É com enorme entusiasmo que hoje publico no meu blogue os poemas mais recentes do meu camarada Pedro Pacheco. Um marxista dos sete costados, de origem açoriana. Poemas galvanizadores, capazes de suscitar o entusiasmo revolucionário, a consciência no seio das massas proletárias e dos trabalhadores assalariados, para a necessidade de darem um combate sem quartel ao sistema capitalista e imperialista que os oprime, rouba e mata.
Valor e preço
Valor e preço
Não necessariamente
Se igualam
E muito menos
Se criam
No mesmo berço.
Valor mede-se
Pela quantidade
Incorporada
De trabalho
Na mercadoria.
Preço
É a procura
E a oferta
Que o determina
Ora abaixo
Ora acima
Do valor.
7 Fev 2021
Pedro
Soberana razão
Marco, Euro, Libra,
Escudo, Franco, Lira:
E as mais moedas
- Coalescidas ou não.
De entre sem excepção
Essas tantas economias:
Todas estão a braços
- Face à suprema razão.
Forçadas as fronteiras
Imposta a circulação:
À abatida concorrência
- Acumulados capitais!
À soberana razão
As soberanas nações:
Rendidas todas dão
- Préstimos e beija-mão.
Beija-mão ao capital
Que do trabalho progride:
Riqueza a quem o detém
- miséria ao que a cria.
A soberana razão
É soberana injustiça:
Premeia quem se apropria
- Castiga quem lhe dá vida.
Ao capital o trabalho
Com soberana razão:
O capital elimina
- à liberta humanidade!
6 Fev 2021
Pedro
A economia da miséria
Não há capital
sem trabalho
Mas há trabalho
sem capital.
Sem trabalho
O assalariado
À traição vil
Dos canalhas
Dos sainhas
Do patrão!
Não há capital
sem trabalho
Mas há trabalho
sem capital.
Sem trabalho
E sem traição
Morre o capital
Na forçada míngua
Da miséria
Que o sustém!
Não há capital
sem trabalho
Mas há trabalho
sem capital.
Força de trabalho
É unha com carne
Com homem e mulher!
É factor de produção
Mas nem é máquina
Nem armazém!
Não há capital
sem trabalho
Mas há trabalho
sem capital.
Sem trabalho
E sem traição
Morre o capital:
Forcemo-lo à míngua
E recusemos a miséria
Que o sustenta!
Não há capital
sem trabalho
Mas há trabalho
sem capital!
6 Fev 2021
Pedro
Operários!
Como quem respira,
Imerso na contingência
Está o homem.
O horror ao olhar de hoje
Foi ontem a condição de luta
Pela vida.
A brutal escravatura
Teve no reverso
Aprimorada cultura
E os extensos algodoais
Foram matéria prima
Na grande revolução
industrial.
A revolução burguesa
Na sempre renovada
Massa proletária
Levou-nos à lua
Mas também à consciência
clara
Da humanidade de quem
trabalha
Emancipar-se
De retrógradas peias
Falentes concepções
E abusivos actos.
4 Fev 2021
Pedro
O escravo e o assalariado
Entre escravo
E assalariado
Medeia tempo
Mas não fronteira.
Do corpo e da força
A terreiro
Muda só mercador
E grilheta.
À corrente o escravo
Merca-o outro,
O traficante.
À grilheta do pão
Merca o próprio
Seu trabalho.
Escravo do outro.
Escravo de si próprio.
Ambos escravos são!
3 Fev 2021
Pedro
Se o dinheiro é trabalho alienado
Justo é reclamá-lo quem trabalha
Se o capital é trabalho
acumulado;
Se o valor enquanto valor de troca
Mede-se pela quantidade de
trabalho
Que na mercadoria está
incorporada;
Se o preço é a expressão
monetária
Do valor de transacção da
mercadoria;
Se do capital é o dinheiro
lídimo rosto;
Então o dinheiro como tal
nada mais é
Do que a alienação do
trabalho
Por terra e por mar
planetariamente
Levada hoje a cabo pelo
capital!
Como o capital é trabalho
acumulado
Para mais capital acumular,
exacerbado,
Em exploração e alienação
generalizadas;
Como o dinheiro é trabalho
alienado;
Como em moeda o capital se
mede e opera;
O dinheiro é expressão
simultânea
Do criado e alienado por
quem trabalha.
Como no modo de produção
burguês
O produto vale pelo
sobreproduto
E o sobreproduto valida o
consumo;
Como sobreproduto são horas
não pagas
Pelo salário pago ao
assalariado;
Como com o que não é pago é
que o capital cresce
Como o que não paga e o
detém é que enriquece
É na alienação do seu
trabalho
Ao detentor do capital que
lho consome
Que o assalariado, mercador
de si próprio,
À grilheta do pão que cria
A si próprio empobrece:
Justo pois reclamar o que
lhe tiram.
E justo ainda economicamente
Ao produto dar a primazia!
4 Fev 2021
Pedro
Dinheiro
E negação da negação
(“O capital é trabalho acumulado” K. Marx)
Dinheiro é trabalho
alienado.
É representação no lugar do representado
Que há quem tome pela que
representa!
Mas nem oiro nem prata
Ou outra forma de moeda
Se bebe e se mastiga.
Não nos cobrem a guardar do
frio
Não nos defendem do sol, do
vento e da chuva,
Não curam doença
Nem nos transportam às
cavalitas
A parte alguma deste mundo.
Dinheiro é trabalho alienado
À força de se ter e se não
ter
Imagem socialmente validada
Do que a uns se priva
E privado a outros se impõe.
O dinheiro é a alienação do
trabalho
No braço-de-ferro
Entre quem cria e não cria
Entre quem frui e não frui
Entre quem cria e não frui
E entre quem frui e não
cria.
Dinheiro é produto
quantificado
Na quantificação do
alienado.
Com ele tudo se compra
e tudo se vende
Em portentosa e grotesca
troca universal.
A inventiva, ludibriosa,
transitória
Compreendida e enfim domada
Dúplice necessidade da
necessidade humana
Na luta e universalidade de
quem trabalha
Terá lídimo ocaso e sequente
termo.
2/3 Fev 2021
Pedro
Merda
(A propósito do revisionismo)
Merda merda
É merda.
Merda compostada
É vida
A fertilizar
A terra.
(Compostemos a merda revisionista!)
12 Jan 2021
Pedro
As revoluções são a locomotiva da história!
ResponderEliminarKarl Marx