sábado, 20 de junho de 2020

O custo do trabalho e a intoxicação competitiva




Este artigo foi publicado em Echanges n° 142 (Outono-Inverno 2012-2013). Passaram-se 8 anos e mantém intacta a sua actualidade.
O custo do trabalho e a intoxicação competitiva
Após o banho de reforma eleitoral, o mundo do trabalho encontra-se entregue a si próprio. Os despedimentos e encerramento de empresas sucedem-se, revelando que não se trata de uma questão de poder político de esquerda ou de direita. Não existe "segurança no emprego", nem tão pouco "segurança social profissional", a precariedade crescente indica que teremos que confiar nas nossas próprias forças para enfrentar a crise.

O ministro da recuperação produtiva, Arnaud Montebourg, bem pode dizer: "Não fomos colocados no poder para fazer caçarolas de papel", ele rapidamente se verá confrontado com a matilha patronal, que exige uma baixa radical do custo do trabalho: eles querem um choque de competitividade. A queda do custo da mão-de-obra parece ser uma bomba de fragmentação: estamos a falar em proceder a uma punção de 40 biliões de euros, através do CSG, para trazer à tona o IVA social, os impostos ecológicos para acabar por dizer que deveríamos fazer uma colcha de retalhos do conjunto. Outros querem voltar para as 35 horas e fazer cair os salários assinando acordos de competitividade que resultam de acordos colectivos, e por que não ao código do trabalho que Ségolène Royal deseja simplificar.

Antes de irmos ao cerne da questão, a saber, o custo do trabalho, precisamos fazer uma breve história sobre a evolução do capitalismo.

As diferentes fases de revolução técnica e científica

Assim que o capital passar da dominação formal para a real, ou seja, da manufactura à grande indústria, ele não deixará de virar do avesso as relações de produção.

“Esse virar do avesso contínuo da produção, esse abalo constante de todo o sistema social, essa agitação e insegurança perpétuas distinguem a era burguesa de todas as anteriores. "(O manifesto comunista)


O que caracteriza o capitalismo é a sua capacidade de revolucionar permanentemente as forças produtivas, de acordo com esta ou aquela descoberta que pode ter um uso mais ou menos generalizado no mundo. Quando uma descoberta ou um conjunto de novas tecnologias se difundem amplamente por  todo o mundo, elas participam assim num salto qualitativo em todo o aparelho produtivo e falamos então de uma "revolução".

Esses saltos qualitativos são dados na esteira da grande revolução industrial, iniciada na Grã-Bretanha no final do século XVIII com o motor a vapor. Seguidamente, no início do século XX, houve uma revolução dentro da revolução, o motor eléctrico, suplantou o motor a vapor; falamos então da segunda revolução industrial. Na mesma esteira, o fordismo assumiu o nome da terceira revolução industrial. Desde a década de 1980, a quarta começou com a revolução dos computadores, telecomunicações, nanotecnologia etc. A divisão internacional do trabalho também está a dar um salto qualitativo sob o termo "mundialização". Como veremos a seguir, nem um sector, nem um assalariado, nem um membro da chamada classe média (1) são imunes à convulsão das forças produtivas actuais. Esse movimento atinge todos os lados de uma só vez, deixando para trás: desolação, precariedade, desemprego, suicídios (2)  e insurreições espontâneas ...

A produtividade é cada vez mais devida a complexos automatizados, a gestão de processos é feita em tempo real (rastreabilidade). O sistema de produção optimizada (just-in-time) espalhou-se por todos os sectores ao ponto de já estar obsoleto ... O sistema de modelização ou sistema do Lego, ver Anexo 1, apresenta-se como um terrível inimigo do emprego.

Mas como o capital só se pode reproduzir explorando o trabalho humano, do qual, e devido às suas contradições, se deve livrar continuamente até porque o capital se encontra confrontado  com o facto de ser o seu próprio inimigo. A passagem da produtividade do trabalho vivo para o trabalho morto tem como corolário o aumento potencial da precarização nos países mais industrializados e indica abertamente que, desta vez, o homem nada mais é, senão a carcaça do tempo .

Consequentemente, tudo o que se relaciona com a exploração da força de trabalho deve ser liquidado aos olhos do capital titular de relevância como incongruente e inútil, dos quais a demolição de serviços públicos, dos acordos colectivos, dos sindicatos, do código de trabalho, a precarização dos contratos de trabalho ...

