segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Nacionalismo: Uma Arma da Classe Dominante

 


Nacionalismo: Uma Arma da Classe Dominante

 

Nacionalismo em ascensão

Pesquisas de opinião recentes colocam o Reform UK bem à frente da concorrência parlamentar. Se uma eleição fosse realizada na próxima semana, é possível que o ex-banqueiro e ex-conservador Nigel Farage se tornasse primeiro-ministro. Mas, independentemente do sucesso, eles já conquistaram uma grande vitória: a agenda anti-migrante tomou conta da política dominante, com os partidos Trabalhista e Conservador a tentar superar o Reform no seu próprio jogo. A próxima eleição, quando quer que aconteça, será uma disputa para ver quem consegue parecer mais linha dura em relação à migração – uma repetição do referendo do Brexit, sem máscaras.

É claro que o partido de Farage (ou melhor, a sua «start-up política empreendedora») não oferece muito em termos de «reforma». Na verdade, as suas políticas são apenas mais do mesmo que temos visto de outros partidos do establishment (independentemente da sua suposta orientação ideológica, «direita» ou «esquerda») há décadas: a destruição dos salários sociais e a liquidação dos activos. Como sempre, é a classe operária que pagará o preço por isso, embora o Reform espere distrair a atenção disso posando como «patriotas» e assumindo uma posição particularmente conservadora nas «guerras culturais».

Mas Farage e a direita parlamentar são apenas metade da história; os protestos da extrema-direita nos albergues para requerentes de asilo continuam, assim como os ataques aleatórios a «estrangeiros» em todo o país. A marcha «Unite the Kingdom» (Unir o Reino Unido), em Setembro, atraiu mais de 100 mil participantes – possivelmente a maior marcha de extrema-direita da história do Reino Unido. Sem dúvida, a extrema-direita capitalista sente-se encorajada.

Desemprego e pobreza não são causados pela migração

Existem razões reais subjacentes para a raiva das pessoas. Os salários reais estão a ficar para trás em relação à inflação. A participação dos operários no rendimento nacional está em declínio há décadas. O desemprego geracional, a precariedade, a informalidade e o sub-emprego são realidades para um grande número de pessoas. O declínio dos serviços sociais após anos de austeridade, a falta de habitação, o aumento dos alugueres e das contas de serviços públicos, o colapso do Sistema Nacional de Saúde (NHS) – todos esses factores e muitos outros tornam a vida das pessoas cada vez mais miserável. Mais pessoas do que nunca estão a recorrer a bancos alimentares e muitas delas estão, pelo menos no papel, empregadas, mas incapazes de pagar as contas.

Nada disso é causado pela migração – é a consequência de um sistema baseado na exploração do nosso trabalho, que se encontra numa crise prolongada de rentabilidade. Ele sobreviveu até agora apertando o cerco, fazendo-nos trabalhar mais por menos, criando uma situação em que os 1% mais ricos agora têm mais riqueza do que os 95% mais pobres da população mundial juntos. A extrema direita – apoiada por banqueiros de investimento, magnatas imobiliários e magnatas de fundos de hedge – espera capitalizar sobre a raiva mal direccionada das pessoas. Culpar os fracassos do capitalismo pelos «outros» é uma táctica muito antiga da classe dominante. Enquanto os operários estiverem divididos entre si, não nos uniremos para defender os nossos interesses como classe. Uma classe operária dividida também pode ser mais facilmente coagida a aceitar a guerra e a austeridade que paga pela guerra.

Na verdade, é o impulso à guerra que sustenta o actual aumento do nacionalismo. A classe dominante não tem respostas reais para a crise que enfrenta. Tudo o que resta é uma corrida cada vez mais desesperada para garantir recursos e suprimentos estratégicos à medida que ocorre o rearmamento. A competição económica transforma-se em confronto militar. Estamos a caminhar para tempos cada vez mais perigosos, e a procura por uma guerra generalizada está agora à tona. Campanhas nacionalistas são uma ferramenta vital de propaganda para a classe dominante – obviamente, não apenas no Reino Unido. Em todos os países, os operários são orientados a direccionar a sua raiva não contra os patrões e os políticos, mas contra os vizinhos.

A nossa Resposta à Divisão Racista: Unidade de Classe!

Devemos derrotar politicamente a extrema-direita com a unidade da classe operária e rejeitar as divisões que o capitalismo procura explorar. Devemos dizer a verdade aos operários: o patrão que se parece consigo não é seu amigo, o operário do outro lado do mundo não é seu inimigo. Não é culpa dos migrantes que o capitalismo não lhe possa proporcionar uma vida digna, isso é inerente às contradições do próprio sistema.

Lutar por uma vida melhor hoje significa lutar contra a realidade económica que nos coloca uns contra os outros numa corrida interminável para o fundo do poço. Mas sejamos claros: esta luta não pode ser delegada a políticos de esquerda ou líderes sindicais. Nem o Partido Trabalhista comprometido, nem os Verdes oportunistas, nem mesmo o fragmentado Your Party nos salvarão das tempestades que o capitalismo está a preparar. Em última análise, estes falsos amigos querem preservar o actual sistema monetário e de trabalho assalariado, apenas vestindo-o com roupas mais bonitas. Tal como os patrões, eles têm medo da iniciativa independente da classe operária, que poderia apontar para um sistema de produção superior, governado pelas necessidades humanas e pela solidariedade, e não pelo lucro. Tal solução não se encontra no parlamento, mas nas ruas e nos locais de trabalho.

Nós, no ICT, consideramos imperativo que os operários reconheçam os seus interesses de classe contra as falsas comunidades que a classe dominante promove para proteger o seu domínio – sejam elas nacionalistas, religiosas, raciais ou qualquer outra coisa. Uma classe operária unida é a única força que pode deter o impulso à guerra e derrubar esse sistema obsceno.

O artigo acima é retirado da edição actual (nº 73) do Aurora, boletim da Organização dos Operários Comunistas.

Quarta-feira, 12 de Novembro de 2025

Aurora é o jornal grande da TIC para as intervenções entre a classe operária. É publicado e distribuído em vários países e idiomas. Até agora, foi distribuído no Reino Unido, França, Itália, Canadá, EUA e Colômbia.

 

Fonte: Nationalism: A Weapon of the Ruling Class | Leftcom

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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