G.Bad-A máquina de guerra vai explodir
15 de Junho de 2025
Oeil de faucon
Todas as gesticulações da ala política da direita e da
extrema direita e agora de uma parte da esquerda contra «não podemos acolher toda a
miséria do mundo» revelam que toda essa gente acabará por querer uma
guerra salvadora.
A guerra contra os pobres, a guerra contra as populações excedentárias que já morrem de fome no Sudão, em Gaza... As expulsões organizadas pelo supremacista Trump na Califórnia com o uso da prisão de Guantánamo, em Cuba.
Esta guerra permanente contra as populações indigentes toma outro rumo com os preparativos para colocar todos os conflitos em curso no grande caldeirão da guerra mundial.
Acabámos de saber que 32 países da OTAN se reunirão em Haia nos dias 24 e 25 de Junho de 2025 com o objectivo de hipermilitarizar esses países. Rutte, secretário-geral da OTAN, indicou claramente que a realização desses objectivos exigiria gastos militares sem precedentes:
«Precisaremos de gastos significativamente mais elevados. Essa é a base de tudo».
A base de tudo para os conglomerados de armamento que exigem que os Estados sirvam de bomba de financiamento para fazer funcionar a sua indústria da morte. Estamos, portanto, novamente confrontados com o que Rosa Luxemburgo explicava no seu texto «O militarismo, campo de acção do capital».,
Desde o início do seu artigo sobre o militarismo, Rosa Luxemburgo explica-nos:
«O militarismo tem ainda outra função importante. De um ponto de vista puramente económico, é para o capital um meio privilegiado de realizar mais-valia, ou seja, é para ele um campo de acumulação.» (A acumulação do capital, Rosa Luxemburgo, edição Maspero, O militarismo, campo de ação do capital, p. 123.)
O que Rosa Luxemburgo destaca no seu texto sobre o militarismo é que o Estado, através dos impostos, retira da classe operária uma parte da mais-valia, 1 que, em vez de ser gasta em meios de subsistência, permite que as indústrias de armamento funcionem a pleno rendimento.
É, em última análise, o que está a acontecer actualmente a nível internacional, excepto que a classe operária diminuiu consideravelmente em número na Europa e nos EUA, pelo que os impostos de todos os tipos serão cobrados sobre toda a população. Sendo o Estado francês o campeão da Europa a este nível, os impostos clássicos não serão suficientes para financiar a produção de guerra, sendo necessário recorrer ao crédito.
Agora é oficial: o Banco Central Europeu (BCE) vai investir 800 mil milhões de euros no rearmamento da Europa. O próprio BCE explica que os aumentos previstos nas despesas de defesa na zona euro podem reacender as preocupações com a dívida de alguns Estados, se não forem acompanhados por um crescimento suficiente.
Só que, segundo Rutt, isso não é suficiente, serão necessários mais sacrifícios, pois os russos e os seus aliados estão prontos para desafiar a OTAN dentro de cinco anos. Enquanto isso, Israel acaba de atacar duramente o Irão. 2
No programa para financiar os trustes de armamento
· o controlo
das despesas públicas, o que implicaria reduções sem precedentes em certas
áreas (nomeadamente nas prestações sociais ou na função pública);
·
um aumento
dos impostos (o aumento necessário representaria um aumento de quase 2
pontos de IVA por ano durante cinco anos);
·
um aumento
da taxa de emprego, em particular entre os jovens, os trabalhadores menos
qualificados, os idosos e as mulheres (seria necessário aumentar a taxa de
emprego em 4,7 pontos em cinco anos, ou seja, um aumento de cerca de 1,9
milhões de empregos);
·
o recurso
a financiamento europeu, através
de um endividamento comum a nível da União Europeia.
Em Bruxelas, Rutte explicou que 3,5% deveriam ser gastos apenas para atingir as capacidades e os objectivos militares acordados. Mas, globalmente, pelo menos 5% eram necessários para se preparar para a guerra.
