Aqui se reproduz o Capítulo II do Manifesto do Partido Operário, escrito por Robert Bibeau, editor do webmagazine Les 7 du Quebec , com algumas referências – introduzidas pelo tradutor – a situações concretas da realidade portuguesa (assinaladas a itálico). Dada a sua manifesta importância para uma melhor compreensão da caracterização das classes – numa perspectiva marxista – decidi avançar com a sua publicação, integrando algumas “adaptações” à situação concreta que se vive em Portugal. Trata-se de um livro que, apesar de já estar traduzido por mim – com a autorização do autor - para português, aguarda que o mesmo ultime um “refrescamento” do seu Capítulo VIII (o último dos capítulos) para que o possa editar na íntegra e colocar à disposição dos leitores portugueses.
Duas classes antagónicas
Vários intelectuais burgueses descrevem a opressão capitalista contra a classe operária e contra os "lumpens" proletários como resultado da distribuição desigual da riqueza entre os "cidadãos". Esses intelectuais, assim, transformam uma aporia antagónica (proletários contra capitalistas) numa procura idealista por mais “justiça social”, demonstrando a sua incapacidade de transcender a sua visão idealista, monista e reformista.
Essa abordagem
moralista leva-os a exigir mais assistência social para os menos afortunados e
a exigir impostos adicionais para cobrir esses gastos deficitários. Os operários
enganados e já sobrecarregados tendem a denunciar essas sobretaxas fiscais e a "Frente
Unida" dos operários e dos destituídos fica então comprometida.
O mesmo é
verdade para a disputa sobre o aumento das prestações do subsídio de desemprego
(que são pagas pelos operários activos) para ajudar a manter vivos os operários
e assalariados temporariamente inactivos. Burocratas sindicais e activistas
pequeno-burgueses de ONGs credenciadas e subsidiadas exigem que a gestão desses
fundos seja assegurada sob a liderança de representantes de capitalistas
monopolistas que participam nos parlamentos burgueses. Os contestatários
reclamam melhores benefícios e um prolongamento do período de subsídio,
agarrando-se directamente aos bolsos dos trabalhadores activos que mal
conseguem sobreviver com o seu orçamento.
Esta é a razão
pela qual os marxistas nunca param de lembrar que todas essas lutas na frente
económica da luta de classes (subsídio de desemprego, assistência social,
salário mínimo, redução dos custos escolares, redução de impostos, defesa dos
fundos de pensão e poder de compra) nunca passam de guerras de resistência na
frente económica da luta de classes, que nunca podem ser concluídas e tornar-se
conquistas permanentes para o proletariado.
Só a batalha na
frente política da luta de classes, pelo derrube total e radical da ordem
capitalista e pelo poder operário pode pôr um fim definitivo a este confronto
em que o operário será sempre enganado.
Marx e Engels
descreveram e explicaram os diferentes modos de produção - e os tipos
correspondentes de relações de produção - que marcaram a história da
humanidade. Eles identificaram a “Sociedade primitiva = sem classe social”; a
“sociedade esclavagista = homem livre e escravo”; a "sociedade feudal =
servo e senhor"; a “Sociedade Capitalista = proletários e burgueses”; e
previram o advento da sociedade comunista: "Sociedade socialista até o
desaparecimento de todas as classes sociais e o advento do comunismo". Nem
é preciso dizer que não existe uma sociedade comunista, mesmo que alguns serviços
secretos insistam em classificar de “comunistas” os regimes burgueses,
capitalistas e imperialistas que vigoram na ex-URSS e na China.
Marx e Engels
explicaram que para cada uma das sociedades de classes estudadas (esclavagista
- feudal - capitalista), o modo de
produção hegemónico produziu em cada uma delas duas classes sociais antagónicas
intimamente ligadas entre si pelas relações
sociais de produção. Uma classe não pode sobreviver ao desaparecimento da
sua classe antagónica. A Revolução Francesa de 1789, acentuando o
desaparecimento do campesinato e a sua
urbanização, já iniciada no século anterior, causou a extinção da aristocracia
fundiária e dos senhores feudais que se transformaram em burguesia
latifundiária e rentista.
Marx e Engels
acrescentaram que o confronto dialético, a luta dos opostos entre essas duas
classes antagónicas constitui o motor da história, daí a expressão: “A
história de qualquer sociedade até aos nossos dias é a história das lutas de
classes ”. Deve-se notar que por conseguinte eles não divagaram sobre a
consigna "Proletários, povos oprimidos, camponeses, pequena-burguesia empobrecida
e nações colonizadas de todo o mundo, uni-vos! " Esse "esquecimento"
da sua parte não foi acidental, como veremos no próximo capítulo.
As classes
sociais
O que é uma classe social? O que define uma classe social, a caracteriza e
permite identificar os indivíduos afim de desenvolver uma actividade política
que vise mobilizá-los para a transformação da sociedade?
Alguns dizem que as mulheres são o novo proletariado. Ou mesmo os trabalhadores
precários. Mas não faz sentido dividir as classes sociais segundo o sexo ou o status. É do ponto de vista do lugar
do indivíduo no processo de produção que devemos raciocinar. Além disso,
esqueçamos os múltiplos nomes que agitadores loucos e académicos ociosos
inventaram como "classe popular", "classe média",
"classe nacional" (sic), "classe dos patrões", "classe
pobre" e "classe dos funcionários ”ou ainda“ classe de imigrantes ”,
tantos nomes errados.
Marx definiu as classes sociais em primeiro lugar de acordo com um modo de
produção, isto é, de acordo com o papel social que um indivíduo e o seu grupo
de pertença desempenham no processo de produção dos meios de produção, dos
meios de subsistência, dos meios de
vida, das trocas e da reprodução da vida em sociedade.
Assim, o modo de produção capitalista que atingiu o seu estadio de evolução
imperialista é caracterizado do ponto de vista das classes sociais pela
oposição entre a classe capitalista monopolista dona dos meios de produção e
troca (distribuição, comercialização e comunicação) e a classe proletária que
possui apenas a sua própria força de trabalho, que vende por um salário
(trabalho necessário) e da qual a burguesia está empenhada em extrair o
trabalho excedente (mais-valia) redistribuído pelas diferentes fracções dos
capitalistas sob a forma de rendas, dividendos, benefícios e lucros de todos os
tipos.
Em torno dessas duas principais classes antagónicas encontramos, diz-nos
Marx, outras classes sociais ou segmentos de classes constituídas por
empregados, trabalhadores autónomos (o que exclui qualquer relação
assalariada), pessoas que dirigem um negócio, ou que oferecem um serviço
exclusivo destinado a empresas, comunidades (serviços municipais,
governamentais e para-governamentais, etc.) e indivíduos (empregadores,
funcionários, cidadãos).
Este é o vasto campo das actividades terciárias onde o empresário por vezes
não explora nenhum trabalhador, mas oferece os seus serviços mediante
pagamento, por peça, por tempo, por mandato, várias modalidades de remuneração
que são todas formas de inclusão nas relações sociais de produção.
A classe operária
A classe trabalhadora, ou classe laboriosa, ou classe operária é o conjunto de indivíduos que vendem a sua força de trabalho por salários abandonando a mais-valia produzida aos capitalistas que possuem os meios de produção (equipamentos, máquinas, fábricas, matérias-primas e energia). ) Além disso, o capitalista é o proprietário, segundo a lei burguesa, das mercadorias produzidas por esses trabalhadores assalariados.
Em sociedade imperialista moderna, o facto de o empregador capitalista
estar no sector privado ou no sector público não muda o modo de apropriação da
mais-valia ou o estatuto de classe dos trabalhadores assalariados.
O único elemento que muda no caso de uma empresa capitalista monopolista
estatal é a forma como a mais-valia é expropriada e devolvida ao circuito de
reprodução ampliada do capital. O
facto de um operário ser contratado por uma empresa pertencente ao Estado
capitalista em nada transforma a sua condição de trabalhador assalariado da
qual é extraída a mais-valia. Assim, a forma como uma empresa do sector público da economia
imperialista devolve aos capitalistas a mais-valia expropriada aos operários
consiste em vender a mercadoria produzida às outras empresas abaixo do preço de
custo e em transferir os seus lucros para o Estado capitalista que devolverá
esse capital valorizado ao circuito económico sob a forma de assistência à
reprodução da força de trabalho (os serviços de saúde, de creches, e de
educação da qual o Estado toma a responsabilidade colectiva), ou sob a forma de
redução de encargos fiscais impostos às empresas capitalistas. O caso da
TAP e empresas associadas é paradigmático do que fica aqui expresso. De empresa
estatal passou a privada e retornou a estatal, sem que nada de qualitativo
tivesse ocorrido quanto à forma como a mais-valia é expropriada.
A actividade produtiva que gera salários e mais-valia não implica qualquer
poder de decisão, pouquíssimas responsabilidades e pouca atividade intelectual
do operário considerada como extensão de dispositivos cada vez mais
sofisticados e cada vez mais caros de adquirir e representando um importante
capital constante (Cc) que o tempo de trabalho servirá para reembolsar para
produzir uma nova mais-valia a ser reinjectada no circuito de reprodução
alargado.
A única responsabilidade que o operário alienado é convidado a assumir é a reprodução da sua
classe de oprimidos. Além disso, se adicionarmos a esses trabalhadores os
funcionários assalariados de instituições públicas e parapúblicas, Portugal tem milhões de funcionários a contribuir
para o Plano de Pensões e Reformas. Na contagem da classe operária, teremos
de incluir as pessoas dependentes dos proletários (cônjuge, filhos), aqueles
que estão temporariamente privados de trabalho remunerado, como os
desempregados, e aqueles que já vivenciaram isso (aposentados) e que correm o
risco de retornar ao mercado de trabalho a qualquer momento.
