Crítica da Teoria "Realista" do Hegemon de
John Mearsheimer
5 de Junho de 2025 Robert Bibeau
Por Normand Bibeau e Robert Bibeau.
Quando ouço Mearsheimer(veja: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2025/05/a-china-tornar-se-o-hegemon-da-asia.html) a falar sobre os Estados Unidos, a China, a Rússia, a União Europeia e cada um dos "países" reconhecidos ou não, membros da ONU, como uma entidade monolítica-independente, fico profundamente irritado porque a minha percepção de cada um desses Estados não os representa para mim como "monolíticos-independentes-autónomos", muito pelo contrário, percebo profundas divisões, fortes conexões e inúmeras conspirações e conluios.
Assim, o
hegemon americano está dividido entre a sua facção
republicana e a sua facção democrata; o
hegemon chinês entre a sua facção
"confucionista" e "socialista de estilo chinês"; o
hegemon russo entre a sua facção
"orientalista" e a sua facção "europeísta"; o
hegemon europeu entre a sua facção
"europeísta" e a sua facção "nacionalista-patriótica"; e
cada estado capitalista, pequeno ou grande, está dividido entre forças
" centrífugo-nacionais " e forças " centrípeto-mundialistas " ... todas a aspirar dominar a sua região
a fim de se apoderar da riqueza e dos bens que cada um desses gananciosos
" clubes financeiros " cobiça. (Veja este
artigo: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2025/05/de-que-tipo-de-revolucao-esta-trump.html
).
A esse nível de "contradição" devem ser
adicionadas aquelas ligadas à natureza: sexo, idade e identidade; aquelas
ligadas à história: língua, cultura, religião, costumes, tradições, etc. e, em
última análise, as contradições irreconciliáveis que opõem as classes
sociais: escravos e senhores; servos e senhores; proletários-escravos
assalariados e burgueses-capitalistas... que Mearsheimer não menciona na sua
teoria. (Veja o artigo aqui: https://les7duquebec.net/archives/300151#comments ).
Em tais circunstâncias conflituantes, como é que
Mearsheimer pode tratar cientificamente os EUA, a China e a Rússia como
entidades monolíticas e independentes? Ele não pode, o que levanta a questão de
porque é que um especialista
"realista" tão premiado em relações internacionais como Mearsheimer, professor emérito da
Universidade de Chicago e pai americano da escola " realpolitic " ou " realismo ofensivo ", engana o público sobre a realidade das
partes constituintes em conflitos pela hegemonia mundial?
Para entender o que explica essa retórica, é preciso compreender o "propósito procurado", o objectivo perseguido, o interesse a que serve. Mearsheimer afirma esse interesse nas suas primeiras frases: " O sistema internacional vive sob o reinado da anarquia, onde não há autoridade superior aos Estados; consequentemente, cada Estado deve proteger-se contra outros Estados concorrentes ", o que ele postula como predatório, e somente uma "autoridade superior" poderia, a rigor, controlar essa predação anárquica natural.
Teorizar que Estados burgueses
podem ser tudo menos " predatórios "
e sempre visar explorar outros Estados, a menos que sejam dissuadidos por um
poder militar superior, não se enquadra na teoria "realista" de
Mearsheimer. Para a sua teoria, Estados como os humanos nascem "maus"
por natureza e somente a força dominante oposta pode conter essa perversidade
original. Mearsheimer certamente não é um seguidor de Rousseau , mas talvez seja um seguidor do
proibitivo cristianismo
anglo-saxão .
O que torna a chamada teoria "
realista " de Mearsheimer atraente para
os intelectuais burgueses é que ela descreve a "anarquia" que a
situação internacional pode reflectir, mas é falha em dois aspectos:
Em primeiro lugar, não explica a própria origem dessa " anarquia ": porque é que Estados militarmente mais poderosos invadem Estados militarmente menos poderosos de outra forma que não seja por ambição "natural" dos Estados. Não teriam ambições materiais básicas, como "saquear, pilhar, roubar" Estados mais fracos e escravizar o seu proletariado para se enriquecerem?
Em segundo lugar, não explica como remediar isso a não ser construindo um hegemon que seria aquela "autoridade superior" poderosa capaz de superar a anarquia que leva a guerras incessantes entre Estados.
Essa teoria "realista" é apenas nominal,
pois o que há de "realista" na morte e na desolação daqueles que
passam de "carne para o chefe" a "carne para canhão" e
morrem no "campo de honra da pátria" e veem o seu país devastado? Só
lucram com isso aqueles que não morrem e fazem morrer outros, os mesmos que,
como accionistas das empresas de ambos os beligerantes, enriquecem tanto com a
vitória quanto com a derrota, desde que apostem em ambos os lados, o que a
participação accionária transnacional lhes permite.
A anarquia nas relações internacionais capitalistas é
apenas um reflexo da anarquia no modo de produção capitalista (MPC), onde a
"lei do mais forte é a regra" tanto da economia quanto desta
"ordem jurídica internacional regida por regras".
As potências capitalistas mundiais repudiaram
completamente a
"ordem internacional governada pelo direito internacional nascida de
tratados sob a supervisão da ONU "
para dar lugar a uma " ordem internacional governada pelo governo do mais
forte ", como a política de
canhoneiras dos anarquistas e decadentes " trumpistas " está actualmente a demonstrar .
Não é certo que o hegemon americano e seus vassalos canadianos, europeus, japoneses e australianos serão os hegemons vitoriosos desta Terceira Guerra Mundial que eles estão a planear, longe disso, e se o proletariado mundial não arrancar a faca nuclear das mãos desses carniceiros sanguinários, o mundo estará ameaçado, na melhor das hipóteses, a retornar à Idade da Pedra e, na pior, a desaparecer.
PROLETÁRIOS
DE TODO O MUNDO UNÍ-VOS E DESTRUAM O CAPITALISMO ANÁRQUICO GENOCIDA
COMO
EXPLICAMOS NESTE LIVRO
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/300198?jetpack_skip_subscription_popup#
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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