"Desintegramos as instituições, degradamos as conquistas sociais, mas, de cada vez, para os preservar, para lhes dar uma última chance:" É para melhor te salvar, meu filho! "" (p. 186 de O horror económico por Viviane Forrester - 1996 - Fayard)

"Aqui está, pois, a economia privada deixada como nunca antes em total liberdade - a liberdade que ela tanto reivindicou e que se traduz em desregulamentações legalizadas, em anarquia oficial. Liberdade acompanhada por todos os direitos, de todas as permissividades. Descontrolada, ela está saturada das suas lógicas de uma civilização que termina e activando o seu naufrágio. "(p. 42 de O horror económico de Viviane Forrester - 1996 - Fayard)

O custo do trabalho em França seria um travão à exportação
É o argumento do choque, mas esta tautologia, que visa dizer que os salários determinam os preços das mercadorias, foi destruída de alto a baixo por Ricardo nos seus princípios de economia política publicados em 1817. Em "salário preço e lucro" K. Marx passa pela peneira todo esse argumentário que, para além disso, se junta à teoria do sub-consumo, que simplesmente diz que basta aumentar os salários para o trabalhador consumir e, assim, se relança o sistema. Não importa o que dizemos e o que fazemos, o sofisma da relação salário / preço das mercadorias ressurge a cada grande crise.

Um exemplo simples e superficial demonstrará que "é, em média, o trabalho bem pago que produz os produtos baratos e o trabalho mal pago que produz os produtos caros" diz-nos K. Marx em " salário preço e lucro ". Sem ir procurar os exemplos ingleses da época de Marx, é perfeitamente sabido que em 2008 a Alemanha teve um custo de mão-de-obra 29% maior que o da França, o que não a impediu de ser a campeã em exportação da UE. Depois, a Alemanha também ela recorreu ao custo do trabalho e actualmente ela faz o mesmo jogo com a França. Suzanne Berger dá o exemplo da fabricante italiana de óculos "luxottica", onde ela compara os custos de produção de três fábricas que empregam os mesmos equipamentos em diferentes países. Ela observa que o custo de dois copos numa fábrica chinesa é de 2,63 dólares, na Irlanda anda à volta de 2,49 dólares, enquanto em Itália, com salários mais elevados, o custo dos óculos é de apenas 1,20 dólares.

Pelo que é que o custo de uma mercadoria é determinado

 O preço de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho incorporado ou cristalizado que ela contém, num determinado período de tempo e num estado social determinado. Noutras palavras, quanto menos trabalho houver numa mercadoria, como resultado de um aumento das cadências de trabalho, ou do tempo de trabalho, ou do progresso técnico, mais o preço de uma mercadoria tenderá a cair. Numa linguagem comum, diz-se que o produto se democratiza.
Disso resulta que, quanto mais eficiente for a força produtiva do trabalho, mais mercadorias serão produzidas num determinado período de trabalho e, inversamente, menos produzimos no mesmo tempo. A produtividade do trabalho está no centro da competição entre capitalistas, e pode ser o resultado de muitos factores. Por exemplo, durante a Segunda Guerra Mundial, a Força Aérea dos Estados Unidos descobriu que a quantidade de trabalho necessária para construir um avião diminuía à medida que o número construído aumentava. Assim, ao longo de um ano, o tempo de trabalho necessário para produzir uma unidade caiu 20%.

A corrida à produtividade e os seus resultados.

Assim que surge o capitalismo, primeiro com a manufactura, é a força de trabalho que está no centro do sistema produtivo. Mas desde que a grande indústria faz a sua entrada, com os assalariados e a divisão do trabalho, o homem entra em concorrência com a máquina. Um processo mortal ocorrerá contra as classes trabalhadoras, e o proletariado não terá mais que lutar contra a competição de mulheres e crianças, mas contra um novo e formidável inimigo pela sua sobrevivência "o maquinismo". A era da real dominação do capital começará, graças ao "progresso técnico", que tudo irá capitalizar, colocará tudo sob o controle cada vez mais cerrado do trabalho. O homem, como Marx disse, nada mais é, nada mais é do que a carcaça do tempo, quanto mais o progresso técnico aumenta, mais o desemprego aumenta. Quanto mais o desemprego aumenta, mais é possível diminuir os salários e prolongar a jornada de trabalho.

