A revolta da juventude americana e a sua
repressão
Há duas semanas que as grandes cidades americanas foram
sitiadas pelos jovens revoltados, como testemunha aqui Jacob Crosse: https://les7duquebec.net/archives/255576.(1)
É significativo que essa revolta da juventude - comparável ao movimento de resistência
à Guerra do Vietname- ocorra no coração do império que nunca mais acaba por
romper com o seu confinamento policial mortal. De facto, dois sectores económicos,
políticos e sociológicos sofreram particularmente com os preparativos para a
guerra entre as duas superpotências e a bomba viral chamada
"Covid-19", lançada por um dos beligerantes. Ainda não sabemos qual
deles lançou o ataque, mas não demorará muito. A pandemia e, especialmente, o confinamento mortal que ela serviu para
justificar atingiram as populações pobres do Terceiro Mundo, na Índia,
África e América Latina em particular, e as populações precarizadas dos países desenvolvidos e dos países emergentes,
34 milhões de desempregados sem dinheiro nos Estados Unidos ... e esse desastre
não está senão a começar ... os economistas prevêem uma recessão ainda mais
profunda.
Confrontado com esta situação de biliões
de indivíduos
De um lado, um clã do grande capital americano (liderado
pelo democrata Obama) tenta recuperar o movimento de revolta dos jovens
americanos na sua luta eleitoral contra o eixo do mal representado por Donald
Trump. Do outro lado, uma facção republicana, um clã muito dividido,
que confirma a dureza do combate no seio da casta dos plutocratas, tenta
despertar as forças da reacção e a população assustada com esta revolta
espontânea da juventude empobrecida. A população americana já está paralisada
pela "pandemia" que vivenciou confinada, sob prisão domiciliar,
isolada e sob vigilância policial, como outras populações ao redor do mundo, diriam
vocês. Esse confinamento acentuou a angústia das populações já precárias e
empobrecidas, eis a origem dessa revolta mundializada que se manifesta nas
ruas.
Cada um dos clãs do grande capital não se importa com os
direitos das minorias desprezadas, uma vez que eles mesmos elaboraram as leis
racistas adoptadas pelos servos que construíram o imenso complexo militar,
policial, judiciário e prisional da repressão americana (de longe o maior do
mundo). Acreditam por um instante que os milhões de jovens revoltados ignorem
que o sistema americano é feito à imagem das elites e dos plutocratas que
governam os Estados Unidos?
Infelizmente, os jovens manifestantes, que não conseguiram
evitar a armadilha estendida pela pequena-burguesia, deixou-se atolar na lama
étnico-racial-comunitária, como o proclamam certos analistas. Moon of Alabama já está a
gravar a lápide tumular da revolta dos jovens: “As manifestações em breve vão
acalmar. Mas o fosso no seio da
opinião pública americana apenas se aprofundou. Os eleitores de Trump se
designar-se-ão a si próprios como "exército de Trump" e usarão o boné
de uniforme (ver link - la
casquette de l’uniforme
) "Keep America Great" para combater o"lixo Liberal". Os
democratas reagirão com slogans pró-negros, mas sem acções para eles. Escrever
"vidas negras importam" numa rua de Washington DC (ver link - une rue de
Washington DC) ou mudar (ver
link - changer)
o nome de um lugar não faz diferença para
os negros, se a polícia puder continuar como antes. Os ataques racistas nos
Estados Unidos apenas aumentarão. ":( 2). Com efeito, esse resultado é
possível, pois o objectivo de desviar o movimento para os meandros do racismo
era precisamente direccioná-lo para um beco sem saída para o liquidar.
Publicamos recentemente um artigo de Run Unz intitulado: "Qual das
superpotências está mais ameaçada pelas suas" elites extractivas "?
(uma expressão agora na moda para designar as elites contestatárias) – ver link
Laquelle des superpuissances est la plus menacée par
ses «élites extractives .(3) O autor aí constata que a chamada
recuperação económica nos Estados Unidos beneficiou 0,01% de famílias ricas
multibilionárias: "Um estudo recente revelou que, durante a nossa suposta
recuperação dos últimos dois anos, 93% dos o aumento total do rendimento
nacional chegou ao bolso desse 1%, com uma taxa delirante de 37% capturada
pelos 0,01% mais ricos da população; ou seja, 15.000 casas entre um povo que conta com 300 milhões de almas ".
