segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Quando a métrica poética se funde com a dialéctica marxista




É com enorme entusiasmo que hoje publico no meu blogue os poemas mais recentes do meu camarada Pedro Pacheco. Um marxista dos sete costados, de origem açoriana. Poemas galvanizadores, capazes de suscitar o entusiasmo revolucionário, a consciência no seio das massas proletárias e dos trabalhadores assalariados, para a necessidade de darem um combate sem quartel ao sistema capitalista e imperialista que os oprime, rouba e mata.


Valor e preço

 

Valor e preço

Não necessariamente

Se igualam

E muito menos

Se criam

No mesmo berço.

Valor mede-se

Pela quantidade

Incorporada

De trabalho

Na mercadoria.

Preço

É a procura

E a oferta

Que o determina

Ora abaixo

Ora acima

Do valor.

 

7 Fev 2021

 

Pedro


Soberana razão    

  

Marco, Euro, Libra,

Escudo, Franco, Lira:

E as mais moedas

- Coalescidas ou não.

 

De entre sem excepção

Essas tantas economias:

Todas estão a braços

- Face à suprema razão.

 

Forçadas as fronteiras

Imposta a circulação:

À abatida concorrência

- Acumulados capitais!

 

À soberana razão

As soberanas nações:

Rendidas todas dão

- Préstimos e beija-mão.

 

Beija-mão ao capital

Que do trabalho progride:

Riqueza a quem o detém

- miséria ao que a cria.

 

A soberana razão

É soberana injustiça:

Premeia quem se apropria

- Castiga quem lhe dá vida.

 

Ao capital o trabalho

Com soberana razão:

O capital elimina

- à liberta humanidade!

 

6 Fev 2021

Pedro

 

A economia da miséria

 

Não há capital

sem trabalho

Mas há trabalho

sem capital.

 

Sem trabalho

O assalariado

À traição vil

Dos canalhas

Dos sainhas

Do patrão!

 

Não há capital

sem trabalho

Mas há trabalho

sem capital.

 

Sem trabalho

E sem traição

Morre o capital

Na forçada míngua

Da miséria

Que o sustém!

 

Não há capital

sem trabalho

Mas há trabalho

sem capital.

 

Força de trabalho

É unha com carne

Com homem e mulher!

É factor de produção

Mas nem é máquina

Nem armazém!

 

Não há capital

sem trabalho

Mas há trabalho

sem capital.

 

Sem trabalho

E sem traição

Morre o capital:

Forcemo-lo à míngua

E recusemos a miséria

Que o sustenta!

 

Não há capital

sem trabalho

Mas há trabalho

sem capital!

 

6 Fev 2021

Pedro


Operários!

 

Como quem respira,

Imerso na contingência

Está o homem.

 

O horror ao olhar de hoje

Foi ontem a condição de luta

Pela vida.

 

A brutal escravatura

Teve no reverso

Aprimorada cultura

E os extensos algodoais

Foram matéria prima

Na grande revolução industrial.

 

A revolução burguesa

Na sempre renovada

Massa proletária

Levou-nos à lua

Mas também à consciência clara

Da humanidade de quem trabalha

Emancipar-se

De retrógradas peias

Falentes concepções

E abusivos actos.

 

4 Fev 2021

 

Pedro


O escravo e o assalariado

 

Entre escravo

E assalariado

Medeia tempo

Mas não fronteira.

 

Do corpo e da força

A terreiro

Muda só mercador

E grilheta.

 

À corrente o escravo

Merca-o outro,

O traficante.

 

À grilheta do pão

Merca o próprio

Seu trabalho.

 

Escravo do outro.

Escravo de si próprio.

Ambos escravos são!

 

3 Fev 2021

Pedro


Se o dinheiro é trabalho alienado

Justo é reclamá-lo quem trabalha

 

Se o capital é trabalho acumulado;

Se o valor enquanto valor de troca

Mede-se pela quantidade de trabalho

Que na mercadoria está incorporada;

Se o preço é a expressão monetária

Do valor de transacção da mercadoria;

Se do capital é o dinheiro lídimo rosto;

Então o dinheiro como tal nada mais é

Do que a alienação do trabalho

Por terra e por mar planetariamente

Levada hoje a cabo pelo capital!

 

Como o capital é trabalho acumulado

Para mais capital acumular, exacerbado,

Em exploração e alienação generalizadas;

Como o dinheiro é trabalho alienado;

Como em moeda o capital se mede e opera;

O dinheiro é expressão simultânea

Do criado e alienado por quem trabalha.

 

Como no modo de produção burguês

O produto vale pelo sobreproduto

E o sobreproduto valida o consumo;

Como sobreproduto são horas não pagas

Pelo salário pago ao assalariado;

Como com o que não é pago é que o capital cresce

Como o que não paga e o detém é que enriquece

É na alienação do seu trabalho

Ao detentor do capital que lho consome

Que o assalariado, mercador de si próprio,

À grilheta do pão que cria

A si próprio empobrece:

Justo pois reclamar o que lhe tiram.

E justo ainda economicamente

Ao produto dar a primazia!

 

4 Fev 2021

Pedro


Dinheiro

E negação da negação

(“O capital é trabalho acumulado” K. Marx)

 

 Dinheiro é trabalho alienado.

É representação no lugar do representado

Que há quem tome pela que representa!

 

Mas nem oiro nem prata

Ou outra forma de moeda

Se bebe e se mastiga.

Não nos cobrem a guardar do frio

Não nos defendem do sol, do vento e da chuva,

Não curam doença

Nem nos transportam às cavalitas

A parte alguma deste mundo.

 

Dinheiro é trabalho alienado

À força de se ter e se não ter

Imagem socialmente validada

Do que a uns se priva

E privado a outros se impõe.

 

O dinheiro é a alienação do trabalho

No braço-de-ferro

Entre quem cria e não cria

Entre quem frui e não frui

Entre quem cria e não frui

E entre quem frui e não cria.

 

Dinheiro é produto quantificado

Na quantificação do alienado.

Com ele tudo se compra  e tudo se vende

Em portentosa e grotesca troca universal.

A inventiva, ludibriosa, transitória

Compreendida e enfim domada

Dúplice necessidade da necessidade humana

Na luta e universalidade de quem trabalha

Terá lídimo ocaso e sequente termo.

2/3 Fev 2021

 Pedro


Merda

 

(A propósito do revisionismo)

 

Merda merda

É merda.

Merda compostada

É vida

A fertilizar

A terra.

 

(Compostemos a merda revisionista!)

 

12 Jan 2021

 Pedro




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