sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

PCTP/MRPP: uma traição à consigna da transformação da guerra inter-imperialista em guerra cívil revolucionária!

 



É certo que já havia anunciado a minha total e absoluta ruptura ideológica com a actual direcção revisionista, social-fascista, burocrata, que neste momento preside aos destinos de um Partido em que militei durante cerca de 50 anos.

Uma direcção que se entretém a liquidar o que restou de sucessivos ataques liquidacionistas, transformando aquele que deveria ser o Partido Proletário Comunista e Revolucionário, num nado-morto, cuja agonia e  morte aceleraram – o PCTP/MRPP.

Definitivamente, já não existe esquerda dentro deste Partido, fundado em 1970 pelo meu querido e saudoso camarada, o marxista, o comunista, Arnaldo Matos.

Basta termos alguma atenção durante a leitura do artigo hoje publicado no Órgão Central do PCTP/MRPP – o Luta Popular online – sob o título “O Imperialismo, a Guerra e a Partilha do Mundo”, para percebermos que nenhuma diferença de substância existe entre o que ele nos propõe e o que os revisionistas “clássicos” do P”C”P avançam. Um antagonismo que revela que esta gente não compreendeu - e muito provavelmente nunca compreenderá - o que Marx queria significar com a necessidade do proletariado preservar a sua total autonomia face à burguesia, ao entendimento que esta faz dos diversos fenómenos, às "soluções" que procura, determinadas pelos interesses que representa.

Os primeiros exibem um apoio “envergonhado” a Putin e ao imperialismo russo, os segundos manifestam um apoio total e desavergonhado a Putin e ao imperialismo russo! Ambos  mandam para as urtigas a estratégia marxista da necessidade de os proletários e escravos assalariados não se prestarem mais a ser carne para canhão nas guerras inter-imperialistas,  devendo, pelo contrário, transformá-las em guerras civis revolucionárias que acabem de vez com o modo de produção capitalista e imperialista que as alimentam e provocam.

Só analfabetos do marxismo chapados, que não percebem nada do método de análise dialéctico e marxista, é que não entendem a inalienável contradição antagónica – do ponto de vista de classe, e da luta de classes – entre a “nota introdutória” do texto, um autêntico vómito revisionista e neo-revisionista, e os textos – esses sim marxistas -cuja leitura o próprio artigo recomenda no final do dito.

Textos de uma profundidade teórica marxista relevante para uma correcta compreensão, à luz do marxismo e da luta de classes que é o motor da história, escritos pelo camarada Arnaldo Matos em 2014, na sequência da “crise ucraniana” de então (o que prova, tal como o camarada então evidenciou, que nenhum dos imperialismos tem ou poderá vir a ter a chave para a resolução da chamada “crise ucraniana”).

 

Ao contrário do texto proposto pela camarilha revisionista e neo-revisionista, burocrata, que tomou de assalto, a golpe, a direcção do PCTP/MRPP. Um autêntico vómito! Um texto mecanicista, eivado de empirismo idealista pequeno-burguês, nada condicente – e até antagonicamente oposto – à profunda análise de classe proletária e marxista que os textos de Arnaldo Matos propõem e reflectem.

Uma vergonha! E uma traição ao papel que uma suposta vanguarda comunista e proletária deveria assumir perante a massa de operários e escravos assalariados que, supostamente, deve liderar e conduzir, para transformar a guerra inter-imperialista em curso – que é do que se trata - entre o bloco imperialista e atlantista (chefiado pelos EUA, co-adjuvado pelos imperialismos menores, alemão, francês e britânico, entre outros) e o bloco da Aliança de Xangai (protagonizado pelo imperialismo chinês, russo e iraniano), em guerra cívil revolucionária que impeça que a classe operária e os seus aliados, uma vez mais, se disponham a servir de carne para canhão para apoiar a “sua” burguesia e os interesses imperialistas com os quais se alinha e serve.

Tal como o camarada Arnaldo Matos questionava no seu artigo “As provocações Germano-Americanas agravam a Crise Ucraniana”, publicado a 08.04.2014, impõe-se a pergunta. Qual é a posição do PCTP/MRPP? É esconder-se por detrás de números e de quadros que nos dão uma visão quantitativa da “logística” do conflito em curso, ou é fazer o que os marxistas sabem ser determinante: não se limitarem a perceber a história, mas sim a cuidar de a transformar. O que exige, claro está, que se saiba, politica e organizativamente falando, como a transformar?

Isto é, adoptar um ponto de vista de classe proletário e revolucionário para implementar um programa político de natureza marxista quanto à guerra inter-imperialista em curso?

 

Luis Júdice

 

25 de Fevereiro de 2022

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