Todos esses trabalhadores não possuiem senão a sua força de trabalho para
sobreviver e não são individualmente proprietários de qualquer meio de
produção. O facto do Estado, utiizando as economias que arrecadou de milhares
de trabalhadores, o investir na compra de empresas capitalistas falidas, ou
não, não transformam esses operários-aforradores em capitalistas; nem um
trabalhador do conselho de administração da sua cooperativa de crédito se torna
um capitalista financeiro. Pelo menos não enquanto esse proletário mantiver o
seu emprego de trabalhador assalariado expropriado da sua mais-valia.
Se um dia um trabalhador se tornar gerente de uma
cooperativa de crédito, perderá a sua condição de proletário não por causa do
aumento do seu salário, mas em consequência da mudança da situação nas suas
relações sociais de produção. Nas condições normais do sistema capitalista de
exploração, o trabalhador vende a sua força de trabalho por um salário; recebe
ordens de um capataz e todos os dias é ameaçado de ser despedido e deixado nas
ruas sem rendimentos, com a família endividada e desesperada.
O
valor |
O valor é o que permite medir essas
trocas que configuram o processo de produção capitalista. Sob a forma de
preço, é o valor que permite operar a mão "invisível" e anárquica
do "mercado" da utópica concorrência "livre" que procura
organizar e equilibrar as actividades económicas da melhor maneira possível.
Sem valor, não existe sobrevalor (mais-valia), não existe
medida do fruto do trabalho; nenhum preço, nenhum comércio, nenhuma
distribuição de actividades entre os diferentes ramos da indústria e da
economia, etc. Em suma, sem valor, não existe capital, que é apenas
"valor que se valoriza", e a classe trabalhadora é a única
produtora de valor valorizante. |
De notar que, ao melhorar a eficiência das máquinas (meios de produção), o
capital diminui a quantidade de trabalho vivo contido em cada mercadoria, ou
seja, diminui o valor dessas mercadorias.
Ora, o capital não pode existir e reproduzir-se sem se alimentar do
"sobrevalor" (mais-valia), que acaba por diminuir na medida em que
diminui o valor que o contém; na verdade, cada capitalista, à força de querer
reduzir a quantidade de trabalho vivo
e assalariado (reduzindo os salários
e o tempo de trabalho necessário), acaba também por diminuir a quantidade de
trabalho vivo total a um ponto em que o trabalho excedente não pago diminui
também apesar do aumento na taxa de exploração geral (pl / Cv). Esse processo é
chamado de tendência de queda na taxa de lucro. Voltaremos a isso.
Aqui chegamos à principal contradição do capitalismo - a contradição que
lhe custará a vida como sistema de exploração do homem proletarizado pelo homem
capitalizado. Mas isso não é tudo. O capital só existe nas trocas entre
proprietários privados de capital que produzem não para si próprios, mas para
outros, para venda e realização do valor
de mercado.
A classe capitalista
Diante da classe proletária apresenta-se , antagonista, a classe capitalista monopolista e não monopolista, que se subdivide em diversos segmentos. A grande burguesia das finanças, indústria, comércio, comunicações e serviços constitui a classe capitalista monopolista internacionalizada. A burguesia média está a desenvolver novas oportunidades de negócios e novos mercados inovadores. Ela subcontrata grandes empresas monopolistas e actua principalmente no âmbito nacional. Constitui a classe capitalista não monopolista, colocada sob a hegemonia da anterior. Apesar dos seus conflitos esporádicos com a classe monopolista, a burguesia não monopolista não é de forma alguma uma aliada do proletariado, que nunca se deve colocar sob a direção política desta classe reaccionária.
Os agricultores, grandes proprietários, agricultores fundiários,
empreiteiros florestais, pescadores e piscicultores são todos pequenos
capitalistas, proprietários privados de meios de produção que empregam
regularmente uma força de trabalho supranumerária mais ou menos abundante e
precária mal paga. Classificamos todos eles como pequenos capitalistas
privados.
Os agricultores capitalistas, pescadores artesanais,
piscicultores, empresários florestais artesanais estão nestes tempos difíceis a
ser levados à falência por grandes monopólios capitalistas na agricultura, nas
pescas, na silvicultura e no papel. O interesse da classe trabalhadora
explorada por esses pequenos e grandes capitalistas não é aliar-se aos pequenos
predadores contra os grandes rapinadores, como sugerem os partidos reformistas,
revisionistas e neo-revisionistas, mas derrubar todo esse modo de exploração
que, em qualquer caso, conduzirá sempre à absorção do pequeno operador pelo
grande operador monopolista. Com o crescimento da terceirização e as suas
submissões aos dadores de encomendas cotados nos diversos índices bolsistas, os
pequenos empregadores capitalistas não estão nem perto do nível de rendimentos
dos "executivos seniores" e sofrem um destino aleatório muitas vezes
catastrófico.
Em Portugal existe uma pirâmide
empresarial: no topo, empresas
com mais de quinhentos funcionários, que produzem uma significativa percentagem
do PIB nacional; na base da pirâmide, milhares de empresas com menos de dez
funcionários têm uma existência precária . No entanto, os operários não
precisam lutar para salvar a pele desses capitalistas ameaçados de falência;
eles devem lutar para derrubar este regime social onde os grandes predadores
imperialistas se alimentam dos pequenos pretendentes capitalistas.
Captação e
concentração da riqueza
A riqueza global mais do que duplicou desde o ano 2000. O falso crescimento
económico (especulação financeira e monetária) e as mudanças demográficas entre
os países emergentes são os principais motores dessa tendência.
A crescente disparidade de rendimento e riqueza entre uma oligarquia
narcisista e voraz e a grande maioria do povo é uma característica comum a
todos os países imperialistas. Esta distribuição desigual do património
nacional e mundial não é consequência de uma política governamental deliberada,
mas o resultado do funcionamento normal da economia imperialista, com os
"cátodos" bilionários a atrair cada vez mais riqueza colectiva para
eles. De acordo com o United States
Census Bureau, a riqueza líquida mediana das famílias americanas brancas
era de 110.730 dólares em 2010. A dos hispânicos era de apenas 7.420 dólares e
a dos negros era de 4.950 dólares, respectivamente 15 e 22 vezes menos! Nos
Estados Unidos, o rendimento familiar anual médio caiu 8,3% durante o período
de 2007-2012. Nessas condições, a pobreza explodiu. Em 2012, oficialmente 46,5
milhões de americanos viviam abaixo da linha da pobreza, quase um sexto da
população americana[i]. Pela própria imprensa burguesa, "a pobreza aumentou apesar da recuperação
económica" na América desde 2010. Na verdade, hoje nada menos que 47
milhões de americanos beneficiam do
programa federal de ajuda alimentar, contra "apenas" 40 milhões em
2010. Em 2012, este programa de ajuda alimentar custou 78 milhares de milhão de
dólares ao orçamento federal, ou seja, uma dotação anual média de mais de 1.600
dólares por beneficiário[ii].
A política monetária agressiva seguida pelo Banco Central do Japão (BOJ)
resultou num aumento dramático nos preços das acções de 52% entre meados de
2012 e meados de 2013. No entanto, no Japão, o valor das acções corporativas é
muito baixo em comparação com o mercado dos EUA. Eles representam menos de 10%
da riqueza financeira das famílias japonesas. A forte política do BOJ também
fez com que as taxas de câmbio do iene dólar americano caísse 22% nos últimos
anos. Como resultado, a riqueza total das famílias no Japão diminuiu 5,8 triliões
de dólares este ano, o que representa 20% do património líquido japonês. No
entanto, o Japão sofreu pouco durante a crise financeira global. Na verdade, a
riqueza pessoal até aumentou 21% entre 2007 e 2008. Em nítido contraste com o
desempenho recente dos Estados Unidos, a fortuna total dos imperialistas
japoneses em 2013 só excedeu o nível de 2008 em 1%. Na maioria das outras regiões
do mundo, o ambiente económico tem sido geralmente favorável ao acumular de
riqueza. É porque o Japão entrou voluntariamente em modo de recessão e o
governo japonês está a aplicar uma série de medidas retaliatórias na tentativa
de descer a escada da estagflação. A coesão social militarista fascista imposta
a todo o povo japonês durante um século permite este tipo de política de
austeridade drástica que nenhum outro povo sob o jugo imperialista aceitaria
(excepto talvez o povo alemão).
A China (1,4 trilião de dólares), a Alemanha (1,2 trilião de dólares) e a
França (1,1 trilião de dólares) são os outros países onde a variação da riqueza
ultrapassou o trilião de dólares em 2013. Em oito outros países, nomeadamente
Itália, Reino Unido, Espanha, México, Suécia, Índia, Coreia e Canadá, a riqueza
total aumentou em mais de 200 biliões de dólares, enquanto em vários desses
países a produção de mercadorias, de bens e serviços progrediu mais ou menos. A
subida dos preços das acções e o movimento euro / dólar ligeiramente favorável
permitiram aos países da área do euro recuperarem mais de metade das perdas
consideráveis sofridas 12 meses antes. “Recuperação” de valores falsos do
mercado de acções, uma vez que não é respaldada por ganhos reais de
produtividade ou à disponibilidade crescente de mercadorias com valores
sonantes convertíveis em dinheiro.
Na categoria mais baixa, metade da população mundial possui menos de 1% da
riqueza total. Os 10% mais ricos detêm 86% da riqueza mundial, e só o 1% mais
rico responde por 46% da riqueza mundial. Continuando a exibir essas
estatísticas desconcertantes, alguns milhares de milionários ao redor do mundo,
todos juntos a representar menos de meio por cento da população mundial
(0,00,15%), possuem $ 42.700.000.000.000 (42 ,7 triliões de dólares) dos
valores mundiais. Em comparação, a dívida soberana de mais de 193 países
membros da ONU totalizou 52 triliões de dólares em 2013. Existe efectivamente uma
concentração de capital, mas será que por isso existe uma valorização desse
capital?
