Reunido com os presidentes de Câmaras Municipais dos 5
maiores concelhos do Distrito de Lisboa – Sintra, Amadora, Odivelas, Loures e o
próprio concelho da capital - o governo
de Costa não vislumbrou melhor medida, face ao recrudescimento de casos de
infecção por COVID-19, do que ameaçar
uma reversão de algumas das medidas de “desconfinamento”, atribuindo essa
responsabilidade àquilo a que chamam – Costa, Marcelo, Medina, Basílio, Bernardino
e quejandos – “comportamentos desviantes”, sobretudo de alguns jovens.
O que esta gente tenta escamotear é o falhanço da estratégia
de confinamento assassino. Segundo a OIT - Organização Internacional do
Trabalho -, estima-se que a crise económica causada pelo COVID-19 poderá
destruir até 24,7 milhões de empregos em todo o mundo.
Um cenário pessimista que poderá vir a revelar-se maior que
o causado pela crise de 2008 – 2009, em que 22 milhões de trabalhadores
perderam os seus empregos. Isto, claro, sem falarmos no facto de o sub-emprego,
o trabalho precário, o trabalho “informal”, estar a registar uma dramática
tendência para aumentar, na exacta proporção das consequências económicas da
pandemia.
O lay off, combinado
com a redução de horários e salários, fará com que os números hoje divulgados
pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que refere um aumento brutal do
desemprego – 34% em Maio – estejam muito longe daquilo que na realidade se
passa quanto a esta autêntica hecatombe que afecta, sobretudo, trabalhadores
não qualificados – que registou o maior aumento homólogo de 200%. Ou seja, só
durante o mês de Maio foram atirados para o desemprego 103 mil trabalhadores,
sendo o total de desempregados – registados nos Serviços de Emprego do
Continente e das Regiões Autónomas – de 408.934 trabalhadores. Como já havíamos
referido, este números estão muito aquém da realidade, pois não contemplam
várias vertentes estatísticas que deveriam ser contabilizadas para este efeito
e que, segundo os especialistas, podem redundar num acréscimo de cerca de 30% a
estes números, já de si dramáticos.
Este afã repressivo, acolhido por uma larga “união
nacional”, supostamente “anti-viral”, que vai desde Marcelo Rebelo de Sousa a António
Costa, passando por um fascista “arrependido” como Basílio Horta e por Rui Rio,
todos a merecer o aplauso da “esquerda parlamentar” que, cada vez mais, agita a
cauda, basbaque perante a “voz do dono”, visa escamotear o facto de que,
nenhuma das medidas de “confinamento policial e mortífero”, impostas em
Portugal, na Europa e em todo o mundo, teve qualquer sucesso.
Veja-se o caso hoje anunciado da poderosa Alemanha onde,
apesar das medidas de confinamento, do estado de emergência, e outras
redundâncias totalitárias, repressivas e fascistas, não conseguiu baixar o seu
índice de transmissibilidade (RT) viral. Muito antes pelo contrário,
apresentava hoje um RT de 2,88!!!! Veja-se o caso dos EUA, onde Trump apela aos
seus “homens” que parem de fazer testes, para que estes não revelem a progressão
da pandemia, uma atitude típica daqueles que querem tapar o sol com uma
peneira.
Num artigo que publicámos a 26 de Abril do corrente, e que
pode reler aqui - http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/89-saude/2714-uma-pandemia-paralela-diminuicao-da-procura-das-urgencias-e-consultas-hospitalares -,
denunciávamos claramente que outra pandemia se configurava no horizonte. E o
balanço, indesmentível, está aí. Em período homólogo ao do ano passado morreram
mais 4 mil pessoas em 2020 do que em 2019. Mas, não só. O quadro que mais
abaixo publicamos é bem significativo do programa assassino protagonizado pela
esmagadora maioria dos governos europeus, incluindo Portugal.