Este cenário de militarização desenfreada é-nos bem conhecido antes da Segunda Guerra Mundial, como recordamos:
Os Estados Unidos, tal como durante a Primeira Guerra Mundial, tentaram manter-se neutros, ao mesmo tempo que mantinham a sua indústria de armamento em funcionamento para abastecer o conflito. Assim, foi criado o programa Lend-Lease (préstamo-arrendamento em português), a guerra a crédito. Esta lei de 11 de Março de 1941 autorizou Roosevelt a vender material de guerra considerado vital para o país. Como já referimos, a crise de 1929 e, posteriormente, a de 1936, fizeram renascer o risco de um desemprego maciço, com consequências como movimentos insurreccionais que era necessário cortar pela raiz, exportando o excesso de desempregados para a guerra.
O ataque surpresa do militarismo japonês à base naval de Pearl Harbor, na ilha do Havaí, revelaria algumas zonas obscuras do establishment norte-americano. Roosevelt foi acusado durante muito tempo de estar informado do ataque japonês e de ter apenas deslocado os porta-aviões. Querendo entrar na guerra para dar oportunidades às indústrias privadas, ele precisava de aumentar os impostos
e fazer com que o Congresso aprovasse o orçamento de guerra. O Congresso aprovou por unanimidade a entrada em guerra contra o Japão. Em resposta, em 11 de Dezembro de 1941, a Alemanha e a Itália declararam guerra aos Estados Unidos.
As consequências para as famílias não demoraram a aparecer: o serviço militar obrigatório foi aprovado em 20 de Dezembro de 1941, e todos os americanos entre 20 e 40 anos passaram a ser mobilizáveis. A fim de converter a economia de tempo de paz em economia de guerra, a lei General Maximum foi aprovada (bloqueio da inflação e aumento significativo do imposto de renda) para financiar os pedidos de armamento. Essa política fiscal foi reforçada pela Lei da Receita em Outubro de 1942.
Durante os anos de 1941 a 1944, a produção de guerra, ou seja, armas e ferramentas de guerra, foi produzida em quantidade industrial. Os Estados Unidos construíram 171 257 aviões de combate e 1200 navios de guerra.
As previsões de Rosa Luxemburgo sobre o papel da militarização da economia foram mais uma vez confirmadas:
Agora vemos que os impostos indirectos extorquidos aos operários, se forem usados na produção de material de guerra, oferecem ao capital um novo campo de acumulação.
Na prática, com base no sistema de impostos indirectos, o militarismo cumpre duas funções: ao baixar o nível de vida da classe operária, ele garante, por um lado, a manutenção dos órgãos de domínio capitalista, o exército permanente, e, por outro, fornece ao capital um campo privilegiado de acumulação 3.
O país onde essa militarização é mais caricatural é a Coreia do Norte e as suas repetidas fomes.
Para concluir
A militarização da economia mundial mostra que o capitalismo chegou a um beco sem saída, o dos limites da sua reprodução alargada. De facto, a situação é tal que os orçamentos de guerra farão explodir a dívida dos Estados e a pressão fiscal tornar-se-á insuportável para as populações que terão de suportar o peso do militarismo.
A Alemanha, o segundo maior contribuinte da NATO, está a rearmar-se com toda a força. O seu orçamento de guerra ultrapassa tudo o que o país já viu desde a guerra. Com o “fundo especial” de 100 mil milhões de euros para 2022 e a adopção este ano de um fundo adicional de 1.000 mil milhões, os orçamentos militares anuais estão a explodir. Numa altura em que os principais políticos, tanto do Governo como da oposição, pedem um aumento das despesas militares para 5% do PIB, a classe dirigente prepara-se abertamente para uma guerra total. O Bundeswehr (exército alemão) equiparia totalmente todas as divisões e brigadas do exército e investiria maciçamente na força aérea e na marinha. Descreveu este projeto como um “Kraftakt” (esforço hercúleo) geracional.
