quarta-feira, 17 de junho de 2020

A polícia repressiva e a pequena burguesia errante






A partir das imagens ofensivas exibidas pela comunicação social, a conclusão parece óbvia: "Temos que admitir que há um problema de violência policial em França e nos Estados Unidos, em Hong Kong e em toda parte em democracia liberal", afirma o jornalista. atordoado https://les7duquebec.net/archives/255621.

O jornalista esquece que a polícia, as prisões e os tribunais são os órgãos da violência legal do Estado, que tem o dever de fazer cumprir a lei e a ordem do capital. Dizer que a polícia é violenta é uma tautologia associada a um pleonasmo. Esta instituição é o primeiro muro protector da ditadura dos ricos. O segundo baluarte da protecção da lei e da ordem é constituído pelo exército, ao qual os Estados burgueses recorrem apenas como último recurso – impõe-se que o Pentágono lembre a  Donald Trump o xerife com o gatilho demasiado rápido.

O que leva a comunicação social a transformar o caso de George Floyd no espantalho da media que conhecemos? O que leva a pequena burguesia a manifestar-se por "justiça, igualdade, equidade"; conceitos incompatíveis com a sociedade capitalista dividida em classes sociais, uma delas minoritária e dominante, a outra maioritária e dominada? Assim, justiça, igualdade, equidade para a classe dominante, que possui os meios de produção e comercialização, significa injustiça, desigualdade e iniquidade para a classe dominada, que possui apenas a sua força de trabalho para sobreviver.

É porque, aprofundando-se a crise económica mundial - principalmente por causa do confinamento assassino – as minorias, os pobres, os trabalhadores imigrantes, os proletários, bem como a pequena burguesia, correia de transmissão e cão de guarda da ordem estabelecida , passam agora pelas situações humilhantes ( Les Fourches Caudines – Nota do tradutor) do sistema em falência.

O pequeno-burguês, um agente importante pelo seu papel de colaborador do grande capital; e pelos seus recursos humanos sob capitalismo, simplesmente não compreende que o seu mestre, o plutocrata e o seu Estado, possam despedi-lo, empobrecê-lo e proletarizá-lo, destruindo assim o contrato social republicano que sempre o protegeu do destino das minorias, dos precarizados, dos imigrados e dos proletarizados. Os pequenos burgueses da classe média, com as cabeças ainda cheias das ilusões de igualdade, justiça e equidade cívica, que constituíram a base da democracia republicana, protestaram contra o destino que lhes era reservado na nova sociedade reformada, e ameaça conduzir a populaça sobre as barricadas do protesto.

Cuidado, a pequena burguesia da classe média não deseja derrubar o sistema que é a causa da sua proletarização e empobrecimento. Ela entende que a sua salvação de classe está no sistema que nostalgicamente ela gostaria de reformar para garantir um lugar bem guardado, num ministério ou numa ONG subsidiada, enfim, para retornar como antes, aos bons velhos tempos do Estado providência  tão clemente para ele,  o bobo. Note que ela já se rebelou contra o seu mestre, ameaçando sublevar a populaça sobre o tema do chauvinismo e da independência nacional (sic); sobre o tema do meio ambiente - a fractura climática e outros disparates naturalistas. Mas a receita não foi aceite e o proletariado, a quem foi proposto fechar fábricas, oficinas e estaleiros de obras, não mordeu esse anzol grosseiro. Desta vez, a pequena burguesia está a tentar renegociar a sua submissão aos temas cidadãos de justiça, igualdade e fraternidade ... sob o Estado policial.

Desta vez, a burguesia desafiou o córtex reptiliano de sobrevivência animal do hominídeo. Diante um vírus invisível e ameaçador, o confinamento mortal da polícia foi apresentado como a única resposta apropriada para a plebe aterrorizada. Um golpe de génio da pequena burguesia mediática ... mas ela avaliou mal o impacto dessa paralisia da economia sobre o conjunto do proletariado mundial e do grande capital.
A pequena burguesia tenta hoje usar a raiva populista contra o sistema falido, agitando o pano vermelho do racismo e da violência policial, dois subprodutos da opressão sistémica sob  capitalismo. Nunca houve e nunca haverá justiça, igualdade ou equidade num sistema baseado na "justiça" dos ricos, sobre as desigualdade e a iniquidade mundializada. A pequena burguesia aprenderá às suas custas - não se pode reformar esse modo de produção ou criar uma Nova Ordem Mundial sobre os fundamentos da antiga sociedade capitalista mundializada.

A actividade política dos proletários conscientes deve expor as tácticas da pequena burguesia que procura  uma vez mais (como no tempo da Frente Popular, como em Maio de 68 e como no tempo dos Coletes Amarelos  https://les7duquebec.net/archives/253109) lucrar com a sua colaboração de classe e liquidar o nosso combate pela construção de um novo modo de produção, um modo de produção que possa atender às necessidades humanas.








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