sábado, 18 de outubro de 2025

O que significa o nome Marselha?

 


O que significa o nome Marselha?

René NABA / 1 de Junho de 2021 / EM FranceSociété

Última atualização em 14 de Junho de 2021

O que significa o nome Marselha?

Por René Naba, Director do Site https://www.madaniya.info/

A título de voluntariado: responsável pela comunicação da Associação de Caridade LINA, Chemin Sainte Marthe, Quartier Font Vert-13014 Marselha.

É fácil perdoar a criança que tem medo do escuro. A verdadeira tragédia é quando os homens têm medo da luz. PLATÃO

O "pastis" eleitoral em Marselha como pano de fundo para as eleições presidenciais de 2022.

Este artigo foi publicado por ocasião das eleições regionais francesas a serem realizadas em 20 e 27 de Junho e das eleições legislativas argelinas, as primeiras da era pós-Bouteflika.

Uma batalha por lugares.

Microcosmo da vida política francesa, a sua reprodução em miniatura, Marselha é um concentrado das linhas de falha da sociedade francesa. Como prelúdio das eleições presidenciais francesas de 2022, as eleições regionais de 2021 são apresentadas em Marselha como a "mãe de todas as batalhas", dando origem a um pastis implausível.

Uma aliança não de aparato, mas de "apparatchik" foi esboçada entre as duas formações de direita, Les Républicains (ex-gaullistas) e o partido presidencial La République en Marche (LREM), com o objectivo de bloquear a Frente Nacional nas eleições regionais.

Psicodrama ou Vaudeville? Seja como for, um facto é certo e Marselha fornece a prova disso: à medida que envelhecem, as democracias ocidentais secretaram aristocracias burocráticas que se consideram acima do voto, sobrevivendo a sucessivos governos e legislaturas, vivendo como verdadeiros detentores do destino do país.

Mas essa aliança, delineada no início de Maio, foi vivida como um terremoto político por republicanos impotentes diante da manobra eleitoral do presidente cessante da região, Renaud Muselier. Que o neto do almirante Emile Muselier, o primeiro oficial superior da marinha francesa a unir-se a De Gaulle capturando Saint Pierre e Miquelon em nome da França Livre, quando o Almirantado francês estava lamentavelmente a afundar a sua frota em Toulon em vez de lutar contra a Alemanha nazi, se preste a essa manobra, deixa-o a si sem palavras. Para dizer a verdade, isso é uma mancha.

Em todo caso, este carabistouille (absurdo – NdT) é uma vitória que parece uma derrota para Emmanuel Macron, na medida em que fornece a prova de que o seu partido LREM não existe. Esse jogo de pôquer mentiroso visava, de facto, fazer do Sul, a antiga PACA, um laboratório de uma direita "compatível com Macron".

Nesta perspectiva, a tribuna dos generais franceses que se propõe a garantir "a protecção da nação" contra o "islamismo" e "as hordas dos subúrbios", se provocou polémica em França, está, no entanto, de acordo com a lógica da gestão da estância balnear de Le Touquet.

"O facto de uma falange de soldados necessitados de poder confundir os seus desejos com realidade diz-nos mais sobre o estado de parte do exército do que sobre o da sociedade francesa contemporânea. O que é extremamente grave nessas duas tribunas consecutivas não é o suposto estado da sociedade francesa, mas o estado real de uma fracção da sociedade militar que, desconsiderando os seus deveres de neutralidade, pregando a fractura da sociedade civil sob o argumento de querer curá-la, espezinha os princípios republicanos e perde todo o senso de honra.

·         Leia mais neste link: https://www.lemonde.fr/idees/article/2021/05/18/ces-militaires-qui-prechent-la-fracture-de-la-societe-civile-au-motif-de-vouloir-la-panser-foulent-aux-pieds-les-principes-republicains_6080520_3232.html

Esta tribuna ressoa perfeitamente com os debates identitários realizados pela chamada lei separatista e a lenta estruturação de um estado de segurança sob a presidência de Macron.

·         Para se aprofundar neste tema, leia a análise relevante de Hassina Mechaï, neste link: https://www.middleeasteye.net/fr/opinion-fr/france-tribune-generaux-putsh-armee-militarisation-etat-securitaire-macron-villiers

E a crónica não menos persuasiva de Jacques Marie Bourget:

·         Esses soldados facciosos que finalmente querem vencer a guerra da Argélia contra os subúrbios. https://www.afrique-asie.fr/ces-militaires-factieux-qui-veulent-enfin-gagner-la-guerre-dalgerie-contre-les-banlieues/

As apostas são altas, pois as "regionais" são apresentadas em Marselha como o 2º turno de uma competição animada entre direita e esquerda após o triunfo eleitoral da coligação de esquerda ecológica nas eleições municipais de 2020 e a perda da Prefeitura pela direita no final de um reinado de 25 anos do prefeito cessante Jean Claude Gaudin, tendo como pano de fundo as eleições presidenciais de 2022.

Eric Zemmour: um transmissor de ideias para a extrema direita que ergueu a sua ignorância em dogma

Este microfone eleitoral tem como pano de fundo o paraquedismo de um desertor gaullista, Thierry Mariani, como chefe da lista da Frente Nacional, e a tentativa parasitária de paraquedismo de um grande comediante da vida política francesa, Eric Zemmour, um criminoso reincidente de incitação ao ódio racial.

