França: O camarada Lecornu expôs a inutilidade da
camarilha sindical
28 de Outubro de 2025 Robert Bibeau
Por Khider Mesloub .
Se fosse necessária uma prova da inutilidade dos sindicatos e da futilidade dos seus métodos de ação, ela nos foi fornecida pelo novo primeiro-ministro, o camarada Sébastien Lecornu.
Sozinho, sem alarde, sem barulho nem agitação, ele conseguiu derrubar a reforma das pensões. Mal nomeado para Matignon, o camarada Lecornu, sem ter qualquer cartão de filiação sindical nem batalhões de militantes sindicalistas, impôs a Macron a suspensão da reforma das pensões.
No entanto, assim que foi anunciada e oficializada, os sindicatos apressaram-se a atribuir-se a paternidade dessa suspensão. «É uma verdadeira vitória para os milhões de trabalhadoras e trabalhadores que se mobilizaram e expressaram a sua recusa», declarou com desenvoltura a CFDT. Por seu lado, a CGT, num panfleto divulgado no seu site, afirma com impudência: «Graças aos milhões de manifestantes, uma primeira brecha nos 64 anos, continuemos em direção à revogação!»
Ao contrário do que afirmam estas duas centrais sindicais, a CFDT e a CGT, as suas mobilizações não obtiveram qualquer vitória. Não conseguiram abrir qualquer brecha.
Em 2023, os sindicatos mobilizaram certamente as suas tropas durante vários meses, mas foi para organizar a derrota do movimento social contra a reforma das pensões.
À excepção dos dias de inacção estéril e inútil organizados durante seis meses, programados maquiavelicamente até à exaustão dos participantes e, sobretudo, ao desgosto das manifestações indigestas, nenhum outro método de luta ofensiva e combativa foi implementado para fazer ceder o governo Macron.
Excepto as intermináveis procissões litúrgicas e carnavalescas, as múltiplas petições, a parlamentarização da acção operária objectivada pelas súplicas obsequiosas dirigidas aos deputados para que votassem contra a reforma ou pela menção de censura, ou as repreensões reverentes formuladas a Macron para implorar-lhe que renunciasse à sua reforma, nenhuma outra alternativa de luta foi sugerida ou imposta pelos militantes e manifestantes liderados pela camarilha sindical: nenhuma assembleia geral soberana e decisória, nenhuma coordenação, nenhuma extensão da luta a todos os sectores industriais, administrativos e terciários.
Não poderia ser de outra forma com os sindicatos do Estado.
Por medo de uma «explosão social» e de «excessos», como os bombeiros dirigentes sindicais, visceralmente ligados à defesa da ordem burguesa, não pararam de martelar, a intersindical empregou os velhos métodos de mobilização pontual, encarnados pelos famosos dias de acção repetidos em intervalos distantes e pelas fumegantes «greves parciais» (partes de greves) renováveis em alguns sectores isolados.
Noutras palavras, a mesma táctica exaustiva e desmoralizante, empregue há anos em lutas anteriores, que causou derrotas dolorosas. Essa táctica da intersindical permite, por um lado, evitar os «excessos» da luta operária, ou seja, neutralizar qualquer surgimento de uma autêntica luta de classes que envolva todo o proletariado contra os capitalistas e o seu Estado e, por outro lado, atenuar consideravelmente os danos causados à economia burguesa.
Em seis meses de mobilização, a economia nunca foi realmente bloqueada por greves ou ocupações de fábricas. Em contrapartida, com a cumplicidade da polícia, os sindicatos orquestraram deliberadamente os «excessos» de violência, para desacreditar a luta operária (associada à violência) e dissuadir os manifestantes, nomeadamente as famílias, de se juntarem ao movimento de revolta (por medo da violência).
Assim, os sindicatos estatais não só organizam as derrotas, como também orquestram a violência, cometida pelos seus companheiros de cortejo, os black-blocs, especialistas na degradação de bens, tal como os sindicalistas são especialistas na desintegração das lutas operárias. Os primeiros incendiam os caixotes do lixo, os segundos deitam no lixo a autêntica luta proletária.
Dito isto, a orientação pusilânime da intersindical é inerente à característica social burguesa da própria camarilha sindical. Fundadas na colaboração de classes, as organizações sindicais, legalistas e pacifistas, empenham-se sistematicamente em demonstrar a sua respeitabilidade e lealdade capitalistas através da sua oposição a qualquer luta que não se integre nos princípios do «diálogo social», que não respeite a «paz social», ou seja, a ordem burguesa estabelecida.
É por isso que esses aparelhos de supervisão dos assalariados são realmente organizações burguesas maquiavélicas e escandalosas.
A prova. Mais de seis meses de mobilizações lideradas pela intersindical, caracterizadas pela ausência total de qualquer contestação das orientações programáticas e dos métodos de organização sindical, resultaram num 49.3, depois numa queixa de mediação e, finalmente, na validação da reforma pelo Conselho Constitucional.
Certamente, os caciques dos sindicatos estatais souberam controlar inteligentemente o movimento de contestação, manobrá-lo, com a contribuição e a cumplicidade dos partidos de esquerda, nomeadamente a NUPES.
O longo movimento de contestação contra a reforma das pensões confirmou, se necessário fosse, a função contra-revolucionária dos sindicatos.
Os sindicatos organizam sistematicamente o fracasso das lutas dos trabalhadores. O derrotismo é a sua marca registada. Fabricar derrotas é a actividade profissional dos sindicatos. Neste sector do derrotismo, eles destacam-se pela sua técnica capituladora.
Qualquer sindicato, aparelho estatal de supervisão e controlo dos trabalhadores, para quem a sabotagem da luta dos operários e o afundamento da emergência revolucionária constituem as suas actividades essenciais, não pode, por definição, obter qualquer vitória, como nos ensina toda a história do sindicalismo do século XX.
Não só organizam sistematicamente os fracassos com os seus métodos de luta derrotistas, mas, como agentes policiais do Estado, com a sua lógica securitária, em nome do pacifismo e da defesa da ordem estabelecida, castigam e condenam os trabalhadores que desejam adoptar modos de acção de luta radicais. Ou seja, revolucionários.
De qualquer forma, a suspensão da reforma das pensões pelo camarada revolucionário Sébastien Lecornu vem, na hora certa, lembrar ao proletariado francês que, para levar a cabo uma luta de classes vitoriosa contra as classes dirigentes, os trabalhadores só podem contar com eles próprios. E não com a camarilha sindical.
Ou, pelo menos, podem agora contar com o seu novo aliado, o camarada Lecornu. Um Locurnu que terá manchado a imagem combativa da camarilha sindical. Acima de tudo, ele terá ridicularizado os sindicatos.
«O homem forte nunca é mais poderoso do que quando está sozinho». Sozinho, o camarada Lecornu conseguiu fazer Macron ceder e arrancar a suspensão da reforma das pensões.
Parafraseando a CGT, os trabalhadores podem proclamar «Graças ao camarada Lecornu, uma primeira brecha nos 64 anos, continuemos em direcção à revogação», a transformação social revolucionária!
Khider MESLOUB
Fonte: France :
le camarade Lecornu a mis à nu l’inutilité de la camarilla syndicale – les 7 du
quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice

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