Tendo feito da mentira e da manipulação
um hábito, António Costa vem, uma vez mais, fazer aquilo que sabe fazer melhor:
baralhar as cartas de forma a que o povo receba de novo o mesmo jogo viciado de
sempre.
Face à falência do Serviço Nacional de
Saúde e aos pífios ou nulos resultados obtidos com as sucessivas medida,
tomadas para, alegavam, conter a crise pandémica, medidas que foram desde o
famigerado “estado de emergência”, ao “estado de calamidade” até ao
ziguezagueante “desconfinamento/confinamento”, Costa e os seus pares, foram
sempre colocando a culpa em terceiros.
Ou era culpa do “vírus chinês” – como se
um vírus tivesse nacionalidade -, ou era culpa da falta de consciência e
civismo das populações, ou dos fornecedores de equipamentos essenciais para
fazer face à pandemia – máscaras, gel desinfectante, ventiladores, etc. – que
não entregavam as encomendas em tempo útil adequado (escamoteando que o tipo de
gestão capitalista just in time impedia as administrações hospitalares de programar stocks que prevenissem situações de
falta crítica daqueles materiais).
A culpa nunca foi atribuída ao estado
calamitoso em que sucessivos governos, incluindo os do PS, deixaram o SNS. Nem
à política de “cativações” que o ex-Ministro das Finanças Mário Centeno, copiou
do regime fascista de Salazar e Caetano. Nem aos sucessivos e patéticos
dislates da Directora-Geral da Saúde e da Ministra que tutela a DGS, Marta
Temido que chegaram a afirmar – e essas afirmações estão, felizmente,
registadas – que o vírus não era transmissível entre humanos ou, mais tarde,
que era uma tonteria usar máscara!
Como foi sempre seu costume...a culpa,
para não morrer solteira, é dos outros! Foi assim enquanto presidiu ao
executivo camarário de Lisboa, é assim desde que em 2015, graças a uma “frente
popular” que estabeleceu com as muletas do PCP/BE e Verdes se alcandorou ao
poder – e já vai no segundo governo -, mesmo em minoria!
Porém, até Costa sabe que pode enganar uma
pessoa por muito tempo, alguma pessoas por algum tempo, mas não conseguirá
enganar o povo por todo o tempo. Vai daí, arranja uns biltres como ele, que o
acompanham na montagem de mais uma campanha de alienação da realidade e culpam
os “comportamentos irresponsáveis” de um sector – significativamente o mais
jovem – da população pelos novos surtos pandémicos de COVID-19 que estão a
ocorrer em vários concelhos do distrito de Lisboa.
Com a prestimosa ajuda da comunicação
social, e de imbecis encartados como Rodrigo Guedes de Carvalho, da SIC, exibem
fotos de meia centena de jovens numa estação de serviço da Linha de Cascais a
fazer fila para comprar bebidas alcoólicas e vídeos de “raves”, uma das quais
ocorreu na praia de Carcavelos e à qual, alegadamente, acorreram cerca de um milhar
de jovens, e montam o cenário perfeito para sacudirem a água do capote das suas
responsabilidades nos surtos que estão a ocorrer.
Os operários e os trabalhadores não se
podem deixar enrolar, uma vez mais, por este tipo de encenações. Basta terem em
conta que os concelhos que agora decidiram retomar o estado de calamidade e
impor sanções pecuniárias a quem tenha os alegados “comportamentos
irresponsáveis”, são os de maior concentração de operários e trabalhadores do
distrito de Lisboa – Sintra, Amadora, Odivelas, Loures e a própria capital.
Operários e trabalhadores que são
obrigados a deslocar-se de e para os seus locais de trabalho, às centenas de
milhar por dia, em transportes públicos e privados a abarrotar, como “sardinhas
em lata”. Operários e trabalhadores que o poder burguês “encafua” aos milhares
em carruagens de comboio, mas que não quer que, face ao desemprego, à miséria,
às condições de transporte, habitação e trabalho indignas a que estão sujeitos,
se sublevem e revoltem, impondo para isso medidas como a proibição de
“ajuntamentos” com mais de 10 pessoas – exactamente como no tempo de Salazar e
Caetano e da sua polícia política, a PIDE/DGS!
Apesar de ser expectável uma maior
procura destes transportes, quer por virtude da baixa do custo dos passes
sociais, quer por virtude do desconfinamento, o governo não disponibiliza os meios
financeiros para equipar as frotas e contratar motoristas e outros
profissionais, que assegurem maior amplitude de horários e disponibilidade de
meios de transporte (vejam-se as fotos que aqui exibimos) que proporcionem
maior segurança – incluindo contra o risco de infecção – e conforto para os
seus utentes.
É necessário que os operários e os trabalhadores compreendam a manipulação de que estão a ser alvo. É preciso que
resistam ao confinamento policial e mortífero que lhes querem impor para
desarmar a sua capacidade de luta e organização. A exemplo do que estão a fazer
milhões de jovens e trabalhadores em todo o mundo – incluindo Portugal.
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/89-saude/2741-costa-o-habito-faz-o-monge
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