Mas,
ainda mais revelador, acrescenta o autor: "As provas do declínio de longo prazo das nossas condições económicas
são ainda mais evidentes quando nos debruçamos sobre a situação dos jovens americanos. A comunicação social
nacional tem repetidamente anunciado a existência de um muito pequeno número de
jovens milionários do Facebook, mas a perspectiva é realmente sombria para a
maioria dos seus contemporâneos. Segundo uma pesquisa levada a cabo pelo Pew Center, apenas metade dos
americanos entre os 18 e os 24 anos está actualmente empregada, a taxa mais baixa
desde 1948, uma época muito anterior à chegada das mulheres ao mercado de
trabalho. Quase um quinto dos jovens de 25 a 34 anos ainda vive com os pais, e
os recursos de todas as famílias encabeçadas por pessoas com menos de 35 anos
são 68% mais baixos hoje do que eram em 1984. O incrível montante total de
empréstimos estudantis não libertáveis ultrapassou a marca de 1 trilião de
dólares e agora excede o total combinado de cartões de crédito e empréstimos
para carros; um quarto dos estudantes endividados enquadra-se na categoria de
maus pagadores, e evidências perturbadoras mostram que grande parte dessa dívida
estudantil se transformará num encargo permanente, reduzindo efectivamente
milhões de pessoas à condição de servos. Uma grande parte da jovem geração
americana parece totalmente empobrecida, e tudo indica que continuará assim. ”
Ron
Unz completa esse quadro sombrio com o seguinte: "Ao mesmo tempo, as estatísticas do comércio
internacional mostram que, apesar da boa saúde da Apple e do Google, a nossa
economia como um todo não está a florescer. Há vários anos que a nossa
principal mercadoria de exportação têm sido empréstimos governamentais dos Estados Unidos, com valores em dólares que
excedem por vezes a soma das dez categorias de exportação seguintes da lista
... "(4)
Para aqueles que desejam entender o porquê e o como desses
milhões de jovens americanos que se manifestam e se revoltam contra o aparelho
de Estado dos ricos, recomendo a leitura dos artigos que testemunham as
manifestações https://les7duquebec.net/
, a par do artigo de Ron Unz e concomitantemente com o
artigo a desmistificar a por assim dizer democracia nos Estados Unidos, desde
sempre dissimulada sob ridículas mascaradas eleitorais, uma das quais está a
ser preparada, pela enésima vez, para
Novembro próximo: https://les7duquebec.net/archives/231044(5).
Não existe um « Estado profundo »,
mas sim uma revolta profunda
De facto, as manifestações em dezenas de grandes cidades através
do mundo opuseram jovens trabalhadores, desempregados, estudantes empobrecidos,
pessoas pobres de todas as cores e nacionalidades contra o Estado dos ricos. Toda esta revolta tem fundamentos
profundos, onde o racismo não representa senão a parte visível de um sistema de
exploração que esmaga povo trabalhador como um todo. Essas manifestações, que
desafiam o confinamento mortal da polícia, constituem uma oposição real aos
preparativos para a guerra (ver link - constituent la réelle opposition aux préparatifs de
guerre), dos quais essa pandemia é apenas uma triste "chinesice"
(6).
Não é evidente que o prefeito de Minneapolis, Barack Obama,
Joe Biden e o primeiro-ministro Justin Trudeau se tenham ajoelhado em apoio a
esta revolta da juventude internacionalista!
Notas
1. Duvidosa esta pandemia misteriosa: https://les7duquebec.net/archives/255487
As estatísticas não são fiáveis: https://les7duquebec.net/archives/255102 O grande medo : https://les7duquebec.net/archives/255542
As estatísticas não são fiáveis: https://les7duquebec.net/archives/255102 O grande medo : https://les7duquebec.net/archives/255542
2.
https://lesakerfrancophone.fr/peu-de-changement-apres-ce-premier-round-de-guerres-civiles-de-2020
6.
Chinesice: objecção contestável e de má
fé; dificuldade suscitada num processo jurídico para o empatar. E https://les7duquebec.net/archives/255274
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