Ao olhar para a foto que encima este artigo, de dois patifórios sorridentes, satisfeitos com a execução da liquidação da TAP e suas empresas satélites, que lhes foi encomendada pelo directório imperialista de Bruxelas, a questão que se coloca aos operários e demais trabalhadores assalariados daquela “companhia de bandeira” é a seguinte:
Por que artes de retórica, de engano e traição, se deixaram manietar pelos seus dirigentes sindicais – e não só -, a ponto de estarem prestes a aceitar um acordo que, nunca antes, havia congregado uma tão abrangente “santa aliança nacional” como o que está prestes a ser fechado entre a administração da companhia, o governo e os sindicatos que , supostamente, deveriam defender os seus interesses?
“Santa Aliança Nacional” que congrega a “esquerda” do PS, na pessoa de Pedro Nuno Santos – já que a direita de Costa e seus lacaios já o não consegue fazer – a visão fascista, tecnocrática e neo-liberal de Miguel Frasquilho (ex- vice presidente da bancada parlamentar do PSD) que congrega apoios da direita e da extrema-direita – do PSD ao CDS, passando pela recentes formações IL e Chega - e a “esquerda parlamentar” relapsa, traidora e oportunista que se tem prestado a servir de muleta ao governo fascista de Costa.
O que a “renacionalização” da TAP veio demonstrar foi aquilo para que os marxistas sempre alertaram:
· No quadro do modo de produção capitalista, não é o “socialismo” nem, muito menos, o “comunismo” que se alcança com essa medida, mas sim o capitalismo de estado;
· Que, sendo politicamente correcto exigir a nacionalização dos principais activos, tal medida deve ser acompanhada por um estrito controlo operário, a exercer por quem só possui a sua força de trabalho para vender.
Para uma melhor compreensão do que acaba de ser dito, sugiro a leitura e análise do artigo que publiquei, a 15 de Janeiro do corrente neste meu blogue: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/01/tap-um-ministro-farsante-para-uma-farsa.html
As ilusões que os partidos ditos de esquerda – PCP e BE, mas não só – criaram em torno da questão das nacionalizações desarmou a classe operária e os trabalhadores assalariados da TAP. Isto, acompanhado da miserável campanha de terror e histeria em torno da crise pandémica, através da qual a burguesia pretende realizar o “Great Reset” do seu moribundo sistema capitalista.
Percebe-se cada vez melhor que a barragem de propaganda que visa paralisar milhares de milhão de operários e trabalhadores em todo o mundo, visa criar uma “opinião pública” baseada em pressupostos “politicamente correctos”, de que “todos” devemos contribuir para a “salvação da humanidade” e que, quem o não fizer, está a ser criminoso.
Esta estratégia da burguesia teve sucesso durante algum tempo, mas as lutas dos operários e dos trabalhadores assalariados em geral, começam a despontar, com grande força e dinamismo, um pouco por todo o mundo.
O que Pedro Nuno Santos, Miguel Frasquilho e Bruxelas apresentam de comum nesta alegada crise da TAP é que, todos eles estão apostados em contribuir para o “Great Reset” do sistema capitalista que visa, sobretudo, fazer com que se retomem os ritmos, cadências e volume da acumulação capitalista que assenta na exploração da mais valia (sobreproduto) explorada aos operários e restantes trabalhadores daquela companhia aérea e suas empresas satélite.
A nível mundial – e Portugal não é excepção – a burguesia está apostada em impor a diminuição dos chamados “custos de contexto” – sobretudo os salários – para poder competir com a China capitalista e demais “dragões” do Oriente. É exactamente isso que se pretende com o “acordo” de traição a que chegaram a administração da TAP, o governo de lacaios protagonizado por Pedro Nuno Santos e o imperialismo europeu, através do seu directório em Bruxelas.
Cabe aos operários, à vanguarda dos trabalhadores assalariados da TAP e suas empresas satélite, perceber isto, destacar-se de forma a isolar e expulsar do seu seio os oportunistas que traiem miseravelmente as suas lutas, reformulando os seus objectivos, direcção política e, sobretudo, apostando na nacionalização, mas com recurso ao controlo operário.
E não se deixar iludir pelo martelar da ideia que lhe querem fazer passar de que, devido à crise sistémica do sistema capitalista – que está a ser agravada pela crise pandémica – não haveria dinheiro para satisfazer, quer as suas mais que justas exigências, como a própria companhia e seus objectivos.
Para salvar o sistema bancário da bancarrota, regularizar o mercado financeiro capitalista, o actual – com os anteriores – governo distribui, “generosamente”, fundos que classificou como tendo retorno, mas que, descaradamente, já se inscrevem nas Leis Gerais do Orçamento de Estado como ... a fundo perdido!
Os operários e os restantes trabalhadores assalariados da TAP ainda vão a tempo de fazer reverter a seu favor a situação que está prestes a ser-lhes imposta pelo governo. Para isso, e face à unidade de todas as forças de direita e extrema-direita (que inclui a falsa esquerda) que contra eles estão, têm de, rapidamente, construir a sua forte unidade, baseada em princípios e não em tacticismos oportunistas.
Se o não fizerem, perdem! Perdem no imediato o seu poder de compra, a sua qualidade de vida. Mas, a médio e longo prazo, perderá a TAP que poderá ter mesmo como destino final – o que agradaria enormemente às grandes companhias de aviação europeias e não só – o seu desmantelamento e fim de vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário