sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A maior greve no mundo : 200 milhões de trabalhadores paralisam a Índia

 






4 de Dezembro de 2020  Oeil de faucon  

A greve geral foi convocada contra as medidas de austeridade e de confinamento e os ataques contra os direitos do trabalho promovidos pelo governo de Narendra Modi (Índia).

Por  Diego Sacchi.  Sábado 28 de Novembro de 2020.  Em EFE/EPA/RAJAT GUPTA.  Tradução Flo Balletti


Na quinta-feira, 26 de Novembro de 2020, cerca de 200 milhões de trabalhadores participaram numa greve geral na Índia, convocada por dez centrais sindicais, contra as políticas do governo de Narendra Modi, o primeiro-ministro do país. O pacote de reformas inclui novas leis sobre o trabalho, maior flexibilidade (regulamentações mais suaves) sobre as regulamentações de saúde e segurança no local de trabalho e no sector agrícola, bem como privatizações do sector público .

O governo aprovou quatro códigos do trabalho que substituem as leis de protecção aos trabalhadores. Esses regulamentos permitem que empregadores e governos aumentem a carga de trabalho, contrariem ainda mais a obtenção de salários equitativos, dispensem trabalhadores facilmente, reduzam a cobertura do seguro de saúde e dificultem ainda mais a formação de sindicatos.

Em coordenação com os sindicatos, uma plataforma de mais de 300 organizações de agricultores convocou uma manifestação para sexta-feira, 27 de Novembro. Trabalhadores dos principais sectores industriais como produção de aço, carvão, telecomunicações, engenharia, transportes, portos e docas, bancos e transportadores de longo curso aderiram à greve, enquanto em vários estados (A Índia é uma república federal composta por vinte e oito estados e oito territórios da União), uma greve rural está em preparação.

As reformas propostas pelo governo contra os direitos dos trabalhadores têm como pano de fundo os efeitos da pandemia e do confinamento do coronavírus no país. O governo de Modi está a responder à pandemia impondo o confinamento, priorizando os lucros das grandes empresas e protegendo a fortuna de bilionários em detrimento da vida e do sustento dos trabalhadores.

A Índia conta com mais de 9,2 milhões de pessoas infectadas com COVID-19, o segundo maior número do mundo e quase 135.000 mortes (para uma população de 1.300.000.000 de pessoas. Nota do editor - NDLR) de acordo com dados oficiais. A pandemia espalhou-se para grandes cidades como Delhi, Mumbai e outros centros urbanos, bem como áreas rurais onde os cuidados de saúde públicos são escassos ou inexistentes.

Como consequência do confinamento, milhões de pessoas perderam o seu rendimento, e isso num país onde, antes da pandemia-confinamento, 50% das crianças estavam desnutridas. A economia indiana conheceu uma queda de 23,9% do seu produto interno bruto (PIB) no trimestre Abril-Junho, enquanto se espera uma queda agregada de cerca de 10% durante o ano fiscal 2020-2021. Nesse contexto, dezenas de milhões de pessoas perderam os seus empregos de forma permanente (por causa do confinamento mortal. NDLR) ou viram as suas horas de trabalho reduzidas. De acordo com um relatório do FMI divulgado em Outubro, no final de 2020, mais 40 milhões de indianos encontrar-se-ão na "pobreza extrema", definida como sobrevivendo com € 1,60 ou menos por dia.

Trabalhadores da indústria, empregados do sector dos serviços e do público exigem aumento do salário mínimo, fim do trabalho precário, controle de preços dos produtos de primeira necessidade e fim da política governamental de privatização do sector público . As reclamações incluem 10 quilos de alimentos para famílias carenciadas, prestação de ajuda de emergência às camadas mais pobres da população, efectuar um pagamento único de 7.500 rúpias (cerca de 85 euros), reforço do sistema de distribuição pública, a retirada das novas leis de trabalho e das três leis agrícolas que abrem as portas do agro-negócio, bem como o abandono da nova política de educação.

Além disso, os trabalhadores exigem a alocação de 5% do PIB para a educação, para os cuidados de saúde para todos e 6% do PIB para saúde. Os fazendeiros pedem há anos preços melhores para os seus produtos, que o executivo anuncie preços mínimos de apoio com base na recomendação feita há 16 anos pela Comissão Nacional dos Agricultores, e a eliminação da dívida dos trabalhadores rurais.

As direcções sindicais convocaram uma greve para amenizar o descontentamento de milhões de indianos contra o governo, mas até ao momento não deram lugar a uma verdadeira continuidade aos protestos.

O perfil nacionalista e de direita do governo respondeu à pandemia intensificando o seu discurso contra as minorias religiosas, como os muçulmanos, e procurando atacar os direitos de milhões de pessoas com leis que resultariam em maior flexibilidade laboral no local de trabalho apenas em proveito dos bilionários locais e empresas estrangeiras e nacionais.

A retórica nacionalista de Modi também se intensificou, principalmente contra a China, além de aprofundar a cooperação estratégica e militar com os Estados Unidos na tentativa de lucrar com a disputa entre Washington e Pequim.

Um vídeo de greves anteriores na Índia 



Fonte : https://les7duquebec.net/archives/260400



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