Uma fração
sofisticada da população monopoliza a mais-valia e embolsa a maior parte da
renda fundiária, dividendos de acções e lucros comerciais. Esses ricos são
mestres das finanças e da propriedade segura dos meios de produção e dos bens
imóveis e pessoais. Assim, 0,5% da população num país imperialista como o
Canadá monopoliza 35% dos activos coletivos. Somente nos Estados Unidos, a
parcela da receita antes dos impostos do 1% mais rico subiu no último quarto de
século de 8% para 18% de todas as receitas nacionais[iii]. O mesmo fenómeno é observado no Canadá, Quebec e
França[iv].
Eis um
segmento muito pequeno da população que vive da exploração do trabalho de
terceiros. A esse círculo temos o direito de adicionar "executivos
seniores", mas isso adiciona muito poucos indivíduos. Os executivos
seniores não abrangidos pela legislação laboral ordinária constituem menos de
0,2% dos executivos no total. Eles recebem parte da sua remuneração em acções,
o que os transforma rapidamente em accionistas capitalistas[v]. Curiosamente, entre as 25 maiores empresas
monopolistas do mundo, 13 são activas no sector da energia, o que deve fazer os
cépticos entenderem as razões de todas essas guerras em torno do Golfo Pérsico[vi].
Pobres e
lumpen-proletários
Os institutos
de estatística usam o rendimento individual e familiar para identificar os
pobres e os lumpem-proletários, estejam eles a viver ou não da assistência
social. Nas sociedades imperialistas avançadas, essa fração de classe tem
crescido continuamente desde que a crise económica perdura. Essa fração de uma
classe participa mais ou menos da produção social. Ela vive em parte da
assistência social prestada pelo Estado, às vezes por várias gerações (crianças
a receber habitação subsidiada e o atributo de assistência aos mais idosos).
Existem mais de 375.000 pobres e lumpem-proletários no Quebec.
No Canadá,
existem três milhões e meio de pessoas pobres (com menos de 11.000 dólares por
ano para uma pessoa que viva sozinha) ou, em 2004, 11% do total da população
canadense. Desse número, 1,7 milhão de canadenses recebem Assistência Social
(assistência de último recurso oferecida pelos governos provinciais). Desde
2004, a situação só piorou para este segmento de classe[vii]. Todos esses indivíduos fazem parte dos 15% da
população que, juntos, possuem menos de 1% da riqueza nacional.
Desde a
Segunda Guerra Mundial, em vários países ocidentais avançados, o rendimento dos
deserdados tem sido garantida pela burguesia como parte do "Estado providência", porque o
estado assim garante o consumo e a circulação de mercadorias e, portanto,
assegurava o capital a ser valorizado. Além disso, essa assistência garantia a
paz social, um antídoto para a explosão de cidades e subúrbios deprimidos.
O
aprofundamento da crise sistémica do imperialismo moderno põe em causa este
compromisso histórico e leva o Estado policial imperialista a atacar
frontalmente esses segmentos de classe que já começaram a protestar para exigir
a manutenção das suas prestações e do seu poder de compra.
A burguesia e
os seus capangas, através da sua media a soldo, depois de usar os empobrecidos
para manter o consumo e os lucros, hoje apontam-lhes o dedo entregando-os à
vingança popular quando foi ela mesma quem os manteve neste estado precário por
gerações. Os lúmens proletários constituem uma fonte de recrutamento para o
exército de mercenários da máfia, pequenos criminosos de todos os tipos e
traficantes de drogas em movimento. Assim como os criminosos, as redes
criminosas organizadas e comunitárias recrutam aí os seus esbirros.
Organizações anarquistas e esquerdistas também estão a recrutar aí activistas
de base que estão sempre prontos para lançar as bases para exigir que o
"Estado providência" mantenha a sua assistência na reprodução da
miséria.
O Partido
Operário não recruta, não mobiliza e não organiza essa franja de destituídos
senão para os levar a entender que o seu calvário social é consequência da decadência
imanente do sistema económico imperialista do qual a classe operária deseja
fazê-los sair definitivamente para que todos possam reintegrar a classe dos trabalhadores
úteis, activos, produtivos e socialistas.
Atenção, no entanto, a desagregração avançada da
sociedade imperialista muitas vezes significa que agora encontramos operários activos
e produtivos, entre os imigrantes em particular, nos serviços locais ou lutando
em "lojas de suor" (sweat shops) urbanas clandestinas, e com menos do
mínimo de subsistência. Não os procure nas
estatísticas, esses trabalhadores realmente pobres não estão registados em
nenhum lugar, outra característica das sociedades imperialistas avançadas.
Esses trabalhadores sobre-explorados são parte do proletariado e de forma
alguma são lumpem-proletários. O Partido Operário tem o dever de organizá-los e
mobilizá-los para a revolução socialista.
Cada vez mais
indivíduos escapam completamente a qualquer censo, assim como certos sectores e
bairros das megalópoles urbanas estão completamente fora da governança
municipal e do controle da polícia repressiva. Nos Estados Unidos, a classe
capitalista monopolista prefere usar a repressão do estado policial para
esmagar esse segmento da classe e forçá-lo a permanecer em áreas de gueto,
abandonados pela polícia e negligenciados pelos serviços municipais. São
literalmente "terras de ninguém" urbanas que, no dia da revolta
comunista, serão paraísos para os apoiantes anticapitalistas. Os militantes
comunistas devem conhecer e organizar essas áreas periurbanas, bem como os
centros das “favelas” e as populações que as frequentam ou habitam.
Finalmente,
alguns dos pobres podem tornar-se assalariados ou permanecer pobres a tempo
parcial, permanecer no limite do salário mínimo e ser miseráveis mesmo assim,
e o desemprego, que não poupa nenhuma categoria, pode fazer com que regresse à
condição de indigente. Pobres e lumpem proletário não são, portanto, duas
categorias isoladas e totalmente separadas do sistema salarial. Assim, numa
cidade como Winnipeg, no Canadá, 40% dos sem-abrigo são trabalhadores
empregados. As proporções são semelhantes em várias cidades americanas e
canadenses. Um sociólogo concluiu que “entre
o desemprego, o subemprego, a incerteza da actividade e a precariedade
financeira dos“ trabalhadores pobres ”, é muito provável entre um quarto e um
terço da população (...) que tem, de forma sustentável , condições de vida
marcadas com o selo de extrema dificuldade”.[viii] Tudo isso significa que a classe capitalista
monopolista e o seu Estado resolveram, para manter altas taxas de lucro,
espremer todos esses segmentos de classe até que sejam sangrados e coloquem a
sua posteridade em perigo.
Os assalariados aburguesados
No Canadá, em
França e nos Estados Unidos, os assalariados representam 90% da população activa.
Além disso, convém adicionar a este contingente os jovens alunos que serão
assalariados no futuro; os desempregados que são os assalariados privados de
emprego; aposentados que são ex-assalariados que vivem de contribuições de
antigos e novos assalariados. É o sistema de assalariados que reina supremo em
todos os lugares e domina sociologicamente os países imperialistas do mundo. Os
assalariados constituem a maioria de todos aqueles que só têm a sua força de
trabalho para vender e sobreviver. No entanto, se todo o operário é um assalariado, nem todo o assalariado é um
operário.
No Canadá, os
salários estão entre os 385 $/ semana (salário mínimo de $ 10,15 / h no Quebec)
e mais de $ 2.500 / semana com uma média de $ 914 / semana ($ 836 no Quebec) e
uma mediana de cerca de US $ 500 / semana (em 2013, cerca de 3,5 milhões de
trabalhadores canadenses ganhavam em torno dessa mediana).
A maioria dos
quadros de empresas são assalariados. Com a deterioração do seu status e
condições de trabalho, eles não são excepção. As grelhas de pontuação e parâmetros
personalizados resultam num sistema de "bónus individuais", fórmula um
pouco diferente do salário à peça ganho por quantidade dos operários. Os
executivos têm cronogramas legais comuns ao restante da força de trabalho,
mesmo que as leis a respeito deles sejam violadas e contornadas com mais
frequência. Mais de 40% deles ficaram abaixo do tecto da Previdência Social e contribuem
integralmente para os encargos do governo.
Nos países
imperialistas avançados, a diferença entre o rendimento médio dos pequenos
executivos assalariados e a de empregados assalariados e operários caiu de 3,9%
em 1955 para 2,3% em 1998. Enquanto os empregadores se gabam de individualizar
os salários, na verdade eles os comprimiram na escala (em valor relativo e em
valor constante)! Por outro lado, entre os executivos seniores pagos em
dividendos e acções, nos Estados Unidos em particular, a diferença salarial
entre CEOs e operários caiu de um factor de 40 em 1970 para um factor de 1.000
em 2012, enquanto se situa entre 189 e 200 no Canadá[ix].
Numa
sociedade imperialista em declínio, as funções de chefia diminuíram
consideravelmente a favor das tarefas de produção. É que os executivos servem
de "fura-greves" durante as greves de operários. Ao contrário do que
acontecia no passado, a distância é cada vez mais ténue entre os
"colarinhos brancos" e os "colarinhos azuis". Em suma, o
grande capital na sua guerra total e perpétua para manter as suas taxas de
lucro atinge duramente os seus colaboradores mais próximos, tanto quanto os seus
piores inimigos, os trabalhadores. No entanto, isso não torna os executivos
assalariados aliados confiáveis para os operários.
Em última
análise, o emprego não qualificado está a aumentar sem que o emprego dos menos
instruídos seja retomado; este paradoxo refere-se a uma “desclassificação” dos
diplomados, que, a um determinado nível de qualificação, ocupam lugares cada
vez menos qualificados e cada vez mais mal remunerados. Isso explica em parte o
recente ressurgimento de levantamentos de estudantes universitários no Quebec,
em muitos países ocidentais e na América Latina. Potenciais pequenos executivos
já estão a antecipar a sua ociosidade antes mesmo de se formarem nas
universidades.