Nascido em Montreuil, mas originário de Blida (na Argélia) na época em que esse país era conhecido como «Argélia Francesa», este transmissor de ideias para a extrema direita francesa imagina poder angariar os votos dos nostálgicos da Argélia Francesa, cuja região sul constitui um dos principais viveiros, cultivando o espírito revanchista de um punhado de inconsoláveis pela perda dos seus paraísos perdidos, animados por um ódio rançoso e recrudescente.

Sufocando de raiva diante de Hapsatou Sy, pelo nome dessa francesa originária do Senegal, um dos países que mais contribuiu para o exército francês nas duas guerras mundiais, esse purista da francoidade — da franchouillardise? não dirá uma palavra sobre as origens vikings do seu próprio nome ERIK, nem sobre a origem árabe do seu apelido ZEMMOUR, que significa KLAXON.

Nem se ofenderá com a presença de um nome tão exótico como o do explosivo «delegado do Likoud» em França, Meyer Habib, na representação nacional francesa... Meyer Habib, um nome que não é assim tão católico, segundo os critérios de Zemmour; nem o de Gad El Maleh ou Arieh Zeitoun, ou mesmo Gilad Shalit, que não são menos franceses autênticos.

Os sentimentos de Eric ecoam como tantas indignações selectivas de Zemmour. Se ao menos esse demagogo soubesse que há mais Mohamads do que Martins entre os mortos pela França e que esse nome figura até mesmo na lista dos 50 nomes que mais sofreram baixas.

·         Sobre este tema, veja este link: https://www.leparisien.fr/archives/grande-guerre-plus-de-mohamed-que-de-martin-parmi-les-morts-pour-la-france-08-11-2018-7938222.php

Para memória, o balanço das perdas indígenas nas duas grandes guerras mundiais do século XX ascendeu, só em mortos, a 113 000, ou seja, o equivalente à população conjunta das cidades de Vitrolles e Orange, os dois antigos bastiões da Frente Nacional. Na altura, não se falava de «limiar de tolerância», muito menos de testes de ADN ou de voos charter da vergonha, mas sim de sangue a derramar em abundância, como demonstra o quadro seguinte:

A contribuição global das colónias para o esforço de guerra francês na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) ascendeu a 555 491 soldados, dos quais 78 116 foram mortos e 183 903 destacados para a retaguarda para o esforço de guerra económico, a fim de compensar o alistamento de soldados franceses na frente. Só a Argélia forneceu 173 000 combatentes muçulmanos, dos quais 23 000 foram mortos, e 76 000 trabalhadores participaram no esforço de guerra, substituindo os soldados franceses que partiram para a frente.

A contribuição total dos três países do Magrebe (Argélia, Tunísia, Marrocos) ascendeu a 256 778 soldados, 26 543 mortos e 129 368 trabalhadores.

A África Negra (África Ocidental e África Equatorial) ofereceu 164.000 combatentes (33.320 mortos), a Indochina 43.430 combatentes e 1.123 mortos), a Ilha da Reunião 14.423 combatentes e 3.000 mortos e a Guiana-Antilhas (23.000 combatentes, 2037 mortos).

·         Para mais informações sobre este tema, consulte https://www.renenaba.com/les-oublies-de-la-republique/

E que cataclismo mental ele teria sofrido ao saber que o árabe impregna o sub-consciente francês; que a língua francesa contém mais palavras de origem árabe do que gaulesa e que o francês fala árabe «sem saber» desde o pequeno-almoço... ao pedir uma chávena (palavra árabe) de café (palavra árabe), com ou sem açúcar (palavra árabe) e um sumo de laranja (palavra árabe). O francês fala árabe sem saber. Pior ainda, para caricaturar a situação, ele fala árabe acreditando que está a falar francês.

·         https://www.franceinter.fr/culture/plus-d-arabe-que-de-gaulois-dan-la-langue-francais

 Leitura relacionada, veja este link:

·         " De «bougnoule» (árabe – NdT) a «petit nègre» (negrito – NdT), a permanência de uma cultura francesa de estigmatização.  https://www.madaniya.info/2018/10/25/du-bougnoule-au-petit-negre-de-la-permanence-dune-culture-francaise-de-la-stigmatisation/

A esquizofrenia de certos formadores de opinião pode pregar uma peça na França. Esse ignorante transformou o seu dogmatismo em dogma. Parafraseando, Eric Zemmour «representa tudo o que a nossa época detesta»: uma rigidez psicológica alimentada por uma nostalgia de grandeza, impulsionada por uma cultura de plágio.

