António Costa consegue concitar o agrado e acolhimento de práticamente todos os sectores da burguesia – incluindo os da pequena-burguesia errática, social-democrata e revisionista –, sobretudo aqueles que estão mais ligados à alta finança, à indústria, à grande distribuição, à construção e especulação imobiliária, aos transportes e à energia, mas não só.
Será porque tem sido sério ou porque apresenta contas certas? Quanto a seriedade, e apesar de, para os marxistas, esse ser um conceito subjectivo e empírico – um estado de alma, se quisermos –, a história deste oportunista demonstra que é capaz de vender a alma ao diabo para tirar vantagens para si e para os seus correlegionários, para a sua “família” política, digamos assim.
Promessas faz muitas. Realizações, no entanto, nunca são as que promete levar a cabo.
Quanto a contas certas, já num artigo que publicámos nas páginas do Luta Popular – http://www.lutapopularonline.org/index.php/partido/2573-contas-certas – demonstrávamos que António Costa, de facto, sabia apresentar aos seus patrões contas muito certinhas, mais em conformidade com os interesses de quem está unica e simplesmente interessado em acumular capital à custa da exploração da mais valia produzida por quem nada mais tem do que a sua força de trabalho para vender.
E a classe operária e os trabalhadores não terão de esperar muito tempo para verificar que esta postura política irá sofrer uma “evolução na continuidade” quando os milhares de milhões de euros – quer em subsídios, quer em empréstimos com baixo ou nulo juro – começarem a jorrar da União Europeia para Portugal fazer face às consequências da crise económica e da crise pandémica.
É neste quadro que temos de entender porque é que Costa entendeu que a melhor solução para o seu governo seria dispensar o “Ronaldo das Finanças”, Mário Centeno, e enviá-lo para o “desterro” do Banco de Portugal. E, foi tão convincente, que até o directório europeu e o presidente dos afectos mitigados pela pandemia, Marcelo Rebelo de Sousa, acolheram alegremente a “solução”.
Costa, porém, não dá ponto sem nó! No quadro que agora se apresenta, precisa de um homem da sua inteira confiança que, ademais, foi preparando o total controlo sobre o Banco de Portugal e as estruturas que o supervisionam.
O Conselho de Auditoria, que tem por missão avaliar o trabalho do Governador do Banco de Portugal, integra três figuras que foram escolhidas a dedo pelo ex-ministro das Finanças, Mário Centeno: Nuno Fernandes como presidente e Óscar Figueiredo e Margarida Vieira de Abreu na função de vogais.
É muita “massa” que está em jogo. E Costa tem uma legião – desde correlegionários do seu próprio partido, a figuras de proa de partidos que o têm apoiado, passando, claro está, pela grande burguesia capitalista que o tem mantido no “trono” – de esfomeados de bico aberto à espera que na repartição do “bodo” lhes caia no bico uma parte substancial do bolo orçamental!
Como de costume, onde Costa põe a mão, será um ... FARTAR VILANAGEM!
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/2736-centeno-periodo-de-nojo-ou-javardice-politica
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