Os quadros
experenciam períodos mais longos de desemprego; a espada de Dámocles do Centro
de Emprego paira sobre eles como sobre outros empregados. A chantagem de
emprego é abundante na força de trabalho. A deterioração das condições de
trabalho é geral, a urgência reduz a previsibilidade das tarefas e a margem de
manobra para as executar. A carga mental aumenta tanto quanto a dureza do
trabalho. Para uma maioria crescente de assalariados, as pressões aumentam:
aumento do ritmo de trabalho, multiplicação de constrangimentos, mecanização
mais intensa, velocidade infernal de execução, múltiplas solicitações,
vigilância acrescida, controlo hierárquico permanente.
A « classe média »
Durante anos,
em sociologia, em ciência económica e em ciência política, não existe "classe
média", senão para a literatura burguesa. Sai a classe operária. Pesquisadores
universitários bem pagos, comprometidos com laboratórios privados, inventaram
essa nova categoria de assalariado, a “classe média” semelhante a uma extensa e
elástica “pequena burguesia”, formada por funcionários públicos (todas as categorias),
funcionários de alto rendimento, pequenos executivos, engenheiros, técnicos,
professores mal pagos, jornalistas desvalorizados e profissões liberais
sobredimensionadas, todos activos no hiperatrofiado sector “terciário” [x].
Em 2012, o
sector terciário representava 60% do PIB mundial e cerca de 70% da força de trabalho
activa nas sociedades imperialistas avançadas. A força de trabalho do sector
terciário não é composta apenas por pequenos burgueses, essa força de trabalho
inclui todos os trabalhadores precários do comércio retalhista, restaurantes
fast food, hotéis e serviços.
Dada a imensa
diversidade das suas actividades, a variedade dos seus negócios, a disparidade
das suas condições de trabalho, a multiplicidade dos seus estilos de vida, a
"classe média" só pode ser identificada pelo rendimento médio anual
dos seus constituintes. - este termo obviamente sendo relativo ao quanta
relativo a cada ambiente socio-económico numa economia imperialista com desenvolvimento
desigual - combinado e em saltos anárquicos. O salário médio num país como o
Canadá não corresponde ao salário médio no Uganda ou no Botswana. A categoria
sociológica "classe média" seria, portanto, caracterizada pelo
carácter evanescente dos limites geográficos que não podem ser circunscritos,
bem como pelo movimento perpétuo de seus contornos salariais informais, daí a
impossibilidade de defini-la objectiva e concretamente.
A classe média |
A chamada "classe média" não existe e a
crise económica sistémica não demorará muito para eliminar essa categoria
social com rendimentos temporariamente inflaccionados graças à captura em
larga escala dos imensos lucros monopolizados nos países neo-colonizados
pelas empresas imperialistas em países avançados. Além disso, apenas
observamos o surgimento de uma classe média na China, Índia e Brasil uma vez
que esses países entraram na fase imperialista ascendente enquanto a mesma
“classe média” está a ser abusada e em processo de empobrecimento nas
sociedades imperialistas em declínio (Estados Unidos, Canadá, França,
Grã-Bretanha, Japão, etc.). |
Acreditamos
que o conceito de “classe média”
desaparecerá com a estagnação-inflação generalizada[xi]. Para que o capital possa aumentar a sua taxa
média de lucro e retomar o seu processo de valorização e acumulação, duas
condições complementares devem ser atendidas, além de manter o sistema bancário
mundializado à tona. A primeira condição consiste em destruir uma grande massa
de capital, não só nas suas formas monetárias, mas também nas suas formas
materiais concretas (bens, meios de produção e forças produtivas) para reduzir o
seu "excedente relativo" e também para poder reconstruir um sistema
de produção que aumente a taxa de exploração da classe operária, embora esta já
seja muito elevada[xii].
O critério de
riqueza pecuniária não é, portanto, um factor decisivo para determinar a
pertença de classe de um indivíduo. Uma classe social não é definida pelo seu
nível de rendimento, mesmo que às vezes e por um determinado tempo haja uma
forte correlação entre as situações sociais e a situação do rendimento familiar.
O capitalista monopolista será na maior parte dos casos rico (até que esteja
falido e seja expulso do seu clube privado) e o trabalhador terá cada vez mais
frequentemente um rendimento modesto e nenhum activo para legar, por vezes com,
por um determinado tempo , uma camada de aristocratas sindicalizados bem pagos
trabalhando para grandes empresas monopolistas. Por outro lado, na África do
Sul, os mineiros sindicalizados trabalham para grandes empresas monopolistas,
em obras de construção muito grandes e, no entanto, são mal pagos.
Essa vantagem
salarial da aristocracia operária ocidental está ameaçada pela actual
tempestade económica sistémica. Pior, o trabalhador aristocrata não é apenas
rebaixado e vê o seu salário reduzido; o trabalhador bem pago é frequentemente
despedido na velhice. Cada vez mais executivos são demitidos ao mesmo tempo que
os seus funcionários. A cidade de Detroit, capital dos aristocratas operários
da indústria automobilística, agora é uma cidade fantasma, tendo perdido metade
dos seus habitantes, e foi colocada sob custódia do estado de Michigan. Existem
muitos exemplos disso no país do Tio Sam[xiii].
Não é o nível
de rendimento que determina a pertença à classe. Por exemplo, um pequeno
agricultor geralmente ganha menos do que um trabalhador qualificado, mas o
agricultor, nem mesmo muito rico, possui os seus meios de produção e não é
empregado de ninguém, o que não impede que seja explorado pelo seu credor. O
agricultor, o pequeno empreiteiro florestal e o pescador podem decidir contratar
ou demitir, adulterar as suas contas da mesma forma que podem decidir vender as
suas propriedades e embolsar o seu rendimento após obter o seu lucro comercial
e reorientar a sua produção em novas direcções. Nada dessa autonomia e nenhuma
dessas manobras estão ao alcance do trabalhador assalariado que só tem as
próprias mãos para ganhar a vida.
É o lugar do
indivíduo no processo de produção e reprodução do capital que determina as suas
relações sociais de produção e a sua "práxis" que são os factores
decisivos e que determinam fortemente o seu comportamento económico, político e
ideológico.
Os
apologistas do sistema capitalista gostariam de fazer crer numa "grande camada social média e central"
que, trabalhando serenamente, colheria os benefícios do sistema e só aspiraria
a tirar mais proveito dele. Seriam milhões de pessoas activas na economia dos
Estados Unidos e Canadá que compõem a "classe média", em oposição
àqueles que não são como os pobres e os desempregados. Perfeitamente integrados
no mercado de trabalho, esses assalariados não seriam hostis ao sistema e, pelo
contrário, gostariam que ele fosse mais móvel e mais lucrativo. Sendo o
horizonte do sistema capitalista para eles intransponível, bastaria lutar por
melhorá-lo e fazer funcionar melhor a indústria, o comércio, as trocas, a
inovação, a produção e a concorrência, a fim de satisfazer os desejos
fundamentais desta “grande camada social
média e central”. Lendo este apelo a favor da colaboração de classe e do
reformismo, encontramo-nos no coração
do corporativismo fascista. O reformismo é a estrada real para o fascismo e a
pequena burguesia é o seu porta-estandarte designado. O grande estracto social
médio e central só existia durante a fugaz recuperação da economia
imperialista, mas hoje acabou.
Por essa razão,
rejeitamos totalmente o conceito reaccionário de "classe média" que é apenas a média das insuficiências
epistemológicas e teóricas dos pretensiosos intelectuais que abanam o quadril e
que o grande capital nos atira regularmente à cara para satisfazer o EGO dos
pequeno-burgueses infiltrados nas fileiras operárias.
Pequena burguesia
A pequena
burguesia compreenderia cerca de 20% da população trabalhadora no Canadá, e
provavelmente a mesma proporção no Quebec, em França e na maioria dos países
imperialistas avançados. A pequena burguesia é um segmento da classe burguesa
que não possui os meios de produção. A maior parte da pequena-burguesia
trabalha nos serviços de apoio à
reprodução da força de trabalho e este segmento de classe está no centro da
luta de classes, onde serve como um cão de guarda e um intermediário entre os
capitalistas desonestos e os operários rabugentos.
A pequena burguesia é um segmento de classe relativamente grande estatisticamente
falando, particularmente desde a Segunda Guerra Mundial e a expansão
desenfreada do imperialismo degenerativo. Este segmento de classe agrupa
essencialmente categorias socio-profissionais como pequenos comerciantes e
lojistas, gerentes de sucursais de comércio e serviços. Existem também
executivos de nível inferior, aqueles que são funcionários intermediários e não
remunerados em capital social (stock options). Há também nas suas fileiras uma
pletora de profissionais independentes, como advogados, notários, farmacêuticos
não proprietários, clínicos gerais e paramédicos, bem como uma variedade
bastante ampla de profissionais assalariados que trabalham em serviços
privados, públicos e parapúblicos, como académicos, professores, enfermeiras,
policias, oficiais juniores do exército, arquitectos e engenheiros,
profissionais do governo e para-governamentais, burocratas sindicais,
consultores políticos e lobistas, artistas e intelectuais, jornalistas,
apresentadores de rádio e televisão, todos esses coolies fazedores de opinião e
criadores de consentimento, muitas vezes assalariados, bastante educados e exigindo
autonomia no exercício da sua profissão.
Os pequenos burgueses não produzem mais-valia, mas parasitam a mais-valia
produzida pelos trabalhadores que têm interesse em manter na servidão
assalariada, dela depende o seu sustento. Os capitalistas empregam-nos em
tarefas especializadas para manter a força de trabalho, fiscalizá-la, dirigi-la
(politicamente em particular), reprimi-la e pressioná-la para que garanta o
máximo influxo de mais-valia aos diversos sectores de actividade e para as
empresas para que o pequeno burguês receba a sua ninharia. A pequena burguesia
assume múltiplos serviços terciários, tanto internos como externos às empresas.
Desde o aprofundamento da crise sistémica, o Estado reduziu os encargos
fiscais impostos às empresas, aumentando assim os impostos e taxas que recaem
directamente sobre os ombros dos assalariados, nas costas dos operários e
também dos trabalhadores de empresas públicas e privadas e paraestatal, que
obviamente inclui a pequena burguesia que repentinamente sente que não é mais
importante para os seus senhores capitalistas que a está a submeter
gradualmente à pobreza. Este fenómeno está a levar grandes segmentos da pequena
burguesia, altos salários directamente afectados, a reunir as fileiras dos
operários no seu combate de resistência sobre a frente económica da luta de
classes.
