30 de Maio de 2020 Robert Bibeau
Título original do artigo : O mundo já passou por
isso e sabe que a rivalidade entre as super-potências não trazem senão ruína.
Por MARTIN WOLF. Financial Times. Análise e
comentários do webmagazine Les7duQuébec.net
M.W. "Como é
que o Covid-19 vai mudar o mundo?" Nós não o sabemos. Mas um resultado é
óbvio: uma deterioração ainda mais acentuada nas relações entre as duas
superpotências. Isso certamente terá consequências a longo prazo. ”
(Esta é uma maneira subtil
de descartar criminosos de guerra das suas responsabilidades económicas,
sociais, militares e políticas. Um vírus que os mercenários científicos dessas
superpotências inventaram nos seus laboratórios militares é considerado a causa
dessa "deterioração". Não é exactamente o inverso - a
"deterioração" do equilíbrio de forças concorrentes provocou esse
ataque viral mundial? De que campo veio o ataque, saberemos um dia! Les7).
"O mundo de hoje tem potentes ecos do início do século
XX, quando as rivalidades entre poderes estabelecidos e crescentes levaram à
guerra. Isso levou ao colapso de uma era de mundialização - "a primeira
mundialização". Hoje, a nossa (sic)
segunda mundialização está ameaçada. No entanto, isso é apenas parte do
desafio, pois as superpotências envolvem-se numa intensa rivalidade ". (1)
(Essa intensa rivalidade não data da pandemia (Dezembro de 2019), mas
desde o início dos anos 2000, quando se tornou óbvio que o poder hegemónico da
época estava ameaçado pelo colapso económico, incapacidade industrial e
impotência militar - mais a uma série de contratempos no Oriente, em
particular, quando fica claro que o desafiante chinês tinha capacidade e
ambição para assumir a pole position.
Les 7)
Os últimos 40 anos foram formidáveis para a ascensão da China |
"Considerem os eventos recentes. Donald Trump atribui ao "vírus de
Wuhan" da China o impacto devastador do Covid-19 no seu país, a fim de
desviar a atenção dos seus próprios fracassos. A China autocrática de Xi
Jinping impõe uma legislação draconiana de segurança em Hong Kong,
violando as obrigações do tratado. O governo dos EUA publicou nomeadamente uma
nova abordagem estratégica face à República Popular da China, guiada pelo que
chama de "realismo de princípio". Essa abordagem destaca a ameaça que
a China representa para os interesses económicos e de segurança nacional dos
Estados Unidos. ”(2)
MW. “O início do século XX também
foi uma era de mundialização e rivalidade desenfreada entre grandes potências,
com a queda do poder económico relativo do Reino Unido e a ascensão da
Alemanha, Rússia e Estados -Unidos. Se a ascensão dos Estados Unidos foi a mais
importante, a proximidade tornou decisiva a competição entre a Alemanha,
determinada a aproveitar o seu lugar ao sol, e o Reino Unido, que via a
Alemanha como uma ameaça mortal para a sua independência ".
(Disparate Senhor Wolf. A ascensão do poder alemão ameaçou a hegemonia
em declínio do Império Britânico e não a sua independência. A ascensão do
imperialismo americano foi directamente direccionada contra os ex-impérios
coloniais britânicos, franceses, italianos , Alemão e japonês, enquanto a
expansão do imperialismo alemão estava principalmente orientada para as
"terras altas" do Oriente, como a URSS teve que aprender às suas
custas. Les 7)
MW."Um
artigo fascinante de Markus Brunnermeier e Harold
James, da Universidade de Princeton, e Rush Doshi, de Brookings,
sustenta que" a rivalidade entre a China e os Estados Unidos no século XXI é
estranhamente semelhante à que existia entre a Alemanha e a Grã-Bretanha no
século XIX ". Essas duas rivalidades ocorreram num momento de
mundialização económica e de inovação tecnológica rápida. Ambos se
caracterizavam por uma crescente autocracia, com uma economia protegida pelo
Estado, que desafiava uma democracia estabelecida com um sistema de livre
mercado. Além disso, as duas rivalidades colocaram em cena países presas de uma profunda interdependência, com ameaças tarifárias,
normas, roubo de tecnologias, um poder financeiro e de investimentos em
infraestruturas para tirar proveito deles. ”(3)
(Observações muito criteriosas por parte dos académicos
pequeno-burgueses de serviço. De facto, desde a expansão global do modo de
produção capitalista - que os intelectuais designam como Mundialização - o processo de propagação do imperialismo é
sempre idêntico. Ele bebe na fonte do processo de produção e comercialização
das mercadorias, sempre mais tecnológicos e produtivos - e, portanto, rentáveis-
e encontra a sua conclusão no domínio sem partilha - hegemónico - de uma
superpotência e do seu campo, mas somente após uma guerra mundial que partilha os
despojos dos vencedores e dos vencidos procurando pela guerra resolver a
contradição antagónica entre a expansão das forças produtivas vivas e fixas e
as restrições das relações de produção paralisadas. Les 7)
A China tornou-se, de longe, a líder mundial de exportação de mercadorias
|
M.W. "Os ‘retardatários’, como
a Alemanha na época (1930) e a China hoje, simplesmente não aceitam ser prejudicados
de forma permanente. O mesmo aconteceu com os Estados Unidos no século XIX. Alexander
Hamilton desenvolveu o argumento para a proteção das indústrias
nascentes. O Reino Unido passou para o comércio livre, enquanto os Estados
Unidos continuaram muito proteccionistas. O Reino Unido procurou proteger a sua
propriedade intelectual, enquanto os Estados Unidos tentaram roubá-la. Tal rivalidade
é inevitável”
(De facto, sob o modo de produção capitalista baseado na competição e na
corrida aos lucros como um modus vivendi para garantir a valorização-reprodução
do capital - da vida dito de outra formam - o livre comércio e o proteccionismo
são apenas os dois lados da mesma máscara imperial. Aliás, é fraudulento fingir que os Estados
Unidos são contra o comércio internacional, pelo contrário, os EUA são
ferozmente a favor do "livre comércio" ... nos seus termos, como no uso
obrigatório do dólar padrão, e outras restrições que lhes tragam vantagens.
