Por
Charles Hugh Smith − Fonte Of
Two Minds
Quando seca o lago
dos maiores imbecis, as acções colapsam independentemente do que o Fed possa
fazer ou dizer.
O ponto de vista
convencional quer que a Reserva Federal,
criando triliões de dólares ex-nihilo,
vai desencadear a inflação. Olá, não tão rápido!
Sim, criar milhares de biliões de dólares do nada reduzirá o
poder de compra de cada dólar - o que chamamos de inflação - mas antes disso
todas as nossas bolhas de activos sem precedentes explodirão e o seu valor
colapsará com elas.
Designamos por
dilúvio deflacionário quando os preços insustentáveis dos activos são
desgastados por uma forte chuva de realidade.
40 anos de Histórico das bolhas de
activos
A bolha monstruosa da FED, agora fora de
controlo
Para compreender a enormidade das bolhas actuais, queiram
consultar o quadro acima.
O primeiro gráfico ilustra as bolhas accionistas
recentes. Notem na extrema altura da bolha actual.
O
gráfico seguinte mostra o S&P 500, e a extraordinária amplificação da bolha que atingiu
o seu apogeu em Fevereiro de 2020.
Notem que cada rampa mais pronunciada leva menos tempo
para chegar ao seu apogeu. A recuperação mais recente ganhou cerca de 870
pontos somente em dois meses – um movimento que demorou cerca de 5 anos no início
dos anos 2000.
O imobiliário e os outros activos
insuflaram igualmente bolhas sem precedentes.
Os velhos bungalows
que se vendiam a 150.000 dólares há menos de 20 anos, valem agora mais de um
milhão de dólares.
O que tornou isto possível ? Pois bem,
uma bolha de dívida equivalente.
Todos os sectores - famílias, empresas e governos – contraíram
empréstimos de somas astronómicas para insuflar a bolha. Nessa maré crescente
de moeda e capital, tudo o que tinha valor de escassez - imóveis, arte, acções
- era comprado com dinheiro emprestado
como reserva de valor e / ou fonte de rendimentos num mundo faminto pelo
baixo rendimento em títulos do Tesouro de baixo risco, cujos bancos centrais
baixaram as taxas de juros para quase zero.
Os activos não têm razão para aumentar,
mas os juros e o capital da dívida devem ser pagos.
É o busílis com a compra de activos baseado em
dinheiro emprestado.
O preço dos activos é
fixado na margem. Num bairro de 100 casas, o preço de todas as casas é
definido pela última venda até à data. Se cada casa fosse avaliada em 1 milhão
de dólares e três casas fossem vendidas por 800.000 dólares, o valor das outras
97 casas cairia para 800.000.
Todas as bolhas
repousam num imbecil, pronto para pagar um preço mais alto do que o imbecil anterior.
O problema é que mesmo a oferta dos maiores imbecis cai rapidamente para zero
quando a euforia é substituída pelo medo
e os compradores marginais não estão mais dispostos a pagar quantias absurdas
por casas, acções, barcos etc.
Cada imbecil que abandona um mercado
espeta um alfinete na bolha.
À medida que os preços começam começam a sofrer erosão, aqueles que compraram os activos sobre-valorizados com dinheiro emprestado começam a perceber que precisam pagar juros, mesmo que o activo perca valor. A única opção racional é sair a correr para vender o activo.
Mas como muitos compradores recentes pagaram com dinheiro
emprestado, a saída é
rapidamente bloqueada por vendedores desesperados. Isso desencadeia um
colapso do mercado, porque compradores marginais, ansiosos por vender, baixam os
seus preços, enquanto o rebanho delirante ainda acredita que as avaliações da
bolha não só não são justas, mas "sub-avaliadas".
É por isso que a maioria se recusa a vender até que seja
tarde demais. Eles acreditavam nos contos de fadas do " imobiliário que
nunca cai". A Apple é uma pechincha
de 300 dólares - (sic), veja a tabela abaixo, etc. - e as pessoas não estão
dispostas a abandonar as suas crenças, mesmo quando o dilúvio deflacionário lhe
tira a sua riqueza.
No momento em que se dão conta da impossibilidade de
recuperar a sua riqueza, é demasiado tarde para fazer outra coisa que não seja
recuperar o que sobra, vendendo de imediato.
As bolhas têm tendência para subir ou descer numa
simetria aproximativa, o que significa que elas têm tendência
para voltar do avesso qualquer bolha, se bem que a queda seja muitas vezes
bastante mais rápida do que a ascensão.
O maior de todos os contos de fadas é o
de que a FED nos apoia.
A crença aqui é que todos os dólares criados do nada pela
FED irão para as acções. Mas não há nenhum mecanismo causal real nessa crença;
a FED pode criar dólares do nada, mas eles não vão para o mercado de acções;
eles podem ir para outro lugar. Eles só afectam as acções porque os
financiadores, bancos e outras pragas e predadores estão a contar com novos
grandes imbecis para pagar preços cada vez mais altos pelas acções por causa da
sua crença equivocada de que o novo dinheiro da FED está incorporado
magicamente nas acções.
Uma vez que o lago dos maiores imbecis seca, as acções
entram em colapso, independentemente do que a FED faça ou diga, a ponto de a
FED obter a permissão para comprar acções directamente [em vez do maior imbecil, NdT]. É então que a inflação que todos antecipam começará.
Mas a inflação é tão indisciplinada quanto uma bolha de activos, e o controle nunca
é tão completo quanto a FED pretende.
Primeiro o dilúvio deflacionista, depois o tsunami inflacionista.
Os dois destroem a riqueza daqueles que acreditam em
contos de fadas.
Escalada implacável
da financeirização e da desigualdade
O cenário optimista : seja uma plataforma permanente a
300 dólares, seja uma duplicação a 600. Será que o histórico
confirma qualquer destes cenários ?
Charles Hugh Smith
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