A diferença entre essas duas classes (operários e pequeno-burgueses
empobrecidos também chamados - Bobo) é que o operário sabe, ou deveria saber,
que só a destruição total e a erradicação completa do sistema de economia política
capitalista podem salvar o planeta e a espécie humana da extinção, enquanto o
pequeno-burguês, indecifrável farsante e utópico teimoso, está convencido de
que bastarão algumas boas reformas
ao decadente modo de produção imperialista, que de forma alguma afectariam o
seu status social, seriam suficientes para os colocar de volta na sela para um
novo bater de botas niqueladas.
O pequeno burguês tem um EGO desmesurado e a sua escolaridade (muitas vezes
universitária), bem como a sua posição social autoritária de correia de
transmissão e transmissora de ordens para os seus patrões, confere-lhe uma
grande suficiência narcísica. O pequeno-burguês sabe tudo, só obedece a quem o
corrompe e, sentado na sua sala diante da televisão entre dois burgueses, vira
a sociedade de pernas para o ar. Na verdade, ele nunca vai sacrificar a sua
vida por ninguém, e longe dele o fusil da revolução comunista.
De acordo com as suas actividades no processo social de produção e
reprodução do capital, mercadorias, bens e serviços a serem comercializados, a
pequena burguesia está em contacto frequente com a classe operária e com a
classe capitalista que ela admira com todas as forças do seu ser, que ela adora
e inveja. A alma de um pequeno predador capitalista adormece no coração murcho
e mesquinho de todos os patifes pequeno-burgueses. No Quebec, o falecido Paul
Desmarais e o actual herdeiro Péladeau, Charles Sirois e Jacques Parizeau são
os ídolos da pequena burguesia emergente.
No que diz respeito à classe operária, ela nunca deve entregar a direcção
das suas lutas de resistência na frente económica, nem das suas lutas pela
conquista do poder na frente política e ideológica, nas mãos desses pequenos
maldosos cautelosos, vacilantes e incertos, sempre prontos para a traição,
procurando adivinhar que classe tomará o poder, que classe dominará a sociedade
para se predispor antecipadamente a servir os seus novos senhores. Na sociedade
socialista soviética (URSS), a pequena burguesia infiltrou-se no Partido
Bolchevique desde que lhe pareceu que o Exército Vermelho da classe operária
protegeria o poder soviético e a ditadura do proletariado. Uma parte da pequena
burguesia então ofereceu-se para gerir - administrar - coordenar o estado
soviético. Enquanto outra parte havia tomado o caminho do exílio, viajante
comercial do terror anticomunista, mascate de rumores do Gulag, de execuções
sumárias de centenas de milhões de soviéticos (que eram menos de 150 milhões na
época), lamentando o seu paraíso czarista perdido, esperando que tudo voltasse
ao normal, os bilionários ricos no poder, os seus servos pequeno-burgueses como
ajudantes bem pagos e os operários nas suas fábricas encardidas. É por ter
esquecido totalmente esta instrução imperativa de nunca deixar a liderança dos
partidos revolucionários nas mãos da pequena burguesia reaccionária que os
vários partidos eurocomunistas franceses, italianos, belgas, britânicos,
alemães, espanhóis, portugueses, mas também canadenses e americanos, cubanos e
chineses, para citar alguns, degeneraram no revisionismo sob a liderança de
depravados intelectuais pequeno-burgueses.
Dado que em quase todos os países do mundo a classe operária patina ,
desgasta-se e se torna subserviente nas lutas de resistência na frente
económica, falhando em desenvolver uma consciência de classe "para
si", visando a conquista política exclusiva de todo o poder do
Estado, então a maré da pequena burguesia empobrecida contorce-se para se
apoderar da condução dessas lutas para direccioná-las para as exigências
reformistas favoráveis a uma mudança eleitoral governamental. Outras formas e
meios são defendidos, como a assinatura de milhares de petições de protesto,
expressões pusilânimes do seu ressentimento juvenil; a realização de protestos
por reformas legais em favor dos desfavorecidos, dos quais o exemplo sublime é
a lei do Quebec que proíbe a pobreza (sic); outra lei modelo, Carta de
“valores” genuinamente burgueses xenófobos do Quebec, que ataca directamente os
trabalhadores e as trabalhadoras imigrantes; uma lei para tributar as
transações financeiras; uma lei para proibir a especulação fraudulenta de acções
ou a evasão fiscal ilícita em paraísos fiscais criados e protegidos pelo Estado
dos ricos; bem como muitas outras irregularidades do mesmo tipo. Sem contar com
o apetite da pequena burguesia por comissões públicas de inquérito para
reintroduzir a ética na administração governamental e na política nacional,
provincial, regional e municipal, desviando assim a aporia das classes antagónicas
para o pântano da social-democracia reformista e do declínio eleitoral[xiv].
O seu estilo de vida narcisista e dependente empurra-a instintivamente para
a classe média alta, que ela serve obedientemente. Mas quando ocorre uma crise
económica, como costuma acontecer num regime imperialista e a pequena burguesia
é expulsa do seu loft hipotecado, aninhado na cidade, ela perde as suas roupas
de marca e o seu grande motor emprestado. A pequena burguesia enfurece-se
então, amaldiçoa o trabalhador que se recusa a trabalhar mais para ganhar
menos, para permitir aos capitalistas manterem os seus lucros, sustentarem o
emprego, dinamizarem a economia e os mercados de bens e serviços em que
parasita a agora pequena burguesia. No meio da escassez e da miséria
proletária, vestuário usado e bancos alimentares, a pequena burguesia conduz
campanhas pela promoção da pobreza voluntária e contra o consumo intempestivo, a
fim de fazer o operário sentir-se culpado por se ter revoltado contra o seu
chefe de departamento que lhe cortou as suas horas de exploração.
A pequena burguesia segundo Marx |
Na visão de Marx,
a pequena burguesia tem pouco poder para transformar a sociedade, pois
dificilmente se pode organizar, com a
competição de mercado posicionando os seus membros "uns contra os outros".
A pequena burguesia é o cão de guarda social da grande burguesia, é um
segmento da classe intermediária ocupando a sua existência como cunha entre a
grande burguesia e a classe operária ou oferecendo os seus serviços a uma e outra classe social antagonista.
|
A pequena burguesia, isolada, individualista,
egocêntrica e pedante, é muito vulnerável aos caprichos da economia e às
transformações sociais que tanto reclama e teme. É por isso que rotulamos esse
segmento de classe como hesitante, covarde, duvidoso, indisciplinado,
anarquista e fortemente atraído pelo terrorismo, enquanto a sua resistência
revolucionária vacila. Para a sua sobrevivência, a pequena burguesia é
altamente dependente do poder da grande burguesia. Esta é a razão pela qual o Partido
Revolucionário Operário deve manter este segmento da classe à distância e
evitar que esses covardes se infiltrem nele para liquidar a revolução. Como
esse segmento de classe é muito ostentoso, vociferante, agitado e posicionado
na dobradiça da porta entre a classe capitalista e a classe operária, dois
inimigos irredutíveis que gostaria de reconciliar, o Partido Revolucionário Operário
deve primeiro dirigir os seus golpes mais violentos contra este segmento de
classe ulcerado - vanguarda Pigmalião dos grandes patrões hipócritas.
Pequena
burguesia e revolução comunista
A classe operária deve manter-se o mais longe possível da influência
doentia e mesquinha da pequena burguesia urbana flutuante e instável, que não é
a principal adversária do proletariado, concordamos, mas, no entanto, constitui
a braço político dos patrões.
A vanguarda da classe operária consciente deve conter este segmento da
classe e impedi-lo de se infiltrar e se insinuar nas organizações revolucionárias
da classe operária, como foi o caso nos Estados Unidos, França e Canadá durante
os anos 1970-1980 (PCO, En Lutte, PCC [ML], Aliança Bolchevique, PCC, Ligue
Socialiste Trotskyist e os Social Democratas), bem como na maioria dos países
imperialistas que então iniciaram o seu declínio com um renascimento passageiro
de prosperidade. Recentemente, eles voltaram ao serviço com o aumento da
agitação de operários e estudantes activistas.
Recordamos que naquela época, na maioria dos países imperialistas, assim
que a crise sofreu uma calmaria e a economia experimentou uma ligeira bonomia,
todos esses órfãos de Kautsky, Bernstein, Trotsky, Khrushchev, Tito, Gramsci e
Mao se eclipsaram na natureza à procura de um bom emprego em ONGs subsidiadas,
universidades e colégios, ao serviço político da grande burguesia reconciliada,
demonstrando grande fervor pelo estado burguês temporariamente reabilitado, abandonando
a classe operária traída. Ainda hoje esses pseudo-esquerdistas exigem a
intervenção do estado capitalista dos ricos sempre que um segmento ou outro do
povo e dos operários exige equidade, justiça ou se opõe à polícia. No ano
passado foram os alunos, filhos e filhas dos operários que enfrentaram a
polícia, imediatamente a pequena burguesia exigiu uma comissão de inquérito
estatal para desarmar a resistência estudantil contra a arbitrariedade dos
ricos.
A presente "retoma" da crise económica sistémica está a causar a
reactivação de fragmentos da pequena burguesia empobrecida - hoje propondo
recriar uma variedade de "Partido Comunista", novas organizações
revisionistas e vários substitutos do Partido "Comunista"
virtualmente reconstruídos. , cidadão comunitário e verdadeiramente pseudo-solidário,
e tanto mais radicais, cada um mais radical que o outro - até ao ponto da
decepção desses pequenos burgueses frustrados, atirados para a calçada apesar
de todos os serviços prestados aos seus delapidados senhores.