“Um país é tanto mais rico quanto a sua população produtiva é mais reduzida em relação ao produto total; tal como para o capitalista individual, quanto menos trabalhadores ele precisar para produzir o mesmo excedente, tanto melhor para ele. O país é tanto mais rico, quanto mais reduzida for a população produtiva em relação à improdutiva, para produção igual. Porque o número relativamente baixo da população produtiva não seria senão uma maneira de expressar o grau relativo de produtividade do trabalho. "(Marx, Teorias sobre mais-valia, Edições sociais, Tomo I, p. 254) "A sobre-população relativa é tanto mais notória num país quanto o modo de produção capitalista aí está desenvolvido. "(K. Marx, T. 3, p. 251)

Actualmente, os trabalhadores temporários actuam como “exército de reserva industrial” (3), ou seja, o precariado está condenado à sobrevivência, à depravação, ao roubo, aos narcóticos e, finalmente, à morte. Em todos os grandes países ricos (4) (ex-industrializados), os estigmas de uma sociedade decadente espalham-se aos olhos de todos.

Há alguns anos atrás, pouco antes da crise financeira, os economistas voltavam constantemente à "destruição criativa de Schumpeter" provavelmente porque queriam convencer-se de que o sistema iria sempre (graças ao progresso tecnológico às inovações) superar as consequências do desgaste produtivista sobre os empregos. Tudo estava lá para os "tranquilizar". Durante mais de duzentos anos, a produção por assalariado aumentou 1300% e, ao mesmo tempo, a população activa que tinha um emprego dobrou. O progresso técnico, se atirava temporariamente milhões de desempregados para a rua, acabava sempre por criar novas profissões e os negócios retomavam o seu curso.

Foram somente as suas novas profissões as criadoras de valor no sentido do capital, ou seja, criadores de mais-valia? Todos sabem que nos países da OCDE os empregos agrícolas e industriais continuam a diminuir; mas o sector terciário não produz mais-valia, apenas a faz circular, não é gerador de valor directo. Alguns tomarão como exemplo a educação que fornece os assalariados formados no sector de valorização do capital, outros os benefícios dos hospitais que cuidam e fazem regressar o proletário ao trabalho e poderíamos prolongar a lista sem fim até às forças de segurança que forçam a retoma do trabalho. Todos se querem apresentar como úteis e essenciais para a sociedade, para salvar o seu emprego.

O enigma do abrandamento da produtividade


Os economistas vão começar a considerar que existe uma lei, a lei dos três sectores de Colin Grant Clark, que explica a mudança dos empregos de um sector para outro gerada pelo progresso tecnológico. O sector primário (o mundo agrícola) que conhece ganhos significativos de produtividade derramará seu excesso de braços no sector secundário (a Indústria), que tenderá sempre a estar em sub-utilização dos equipamentos, despejará o excesso nas empresas intermediárias e o terciário em geral.

Mas, neste estadio, os nossos economistas enfrentarão um enigma, o da desaceleração da produtividade, ou seja, para traduzir isso em linguagem marxista, uma impossibilidade de compensar a queda da taxa de lucro pela sua massa. Numa tal situação, faltava-lhes jogar com as contra tendências a essa queda, mas nada funcionou.

Os representantes do capital financeiro, vão atacar e sempre atacam com raiva, os salários diferidos, procedem à liquidação dos sistemas de pensões, saúde, direito do trabalho, praticam a deflação salarial em vez de inflação (a besta negra do capital financeiro). Privatizarão tudo, aplicarão os três D's em todo o planeta (desintermediação, descompartimentalização, desregulamentação), reduzirão os efectivos (5), industrializarão o sector terciário (correios, bancos, seguros, hospitais ...), estendendo-se a idade da aposentação para lá dos 60 anos, aos 70 anos, atacando os cuidados de saúde pública ... A gestão moderna encarrega-se de tornar rentáveis os equipamentos de informática ... Pelo que Robert Solow dirá "" Podem ver a era da informática por todo o lado, excepto nas estatísticas da produtividade ".

Mas, à chegada, não encontraram como solução senão aquela que foi denunciada pela sra. Forester, despedir e despedir sempre, para aliviar o navio durante a tempestade enquanto se esperam por dias melhores. Em 1996, Viviane Forrester, havia desvendado o sentimento profundo daqueles que pensam que o dinheiro pode gerar dinheiro sem trabalho assalariado, que ela qualificará como totalitarismo financeiro.

"Sim, mas hoje, com ou sem razão, o emprego representa um factor negativo, muito caro, inutilizável, prejudicial ao lucro! Nefasto. "(Viviane Forrester, L'Horreur économique, Paris 1996, p.102) (6)

Sobre esse assunto, Marx fez a seguinte observação:
 "O ideal supremo da produção capitalista é - ao mesmo tempo que aumenta de maneira relativa o produto líquido - reduzir o máximo possível o número daqueles que vivem do salário e aumentar o máximo possível o número daqueles que vivem do produto líquido. "(Marx, capítulo não publicado do capital, 18/10, p. 245)

As nova tecnologias, serão elas criadoras de novos empregos?