Com uma deriva preocupante, um caos sanitário previsível,
devido ao sub-financiamento sistémico do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma
Directora-Geral de Saúde absolutamente patética e uma Ministra da Saúde que se
revela uma mentirosa compulsiva, outro quadro não se poderia esperar quanto ao
que ficou por fazer:
·
51 mil cirurgias
·
400 mil episódios de urgência
·
540 mil consultas hospitalares
·
840 mil consultas de cuidados de Saúde
Primários
·
990 consultas de enfermagem
·
Menos 2.500 tratamentos oncológicos
Certamente que um dia destes saberemos com maior rigor o que
é que tudo isto representou, por um lado,
em termos de “poupança” para o SNS e, por outro, quantos destes actos
que deixaram de ter lugar no sector público, não foram “trasladados” para o
sector privado. Para o sector de análises clínicas privadas tem sido uma
autêntica festa!
Um estudo de origem francesa publicado no prestigiado British
Medical Journal, referia:
“"Em medicina: o
confinamento não existe. Não existe em infecciologia, em epidemiologia ou
em saúde pública. Além disso, é inédito na história da medicina e da humanidade!
É, portanto, necessário voltar à razão e praticar a medicina do século XXI. […]
”
Não existe nenhuma evidência científica de que,
quer na China, quer em qualquer outro país do mundo onde se tenha decidido impor
repressivamente o “confinamento policial mortífero”, que ocorresse um
“achatamento” da curva da epidemia. Muito pelo contrário, ao que assistimos é
a um crescendo de:
·
patologias psiquiátricas.
·
Paralisia do percurso escolar dos alunos e estudantes para a universidade.
·
Impactos negativos e perigos para os animais.
·
Negligência de outras doenças (especialmente doenças crónicas) e aumento da
sua mortalidade.
·
Aumento da violência doméstica.
·
Perdas económicas, desemprego e grande crise económica: isso também
interromperá o fluxo de financiamento necessário para equipar os hospitais.
Além disso, poucas pessoas sabem que a crise económica de 2007-2008 resultou no
suicídio de pelo menos 13.000 pessoas somente na Europa e na América do Norte.
·
Sérias consequências para a agricultura.
·
Desestabilização dos países e da paz social e risco de guerra.
E, conclui o supracitado estudo:
“Depois de ter exposto todos
os perigos do confinamento, fica claro que a relação benefício-riscos é extrema
e perigosamente desfavorável, especialmente porque os benefícios do
confinamento não são absolutamente baseados em evidências e chegam perto do 0 !
[...]”
Os países do mundo que adoptaram de forma cega e acrítica as
medidas desproporcionais recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
preferindo impor a estratégia do medo – que foi secundada por toda a
comunicação social a soldo do grande capital -, confinando as suas populações, estão
a incorrer numa das maiores patifarias da história contemporânea.
Estão a sonegar às populações a quem
impõem, recorrendo à repressão, o desemprego, a precariedade, a fome e a
miséria, informação vital sobre o real contexto desta crise pandémica. O de que,
como refere o British Medical Journal, a cada ano:
·
o vírus da gripe infecta 1 bilião de
pessoas em todo o mundo e mata 650.000,
·
a tuberculose, que está entre as dez principais
causas de morte no mundo e é muito mais contagiosa (um paciente não tratado
pode infectar 10 a 15 pessoas), causa 10,4 milhões de casos e mata 1,8 milhão
de pessoas.
Não nos cansaremos de denunciar esta política
assassina. Tanto mais que – e são as próprias “autoridades sanitárias” a
reconhecê-lo -, não estamos verdadeiramente, nem nunca estivemos numa crise
sanitária. E isto porque o conjunto do sistema hospitalar dos países –
incluindo o caso de Portugal – nunca chegou a estar próximo, sequer, de uma
insustentável sobrecarga.
É precisamente por isto tudo que sempre estivemos e
estaremos contra o “estado de emergência”, a política de confinamento policial
mortífero, as ameaças de “abrandamento” ou suspensão das medidas de
“desconfinamento”, qualquer acto de repressão que vise punir populações, quer
através de acções “musculadas” da polícia e das forças de “segurança” em geral,
quer pela aplicação de sanções pecuniárias que ainda agravam de forma mais
insustentável a vida do povo.
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/2740-prossegue-a-politica-assassina-do-confinamento-suavizado-ou-nao
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