As «regionais» deveriam representar, para os seus apoiantes, um ensaio para as presidenciais de 2022. O «rascunho» das presidenciais. Ah, pobre manobra! Para saber mais sobre Habib Meyer, consulte este link:  https://orientxxi.info/magazine/meyer-habib-le-depute-qui-tonne-de-la-voix,4603

Grande perdedor da globalização, grande perdedor da europeização do continente sob a égide da Alemanha, grande perdedor da guerra na Síria e na Líbia, mas em primeiro lugar entre os grandes rendimentos dos dividendos do CAC 40, –com um aumento da ordem de 269% desde o ano 2000, enquanto o seu efectivo na França diminuiu 12% no mesmo período, além de 60. 000 postos de trabalho já anunciados pelos grupos do CAC40 devido ao Covid) –, a França, além disso, único país membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas que não conseguiu produzir uma vacina contra o Covid, mergulha na xenofobia e no ostracismo comunitarista sob o pretexto da luta contra o separatismo.

Para aprofundar os resultados do macronismo, veja os seguintes links:

·        https://www.madaniya.info/2019/06/12/france-macron-an-3/

·        https://www.madaniya.info/2018/09/03/france-diplomatie-macron-an-ll-un-fiasco-diplomatique-total-1-2/

·        https://www.madaniya.info/2018/09/07/france-diplomatie-la-france-patrie-des-droits-de-l-homme-un-etat-voyou-2-2/

Macron às escondidas entre os palestinianos

·         https://www.renenaba.com/macron-en-israel-les-palestiniens-en-catimini-la-honte-de-la-france/

O fracasso científico francês é ainda mais alarmante porque um pequeno país do tamanho de Cuba conseguiu produzir uma vacina. A ilha castrista, que tem uma longa tradição de verdadeira expertise médica, comercializou a vacina ABDALLAH.

É aí que o debate se deve concentrar, e não no chauvinismo dos nostálgicos do Império.

A expulsão da França do mercado líbio, a desclassificação da França na gestão do conflito na Síria, a transformação do Mali no Afeganistão do Sahel para a França, também deveriam ser o foco principal, em vez de se perder em conversas fiadas egocêntricas sobre considerações ociosas sobre o grau de imaculada brancura do povo francês.

Uma vitória do Rassemblement National, nas eleições regionais ou presidenciais, consagraria, 80 anos após a capitulação de 1940, o triunfo de Pétain sobre De Gaulle, o de Vichy sobre a França Livre, a desonra da França sobre a sua honra.

«As eleições presidenciais francesas de Maio de 2022 ameaçam ser um desastre político para todos os democratas», analisa o diário alemão Handelsblatt, que se preocupa com a ascensão do fascismo em França. Este título da imprensa centrista e liberal alemã (o equivalente ao Les Échos em França) mostra-se preocupado com o clima de extrema-direita que reina na França de Emmanuel Macron, comparável, segundo ele, à República de Weimar no final da década de 1930!

·         https://blogs.mediapart.fr/jean-pierre-anselme/blog/210521/un-quotidien-allemand-salarme-de-la-montee-du-fascisme-en-france

 

Para além das manobras eleitorais e da luta por cargos, este é o verdadeiro desafio da batalha das eleições regionais de Junho de 2021, nas quais Marselha, capital da região sul da França, será um dos principais campos de batalha.

3 – Sobre a tonta teoria da "Grande Substituição".

Forjada pelos nostálgicos da grandeza francesa dos «tempos abençoados das colónias», a teoria da «Grande Substituição» aparece, em retrospectiva, como uma consequência da descida da França no ranking das potências mundiais. O disfarce de uma fuga em frente. De uma fuga às responsabilidades.

A equação demográfica que constitui a sua base ideológica também é uma grande treta. À prova dos números, também não resiste à análise.

A – O Lobby Blackfoot: Um Anacronismo

Essa psico-rigidez nostálgica encontra a sua concretização mais patologicamente aberrante na presença de um «lobby pied noir» em França, único país entre os antigos grandes impérios coloniais ocidentais a dispor de um grupo de pressão tão anacrónico, quando os antigos colonos franceses da Argélia já partiram quase todos para o além, 70 anos após a independência da Argélia. Ao contrário do Reino Unido, que possuía um império colonial maior do que a França, onde nunca existiu um lobby de nostálgicos do Império da Índia ou da África anglófona, cuja Commonwealth, além disso, com 52 membros, um terço da população mundial, não exala os fortes aromas da «França do dinheiro». Ao contrário também da Espanha e de Portugal, as duas outras potências coloniais europeias.

Único grande país europeu com a articulação maior das duas «tendências criminosas da Europa democrática» - o tráfico de escravos e o genocídio hitleriano -, a França é também o único país do mundo a exigir de uma das suas colónias uma indemnização compensatória pela retrocessão da sua independência (Haiti). Em suma: o único país do mundo cujo comportamento errático está em antítese com a racionalidade cartesiana que reivindica.

A grande substituição é, portanto, um grande disparate, na medida em que a estigmatização do «estrangeiro» para compensar as frustrações do orgulho nacional ferido não pode ocultar a responsabilidade esmagadora do comando político e militar francês ao longo de dois séculos e o seu cortejo de infortúnios, que conferem à França a desonra de assumir quatro capitulações em tempo recorde.

A «Grande Substituição» da população, teorizada por Renaud Camus e brandida desde então como um bicho-papão pelos racistas, na medida em que essa teoria seja válida, não seria senão a consequência remota do refluxo de um império; um resquício da história da França; a sanção do belicismo europeu.

