Do Médiator à AstraZeneca: Mentiras e corrupção na governança francesa e europeia

 

 19 de Março de 2021  Robert Bibeau  

Por Dominique Delawarde.

Histórico, caso Médiator

Em 29 de Março, um dos maiores escândalos sanitários que afetaram directamente o nosso país irá ter o seu epílogo. É do Médiator.

Cerca de 5.000 vítimas, 376 advogados, 25 réus revelam a extensão deste escândalo no qual estão implicados a empresa farmacêutica Servier (a corruptora), mas sobretudo os presumíveis corrompidos, do aparelho executivo, político ou sanitário do nosso país, perseguidos pela justiça (fonte para a lista nominativa abaixo: Wikipédia)

Marie Thrèse Hermange, ex-senadora, relatora do relatório do Senado sobre o Médiator de 2011, que foi indiciada por tráfico de influência ou cumplicidade no tráfico de influência (segundo as fontes). Claude Griscelli, Professor de medicina, suspeito de ter alterado o relatório do Senado sobre o Médiator de 2011 por Marie Thrèse Hermange, consultora médica do laboratório Servier por 90.000 euros/ano. Indiciado por tráfico de influência. Jean-Michel Alexandre, presidente da Comissão de Autorização de Marketing (AMM) do Ministério da Saúde de 1985 a 1993, e então director de avaliação de medicamentos na Agência de Medicamentos de 1993 a 2000. Após a sua aposentadoria, tornou-se consultor da Servier através de uma empresa de fachada, renumerado com mais de 1,1 milhão de euros para o período 2001-2009. Ele é suspeito de ter sido colocado sob influência financeira pela Servier quando era funcionário público. Eric Abadie (falecido), director de avaliação da Afssaps desde 2007, responsável pela farmacovigilância, acusado de esconder que a sua esposa era a advogada dos laboratórios Servier. Dominique Maraninchi indiciada por homicídio culposo e involuntário como representante legal da ANSM (Agência Nacional de Segurança de Drogas). Michel Detilleux, Jean-Roger Claude e Bernard Rouveix:especialistas pagos pela Servier que se sentaram simultaneamente em comissões de autoridades de saúde que decidem em particular sobre produtos do grupo farmacêutico, são indiciados por "defesa ilegal de interesses". Jacques Massol, ex-membro da Alta Autoridade sanitária e da Direcção Geral da Saúde, e François Lhoste, ex-oficial de missão do Ministério da Saúde, são indiciados por "defesa ilegal de interesses".

Além das acusações contra pessoas físicas, também são edificantes as acusações contra pessoas jurídicas (Laboratório Servier, as suas subsidiárias e a ANSM:: "decepção agravada", "homicídios e lesões involuntárias" e "fraude" em detrimento da segurança social e de sociedades mútuas.

Recorde-se que os efeitos nocivos do Médiator foram denunciados já em 1997 na "revista Prescrire",que esta droga havia sido retirada do mercado em Itália (2003) e em Espanha (2004) pelos seus efeitos nocivos, mas que foi capaz de permanecer em França até Novembro de 2009 graças à corrupção pela "Big Pharma" que gangrena as instituições políticas e de saúde da França. É surpreendente e chocante para pessoas honestas e vítimas que a justiça tenha levado 11 anos para a ser feita neste caso quando vários réus e muitos denunciantes já morreram.

Não seria de estranhar, por outro lado, que a escala e a extensão da corrupção sendo o que eles se tornaram, hoje, no nosso país, o veredicto de 29 de Março no julgamento do"Médiator" fosse mais brando do que o esperado para os corruptores e os corrompidos ... "Dependendo se você é poderoso ou miserável, as decisões  judiciais vão torná-lo branco ou negro...."

É neste contexto legal que surge a pandemia Covid-19. Devemos fazer notar que, infelizmente está tornar-se cada vez mais clara a gestão calamitosa desta epidemia em França e que nada realmente mudou em termos da corrupção que ainda é muito grande para alguns dos nossos funcionários políticos e para as nossas instituições de saúde.