Os
fundamentos do desespero burguês
O desenvolvimento caótico, desigual e combinado do modo de produção
capitalista anárquico e a resultante divisão internacional do trabalho levaram
ao hipercrescimento dos sectores terciários de actividade (comércio,
distribuição, serviços, comunicação, finanças, bancos, bolsa de valores, etc.,
seguros, educação, formação, cultura, desporto, lazer, restauração, hotéis,
viagens, burocracia sindical, etc.), daí a expansão e extensão significativa
dos empregos para as classes médias baixas acreditadas. Este segmento de classe
pro-lixo, subjectivo, idealista, narcisista e místico aspira a viver a vida de
milionários e a imitar, embora com parcimónia, até mesmo caricaturalmente, a
vida dos ricos e famosos que lhes são inacessíveis excepto pela televisão e
espectáculos "para dar nas vistas" em que a televisão se esforça por
lhes dar a beber.
Esta multidão da Boémia burguesa (boémios) tem
interesse em aumentar as taxas que o Estado arrecada sobre os rendimentos dos
assalariados para manter os seus empregos, mesmo quando sofre o peso total
destes aumentos de impostos, encontrando-se acima da pilha de pagamento. Um
belo dia, apesar desses impostos e taxas exorbitantes, a enorme dívida soberana
arrastará o governo dos ricos para o colapso económico. Em vez de se revoltar e
de se alistar no exército proletário do Partido Revolucionário Operário para
derrubar o poder dos oligarcas monopolistas, a pequena burguesia apelará à
solidariedade dos trabalhadores para compartilhar a sua pobreza[xv].
Ainda recentemente, um cacique, fetiche desses
vigaristas e plumitivos, explicava aos seus associados que o estado ainda podia
pedir empréstimos e que a taxa de endividamento soberano era uma forma de
calcular da parte do soberano. Esse
paradigma keynesiano, apaixonado por JK Galbraith, o economista dos
reformistas, só se propunha atrasar o cronograma de dívidas públicas a serem
saldadas aos banqueiros ocupados a contar os seus lucros antecipados na
antecâmara da Assembleia Nacional da "Pátria" " em perigo[xvi].
O Partido Revolucionário Operário nunca se deve sujeitar ou deixar –se invadir
ou perverter por esse segmento de classe que, aconteça o que acontecer, sempre
procurará optar pelo compromisso de classe, pela reforma do sistema, porque o
pequeno burguês acredita sempre poder escolher o seu sofrimento, mesmo que ela
não o tenha.
É por terem esquecido ou negado essas verdades que
os vários partidos políticos comunistas, à velha maneira (Khrushcheviana) ou a
nova contrafação (Maoísta) se desligaram da sua base social e entraram em
colapso - afogados sob o trotskismo intelectualista, a social-democracia
eleitoralista, o titoísmo autogerido, o eurocomunismo efémero, o reformismo
alter-globalização, o ecossocialismo populista e o anarquismo libertário. E é
por isso que devemos reconstruir as organizações revolucionárias hoje, desde a
sua base operária até à sua cúpula proletária.
O pequeno-burguês arrependido que hoje gostaria de
unir forças com o operário deveria ser convidado a fazer a sua própria crítica
ao seu passado político oportunista, especialmente se ele uma vez namoriscou
com esses chamados apparatchiks comunistas que surgiram na primavera da crise
para desaparecer no verão da recuperação económica. Portanto, talvez este
palerma, tendo traído os seus interesses de classe pequeno-burguesa, tenha a
humildade e a dedicação necessárias para servir ao Partido Revolucionário
Operário, em vez do seu EGO sobre-dimensionado.
Trabalhador assalariado – produtividade - precariedade
Para fazer
frente ao desaparecimento de cargos de gestão e administrativos, bem como de
empregos qualificados, o estado imperialista está a tentar por todos os meios
encorajar a proliferação de "trabalhadores independentes" em
substituição do actual assalariado. Essas tentativas falharam amplamente. Aqueles
que anunciaram no início do milénio a disseminação de milhões de trabalhadores
autónomos a trabalhar nas suas casas graças à Internet, hoje só identificam
desempregados ociosos e isolados, por vezes à procura de trabalho assalariado e
muitas vezes desestimulados a encontrá-los.
O seu número
regride apesar das leis que lhes interessam (autónomos, trabalhadores no
domicílio, microempresas). Através desses programas, o estado tem estimulado o
aumento do número de trabalhadores precários (temporários, sazonais) inseguros,
isolados, fáceis de substituir e explorar.
O estado
canadense apoiou o aumento do número de trabalhadores a tempo parcial.
Finalmente, o estado cortou drasticamente os benefícios e reduziu a
elegibilidade para os benefícios do subsídio de desemprego, o que os
funcionários do estado chamam de taxa de cobertura do esquema de subsídio de
desemprego - uma proporção do número de trabalhadores o recebimento de
benefícios e o número de desempregados declarados -. Anteriormente (1990), essa
proporção era de cerca de 85%, em 2013 é de apenas 36% (503.920 beneficiários
para 1.380.300 canadenses desempregados oficialmente registrados). No Canadá, a
taxa oficial de desemprego está em torno de 8% e 9% no Quebec. Na verdade, o
centro de pesquisa IRIS estima que a taxa real é uma vez e meia maior, ou seja,
12% e 15%, respectivamente. Vimos que é cerca de 20% nos Estados Unidos. Todos
esses desempregados recaiem nas costas dos trabalhadores num anémico “mercado
de trabalho”. No entanto, apesar de todas essas medidas governamentais para
reduzir os salários, os capitalistas ainda não conseguem restaurar as taxas de
lucro e mais-valia. A crise económica é verdadeiramente universal e sistémica.
Estas
condições de exploração da força de trabalho atingem particularmente jovens,
mulheres, imigrantes recentes, mas também antigos assalariados em fábricas não
renovadas que o patrão decidiu explorar até ao limite e mais além, até que a
fábrica delapidada entrou em colapso.
Essas
precárias relações de produção, que a burguesia desenvolve sistematicamente em
vários países imperialistas, atendem obviamente ao objectivo de aumentar a
mais-valia em detrimento do trabalho necessário. Mas a burguesia depara-se com
este paradoxo de ter que economizar tanto quanto possível no aumento do valor
do capital constante (Cc) responsável pela tendência de queda da taxa de lucro
e também de espremer o capital variável (Cv) - ou seja, o assalariado única fonte de mais-valia.
Esforços nesse sentido já deram frutos em alguns países. Por exemplo, em
2002-2004 nos EUA: “Os ganhos na
produtividade do trabalho foram surpreendentes: 4,4% contra uma tendência de
longo prazo de 2,3% após a Segunda Guerra Mundial. Ainda mais surpreendente,
esta aceleração não vem de um aumento cada vez mais rápido da intensidade de
capital ... ”[xvii]. Isso é de facto um aumento na intensidade do
trabalho e, portanto, na taxa de mais-valia absoluta sem capital constante (Cc)
aumentando proporcionalmente. Mas o sistema de exploração da força de trabalho
atingiu o seu limite além do qual o assalariado não pode mais renovar a sua
força de trabalho e está em declínio. Foi na tentativa de travar essa tendência
que o então presidente dos EUA, Barak Obama, anunciou o aumento do salário
mínimo nos Estados Unidos (pelo menos para os funcionários do governo federal).
“Outras 'economias' na parte circulante do capital, bens de entrada e
saída, foram considerados. É “stock zero” e “produção optimizada”, “just in
time”, produção desencadeada pelas vendas. Os stocks de produtos finais e
suprimentos intermediários são capitais comprometidos, pagos, que nada trazem,
como qualquer máquina ou trabalhador imobilizado. O objectivo é obter um
processo de produção flexível cujo princípio reside na “flexibilidade”, para
obter um processo de produção que deve reagir quase que instantaneamente às
flutuações do mercado para incorrer apenas em despesas estrita e imediatamente
necessárias, a fim de imobilizar o mínimo de capital possível, ao contrário da
rigidez da pesada linha de montagem fordista. (...) Essa flexibilidade
procurada no processo de produção conduz directamente ao trabalho precário que
caracteriza a relação de produção capitalista contemporânea[xviii]. "
A terceirização
tem o objectivo de permitir a empresa capitalista monopolista se livrar do capital
constante, colocando o ónus, no todo ou em parte, sobre os pequenos
empresários, capitalistas não monopolistas. Em casos extremos, pode ir tão
longe quanto a "empresa sem fábrica",
como a Dell, com sede no Texas, o segundo maior fornecedor de computadores nos
Estados Unidos, que não possui instalações de fabrico. A empresa-mãe retém
apenas a gestão superior e as atividades de engenharia que lhe permitem reter o
controle sobre os subcontratados por um tempo e apropriar-se do essencial da
mais-valia. A acumulação financeira permanece por algum tempo nos grandes
centros metropolitanos dos países dominantes. Enquanto isso, nos países da
periferia, a extorsão da mais-valia é máxima, combinando todos os métodos: rede
fordista taylorizada ao máximo, jornada de trabalho, ausência de feriados, alta
intensidade de trabalho, baixos salários , condições de trabalho infernais. Preste
atenção, no entanto, todas essas condições de exploração máxima nos países de
subcontratação geralmente pressagiam o nascimento de um capitalismo nacional
que ao longo do tempo monopoliza não apenas a produção, mas os mercados e a
venda a crédito como os exemplos chineses, indianos, brasileiros, russos e
sul-africanos o demonstram.
Produtividade do trabalhador assalariado |
O trabalhador contratado pela
empresa "subcontratada, just in time, fordista, taylorizada" deve
aceitar trabalhar intensamente quando o capital precisa dele e ser despedido
quando não precisar mais. Deve estar totalmente disponível para as
necessidades do capital. Ele deve passar por uma alternância perpétua de
períodos de intenso trabalho e desemprego, um deslocamento do local de
trabalho de acordo com os movimentos de capitais (os operários chineses são
transplantados com as suas fábricas de um país para outro). Deve sofrer os
efeitos da nova divisão mundial do processo de produção desigual, combinada e
por saltos. O trabalho assim dividido e intensificado não fornece nenhum
rendimento líquido adicional ao operário assalariado alienado. Bem pelo
contrário, o seu repasto é reduzido e incerto. Isso faz parte do que se
entende por conceito de condições de trabalho precárias e flexíveis para
maior produtividade[xix]. |
Essa relação precária é aquela que o capitalismo monopolizado tende a generalizar como meio de aumentar a produtividade e a mais-valia. Apresenta várias vantagens para empresas com alta intensidade de capital variável (CV).
