quarta-feira, 22 de abril de 2020

Depois do confinamento, a economia de guerra, eis o objectivo




21 de Abril de 2020 Robert Bibeau  

Por  Nuevo Curso

Esta manhã (de 3ª feira, dia 21 de Abril – Nota do Tradutor), começámos o dia com notícias de escaramuças navais no Golfo entre guardas costeiros iranianos e navios da Marinha dos EUA. O cessar-fogo geral exigido pelas Nações Unidas em todas as guerras devido à propagação da epidemia de Covid-19 nunca funcionou completamente, mas está a funcionar cada vez menos. A pandemia também acelera as tendências da guerra e deixa-nos um legado sinistro: uma reestruturação da produção mundial que prepara as economias da guerra.
Ontem (20.04), a Rússia mobilizou tropas de mercenários sírios na Líbia para fortalecer o ataque a Tripoli e testou novas armas anti-satélite.
“Ventos de guerra no mar da China meridional “
 O exército birmanês intensificou esta semana a sua ofensiva contra as províncias Rohingyas nesta semana e as imagens de refugiados mortos e à deriva a tentar fugir para a Malásia dão a volta ao mundo ... nas páginas interiores.
A troca de acusações entre a China e os Estados Unidos devido ao aumento da violência quotidiana serve ao regime chinês para canalizar a raiva e a frustração através de um nacionalismo cada vez mais xenófobo e militarista.

Não se trata apenas de propaganda comercial de guerra. No decurso dos últimos meses, os Estados Unidos aumentaram a pressão militar no Mar da China Meridional e a China esteve envolvida em conflitos aéreos com "exércitos estrangeiros". As escaramuças, muitas vezes disfarçadas de conflitos entre pescadores, já deixaram vestígios e barcos de pesca afundados.
Mas a coisa mais importante que acontece no campo de batalha não tem nada a ver com tropas, armas e conflitos abertos. A renacionalização das cadeias de produção que designámos como horizonte próximo já é um consenso mundial: a pressão para concentração do capital dentro de cada Estado tem sido o assunto favorito da imprensa económica nas últimas semanas; e nem vamos falar sobre a militarização e o controle da vida civil ligada ao confinamento e ao controle da pandemia.

A Alemanha concentrou a sua estratégia de confinamento na falta de controle na aplicação que serve para rastrear as relações sociais e os contactos dos seus cidadãos. Outros países estão a tentar implementar sistemas semelhantes, embora em alguns países como Portugal, devam voltar atrás momentaneamente por colidir com as suas próprias leis. Onde o capital nacional não é capaz de tanta sofisticação, a repressão voltou a estar na ordem do dia. Na Nigéria, o número de pessoas mortas pelas forças de segurança por não cumprimento das restrições é maior que o número de pessoas mortas pela doença.
Noutras palavras, a reorganização social e produtiva precipitada pela crise do Covid lançou as bases para uma economia de guerra.


 

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