B- O derramamento de sangue francês

Com 1,4 milhões de mortos e 900 000 inválidos, a França lamentou a perda de 11% da sua população activa devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), à qual se somam os danos económicos: 4,2 milhões de hectares devastados, 295 000 casas destruídas, 500 000 danificadas, 4800 km de vias férreas e 58 000 km de estradas para restaurar, 22 900 fábricas para reconstruir e 330 milhões de m³ de trincheiras para preencher. Uma hemorragia amplificada vinte anos mais tarde por uma nova hemorragia de trinta anos, de magnitude comparável, com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Guerra da Indochina (1945-1955) e a Guerra da Argélia (1954-1960), reduzindo consideravelmente a capacidade de auto-reprodução dos franceses. Mais de meio século de hemorragia contínua (1914-1962) deixaria a França exangue. É aí que reside a origem da «grande substituição», no belicismo francês e em nenhum outro lugar.

Devido às duas Guerras Mundiais (1914-1918/1939-1945) e às guerras de independência que se seguiram (Indochina, Vietname, Argélia), cujas perdas ascenderam a quase 100 milhões de pessoas, a população «caucasiana» – da «raça branca», segundo a terminologia racialista – foi drasticamente reduzida à sua porção mínima.

Duas guerras mundiais num século, um recorde mundial absoluto, com, em paralelo, dois gigantescos cemitérios a céu aberto, de uma geração no auge da idade (18-25 anos), com, em paralelo, a redução não menos drástica da sua capacidade reprodutiva... Esta é, na nudez dos números, a realidade da teoria da «Grande Substituição», que se revela, à luz dos factos, uma teoria sem qualquer sentido.

Devido ao belicismo europeu, a «raça branca» representa agora apenas 21% da população mundial, face à sobrepopulação da Ásia e da África, com quase 4 mil milhões de pessoas, ou seja, metade da humanidade, um continente que, além disso, alberga quatro potências nucleares (China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte), ou seja, mais do que todos os países da OTAN juntos.

Melhor ainda: nos próprios Estados Unidos, o coração nuclear da civilização ocidental contemporânea, a soma da população de origem hispânica e afro-americana representa agora quase 50% da população dos Estados Unidos. Isso explica o ímpeto supremacista que prosperou na era de Donald Trump, artífice da «Muslim Ban», em correlação com a eleição de Barack Obama, o primeiro presidente afro-americano da história dos Estados Unidos, e, após o parêntese xenófobo de Donald Trump, a eleição da vice-presidente Kamala Harris (Índia-Jamaica).

Recorde-se que o balanço das duas guerras mundiais é o seguinte:

As perdas humanas da Primeira Guerra Mundial ascendem a cerca de 18,6 milhões de mortos. Este número inclui 9,7 milhões de mortos entre os militares e 8,9 milhões entre os civis. Este número não tem em conta a gripe espanhola, consequência indirecta da guerra.

As perdas da Segunda Guerra Mundial variam, com estimativas que vão de 50 milhões a mais de 70 milhões de mortos, o que a torna o conflito mais mortal da história da humanidade.

Este derramamento de sangue humano será compensado demograficamente pelo fluxo migratório dos povos colonizados para a renovação das gerações a um nível constante, mas variado. Com todo o respeito ao catatímico Finkiel, sem a contribuição dos negros não haveria título duplo na Taça do Mundo de Futebol... E sem a 1ª Armada Africana e o desembarque na Provença, não haveria o estatuto de grande potência para a França e seu corolário de membro permanente do Conselho de Segurança. Ao contrário da crença generalizada, foi a França o verdadeiro fardo da África e não o contrário. Esse é o balanço provisório que os chauvinistas de espírito amargo deveriam fazer pela dignidade do seu país.

«A Europa morreu como cérebro do mundo. De dominante, a Europa tornou-se um domínio». Por mais cruel que seja, esta constatação de Régis Debray, registada na sua obra «Ce qui reste de l'Occident» (Grasset), não deixa de ser verdadeira.

Vamos acabar com os clichés e esclarecer as ambiguidades: o Islão não conquistou a Europa, muito menos a França. Foi a Europa que se lançou à conquista dos países árabes e africanos, na sua maioria muçulmanos. Foi o que aconteceu com a França no Magrebe e na África Negra, com os Países Baixos na Indonésia, com o Reino Unido no Império Indiano (Índia, Paquistão, Bangladesh) e na África Oriental.

O Islão não é, portanto, um produto do solo francês, como o cristianismo, mas a consequência residual do refluxo do império. O produto derivado da turgescência colonial francesa e da sua excrescência ultramarina. Sem colonização, não haveria «burnous à faire suer», nem «bougnoule», nem «y a bon banania», nem «chairs à canon». Não haveria «bicot», nem «ratonnades», nem «délits de faciès», nenhum «Código Indígena» nem «Código Negro», nem «Venus callipyge», nem «Sétif», nem «Thiaroye», nem «Sanaga», muito menos «territórios perdidos da República»... Nem «dobradinha no Mundial de Futebol». E nenhum Islão, pelo menos nesta densidade.