O trabalho precário não é apenas um trabalho intermitente, just-in-time, mas também para o trabalhador a multiplicação dos empregos a tempo parcial, todos a gerar salários parciais. Os "working poors” (trabalhadores pobres) estão a ver o seu número crescer nos Estados Unidos (onde chegam a 97 milhões), no Reino Unido, no Canadá e na Austrália, onde este sistema foi estabelecido pela primeira vez[xx].
O trabalho de curta duração é adaptado à busca da máxima intensidade e qualidade do trabalho expropriado (sobretrabalho); o rendimento do proletário é sempre maior nas primeiras horas da jornada de trabalho: “Como se intensifica o trabalho? O primeiro efeito do encurtamento da jornada de trabalho advém dessa lei óbvia de que a capacidade de acção de toda a força animal está na razão inversa do tempo durante o qual ela actua. Sob certas condições, ganhamos em eficiência o que perdemos em duração. [xxi] "
Em relação à flexibilidade do trabalho assalariado, as coisas estão a mudar. No Canadá, por exemplo, quase 2 em cada 3 assalariados trabalham em horários atípicos, seja à noite, nos fins de semana, em tempo parcial ou em períodos imprevisíveis ou escalonados.
Para que esse sistema de exploração da força de trabalho funcione com o menor preço possível, o estado deve intervir e ajudar a espremer o assalariado. É a própria sobrevivência da precária classe proletária que está em jogo - colocada no tapete do casino do capital. A exploração da força de trabalho é tão intensa e de preço tão baixo que o Estado deve complementar os salários intermitentes e, principalmente, insuficientes para garantir a reprodução da força de trabalho. Nos Estados Unidos, país que mais corre o risco de implosão económica sob o peso do crédito ao consumidor e da dívida soberana, sinais claros mostram que a saúde geral da classe operária está a murchar, forçando o Estado federal, em 2012, a implementar um regime de seguro saúde universal e obrigatório ao qual uma parte dos trabalhadores se opõe pela boa razão de que a sua pobreza é tal que eles não têm meios para pagar os prémios de seguro exigidos pelas empresas privadas de saúde. Sem mencionar que muitas das grandes empresas que anteriormente ofereciam programas de seguro aos seus funcionários estão a recuar para economizar nesses benefícios e repassando a conta para o governo e os seus funcionários.
Supremacia do proletariado revolucionário
Ao
lado das duas classes sociais antagónicas, activam-se outras classes e
segmentos de classe. Mas nenhum deles pode substituir a classe operária
revolucionária, porque nenhuma dessas classes ou sectores de classe é
irremediavelmente compelido a resistir e a derrubar o modo imperialista de
produção e as relações de produção para sobreviver e reproduzir. Só a classe
operária é forçada a isso para garantir a sua posteridade, razão pela qual a
classe proletária é totalmente revolucionária.
Assim, camponeses sem-terra, cultivadores (fellahs),
meeiros e operários agrícolas sem-terra, ainda numerosos em certos países da
Ásia, África e América Latina (o que os maoístas chamam de periferia rural que
circunda os centros metropolitanos urbanos onde residem os proletários
aburguesados) não podem constituir a força dirigente do movimento socialista
revolucionário, uma vez que o interesse do camponês é arrogar para si um pedaço
de terra e instrumentos agrícolas privados e produzir para vender e ganhar
rendimento. Num país onde há resquícios do modo de produção agrário feudal, a
classe camponesa poderá apoiar a revolução socialista, mas chegará o dia em que
a socialização da terra e da máquina agrícola irão chocar contra as suas
ambições de pequenos proprietários.
Não
é a pobreza nem a intensidade do sofrimento sofrido ou dos sacrifícios feitos
por uma classe ou por um fragmento de classe que determinam o seu papel
histórico no movimento insurrecional comunista, mas a sua situação obrigatória
e constrangida no processo social de produção e reprodução colectiva. Quanto
mais as condições económicas e sociológicas de exploração de uma classe ou
segmento de uma classe se assemelham às da classe principalmente explorada,
oprimida e alienada, maior será a sua combatividade pela mudança
revolucionária. Assim, apesar da árdua tarefa agrícola, idêntica nos dois lados
do Atlântico, os trabalhadores das hortas "importados" do México,
Marrocos ou Argélia para trabalhar como escravos assalariados para os
horticultores periurbanos das grandes cidades estão mais próximos dos
proletários dos países industrializados do que dos camponeses sem terra, que
aspiram a ser proprietários de terras no México, Marrocos, Argélia e Brasil.
Autonomia organizativa do proletariado
Lenine sublinhava em 1903: “Quanto mais jovem é o proletariado, mais os
seus laços de parentesco com os camponeses são íntimos e recentes mais íntimos
e novos, mais elevada será a percentagem destes no conjunto da população, e
mais a luta contra toda a alquimia política das “duas classes” é importante. No
Ocidente, a ideia do partido operário e camponês é pura e simplesmente
ridícula. No Oriente, é desastrosa. Na China, na Índia, no Japão, é o inimigo
mortal não só da hegemonia do proletariado na revolução, mas também da mais
elementar autonomia da vanguarda proletária. O partido operário e camponês só
pode ser uma base, uma máscara, um trampolim para a burguesia. " Lenine
repetia tenazmente na época da revolução de 1905: "Cuidado com os camponeses, organizem-se independentemente deles,
estejam prontos para lutar contra eles assim que agirem de forma reaccionária
ou antiproletária".
Em 1906, Lenine acrescentava: “Último conselho: proletários e
semiproletários das cidades e do campo, organizem-se de forma independente. Não
confiem nos pequenos proprietários, mesmo os muito pequenos, mesmo que
“trabalhem” (...) Apoiamos totalmente o movimento camponês, mas devemos lembrar
que é o movimento de outra classe, não daquela que deve e irá realizar a
revolução socialista. " Finalmente, em 1908, ele completou o seu
pensamento nos seguintes termos: “Não se
pode de forma alguma conceber a aliança do proletariado e dos camponeses como a
fusão de diferentes classes ou dos partidos do proletariado e dos camponeses.
Não apenas uma fusão, mas mesmo qualquer acordo permanente seria fatal para o
partido socialista da classe operária e enfraqueceria a luta democrática
revolucionária. [xxii] "
Luta de classe e questão nacional
No Manifesto do Partido
Comunista, Marx e Engels escreveram: “Os
comunistas distinguem-se dos outros partidos operários apenas em dois pontos. Por
um lado, nas várias lutas nacionais dos proletários, eles propõem e afirmam os
interesses independentes da nacionalidade e comuns a todo o proletariado. Por
outro lado, nas diferentes fases de desenvolvimento que atravessa a luta entre
o proletariado e a burguesia, elas representam sempre os interesses do
movimento como um todo ”.
Lenine
explicou que em cada sociedade dividida em classes sociais existe uma classe
exploradora e uma classe explorada. A conflituosa relação dialéctica que une e
opõe essas duas classes - essas duas forças sociais - determina a evolução política
- ideológica - económica de cada sociedade. Na sociedade capitalista, não pode
haver "luta de libertação nacional" ou mesmo uma "questão
nacional" fora ou acima do conflito de classes entre exploradores
capitalistas e trabalhadores explorados. [xxiii]
Tendo em conta este axioma, o
Partido Revolucionário Operário terá necessariamente que se posicionar sobre
qualquer questão de “opressão nacional” concreta de
acordo com os interesses fundamentais da classe operária, não como um sector de
uma nação, mas como um segmento da classe operária internacional.
Diante Lenine erguem-se Gramsci e os maoístas,
esses revisionistas chauvinistas de um novo tipo, que propõem não "cair mais uma vez, na armadilha de confundir
Estado e nação, no mito burguês (pacientemente construído ao longo dos séculos)
de uma “nação francesa” com os seus “ancestrais gauleses”; armadilha que fez do
primeiro Partido Comunista da França, o PC de Thorez, um apêndice de “esquerda”
do chauvinismo “republicano”! Reconhecer a multinacionalidade da França
significa reconhecer as periferias da construção económica / política / social
“França”, é reconhecer e identificar correctamente o “campo” a partir do qual a
Guerra Popular se deve desenvolver, em direcção aos Centros do poder
capitalista! "[xxiv]
Ao que Lenine replicou
há muito tempo: “O proletariado apoia o
direito de cada nação à autodeterminação, até e incluindo a secessão. Apoiar um
princípio e um direito não significa, de forma alguma, usá-los para fragmentar
e enfraquecer as forças da classe operária em vários contingentes xenófobos. A
guerra de classes do proletariado contra a burguesia é una e indivisível ”.
As questões que desafiam o proletariado diante da opção da secessão nacional são as seguintes: quais as desvantagens
sociais e económicas que tal opção causará à classe operária? Que vantagens
obterão a classe operária e o povo desta "independência" e deste
estado burguês explorador e opressor assim constituído?
“As amplas camadas da população conhecem
muito bem, pela sua vivência quotidiana, a importância dos laços geográficos e
económicos, as vantagens de um grande mercado e de um grande Estado, e só
pensarão em se separar se a opressão nacional e os atritos nacionais tornarem a
vida comum absolutamente insuportável e dificultarem as relações económicas de
todos os tipos. "[xxv].