Na UE, a Bélgica, a
Itália, a Espanha e a França têm uma dívida pública superior a 100%,
Na França, aumentar as despesas com a defesa dos actuais 2% para 3,5% até 2030, conforme anunciado por Paris, representaria 120 mil milhões de euros por ano, ou seja, o dobro do nível actual. Um desafio significativo, uma vez que o país apresenta o défice público mais elevado da zona euro (5,8%) e uma dívida elevada (113% do PIB). Na França, como noutros lugares, esses investimentos poderiam estimular a economia se fossem realizados dentro da União Europeia, mas também correm o risco de sobrecarregar as finanças públicas já fragilizadas pelas consequências da pandemia e pelo aumento dos custos dos empréstimos.
A Grã-Bretanha, por sua vez, enquadra-se
no pacto AUKUS, celebrado em 2021 entre ela, os Estados Unidos e a Austrália. O
primeiro-ministro K. Starner acaba de nos entregar uma verdadeira declaração de
guerra, confirmada por um primeiro relatório da revisão estratégica da defesa
britânica, conduzida por um organismo externo, que inclui 62 recomendações
prevendo a transição das forças armadas para um estado de «preparação para a guerra».
«Vamos
construir pelo menos seis novas fábricas de munições no Reino Unido, criando
assim 1000 empregos. Produziremos milhares de novas armas de longo alcance no
Reino Unido, para reforçar a dissuasão europeia, apoiando a criação de cerca de
uma centena de empregos adicionais. Defenderemos a nossa pátria investindo em
sistemas de defesa anti-mísseis para proteger melhor as nossas ilhas. Vamos
criar uma Marinha Real híbrida, reunindo drones, navios de guerra submarinos e
aeronaves, a fim de assegurar a vigilância do Atlântico Norte e além», precisou
o primeiro-ministro.
O governo também irá propor mil milhões de
libras (1,2 mil milhões de euros) para um novo comando CyberEM, a fim de
estimular as operações cibernéticas e a capacidade digital, bem como 1,5 mil
milhões de libras de financiamento adicional para reparar e renovar as
habitações das forças armadas.
Esses
investimentos devem contribuir para a realização da meta britânica, revelada no
início do ano, de aumentar os gastos com defesa para 2,5% do produto interno
bruto até 2027 e para 3% durante a próxima legislatura.
G.Bad
14 de Junho de 2025
1 "A transferência
de parte do poder de compra da classe operária para o Estado significa uma
redução correspondente na participação da classe operária no consumo dos meios
de subsistência."
2 - Várias
explosões fortes foram ouvidas no Irão durante a noite de quinta-feira, 12 de
Junho, para sexta-feira, 13 de Junho de 2025, particularmente na capital, Teerão.
Após o ocorrido, uma fonte militar israelita relatou que o Estado judeu havia
atacado diversas instalações nucleares iranianas. Antecipando uma resposta da
República Islâmica, o Ministro da Defesa israelita declarou estado de
emergência no país.
3 – Em última análise, a deterioração das
condições normais de renovação da força de trabalho provoca uma deterioração da
própria força de trabalho, uma diminuição da produção e da produtividade média
do trabalho, ameaçando assim as condições de produção de mais-valia. Mas o capital
só sentirá esses resultados muito mais tarde, por isso não os considera
inicialmente nos seus cálculos económicos. Esses resultados só se fazem sentir
no endurecimento das reacções defensivas dos trabalhadores.
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/300302#
Artigo e comentário de Normand Bibeau traduzidos para
Língua Portuguesa por Luis Júdice
Normand Bibeau
15 de
junho de 2025
G. BAD, tal como Rosa Luxemburgo, Lenine, Gramsci e
todos os autênticos revolucionários proletários, tem toda a razão ao afirmar
que «o capitalismo é a guerra», que, tal como «a nuvem, traz a tempestade».
Se seguirmos este raciocínio incontestável, ele leva-nos a constatar que «a guerra»
é: «a política por outros meios» (Clausewitz) e,
inexoravelmente, a concluir que: «a política não é senão a economia por outros
meios» (Marx e Engels), o que significa «que a guerra é, em última análise, a
economia por outros meios», incluindo «investir de forma “lucrativa” os imensos
capitais acumulados pela burguesia e renovar o ciclo de reprodução ampliada
pelo “roubo, pilhagem e banditismo” e pela destruição dos excedentes (Lenine:
«o imperialismo, fase suprema do capitalismo»).