Qualquer grande crise desenvolve o seu cortejo de desempregados. A questão que se coloca e que Suzanne Berger enfatiza é se as novas tecnologias criarão novos empregos.
"Um terceiro ponto de interrogação parece-me inteiramente justificado: é a questão de saber se do progresso tecnológico actual resultará a criação de novos empregos ou não. No passado, gritávamos ao vento que não chegassem as novas tecnologias, temendo o aumento do desemprego. Com o tempo essas preocupações dissiparam-se perante o aparecimento de actividades e empregos novos, até agora inimagináveis. Mas podemos efectivamente perguntar-nos se, desta vez, as novas tecnologias não serão menos criadoras de empregos - e se esse fenómeno, combinado com as novas possibilidades de deslocalização, se vai traduzir no aumento duradouro do desemprego e na desqualificação do trabalho "(Made all over: as deslocalizações em questão. Entrevista com Suzanne Berger)

A questão deveria ser mais precisa, será que os "novos empregos serão criadores de mais-valia”?  Porque, para o capital, para que ele perdure, o emprego deve ser criador de valor. Todos os outros empregos são para ele "consumidores de mais-valor" e, portanto, empregos contraproducentes, como os representantes do capital gostam de dizer. A imprensa económica concorda que, durante a década de 1991-2001, a produtividade horária do trabalho aumentou 4% ao ano no sector industrial, enquanto apenas 1,5% a 2,5% noutros sectores. Como resultado, a queda no emprego industrial é, fundamentalmente, causada pela modernização da indústria.

Ilustração


A fábrica britânica da Nissan em Sunderland, inaugurada em 1986, é hoje uma das mais produtivas da Europa. Em 1999, produziu 271.157 viaturas com 4.594 assalariados. Em 2011, produziu 480.485 veículos, ou seja, mais do que qualquer outra fábrica de automóveis na Grã-Bretanha, com apenas 5.462 pessoas. (A Nissan anunciou recentemente que se prepara para despedir centenas de operários e trabalhadores – Nota do Tradutor)

"Fábricas foram deslocalizadas para países de baixos salários para reduzir o custo da mão-de-obra. Mas isso é cada vez menos importante: num iPad de primeira geração vendido por 499 dólares (377 euros), a força de trabalho era de apenas 33 dólares (25 euros) e a montagem final na China contava apenas com 8 dólares (6 euros). (The Economist, 21 de Abril de 2012. Steven S.)

O desemprego crónico como índice do desenvolvimentos das forças produtivas

O ideal supremo do capital financeiro foi alcançado, obteve a eliminação massiva daqueles que produzem mais-valia nos países da OCDE. Ele criou um mundo à sua imagem, o mundo daqueles que não vivem senão dos rendimentos e que, portanto, apoiam esse capital.  Os capitalistas apenas não usarão luvas contra as classes médias, eles deverão, também aí, colocar essas classes debaixo do chicote da produtividade e da obrigação de resultados.

O mundo do trabalho deslocou-se para a Ásia pacífico, fábricas gigantes foram montadas na China, tornando este país a fábrica do mundo, um acumulador de mais-valia sem paralelo na história do capitalismo. Entretanto, a China está há alguns anos (7 ) em situação de sobre-produção e é de esperar que a desaceleração da economia americana, a recessão virtual da União Europeia e o fraco desempenho do Japão (o segundo importador mundial de produtos chineses) causem uma deflagração. Não será mais possível para a economia chinesa funcionar com um mercado doméstico a absorver apenas 20% da sua produção contra os 80% que é despejada no mercado mundial.

Gérard Bad (no momento em que termino estas linhas, a Renault quer negociar um acordo de competitividade com os sindicatos e a aprovação de Montebourg)

Anexo 1 Modelização

A modelização, é um sistema que pode ser comparado ao contentor na sua lógica interna, trata-se de tornar adaptáveis ​​(modulares) peças que não tinham no sistema antigo da década de 1980, senão um destino preciso e que não pudesse ser usado noutro lugar. O sistema Lego, faz referência ao jogo Lego, porque, como nesse jogo, as peças são modulares. A abordagem modular certamente não é muito nova, mas está a passar da aplicação experimental para uma aplicação mais sistemática. Permite que as empresas sejam mais reactivas na sua estratégia de reorganização e deslocalização de determinados sub-produtos, mas, acima de tudo, economizar nos custos de mão-de-obra e de equipamentos. Essa combinação de peças com uso múltiplo pode parecer abstracta, mas acho que dois exemplos serão suficientes para tornar essa modularidade mais real.