A
criação de um vasto "amigo" de todas as classes da "nação
patriótica fraterna" é apenas uma ilusão, uma fraude, porque nenhuma
unidade é possível entre a agressiva burguesia imperialista e os seus
subalternos nacionais e o proletariado espoliado e oprimido. Se nos primórdios
do capitalismo se podia falar de "comunidade cultural" entre a
burguesia e o proletariado, com o desenvolvimento do capitalismo ao seu estadio
imperialista, o agravamento da luta de classes abalou a chamada comunidade de
interesses nacionais de todos os cidadãos da nação, se é que alguma vez
existiu. “Não se pode falar dos 'valores
comuns' de uma nação quando os patrões e trabalhadores de uma nação deixam de
se entender. De que “comunidade de destino e valores comuns” se pode falar
quando a burguesia tem sede de guerra, enquanto os proletários declaram guerra
à guerra? "[xxvi]
Lenine
acrescenta sobre a questão do direito das nações à autodeterminação, seja
dentro de um grande estado confederado ou de um pequeno estado republicano
nacional: "Em qualquer caso, o desenvolvimento do capitalismo continua, e
continuará, num único estado heterogéneo, bem como em estados nacionais
separados. Em qualquer caso, o trabalhador assalariado sofrerá exploração e,
para combatê-la com êxito, o proletariado deve ser alheio a todo o
nacionalismo, os proletários devem ser, por assim dizer, inteiramente neutros
na luta da burguesia das diferentes nações. pela supremacia. "[xxvii].
Enquanto
parte integrante da nação, a classe trabalhadora sofre opressão racial, étnica,
linguística, política ou jurídica no espaço político e geográfico do Estado
capitalista? Se a resposta for positiva, o Partido Revolucionário Operário
assumirá a causa contra esta opressão e mobilizará a classe para resistir a
esta agressão; para erradicar completamente os fundamentos desta alienação
racial, étnica, cultural ou linguística.
Se
a classe operária de uma nação não sofre opressão nacional, mas que pelo contrário
a burguesia da nação da qual faz parte explora e oprime uma ou mais nações e /
ou povos (as nações autóctones e o povo Métis no Canadá e Quebec, por exemplo),
então o Partido Revolucionário Operário mobilizará a classe para repudiar todas
as manifestações dessa opressão e apoiar a luta de libertação nacional dessas
nações oprimidas até a secessão, inclusive. [xxviii]
Para
levar a cabo esta luta anticolonial e de libertação nacional, se necessário, o
Partido Revolucionário Operário realizará acções independentes e nunca se
colocará sob o controle da burguesia nacional, ou de um dos seus componentes,
nem se sujeitará a qualquer partido político burguês, porque os pontos de vista
e os interesses dessas classes sociais são antagónicas.
O
facto de a pequena burguesia nacional empobrecida sofrer os caprichos da crise
económica, que os seus elementos percam os seus empregos e vejam o seu modo de
vida desmoronar na cidade e nos subúrbios periféricos não constitui opressão
nacional, étnica ou linguística e não justifica de forma alguma a mobilização
da classe proletária em ajuda da pequena burguesia em luta, nem mesmo nas
sociedades ocidentais onde o nacional-chauvinismo e a xenofobia são mais predominantes do que na sociedade árabe e do
Médio Oriente onde assola o fundamentalismo religioso e o chauvinismo[xxix].
Cabe
à pequena burguesia, em revolta e frustrada com o destino que os seus mentores
depravados lhe reservaram, dar o seu contributo para a revolução comunista.
A época histórica em que as lutas de
libertação nacional podiam representar um elemento progressista na luta
anti-imperialista mundial terminou com a Segunda Guerra Mundial. O carácter
sistémico, integrado, globalizado e mundializado do capitalismo no seu estadio
imperialista moderno significa que a aparente diversidade das formações sociais
no mundo não reflecte uma variedade de modos de produção. O desenvolvimento
desigual, combinado e crescente da economia política imperialista leva à
coexistência de reminiscências de formas sociais arcaicas e elementos
económicos ao lado de formas de economia modernas, comerciais, industrializadas
e "terciárias". São esses últimos elementos que articulam todas as
relações sociais e garantem a integração das economias nacionais atrasadas à
irmandade dos países imperialistas mundiais. Assim, o cultivo da papoula para
atender às necessidades dos mercados ocidentais no Afeganistão dos Talibã e do
camelo é o factor determinante na evolução desta sociedade patriarcal e do modo
de produção deste país neo-feudal e neocolonial.
Não existem razões para o
proletariado adoptar estratégias muito distintas de acção revolucionária em
diferentes regiões do mundo, dependendo do seu nível temporário de
desenvolvimento económico, industrial e terciário. A experiência histórica da
sociedade de classes nos últimos setenta anos confirma que diferentes formações
sociais decorrentes de diferentes histórias podem perdurar sob o moderno modo
de produção capitalista-imperialista, mas que estão todas integradas no
imperialismo que beneficia das diferenças
nacionais, étnicas e culturais para fortalecer a sua hegemonia. As formas de
dominação política da burguesia podem variar de região para região de um país,
ou de um continente para outro, mas em qualquer caso o poder que representam é
sempre o mesmo imperialismo moderno.
A
ideia de que a questão nacional permanece em aberto em certas regiões do mundo
e que, como conseqüência, o proletariado deve relegar a sua própria estratégia,
tácticas e organizações de classe para segundo plano a favor de uma aliança com
a burguesia nacional deve ser rejeitado. Somente quando o proletariado se unir
para defender os seus interesses de classe é que a base de toda a opressão
nacional será abalada. O Partido Revolucionário Operário rejeita qualquer
manobra e acção que prejudique a unidade da classe operária internacional.
A questão da revolução proletária é uma questão
imediata, colocada e a ser resolvida, e nenhuma etapa nacional democrática
burguesa, popular ou populista surge como pré-requisito para a revolução
socialista, seja qual for o país em causa. Por outro lado, é óbvio que as
condições objectivas e subjectivas para a revolução estão longe de serem
satisfeitas, mas são essas tarefas e nenhuma outra que os operários
revolucionários de todo o mundo devem cumprir.
[ii] New York Times.com (07.11.2013) Cut in Food Stamps Forces Hard Choices on Poor.
[iii] http://www.ledevoir.com/economie/actualites-economiques/378357/0-5-de-la-population-accapare-35-des-avoirs?utm_source=infolettre-2013-05-16&utm_medium=email&utm_campaign=infolettre-quotidienne
[viii] G. Filoche (Février 2012) Les soi-disant classes moyennes. http://www.marianne.net/gerardfiloche/Il-n-y-a-pas-de-classe-moyenne-ni-des-classes-moyennes_a33.html
[ix] http://www.mondialisation.ca/usa-10-chiffres-qui-disent-tout/5310915 et http://www.congresdutravail.ca/centre-daction/ensemble-pour-un-monde-plus-juste/salaires-d-cents
[x] Em economia burguesa, o sector terciário, entre os três sectores económicos das contas
nacionais, é definido pela exclusão dos outros dois sectores: ele agrupa todas
as atividades económicas que não fazem parte do sector primário ou do sector
secundário. Este é o setor que produz serviços. O sector primário inclui
atividades relacionadas com a extracção de recursos naturais ou a exploração
directa do solo, subsolo e água, ou seja, a agricultura no sentido mais amplo,
mineração e extração de combustíveis fósseis (sem processamento secundário), pesca
(sem transformação do recurso), silvicultura ou florestal (sem incluir a
transformação do recurso em produto acabado), caça e captura. O sector
secundário inclui todas as actividades de processamento de matéria-prima, ou
seja, manufactura, construção e transporte de todos os tipos.
[xi] A estagflação
é a inflação de preços associada à estagnação ou mesmo ao declínio da produção
e da acumulação de capital, ou seja, reinvestimento lucrativo (reprodução
alargada).
[xii] T. Thomas (2009) La crise. Laquelle ? Et après ? P. 75. http://www.les7duquebec.com/7-au-front/la-politique-du-capital-dans-la-crise/
[xiii] http://centpapiers.com/regard-sur-les-usa-les-pauvres-et-la-dictature-des-marches/ et http://www.mondialisation.ca/usa-10-chiffres-qui-disent-tout/5310915
[xvii] M. Aglietta et L. Berrebi (2007) Désordres dans le capitalisme mondial. Odile Jacob. Paris. http://www.alternatives-economiques.fr/desordres-dans-le-capitalisme-mondial-par-michel-aglietta-et-laurent-berrebi_fr_art_210_24974.html
[xviii] T. Thomas (2009) La crise. Laquelle ? Et après ? Pages 84-85. http://www.les7duquebec.com/7-au-front/la-politique-du-capital-dans-la-crise/
[xix] J. Aubron. N. Ménigon. J.-M. Rouillan. R. Schleicher (2001) Le Prolétaire Précaire, notes et réflexions sur le nouveau sujet de classe. Paris. Acratie.
[xxi] K. Marx O Capital. I, 2. P.93.
[xxii] Critique des Thèses fondamentales du projet de programme de l'I.C., juin 1928, chap. III. P.7.
[xxiii] R. Bibeau (2012) Impérialisme et question nationale. http://www.robertbibeau.ca/imperialisme.pdf
[xxiv] [http://servirlepeuple.over-blog.com/article-declaration-unitaire-des-maoistes-de-l-etat-fran-ais-1197279 74.html].
[xxv] V. Lénine (1969) Sur la politique nationale et l’internationalisme prolétarien. Éditions de l’Agence Novosti. Moscou. P. 40.
[xxvi] J. Staline (1979) Le marxisme et la question nationale. Éditions 8 Nëntori. Tirana. P. 53.
[xxvii] V. Lénine (1969) Sur la politique nationale et l’internationalisme prolétarien. Éditions de l’Agence Novosti. Moscou. P. 42.
[xxviii] R. Bibeau (2012) Impérialisme et question nationale. http://www.robertbibeau.ca/imperialisme.pdf
[xxix] R. Bibeau (2013) Intégrisme islamiste vis-à-vis chauvinisme nationaliste. [http://www.les7duquebec.com/7-au-front/integrisme-islamiste-vis-a-vis-chauvinisme-nationaliste/].
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