Que o sistema económico
capitalista está putrefacto já o sabíamos. Que está cada vez mais agressivo à
medida que vislumbra o seu fim anunciado, também. Que essa agressividade se
manifesta na cada vez maior uberização
e precarização do trabalho, igualmente.
Como também sabemos, como
nos explica o materialismo dialéctico, que este extremar da exploração
capitalista vai servir de pá para o proletariado e os trabalhadores enterrarem
de vez este sistema político e económico que os explora até à medula.
A recente manifestação na
capital espanhola de motociclistas que operam para diversas plataformas
digitais de entregas ao domicilio – desde produtos alimentares, a artigos de
papelaria, passando por produtos farmacêuticos e praticamente tudo o que der
para transportar nestes meios – é bem uma prova de que estes trabalhadores se
começam a rebelar contra as condições de trabalho e insegurança que lhes são
impostas.
Não é surpresa que a
primeira manifestação sob estado de emergência e confinamento esteja a ser
protagonizada por um sector que é obrigado a trabalhar na rua e a fazê-lo sem
quaisquer direitos.
Nem mesmo a fascista
imposição do confinamento, à pala da pandemia do COVID-19 – um autêntico golpe
de estado que se registou em vários países, sobretudo no continente europeu –
impediu centenas destes trabalhadores de se manifestarem no centro da cidade de
Madrid, em Espanha.
Enquanto os sindicatos
amarelos ainda fazem “teleassembleias”para saber como atraiçoarão o espírito e
os ensinamento revolucionários do 1º de Maio, agora que lhes falha a rua para
fazer os seus desfiles carnavalescos a que chamam dia de luta, e deputados da
esquerda manca aceitam que é necessária a suspensão de direitos constitucionais
face à crise pandémica que se vive, afirmando sem vergonha que tal não coloca
em causa a democracia (???), estes trabalhadores deram a todos os seus irmãos
de classe uma lição de luta e de vida que há que seguir e que é, desde logo,
histórica!
Não há que temer a burguesia
nem a sua máquina de repressão. Muito menos quando ela se utiliza do argumento de
que está a salvar vidas para obrigar os trabalhadores a não “fazerem ondas”,
comer e calar a exploração impiedosa a que os sujeitam. Estes trabalhadores
sabem bem que a burguesia é profundamente hipócrita. O valor da vida para ela é
um mito quando desarticula o serviço público de saúde que, devido a essa
política criminosa, não estava preparado para previnir uma pandemia desta
dimensão e gravidade.
Hipocrisia que a burguesia
leva ao extremo quando, em nome do lucro, envia milhões de trabalhadores para
actividades laborais sem o mínimo de protecção contra um vírus e uma pandemia
que afirma querer travar. Ou será que o que quer travar são as eminentes
insurreições populares – de que este caso é um exemplo?
É que a burguesia tem
consciência de que elas funcionam como antecâmaras da revolução que levará à
destruição do modo de produção e das relações de produção capitalistas e da
escravatura assalariada.
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/internacional/2707-estado-de-emergencia-em-espanha-a-primeira-manifestacao-de-trabalhadores
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