Quando é que estes estereotipados editorialistas entenderão Donald Trump e a sua
camarilha? Les 7)
M.W. "O
conflito que começou em 1914 não terminou senão em 1945, com a Europa, o leste
da Ásia e a economia mundial em ruínas. Foram necessário o surgimento de novas
grandes potências no cenário mundial, primeiro os Estados Unidos, para
restaurar a paz e a estabilidade mundiais, mesmo que de forma imperfeita (sic).
Como o mostra Maurice Obstfeld, antigo economista-chefe do FMI, noutro
excelente artigo, foram necessários 60 anos para que a integração económica não retornasse aos níveis de 1913 em relação à
produção mundial. A mundialização
foi de seguida muito mais longe, antes da crise
financeira mundial de 2008. Ao fazer isso, também levou a uma redução
significativa da desigualdade e da pobreza em massa no mundo.(4)
(É necessário demonstrar
um alto nível de desfaçatez para proclamar os benefícios do imperialismo
assassino (que Wolf designa como 'integração
económica e mundialização') no decurso dos 60 anos da "Guerra Fria"assassina, que viu suceder-se
uma trintena de conflitos regionais que custaram a vida a milhões de vítimas
locais e colaterais (fome e desnutrição, pobreza, drogas, tráfico humano,
etc.), no Terceiro Mundo é verdade. Um assassinato fora da capital imperial n
pode não ser um assassinato para o adulador do Financial Times. Les 7)
As subidas e descidas do comércio mundial. Relação das exportações globais com o PIB
A azul : mercadorias ; a vermelho : mercadorias e serviços
|
(A apoteose aproxima-se
e o escriba de serviço concentra-se no seu alvo. Voltemos a cada uma dessas
alegações. O enfraquecimento da mundialização não começou com a crise
financeira, Sr. Wolf. A crise financeira de 2008 foi a consequência - a
materialização - a expressão do colapso da hegemonia imperial americana e da
ascensão do desafiante chinês.Não foi o Covid-19 - a pandemia - que acentuou a
tendência de queda na taxa de lucro e a tendência depressiva da velha potência
imperial.É o confinamento mortal como táctica de combate face ao ataque com a
arma viral que causou o aprofundamento da crise económica que já se arrasta há
anos. É preciso dizer,no entanto, para defesa dos fantoches políticos que
governam, que esta guerra viral letal de
uma tal magnitude é a primeira nos anais mundiais. Sr. Wolf, a por assim
designada "recuo nacionalista" dos políticos burgueses não passa de
uma mímica que não durará mais tempo do
que uma primavera e a atenuação da propagação da bomba de Coronavírus. A época
não é mais de chauvinismo estreito. Passemos por essa lança
"Democrata" que você retira ao Presidente "Republicano",
por assim dizer incompetente(!). Terminemos com esta pérola imortal, Sr. Wolf.
Agora que a 4ª Guerra Mundial já está em andamento sob os seus olhos descrentes
observe que: "Até um conflito armado é possível" (!). Les7)
M.W. Como o fez valer Larry Summers, o Covid-19 parece ser um momento charneira da história. Não é tanto porque modifica as tendências,
mas mais porque as acelera. (Isso, é
exacto. Nota do editor do Le 7)
É razoável apostar que o mundo que emergirá do outro lado da pandemia será
muito menos cooperativo e aberto do que aquele que entrou. É aí que as
tendências actuais nos levam. (Isso é
totalmente falso. O modo de produção capitalista - o mundo como o editorialista
lhe chama - nunca foi cooperativo - solidário e aberto. Nota do editor do Le 7).
M.W. “Mas isso
não torna a coisa desejável. Quando olhamos para os terríveis erros do passado,
devemos ficar impressionados com seu carácter
compreensível e humano, e com o facto de que a deriva para o conflito e o
colapso económico parecia inevitável aos olhos dos responsáveis. Devemos
igualmente ver que o nacionalismo cego e os fantasmas de grandeza não
produziram um elegante equilíbrio de poder, mas um cataclismo. Foi a partir
dessa catástrofe que nasceu o mundo da cooperação institucionalizada. Este tipo
de mundo não se tornou menos necessário. Ele tornou-se justamente muito mais
frágil. "
A mundialização trouxe uma diminuição da desigualdade mundial |
M.W. “Acima de tudo, não devemos
esquecer que a competição desenfreada
das grandes potências normalmente (mas nem sempre) terminou. Ainda assim, a
economia mundial hoje está muito mais integrada do que nunca e os custos da
desmaterialização devem ser proporcionalmente mais elevados. Também nos devemos lembrar que as armas que
temos hoje são muito mais destrutivas do que as de há um século atrás.
Desta vez ainda, não existem potências
externas capazes de salvar a China e os Estados Unidos de si mesmos. Talvez
o mais importante seja que precisamos de um nível de cooperação mundial muito mais alto do que nunca para gerir o nosso
património comum. Vivemos tempos difíceis e perigosos. Temos que estar à
altura da situação, mas não estamos. É um facto. Reconheçam isso. ”
NOTAS
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