O ex-mensageiro presidencial, político-chefe da burguesia ocidental, o genocida acamado Biden, teve um breve momento de lucidez quando declarou: «A guerra na Ucrânia cria empregos lucrativos no Texas». Não precisava dizer mais nada, pois os seus senhores capitalistas compreenderam que «empregos» significa «lucros para os senhores capitalistas», «contribuições» para a sua aristocracia sindical, salário e isenção de «servir de carne de canhão» para a «carne dos patrões» dos escravos assalariados a serviço, a equipa de vampiros militaristas está constituída.
Em seguida, era necessário constituir a equipa da «carne de canhão», ou seja, todos aqueles que seriam sacrificados, em algum momento da guerra capitalista, no altar do lucro e dos «empregos bem remunerados no Texas». O abjecto e odioso senador fascista e sio-nazi republicano Lindsey Graham, com a arrogância e o desprezo próprios dos kapos do capital, acrescentou: «A guerra na Ucrânia (como todas as guerras, aliás) proporcionará aos EUA: 15 000 mil milhões de terras raras e riquezas naturais ucranianas sem que se perca um único «rapaz», o nosso melhor investimento», pois quem entre os «americanos» não quer apoderar-se das riquezas alheias para enriquecer?
Estas declarações estrondosas e arrogantes da verdade capitalista revelaram o OBJECTIVO FINAL, o verdadeiro objectivo desta guerra, como de todas as guerras: «roubar, pilhar, saquear as riquezas naturais do povo ucraniano» (como do povo palestiniano mártir; do povo iraniano e de todos os outros), endividando-o com o fornecimento de armas e a destruição total da sua própria capacidade de explorar as suas riquezas naturais, a arte de «esfolar o galo duas vezes», de matar dois coelhos com uma cajadada só (o empréstimo), saquear as riquezas e tornar os ucranianos incapazes de as explorar uma vez o país devastado.
Para aqueles que duvidam da exactidão irrefutável
deste OBJECTIVO PROCURADO, lembrem-se da BLACK ROCK, que comprou as terras
ucranianas com desconto, mas, acima de tudo, da primeira hora do mandato do
vendedor ambulante definitivo, o fascista-nazi-sionista TR0mp, exigindo a
cessão dos bens ucranianos sob pena de entregar os mercenários ukronazis aos
russos e da humilhação mundial do capanga Zizilensky no Salão Oval, na mais
pura tradição do Padrinho da máfia dos EUA: «Tenho uma oferta que não podes
recusar»: «Assina este tratado injusto que me dá todos os teus bens ou eu
entrego-te àquele que eu fiz teu inimigo mortal». Este plano mafioso completava
o que foi «oferecido» aos «protegidos ocidentais»: pagam-me o PIZO pela minha
protecção, caso contrário, abandono-vos aos vossos inimigos que eu mesmo criei.
Para completar este programa de extorsão mafiosa integral, era necessário construir uma «narrativa» que mascarasse o OBJECTIVO FINAL da extorsão. Assim, os capitalistas mobilizam os seus exércitos de KAPOS, escravos assalariados do capital: os seus jornalistas e ideólogos dos meios de comunicação social mainstream dos bilionários que, todos, desde a direita, a esquerda, o centro, o alto, o baixo, a frente, a rectaguarda, de todos os lados, propagam mensagens aparentemente contraditórias, mas que, no final, proclamam que a humanidade está em perigo e deve desviar o dinheiro dos seus impostos e taxas para os capitalistas do complexo militar-industrial: para uns, para se «protegerem» do inimigo real ou não e, para outros, para levar a cabo um LEBENSRAUM NEO-NAZI 2.0 sobre as riquezas naturais e o proletariado das suas futuras conquistas de «libertação» dos seus bens.
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