Não é sem razão que a Transparency International  já denunciou essa corrupção pela indústria farmacêutica, https://www.lesechos.fr/2016/06/transparency-international-denonce-la-corruption-dans-lindustrie-pharmaceutique-207127 e que a esta tenha sido, no passado, regularmente apontado o dedo, com argumentos a apoiar, por alguns meios de comunicação. https://www.monde-diplomatique.fr/2003/10/RIVIERE/10610

O problema hoje é que a grande media francesa não denuncia mais esse tipo de "detalhes". Eles fazem uma causa comum com os laboratórios por uma razão muito simples. Um punhado de bilionários assumiram o controle de 90% da media em França. A conivência e o conluio entre eles e os políticos no poder que concedem os subsídios são, bem entendido,  de interesse mútuo. O seu conluio e conivência com os bilionários que controlam a Big Pharma, o GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon, Microsoft), os bancos e a especulação no mercado de acções, também são de benefício. Os tubarões não se devoram uns aos outros, especialmente quando pertencem ao pequeno mundo que controla as finanças e a economia mundial e, na maioria das vezes, pertencem à mesma comunidade.

Corruptores e corruptores

Mas para que haja corruptores, deve haver funcionários políticos e sanitários dispostos a serem corrompidos. Infelizmente, isto é frequentemente o caso na Comissão Europeia e no Parlamento Europeu, mas também nos executivos de todos os Estados da UE, e, no que nos diz respeito, no executivo francês e nos seus organismos de saúde.

A partir de Janeiro de 2020, 11.882 lobbies foram registados no chamado registro europeu de "transparência": https://www.touteleurope.eu/actualite/fact-checking-bruxelles-strasbourg-nids-de-lobbyistes.html Segundo as fontes, entre 25.000 e 30.000 lobistas exerceriam a sua influência em Bruxelas, dos quais 7.526 estão credenciados num parlamento que não conta senão com 751 membros.....

O Caso Remdesivir

Analisar as sagas relativas à compra maciça pela Europa e à surpreendente promoção de uma droga notoriamente prejudicial (Remdesivir) que, infelizmente, lembra a anterior da Médiator. Analisar a escolha de uma consultoria sobre a estratégia vacinal de uma caótica e desorganizada campanha de vacinação francesa, com vacinas ainda "experimentais" e, portanto, não "bem sucedidas",tudo isso é edificante para aqueles que concordam em se envolver neste exercício.

Não há mais dúvidas de que o cabo de guerra liderado pelos substitutos corruptos da Big Pharma e os seus cúmplices retransmissores da grande media contra a cloroquina e a azytromicina recomendada pelo Professor Raoult tinha apenas um objectivo: promover o Remdesivir e a vacina, em benefício da Big Pharma.... O lamentável estudo lancet, retratado como fraude comprovada, mas pretexto em França para a proibição de médicos de familia de prescrever, mostrou de uma forma triste o quão longe os corruptores da Big Pharma poderiam ir e quão bem sucedidos na sua manobra eles poderiam ser com um aparelho executivo que pode ser mais corrupto do que noutros lugares.

A técnica usada nesta "guerra da informação" era bem conhecida e foi perfeitamente descrita por Anne Morelli. Utilizou-se o terceiro princípio elementar desta propaganda de guerra contra a cloroquina: consistia em repetir um mantra (que a BFMTV e a France Intox sabem fazer e fazem ao longo de todo o dia): "o chefe do campo adversário (Raoult) tem a cara do diabo (ou "do charlatão de serviço").

Fazer a opinião pública duvidar, resolver, desacreditar, destruir o chefe do campo adversário, é ganhar o jogo. Azar para os corruptos, Raoult é um "gigante" e não estava sozinho. Ele tinha ao seu lado a sua equipa de professores de elite da IHU de Marselha, todos mais bem sucedidos do que os outros, nenhum dos quais falhou ou traiu as suas convicções, apesar das solicitações a que tinham que ser submetidos. Ele tinha dezenas de milhares de médicos franceses atrás dele, centenas de milhares de médicos em todo o mundo que apoiaram e aplicaram o seu protocolo. Um estudo anglo-saxão mostrou que os dois medicamentos mais prescritos contra o Covid no mundo, por médicos no terreno, foram 1 - Azytromicina 54% e 2 - cloroquina 49% com resultados "observados" muito melhores do que em todos os países que ignoraram esses tratamentos eficazes e baratos. https://www.maltraites-ledoc.com/