«A manteiga, o dinheiro da manteiga e ainda por cima o sorriso da leiteira» é uma fábula. Ou um maravilhoso conto de fadas. Tal como o «fardo do homem branco e a sua responsabilidade de primogenitura», um álibi destinado a esconder a sua megalomania predatória.

Primeiro país europeu em importância da sua comunidade muçulmana, a França é também, proporcionalmente à sua superfície e população, o maior centro muçulmano do mundo ocidental. Mas, consequentemente, a comunidade árabe-muçulmana constitui o «primeiro grupo étnico identitário de importância sedimentada fora da esfera eurocêntrica e judaico-cristã». E é nesse sentido que ela coloca um problema, na medida em que perturba o esquema das representações mentais tradicionais... e explica, sem justificá-las, as declarações racistas de Eric Zemmour.

«A ignorância não se aprende», dizia Pascal com razão, pensando sem dúvida nos futuros disparates do sumo sacerdote da C8, um ignorante que se ignora.

Para aprofundar este ponto, consulte estes links:

·         https://www.madaniya.info/2019/09/14/radioscopie-france-36-ans-apres-la-france-et-le-fait-musulman-3-5/

·          https://www.madaniya.info/2018/02/02/europe-islam-djihad-pour-une-poignee-de-petrodollars-l-europe-a-vendu-son-ame-1-2/

 

A tal ponto que os teóricos da «anglo esfera» estabeleceram como linha divisória entre o mundo civilizado ocidental e o terceiro mundo duas metrópoles europeias, Roma e Marselha, como tendo vocação para serem as primeiras capitais do terceiro mundo de pele escura.

4 – A dupla singularidade de Marselha, capital de um mundo misto.

Cada cidade tem o seu charme. Mas Marselha tem um charme tão especial que se distingue por uma dupla singularidade.

Pátria da «La Marseillaise», o hino nacional da França, Marselha é uma das duas cidades do mundo onde o porto está ancorado no coração da cidade, uma curiosa coincidência, tal como Argel.

A sua segunda singularidade é ser uma cidade onde os subúrbios se situam no centro da cidade e não na sua periferia, ao contrário de outras metrópoles, embora esta tendência tenda a atenuar-se devido à política levada a cabo pela Câmara Municipal para transformar o centro da cidade numa zona pedonal, um oásis ecológico para turistas e passageiros de cruzeiros...

A metrópole Aix Marseille Provence decretou, em 2020, a constituição de um perímetro de Zona de Baixas Emissões (ZBE), uma zona não poluente, que se estende por 19 km² no coração de Marselha, delimitada pelo Prado, Rabatau, Jarret, Plombières e integra a zona Euromed. Uma «zona verde» para acelerar a gentrificação da cidade fossilizada e atenuar, de certa forma, o seu carácter de «bazar árabe». Com o seu corolário, a presença, no entanto invisível, dos Chibanis, os veteranos, cujo trabalho árduo esteve na origem de alguns dos grandes projectos de infraestruturas com que a cidade de Marselha se dotou, num contexto de uma taxa de pobreza recorde em França.

Mas a Câmara Regional de Contas aponta o fiasco da reabilitação do centro da cidade, que se encontra em estado de degradação. De acordo com um relatório da Câmara Regional de Contas, apenas 31 das 1.500 habitações previstas foram construídas pela Soleam no centro antigo e degradado de Marselha em oito anos.

Trinta e uma (31) habitações em oito anos? A capital do sul avança lentamente, carregada por dois mil anos de história. A eternidade pela frente.

·         https://www.20minutes.fr/marseille/3022871-20210416-marseille-chambre-regionale-comptes-pointe-fiasco-rehabilitation-centre-ville-delabre

5- Os argelinos, uma presença massiva, mas invisível.

Os argelinos têm uma presença massiva em Marselha, mas invisível. Embora os bairros nos arredores da Gare Saint Charles e da La Canebière fervilhem com as lojas do «bazar árabe», essa agitação não tem grande impacto na vida política e cultural da grande metrópole do sul.

É um facto lamentado por alguns, uma vez que a vivacidade dos jovens argelinos é portadora de dinamismo; mas é um facto inegável, na medida em que se assemelha a gesticulação.

 

Ao longo dos acontecimentos, a independência da Argélia (1960), a «década negra» da guerra civil (1990-2000), a recessão económica pós-petrolífera: Cada período trouxe o seu quinhão de emigrantes, projectando os seus problemas sobre os de muitos na cidade, trazendo consigo uma reprodução em miniatura da sua vida no bled, mas enriquecendo a cidade meridional com contributos multifacetados, tornando Marselha a metrópole francesa mais colorida, mais variada e mais alegremente anárquica.

 

Uma cidade única. Violenta, mas alegre. Capaz de ironia e autoironia.

·         A Marselha dos argelinos: Uma entrevista de Loukmane Khitter por Georges Pernoud no programa Thalassa.
https://www.youtube.com/watch?v=2SjWfLifOEw&ab_channel=LoukmaneKHITER

6 – O argumento alucinatório de Jean Claude Gaudin, presidente da Câmara de Marselha durante um quarto de século.

