Primeiro colocaram em causa os números que denunciámos no nosso artigo – Prossegue a política assassina do confinamento – suavizado ou não! – relativo ao número de consultas, cirurgias e tratamentos oncológicos que foram suspensos por determinação da DGS e do Ministério da Saúde, no quadro da “emergência sanitária” provocada pelo COVID-19.

Depois, acusaram-nos de alarmistas por termos evidenciado que aquelas decisões tinham provocado um outro tipo de pandemia, não COVID-19, responsável por 4 mil mortes a mais do que em período homólogo do ano passado.
Pois bem, é um estudo publicado na revista científica da Ordem dos Médicos que esclarece que o número de mortes registado em Portugal pode chegar a um valor que representa cinco vezes mais do que aqueles que foram atribuídos ao COVID-19. Números que, como tem sido óbvio, nada têm a ver com os “dados oficiais”!

Um dos autores do estudo, António Vaz Carneiro, considera que “...o estado de emergência em que Portugal tem estado levou a várias medidas restritivas com impacto, por exemplo, na redução da mortalidade por acidentes de viação ou de trabalho e também a uma quebra no número de outras infecções características desta época do ano ou de alturas de menor isolamento social, que devem ser descontadas dos resultados analisados”.
Por isso, conclui este autor, “...o número de mortes a mais identificadas é ainda maior do que se pensava, ao não se considerar esta quebra nos óbitos na estrada ou de trabalho”
O que é relevante, é o facto de este estudo agora divulgado apresentar dados muito superiores aos estimados, na semana anterior a este estudo, pelo Barómetro COVID-19, da Escola Nacional de Saúde Pública que, mesmo assim, já havia apontado para um excesso de mortalidade de 1255 óbitos, dados que, no entanto, só contemplavam o período entre 16 de Março e 14 de Abril.

Uma das conclusões que se pode inferir deste estudo é a de que, dado o espaço temporal limitado a que se reporta, quanto mais prolongado no tempo for o estudo, e não se tendo registado, no essencial, qualquer alteração do quadro que, segundo os autores, terá levado a este excesso de mortes, maior será o excesso de mortes a registar num futuro próximo.
Outros números igualmente preocupantes indicados por este estudo e que, segundo os seus autores podem “justificar” este excesso de óbitos, são os seguintes:
• Entre 1 de Março e 22 de Abril houve menos 191 666 doentes com pulseira vermelha nos hospitais
• Menos 300 159 com pulseira laranja
• E menos 160 736 com pulseira amarela
• Menos 300 159 com pulseira laranja
• E menos 160 736 com pulseira amarela

Com “...uma quebra colossal no número de doentes que vão à urgência...”, como denuncia o Bastonário da Ordem dos Médicos, a que não será alheio o facto de se terem registado em Março deste ano menos 246 mil episódios de urgência – por comparação com período homólogo do ano passado –, a combinação entre as decisões da DGS e do Ministério da Saúde em suspender consultas médicas e de enfermagem hospitalares, cirurgias e tratamentos oncológicos, e o medo induzido nos utentes sobre o risco que corriam ao dirigir-se às urgências das unidades hospitalares de referência, em serem infectados por COVID-19,foi certamente responsável por este quadro criminoso.

Pelo que reiteramos a imperiosa e urgente necessidade da demissão, quer de Graça Freitas, Directora-Geral da Saúde, quer da ministra que tutela a DGS, a Ministra da Saúde Marta Temido.
26Jun2020
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/89-saude/2742-covid-19-anatomia-de-um-crime-anunciado
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