Para o ilustrar tomemos o exemplo da Apple e a implantação do seu iPod em apenas um ano. Isso foi alcançado graças à fragmentação do sistema de produção modular, que possui um efeito multiplicador, permitindo a produção de diferentes produtos, que devem satisfazer um painel de clientes a preços muito competitivos. A  Apple também comprou a um fornecedor por metade do preço em comparação com o mercado.

A Volkswagen também aperfeiçoou o seu sistema com o anúncio, no início de 2012, da sua nova estratégia Modularer Querbaukasten ou MQB, que se pretende modular e acredita que estará à altura de produzir todos os seus modelos na mesma linha de produção.

 
Destaque

Os custos salariais totais (encargos incluídos) na indústria dos diferentes países em desenvolvimento que produzem e exportam de maneira crescente  bens manufacturados, mas também serviços, variam de 2% ou 3% (Vietname, Madagascar) a 40% daqueles que se praticam nos países ricos da Europa. Estima-se que a China esteja entre 3% e 16%, a Índia, cerca de 5%. Com o colapso do socialismo, agora existem grupos de mão-de-obra qualificada às portas da União Europeia, cujos custos atingem apenas 5% (Roménia) a 20% (Polónia, Hungria) daqueles da Alemanha. Por outro lado, os mais antigos dos "novos países industrializados" (NPI), tais como Taiwan, Singapura ou a Coreia, agora praticamente alcançaram os custos de Portugal ou da Grécia.
  
Exemplo de custos na Renault


1  
Douai Sunderland, onde se considerarmos em sentido amplo os custos salariais incluídos no valor de conversão VT, observamos que, para o Scenic, o VT representa 9,5% do preço de custo do veículo, à saída da fábrica contra 5% para o Nissan Qashqai.
2  Flins Palencia em 2 veículos diferentes, o VT é de 17% para o Clio 3, um modelo básico de baixo custo e de 4% para o Mégane
Podemos dizer que para a Renault 4 a 5% para o VT parece ser o núcleo duro a não exceder

Para se ter uma idéia para a próxima convenção Renault 2014-2016 da Renault Espanha, a poupança que se pretende por veículo produzido é de 400 € a comparar com o VT Palencia de 384 € para o exemplo citado do Mégane.
 
Notas

1.        "O que ele [Ricardo - NDR] esquece de enfatizar é o crescimento constante da classe média que se encontram pelo meio, entre os operários,  de um lado, e o capitalista e o senhor de terras, do outro, que se alimentam no essencial directamente e numa proporção de cada vez maior rendimento, que pesa como um fardo para a base da classe operária e que aumenta a segurança e o poder social das dez mil famílias mais ricas. "(Marx, Teorias sobre mais-valia, t.2, p.684, Éditions sociales)
2.       Entre 2008 e 2012, a crise custou mais 750 mortes por suicídio em França. Um flagelo e um tabú no país que tem a maior taxa de suicídios da União Europeia.

3.       Nos Estados Unidos, a fábrica da Nissan no Mississipi acaba de passar os seus efectivos de 3.400 assalariados para 2.600. Os que partem são substituídos pelo "exército de reserva industrial", que são os trabalhadores temporários. Eles representam 60% dos efectivos da fábrica.
4.       Rico é usado aqui no seguinte sentido: “Um país é tanto mais rico quanto a sua população produtiva for mais reduzida em comparação com o produto total; assim como para o capitalista individual, quanto menos trabalhadores ele precisar para produzir o mesmo excedente, melhor para ele. O país é tanto mais rico, quanto menor a população produtiva em comparação com o improdutivo, para produção igual. Porque o número relativamente fraco da população produtiva não seria senão uma maneira de expressar o grau relativo de produtividade do trabalho. "(Marx, Teorias sobre mais-valor, Edições sociais, Tomo I, p. 254)
5.       Incluindo os dos exércitos de terra em proveito de uma modernização tecnológica dos exércitos.
6.       350.000 cópias vendidas em 2000, tradução para 24 idiomas
7.       Ver sobre este assunto, o trabalho de Mylène Gaulard "queda da taxa de lucro e crescimento chinês" Professor-pesquisador em economia internacional na ISTOM, escola de engenheiros em agro-desenvolvimento Internacional, Cergy-Pontoise















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