Muitos terminaram uma vida de trabalho árduo em França, sem possibilidade de regresso, vivendo a sua reforma solitária numa dupla cadeia. O acorrentamento ao seu local de trabalho sem previdência social e o acorrentamento às suas memórias de infância... velhos trabalhadores magrebinos da Rue des Petites Maries e do bairro do Rouet, que acompanharam a luta e a resistência dos trabalhadores magrebinos pelo reconhecimento dos seus direitos sociais mínimos.

·         Para ir mais longe, veja este link: O trauma psiquiátrico dos argelinos em Marselha. https://www.madaniya.info/2018/03/16/le-traumatisme-psychiatrique-algerien-a-marseille

 

Declaração de Jean Claude Gaudin:

«A minha política pode não agradar aos nostálgicos da esquerda, que deixaram o centro da cidade deteriorar-se durante anos. Mas agrada aos marselheses. A Marselha popular não é a Marselha magrebina, a Marselha comoriana. O centro foi invadido pela população estrangeira, os marselheses foram-se embora.

«Eu renovo, luto contra os vendedores de ilusões e faço regressar os habitantes que pagam impostos», declarou Jean Claude Gaudin, presidente da Câmara de Marselha durante um quarto de século, ao jornal La Tribune, em 5 de Dezembro de 2001.

Correndo o risco de pisar a dignidade humana, de violar os direitos humanos e de privar os trabalhadores honestos e esforçados dos seus direitos mais elementares.

7- Uma taxa de pobreza recorde: 9 dos bairros mais pobres de França estão em Marselha.

Além do seu «assan», da sua «boa mãe», Notre Dame de la Garde, que fica em frente, por uma curiosa coincidência, à Notre Dame d'Afrique, que domina Argel; além do MUCEM, o seu «Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo», a sua «Criée», o seu teatro nacional, a sua estação ferroviária Saint Charles e as suas escadarias; Além da sua bouillabaisse e do seu aïoli; além do OM e do seu pastis, da sua malícia e da sua lendária oposição ao PSG, do seu grito de guerra não menos lendário «Paris Paris, on t’……», sem dúvida o grito de guerra mais famoso do planeta, de uma elegância suprema; além dos clichés para turistas, Marselha esconde uma realidade muito amarga.

A segunda cidade da França é a primeira em termos de pobreza. De acordo com o observatório das desigualdades, os cinco bairros mais pobres da França, considerando todas as grandes cidades, são marselheses e apresentam taxas de pobreza superiores a 40%.

Em primeiro lugar, o terceiro bairro com uma taxa de pobreza de 53,4%, ou seja, 25 000 pessoas afectadas. A seguir, por ordem, encontramos o 15.º, o 1.º, o 14.º, o 2.º, o 13.º e, finalmente, o 5.º bairro.

Em oitavo lugar neste ranking preocupante, encontra-se um bairro parisiense. Em seguida, vêm novamente dois bairros da cidade de Marselha. Assim, dos 10 bairros mais pobres da França, 9 estão em Marselha.

Para o 8º lugar neste ranking preocupante, é um arrondissement parisiense que se instala. Em seguida, são novamente dois sectores da cidade focéia. Assim, dos 10 arrondissements (bairros – NdT) mais pobres da França, 9 estão em Marselha.

·         https://www.maritima.info/depeches/social/departement/72401/marseille-taux-de-pauvrete-superieur-a-40-pour-5-arrondissements.html

8 – Thomas Piketty: "Num sistema de múltiplas elites, os eleitores desfavorecidos sentem-se excluídos".

Numa pesquisa realizada em 50 democracias do mundo, os investigadores Thomas Piketty, Amory Gethin e Clara Martínez-Toledano mostram como os partidos políticos ocidentais se dirigem aos mais ricos e aos mais qualificados, deixando muitas vezes as classes populares de fora.

A sua obra «Clivages politiques et inégalités sociales» (Divisões políticas e desigualdades sociais) aborda esta questão, acompanhando a evolução de 50 democracias do planeta desde 1948, cruzando os resultados das urnas com os perfis socio-económicos dos eleitores. Um belo tema de reflexão para os malabaristas de feiras de todos os tipos.

9 – Os paradoxos da relação entre França e Argélia

Outra singularidade de Marselha: a capital da região Sul é também a única metrópole europeia ligada diariamente por uma ligação marítima a Argel. No departamento de Bouches-du-Rhône, estima-se que 180 000 argelinos estejam registados no Consulado. Com os sem-papéis (harragas), o número sobe para cerca de 220 000, de acordo com as estimativas mais geralmente aceites, sendo o mais ilustre deles ninguém menos que o mítico Zinedine Zidane, o marselhês mais famoso, apesar de ser de origem argelina.

Figura lendária do futebol mundial e grande vencedor do Mundial de Futebol de 1998, Zidane pertencia à equipa justamente constituída por «Black Black Black risée de l'Europe» (Negro Negro Negro, motivo de chacota da Europa), segundo a expressão memorável do compulsivo académico Alain Finkielkraut.

10 – O ponto de vista iconoclasta de Slimane Zeghidour

Slimane Zeghidour, editor-chefe da TV5 Monde, jornalista, escritor, investigador e especialista no mundo árabe-muçulmano, considera que a relação franco-argelina é «um caso exemplar».

«Ninguém deve ficar preso ao seu passado. É preciso extrair dele o que pode servir ao bem comum, no presente, aqui e agora, no lugar onde cada um de nós vive. É assim que funciona a relação franco-argelina, cheia de paradoxos, o que a torna um verdadeiro caso de estudo», declarou Slimane Zeghidour na France Culture, durante um programa sobre a sua obra auto-biográfica «Sors, la route t’attend » (Sors, a estrada espera por si).

Exemplos? O jornalista dá alguns: «havia 4 jornais diários francófonos em Argel no auge da Argélia francesa, hoje são 27, ou seja, três vezes mais do que em Paris, em Argel, capital da Argélia soberana. Há mais cidadãos argelinos só na aglomeração de Marselha do que em todas as capitais árabes juntas.

O número de casais franco-argelinos é, de longe, superior ao número de casais formados por argelinos com cônjuges de todos os outros países». Melhor ainda: há mais argelinos na França do que havia na Argélia quando o país foi conquistado pelos franceses!

A moral da história, diz ele, «da colonização e de uma guerra de independência atroz, a Argélia é mais francófona do que nunca, a França acolhe mais argelinos do que em qualquer outro momento da sua história.

Para aprofundar a história dos árabes em França, consulte a excelente obra do escritor australiano Ian Coller «Arab France », editora: California Press Whitney Museum.

Para além da confusão entre fócios e fenícios, os primeiros árabes chegaram do Egipto com o regresso de Bonaparte da sua expedição no século XVIII com os mamelucos, justificando assim o título de Marselha como «Porta do Oriente».

Os mamelucos foram seguidos pelos árabes cristãos, particularmente os gregos católicos (melquitas), principalmente os ousados comerciantes de Alepo e Damasco, fugindo das perseguições otomanas, no século XIX, que trouxeram nas suas bagagens o know-how do «Sabão de Marselha», inspirado no lendário «Sabão de Alepo» e as sedas de Damasco.

A chegada dos sírios a Marselha foi favorecida por Jean Baptiste Estelle, antigo cônsul da França na Síria, vereador de Marselha e comerciante com a Síria, que ficou na história pela sua gestão desastrosa da peste que assolou a cidade em 1720.

Por fim, os argelinos desembarcaram a partir de 1905, progressivamente e depois em massa, para fazer da metrópole do sul da França «a 49.ª Willaya da Argélia», segundo a expressão consagrada.

Os libaneses-sírios, com o mandato francês sobre o Levante e o fluxo migratório que se seguiu para as colónias da África Ocidental Francesa, fecharão a marcha, tornando Marselha, ao lado dos arménios sobreviventes do genocídio turco, um caldeirão trans-mediterrânico, num momento em que o Mare Nostrum tende a tornar-se, desde o início do século XXI, um mar internacional aberto, dando lugar a novos participantes no cenário marítimo internacional: a Rússia e a China, prefigurando a nova cartografia do Mediterrâneo no horizonte do ano 2050.

A ideia de que os libaneses desembarcaram na África inadvertidamente devido a um erro de navegação dos navios negreiros é uma fábula e uma farsa.

Se a primeira carga de Marselha a caminho do Rio de Janeiro

desembarcou em Dakar (Senegal), por acaso, foi porque respondia, na verdade, a uma exigência de rentabilidade das companhias negreiras, que não são rendeiras e não fazem rendas.

Uma rota infinitamente mais curta do que a travessia do Atlântico Sul, uma rotação mais frequente, uma maior rentabilidade. O desvio para África do fluxo migratório libanês intensificou-se, tornando-se sistemático com a instauração do Mandato Francês sobre o Líbano e a Síria, respondendo a um duplo objectivo:

-Reduzir a importância numérica xiita no recenseamento demográfico com vista à repartição confessional do poder no sistema constitucional libanês, a fim de confiar as rédeas do governo à dupla maronita-sunita, de modo a tornar o Líbano o ponto de junção entre o Islão e a cristandade num momento crucial da expansão económica europeia para a margem sul do Mediterrâneo.

Com o objectivo final de conferir uma primazia maronita ao «país dos cedros, do leite e do mel», não para transformá-lo num reduto cristão, como se empenharam em fazer as milícias cristãs durante a guerra inter-confessional (1975-1990), mas sim um «Lar Nacional Cristão» simétrico ao «Lar Nacional Judaico» da promessa Balfour (1917) da Grã-Bretanha.

-Colocar os libaneses emigrados de África numa posição de intermediários entre colonos e colonizados, entre os brancos que residem nas grandes cidades costeiras e os negros que povoam a savana africana.

·         Para ir mais longe sobre este tema, veja este link: https://www.renenaba.com/liban-diaspora-12/    

11 – O porto de Marselha-Fos

Por fim, a última característica de Marselha é o seu porto, que possui a maior doca seca do Mediterrâneo. Primeiro porto da França, o Porto de Marselha-FOS é um porto mundial cujas infraestruturas permitem tratar todos os tipos de tráfego (hidrocarbonetos, granéis líquidos, mercadorias diversas, granéis sólidos e passageiros).

O porto de Marselha Fos dispõe de espaços e infraestruturas que podem receber actividades marítimas, logísticas e industriais.

