“Saúde
Mental” e luta de classes
Do camarada Ernesto Román reproduzo o texto que
publicou no seu mural de Facebook a anunciar um debate que o Grupo Comunista e
internacionalista BARBARIA vai levar a cabo no próximo dia 15 de Novembro
do corrente sob um tema deveras importante para a saúde dos operários e de
massa imensa de escravos assalariados:
“Saúde Mental”
e luta de classes
Apontamentos críticos sobre o sofrimento
Emocional como determinação social
“A
medicina, como ciência aplicada para alcançar o que o capitalismo entende por
«saúde», é uma forma de recuperar esses produtos danificados que podem ser
reparados para consumo.
Na psiquiatria, essa capacitação para a adaptação do inadaptado é o que se costuma chamar de terapia ou intervenção terapêutica.
Na maioria dos casos, é acompanhada por tratamentos farmacológicos, tão nocivos (embora seja verdade que podem encobrir/aliviar sintomas dolorosos) quanto lucrativos para a indústria farmacêutica e, no fim das contas, tão inevitáveis, não pela ausência de outras terapias, mas pela presença de um contexto social que só pode reproduzir o sofrimento emocional.
O mundo do capital, o dos novos escravos acorrentados ao trabalho, o consumo absurdo, o conhecimento idiota, o mercado das emoções... é um mundo sem sentido, que causa danos directos àqueles que o sofrem, que apodrece um pouco mais a cada volta da crise histórica e cujas soluções tapam feridas que acabam por se abrir noutro lugar.
Não podemos esquecer que o capitalismo nos concebe como indivíduos isolados e democráticos, desligados da comunidade, da espécie, como entidades sem sentido histórico, singulares na medida em que somos presentes sem perspectiva nem passado.
A luta de classes e a militância revolucionária (seja
ela expressa em movimentos de massa ou na minúscula militância quotidiana)
deslocam a concepção do indivíduo isolado. O facto de nos ligarmos colectivamente
uns aos outros, em projectos que vão além da própria subjectividade, ajuda-nos
a enfrentar as separações do capital que geram tanto sofrimento emocional e
aponta o caminho que, através da revolução, nos devolverá ao nosso eu como
espécie. Um projecto de luta, como um projecto de transcendência além de tudo o
que nos nega, mostra o poder do que o comunismo tornará realidade ao superar
essas relações sociais.
Vimos e reconhecemos, em movimentos reais (ainda
insuficientes, ainda longe da revolução), como greves ou mobilizações massivas,
pessoas com diagnóstico fundirem-se com o conteúdo humano em processo, deixarem
de ser contingentes...
Tradução da versão espanhola para Língua Portuguesa da
autoria de Luis Júdice


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