quarta-feira, 15 de abril de 2020

Consequências económicas do coronavirus num sistema já em falência



Por Marc Rousset.

As civilizações ocidentais materialistas, decadentes e hedonistas têm tanto medo da morte que não a querem mais enfrentar e reagir exageradamente do ponto de vista mediático face à menor epidemia. Até ao momento, as 10.000 mortes em França representam menos de 2% das 580.000 mortes anuais. Na década de 1880, a tuberculose matou 100.000 pessoas todos os anos numa França muito menos povoada. Somente a onda de calor de 2003 matou 15.000 pessoas. Para colocar as coisas em perspectiva, de acordo com a OMS, todos os anos a gripe sazonal causa 5.000.000 casos graves em todo o mundo, incluindo 280.000 a 600.000 mortes. Até ao momento, o coronavírus causou aproximadamente 100.000 mortes.

Iremos, pois, sofrer  um desastre económico em França (e em todo o mundo – Nota do Tradutor)apenas porque o país não possui máscaras e aparelhos respiratórios suficientes, devido à frouxidão das nossas elites. E o mais grave, é que esse choque económico desproporcional comparado com a gravidade real do coronavírus na saúde atingirá um sistema económico já falido, provocado por essa mesma frouxidão decadente, que se afirma pelos “direitos do homem”, hedonista, socialista, esquerdista.

Bruno Le Maire começou por nos colocar a dormir com o crescimento em França, para 2020, de -0,1% para chegar, hoje, a -6% quando, sem dúvida, estará pela ordem dos -10% - O UniCredit estima mesmo em -13,8%! Se somarmos aos 8 milhões de desempregados parciais os 2,5 milhões já desempregados mais o milhão de pais com licença médica para cuidar de crianças, isso faz 11,5 milhões de pessoas desempregadas para uma população activa de 29 milhões pessoas, ou seja, um desemprego de 39,7%! O cantar de vitória do Sr. Le Maire para ajudar o emprego não passa, de facto, de dívidas que serão adicionadas aos 2,5 triliões de euros de dívidas por pagar, para encerrar 2020 com uma dívida próxima a 120% do PIB. dos 112% anunciados, e um défice público mais próximo dos 10% do PIB do que dos 7,6% já reconhecidos. O actual plano de emergência de 100 biliões de euros com garantias bancárias para empréstimos comerciais dará lugar a outros orçamentos rectificativos.

Nos Estados Unidos, Trump acaba de aprovar uma terceira lei tributária estimulante de 2,2 triliões de dólares. Em três semanas, o número de desempregados aumentou 16,7 milhões e James Bullard, presidente do Fed de Saint-Louis, prevê uma taxa de desemprego de 30% no segundo trimestre, enquanto o PIB pode desabar para os  50%. Quanto ao FDIC, o fundo de garantia de depósitos bancários, ele representa apenas 1,41% dos depósitos. Em 1929, em três meses, o valor das acções havia caído 50% e, em 1933, eram 90% mais baratas do que no início do colapso. Segundo Kristalina Gueorguieva, presidente do FMI, 2021 poderia ser mais grave que 2020, se a pandemia durasse (não se a pandemia durasse, mas se o CONFINAMENTO perdurasse ... é a confinamento que destrói a economia ... Nota do Editor).

O BCE continua, como o Fed, a fuga para a frente antes da criação de moeda. As dívidas em grande parte não reembolsáveis ​​do BCE devem atingir, no final de 2020, 6.000 biliões de euros, ou metade do PIB da zona do euro! As comportas abrem-se para a Itália, que poderá apresentar mais de 33% de cada emissão, para além do saldo não reembolsável do TARGET 2 de 383,2 biliões de euros. O Reino Unido também está a embarcar oficialmente numa política monetária frouxa, já que o governo agora poderá pedir dinheiro faz de conta emprestado directamente ao Banco da Inglaterra.

Quanto ao plano de 540 biliões de euros da União Europeia, foi o norte da Europa que ganhou depois que os “corona bonds”  foram adiados e a única concessão formal foi a concessão incondicional de 240 biliões de euros em empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) a países como França ou Itália, mas apenas para financiar despesas com assistência médica.


A era da roda livre da produção de moeda e da dívida ilimitada está a chegar ao fim. Após a crise sanitária, teremos que enfrentar a crise económica do endividamento dos estados do sul da Europa e de um BCE falido. Trabalhar, poupar, pôr fim às políticas malucas de relançamento através do consumo de bens importados, ser sérios, como a Alemanha e a Holanda, única forma de um país não conhecer a falência e a miséria, o que a França havia entendido... em 1945! Se a zona do euro logo se desmembrar, o que é provável, os franceses não poderão senão valer-se a si próprios, não tendo eleito por laxismo, há cinquenta anos, e depois de Pompidou, senão presidentes da República cada qual mais incapaz do que o outro!











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