Graças à sua localização geo-estratégica, ideal para o comércio Norte/Sul e Este/Oeste, e à sua quadrinodalidade (rodoviária, ferroviária, fluvial e por oleodutos), constitui a porta sul da Europa. Uma vantagem não negligenciável num momento em que o Mediterrâneo tende a constituir, no limiar do século XXI, uma tripla linha de demarcação:

A- A linha de falha entre dois mundos (Norte-Sul, Islão, Oeste).

Um concentrado dos principais conflitos dos séculos XX e XXI concentrou-se na Palestina. Um conflito exacerbado pela descoberta de novos depósitos de energia. Com a descoberta e exploração de vários blocos de hidrocarbonetos entre Chipre, Egipto, Israel e Líbano.

B – A linha de falha política e mental do mundo árabe.
Expulsar um dos seus membros fundadores, a Síria, da Liga Árabe e permitir que a bandeira israelita tremule nos céus do Cairo, Rabat, Abu Dhabi, Manama e Cartum, é uma aberração mental. Da mesma forma, implorar aos ex-colonizadores que bombardeiem um país árabe, a Síria, que participou em três guerras contra Israel (o pregador da OTAN, Youssef Qaradawi) torna obsoleta e caduca a acusação de uma cruzada ocidental.

C- A linha de demarcação de um novo mundo multipolar.
A linha Argélia-Tânger-Pireu é a linha invisível de uma nova delimitação das zonas de influência entre os BRICS e o Ocidente atlantista; o Magrebe a actuar como a última barragem de contenção para o impulso africano da China e a evasão da Europa pela África. Uma linha percebida por todo o planeta como a nova linha divisória do novo equilíbrio mundial de poder...
E Marselha está na primeira fila se a cidade de Phocaean estiver ciente disso, enquanto o Mar Mediterrâneo está a caminho de se tornar uma das maiores valas comuns do mundo, dividida entre a extrema direita e o medo dos migrantes.
É saudável dar uma vista de olhos crítica no passado. Aqueles que não conhecem a sua própria história tendem a reproduzi-la.

Na ausência de uma análise concreta de uma situação concreta, sem pressupostos ideológicos, a França voltará a bater directo na parede buzinando....... "como nos anos 40". Um homem sábio parecerá então surpreso com essa "estranha derrota"..... Perseverare dialolicum.

Para ir mais longe com Slimane Zeghidour

·         Viva a vacina de Abdullah, viva Cuba, viva José Martí
https://www.youtube.com/watch?v=jSxfrLcLPrg

Um métèque (estrangeiro – NdT) que se tornou imperador: o líbio Septímio Severo

·         Esse Septímio era fabuloso. Ele casou-se com uma árabe de Homs, Júlia Domna, que lhe deu Caracalla, autor do famoso Edito de Caracalla, abrindo caminho para seis imperadores berberó-árabes (Geta, Macrino, Alexandre Severo, Heliogábalo, Filipe, o Árabe! https://www.youtube.com/watch?v=rgpCNUkjE0c&ab_channel=TV5MONDEInfo

 

René Naba

Jornalista-escritor, ex-chefe do mundo árabe e muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do director-geral da RMC Médio Oriente, chefe de informação, membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos e da Associação de Amizade Euro-Árabe. De 1969 a 1979, foi correspondente rotativo no escritório regional da Agence France-Presse (AFP) em Beirute, onde cobriu a guerra civil jordaniano-palestiniana, o "Setembro Negro" de 1970, a nacionalização de instalações petrolíferas no Iraque e na Líbia (1972), uma dúzia de golpes de Estado e sequestros de aviões, bem como a Guerra do Líbano (1975-1990) a 3ª guerra árabe-israelita de Outubro de 1973, as primeiras negociações de paz egípcio-israelitas na Mena House Cairo (1979). De 1979 a 1989, foi responsável pelo mundo árabe-muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do director-geral da RMC Médio Oriente, encarregado da informação, de 1989 a 1995. Autor de "Arábia Saudita, um reino das trevas" (Golias), "De Bougnoule a selvagem, uma viagem ao imaginário francês" (Harmattan), "Hariri, de pai para filho, empresários, primeiros-ministros" (Harmattan), "As revoluções árabes e a maldição de Camp David" (Bachari), "Media e democracia, a captura do imaginário, um desafio do século XXI" (Golias). Desde 2013, ele é membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos (SIHR), com sede em Genebra. Ele também é vice-presidente do Centro Internacional Contra o Terrorismo (ICALT), Genebra; Presidente da instituição de caridade LINA, que opera nos bairros do norte de Marselha, e Presidente Honorário do 'Car tu y es libre', (Bairro Livre), trabalhando para a promoção social e política das áreas periurbanas do departamento de Bouches du Rhône, no sul da França. Desde 2014, é consultor do Instituto Internacional para a Paz, Justiça e Direitos Humanos (IIPJDH), com sede em Genebra. Desde 1 de setembro de 2014, é responsável pela coordenação editorial do site https://www.madaniya.info  e apresentador de uma coluna semanal na Radio Galère (Marselha), às quintas-feiras, das 16h às 18h.

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Fonte: De quoi Marseille est-elle le nom ? - Madaniya

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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