É impressionante como Pedro Pacheco, um marxista açoriano, consegue fundir a métrica poética com a dialéctica marxista. E fá-lo com imensa pedagogia.
canalhas
O valor de uso
De uma mercadoria
Resulta do trabalho
Concreto
Qualitativamente diferenciado.
Só no consumo
Pode o valor de uso
Quantitativamente
Discriminar-se.
Ao invés
O valor de troca
Resulta de um trabalho
Qualitativamente indiferenciado.
É no abstrato e geral
Social tempo de trabalho
Contido na mercadoria
Que quantitativamente
O valor de troca
Se distingue.
A realização
De uma das condições
Está directamente ligada
À realização do seu contrário.
Das grandezas
Essencialmente semelhantes
Quantitativamente diferenciadas
Do valor de troca
Aos objectos qualitativamente
Distintos do valor de uso
Ocorre simultaneamente
No processo de troca
O desenvolvimento e a solução
Da relação contraditória
Do valor de troca
E do valor de uso
Em modo de produção
Burguês.
Entre o movimento
E o recurso
Entre a necessidade
E o trabalho
O capital progride
No maior controlo
Interno da produção
E na maior anarquia
Inter produtiva
Da plena concorrência
Onde alimenta
Máxima acumulação
E novos voos
Em exaltante
Assalariamento
E universal
Alienação.
O capital
Quem o possui
É a burguesia.
A força de trabalho
Quem a possui
É quem trabalha.
A burguesia compra
A força de trabalho
Ao trabalhador
Que a vende.
Com o trabalho
Anseia o trabalhador
Pão e liberdade.
Com o trabalho
Cobiça a burguesia
Multiplicação
Do capital.
Vibra a burguesia
Com o prodígio.
Revolta-se quem trabalha
Com a exploração.
Ao prodígio astúcia
E multiplicada acefalia.
À revolta inteligência
E multiplicada organização.
No braço-de-ferro
Entre o capital
E o trabalho
A exploração e a opressão
A alienação e o ludíbrio
Vence-as o trabalho
Se clarividente
E por junto
Emancipar
com a sua luta
A humanidade.
O dinheiro,
Expressão monetária
Do valor da mercadoria
Ou simplesmente
Seu valor de troca,
É instrumento pois
Mas também armadilha.
Varinha de condão
Ao múltiplo valor de uso
Do nosso encanto
Mas também logro
Para quem aliena tudo,
Saúde, território
E força de trabalho
A quem de
jure
E de facto
Só pretende
Com o valor de uso
E no valor de troca
Comer a pinha
A quem engana.
19 Fev 2021
Pedro
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