
xiita a arquitecta da retirada israelita do Líbano, sem tratado de paz ou
negociação, um caso único nos anais da guerra contemporânea.
Sobre o Hezbollah
Hassan Nasrallah, o primeiro líder desde
Nasser a desenvolver uma capacidade de influenciar a opinião pública israelita.
Hezbollah, sentinela da independência
libanesa
IV - O êxodo dos cristãos do Líbano, o
maior envenenamento da primeira fase da guerra.
A informação de que os americanos
estavam a considerar a deportação de cristãos libaneses do Líbano é uma
"grande mentira". O boato foi forjado pela liderança cristã para
"forçar a solidariedade com a população cristã do Líbano",
consternada com a extensão dos danos, a viragem dos combates, e para levá-los a
juntar-se às fileiras das milícias em combate.
O boato foi amplificado na época da
visita do enviado americano ao Líbano, Dean Brown, enviado do presidente Gerald
Ford, "que veio justamente para reafirmar o compromisso dos Estados Unidos
em apoiar o esforço de guerra das milícias cristãs", que a liderança
maronita queria impressionar com a importância da adesão cristã à causa da
milícia.
Os incentivos de Dean Brown levaram a
liderança maronita a recusar qualquer concessão aos seus adversários
palestinianos progressistas, prolongando assim as hostilidades, a destruição do
Líbano, o sofrimento da sua população e o enfraquecimento do país. Como se vê,
os conselheiros nunca são os que pagam.
O acordo de Taif (Arábia Saudita), que
pôs fim à guerra do Líbano em 1989, consagrou a desclassificação das
prerrogativas constitucionais dos maronitas, sanção inevitável da sua cegueira
política e do seu belicismo obstinado.
V- Estados Unidos: Transparência para os
outros.
Os Estados Unidos defendem a
transparência para os outros. No Líbano, eles estavam ansiosos para ter um
canal directo de comunicação com o Presidente da República, "contornando o
Ministério dos Negócios Estrangeiros para que essas conversas 'ULTRA-SECRETAS'
não fiquem registradas nos arquivos do ministério".
Sob Charles Hélou (1964-1970), o
emissário libanês foi Michel El Khoury, filho do ex-presidente da República,
cuja actividade secreta foi disfarçada pelo cargo de Presidente do Conselho
Nacional de Turismo. O Sr. Michel El Khoury será recompensado pelo seu papel
clandestino com a sua subsequente nomeação como Governador do Banco do Líbano.
Sob Suleiman Frangieh (1970-1976), o cargo foi ocupado pelo seu genro Lucien
Dahdah.
VI- Responsabilidade directa dos Estados
Unidos na guerra do Líbano.
Os Estados Unidos não viam a guerra do
Líbano como um conflito entre cristãos e muçulmanos, mas como um conflito
ideológico entre direita e esquerda, embora a liderança maronita tenha
incentivado a administração americana a intervir militarmente no Líbano para
silenciar a esquerda libanesa, no auge do fluxo nasserista (1960-1967), e
depois a resistência palestiniana.
Dois líderes drusos aliados a Camille
Chamoun, o emir Majid Arslane, ex-Ministro da Defesa, e o deputado Fadlallah
Talhouq, apelaram nessa direcção aos seus interlocutores americanos, que
estavam mais preocupados em lutar contra o seu rival eleitoral Kamal Jumblatt,
líder druso do Partido Socialista Progressista (PSP) e futuro líder da coligação
Progressista Palestiniana.
Os Estados Unidos favoreciam a escalada
das hostilidades como uma distracção das negociações de paz egípcio-israelitas,
após a guerra de Outubro de 1973, para travar a Síria no Líbano e fixar a OLP
nessa guerra criminosa.
Assim, a administração dos EUA facilitou
a transferência de armas via Jordânia e Israel. A ajuda militar americana não
tinha tanto a intenção de fortalecer o exército libanês, mas de equipá-lo com
os meios para combater organizações e movimentos palestinianos da esquerda
libanesa. Para "atacá-los", no interesse da segurança de Israel.
Sob o presidente Charles Hélou, a ajuda
económica americana também estava condicionada ao compromisso do governo
libanês de endurecer a repressão contra as forças progressistas libanesas.
Para ir além sobre Beirute e a sua função traumática contra israelitas
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https://www.madaniya.info/2015/04/13/liban-beyrouth-le-vietnam-d-israel/
E sua função crítica em relação aos
árabes
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http://www.renenaba.com/beyrouth-ouest-le-dernier-carre-de-la-contestation-arabe/
VII - A relação Síria/Estados Unidos
A relação da Síria com os Estados Unidos
durante a presença síria no Líbano (1976-2005) era infinitamente mais próxima
do que a relação entre a Síria e a URSS. Damasco reclamou a Washington sobre as
restricções impostas por Moscovo ao Líbano, com o objectivo de poupar os seus
aliados no campo palestiniano progressista. Mas o presidente Hafez al-Assad
evitou fazer uma mudança de aliança, como foi o caso do presidente egípcio
Anwar Al Sadat, ciente dos danos que tal reviravolta causaria no cenário
regional e da grande dependência dos Estados Unidos e das petro-monarquias nas
quais a Síria se posicionaria como resultado dessa viragem.
Para aprofundar esse tema
(Nota
do editor: Sadate, artífice do tratado de paz com Israel, foi assassinado em 6
de Outubro de 1981 por islamistas, aliados dos americanos na guerra
anti-soviética no Afeganistão, enquanto a Síria, em plena turbulência jihadista
na sequência da chamada «Primavera Árabe», beneficiou do apoio militar resoluto
da Rússia a ponto de reverter o curso da guerra, como «prémio pela lealdade» da
Síria em relação à Rússia, após o colapso do bloco soviético. O Egipto, por sua
vez, após uma sequência de quarenta anos de alinhamento com os Estados Unidos,
sob a dupla presidência de Anwar El Sadate e Hosni Mubarak, operou em 2015 uma
reorientação em direcção à Rússia sob a presidência do marechal Abdel Fattah Al
Sissi.)
Neste link, a versão árabe deste
segmento.
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http://www.al-akhbar.com/node/264254
René Naba
Jornalista-escritor, ex-chefe do mundo
árabe e muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do
director-geral da RMC Médio Oriente, chefe de informação, membro do grupo
consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos e da Associação de Amizade
Euro-Árabe. De 1969 a 1979, foi correspondente rotativo no escritório regional
da Agence France-Presse (AFP) em Beirute, onde cobriu a guerra civil
jordaniano-palestiniana, o "Setembro Negro" de 1970, a nacionalização
de instalações petrolíferas no Iraque e na Líbia (1972), uma dúzia de golpes de
Estado e sequestros de aviões, bem como a Guerra do Líbano (1975-1990) a 3ª
guerra árabe-israelita de Outubro de 1973, as primeiras negociações de paz
egípcio-israelitas na Mena House Cairo (1979). De 1979 a 1989, foi responsável
pelo mundo árabe-muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do
director-geral da RMC Médio Oriente, encarregado da informação, de 1989 a 1995.
Autor de "Arábia Saudita, um reino das trevas" (Golias), "De
Bougnoule a selvagem, uma viagem ao imaginário francês" (Harmattan),
"Hariri, de pai para filho, empresários, primeiros-ministros"
(Harmattan), "As revoluções árabes e a maldição de Camp David"
(Bachari), "Media e democracia, a captura do imaginário, um desafio do
século XXI" (Golias). Desde 2013, ele é membro do grupo consultivo do
Instituto Escandinavo de Direitos Humanos (SIHR), com sede em Genebra. Ele
também é vice-presidente do Centro Internacional Contra o Terrorismo (ICALT),
Genebra; Presidente da instituição de caridade LINA, que opera nos bairros do
norte de Marselha, e Presidente Honorário do 'Car tu y es libre', (Bairro
Livre), trabalhando para a promoção social e política das áreas periurbanas do
departamento de Bouches du Rhône, no sul da França. Desde 2014, é consultor do
Instituto Internacional para a Paz, Justiça e Direitos Humanos (IIPJDH), com
sede em Genebra. Desde 1 de setembro de 2014, é responsável pela coordenação
editorial do site https://www.madaniya.info e apresentador de uma
coluna semanal na Radio Galère (Marselha), às quintas-feiras, das 16h às 18h.
Este artigo foi traduzido para Língua
Portuguesa por Luis Júdice

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