Em relação à estratégia de vacinas em França, os mais altos níveis do Estado francês pediram a uma empresa dos EUA (Mc Kinsey) para liderá-la. Isso deve encorajar o cidadão francês a colocar algumas questões:

1 - Não há estruturas competentes suficientes em França para realizar esse tipo de missão? Por que convocar e sub-contratar uma empresa de consultoria dos EUA para uma missão que diz respeito directamente aos interesses e à saúde dos franceses? A gestão dos EUA da crise sanitária, a pior do mundo se se mantiverem os resultados, deve ser vista como um modelo a ser seguido pelos nossos líderes. 

2 - Por que escolher a empresa de consultoria "sulfurosa" Mc Kinsey cuja história recente foi marcada por repetidos escândalos? A empresa acaba de pagar US$ 573 milhões para encerrar processos contra ela em 49 estados americanos, após a morte de 500.000 americanos como resultado do uso indevido de opioides (aconselhados pela McKinsey). Esta firma também está na raiz do maior escândalo financeiro da história: a ENRON! veja o parágrafo escândalos e controvérsias no artigo da Wikipédia: https://fr.wikipedia.org/wiki/McKinsey%26_Company

3 - Não estaria por detrás da escolha de um gabinete mafioso, supostamente dos EUA, uma nova saga de corrupção da qual o aparelho estatal francês parece ter agora o segredo?

Tratando-se de atitudes contrastantes do executivo sobre a administração da vacina AstraZeneca à população, notamos que o Sr. Véran se apega, como os seus antecessores haviam feito em apoio ao Médiator, à segurança do produto, opondo-se às decisões tomadas em 7 países europeus e na África do Sul. Nota-se com diversão tingida com cepticismo e desprezo pela pessoa em causa, que a vacina é, para ele, inofensiva e, portanto, tão recomendada apesar de alguns “raros??” efeitos colaterais https://www.francesoir.fr/societe-sante/deces-post-vaccination-le-droit-de-savoir mas que a cloroquina, que, dada nas doses certas nos estágios iniciais da doença, é eficaz e não tem efeitos colaterais em milhões de pacientes, permanece proibida de prescrever em França (?????)

Tratando-se do Presidente, que gere muito melhor o seu ministro o seu risco penal, descartando a decisão da Agência Europeia de Medicamentos, ele está obviamente ciente de que esta agência europeia é agora a mais corrupta de todas, o que pode ser entendido quando dezenas de biliões de lucros estão em jogo para a Big Pharma... Sabemos antecipadamente a recomendação que será feita e que, obviamente, não levará em conta o interesse e a saúde das populações europeias.

Quando nos tornamos conscientes da corrupção pútrida em que as nossas instituições europeias e nacionais estão mergulhadas, não é mais surpreendente que uma pesquisa recente revele que Emmanuel Macron inspira principalmente "raiva" (28%), "nojo" e "desespero" (21%), vergonha (18%) para o https://www.tvlibertes.com/actus/un-sondage-revele-quemmanuel-macron-inspire-principalement-de-la-colere-du-degout-et-du-desespoir-aux-francais francês

Também não surpreende que existam inúmeros pedidos de resistência civil na web: https://videos.files.wordpress.com/kAglcnp3/appel-a-la-resistance-civile-et-au-reveil-des-consciences_mp4_dvd.mp4

Nada supera, em conclusão, um pouco de humor relacionado com a situação que conhecemos:

https://www.youtube.com/watch?v=STPopTOrPVE (Os cornudos da Informação – em francês - les Guignols de l’Info - NdT).

Menos engraçado: A crise sanitária custou ao Estado mais de 160 biliões de euros em 2020 (lefigaro.fr)

Nota do Tradutor: o Médiator é um medicamento para a diabetes que, somente em França, terá sido responsável pela morte de 500 pessoas (em Portugal foi comercializado com o nome Mediator)

Fonte: De Médiator à AstraZeneca: Mensonges et corruptions au sein de la gouvernance française et européenne – les 7 du quebec