terça-feira, 14 de outubro de 2025

As recomendações demagógicas das seitas políticas francesas para conter a crise

 


As recomendações demagógicas das seitas políticas francesas para conter a crise

14 de Outubro de 2025 Robert Bibeau


Por Khider Mesloub .

Em França, a iminência de um colapso económico e da desintegração social, aliada a uma desestruturação das instituições, torna-se cada vez mais evidente.

A febril classe política francesa, de todas as tendências, auto-proclamada especialista em economia, não poupa a sua inteligência venal para se dedicar a recomendações tão hipotéticas quanto patéticas. Para dispensar ao povo as suas lições económicas liberais e batidas, que levariam a França de volta aos tempos de fome do passado. Para prodigalizar os seus cataplasmas conceptuais, a fim de curar a purulenta estagnação económica.

Nos programas de televisão ou na imprensa escrita, cada político usa a sua voz estentórica mágica ou o seu teclado de computador taumatúrgico para se entregar a prestidigitações analíticas e recomendações económicas fantasmagóricas (sic).

Toda essa classe política solipsista faz propaganda das suas receitas económicas ultrapassadas, das suas estratégias políticas obsoletas, nomeadamente no que diz respeito à dívida, ver aqui: Que o Silêncio dos Justos não Mate Inocentes: A dívida é a técnica de confisco de valor e acumulação de Capital . " A adopção urgente de um plano anti-recessão económica é essencial para projectar o crescimento económico, para estimular o desenvolvimento do investimento ", proclama em coro, na forma de uma ladainha desesperada.

Toda essa classe política, auto-proclamada especialista, faz parte da nata da burguesia, que raspa papel com o mesmo espírito predatório com que os seus senhores capitalistas se dedicam a raspar as riquezas do país em benefício próprio.

Hoje, além de enfrentar o ressurgimento de protestos sociais descontrolados, essa classe política também enfrenta um descrédito moral intransponível, agravado por uma crise económica insolúvel.

Desorientada pela intensificação da crise, essa classe política debate-se numa agitação angustiante para evitar o naufrágio da sua «França governamental», a sua nação liberal. Noutras palavras, para salvar a sua existência social parasitária e privilegiada. Pois a verdadeira França, a do povo, socialmente à beira da sepultura, não lhe importa, hoje como ontem.

Assim, num momento em que a conjuntura económica francesa sofre as tempestades da recessão mundial, agravada pela crise institucional, esta classe política erige-se em especialista para oferecer as suas receitas para salvar, promete ela, a França da falência, do desastre, da derrota. Na verdade, para salvar o sistema capitalista. Porque as classes populares francesas, há várias décadas, enfrentam a falência das suas condições sociais, o desastre da sua dignidade, a derrota da sua democracia eleitoral espezinhada pelo governo, em particular pelo actual presidente, Macron.

Ao ouvir esses defensores do liberalismo, tanto da esquerda como da direita, simples reformas políticas seriam suficientes para acabar com a crise. A julgar por esses charlatães, essas cliques de vigaristas, a convocação de eleições legislativas permitiria sanear a economia francesa. Uma mudança insignificante do pessoal político à frente do Estado contribuiria para travar o atolamento económico, a falência financeira; para regenerar uma economia prejudicada pela erosão das receitas fiscais e pela explosão da dívida; a restabelecer a confiança entre o povo francês, ferido pela pauperização generalizada e pela repressão policial, e os «seus» governantes, cheios de riqueza financeira e inchados de autoridade despótica.

A sua ingenuidade é gritante, a sua ignorância lamentável, a sua duplicidade aflitiva. Na realidade, numa França atolada numa crise económica desastrosa e insuperável e numa instabilidade institucional inextricável, nenhum «novo» governo colocado à frente do Estado francês, mesmo que constituído por políticos competentes e íntegros, é capaz de travar a recessão económica, nem de conter a crise de legitimidade da classe dirigente francesa.

De qualquer forma, quer se trate da opção liberal ou da opção social-democrata preconizadas por esta classe política desacreditada, como panaceia para redinamizar a economia francesa, nenhuma política pode alterar o curso da crise institucional, nem inverter a tendência recessiva da economia.

Neste capítulo da revitalização económica da França preconizada, com a sua linguagem infesta de clichés, por estes caciques de um regime político em apuros, o obstáculo é, paradoxalmente, económico.


Numa economia capitalista mundializada baseada no lucro, na venda de mercadorias produzidas, a saturação dos mercados já é sufocante em termos de poluição e alarmante em termos de destruição ecológica. Com efeito, a sobreprodução atingiu proporções sem precedentes. O resultado é o agravamento da concorrência entre os países para escoar os seus produtos tóxicos. Nesta guerra económica internacional implacável, apenas os países altamente desenvolvidos, com uma indústria performante, saem-se bem e ganham o jogo. Apenas as nações com economias fortes, que dispõem de poder financeiro e infraestruturas tecnológicas eficientes, dominam os mercados, graças à venda dos seus produtos competitivos a preços imbatíveis. Expulsando assim do mercado os países fragilizados, como a França, atingida pela desindustrialização e pela «desfinanciarização» (privada de finanças, de dinheiro fresco).

Além disso, actualmente, num momento em que milhares de empresas em todo o mundo fecham por falência (baixa venda) ou destruição deliberada, programada pelo grande capital, com como corolário um desemprego endémico, a perspectiva para a França, como preconiza essa classe política ilusionista, de se lançar no investimento industrial é ilusória, para não dizer impossível. Hoje, a recessão prejudica essa perspectiva de desenvolvimento, pois o declínio do capitalismo é irreversível. Ainda mais o capitalismo senil francês.

A solução não é, portanto, política. Muito menos económica, no quadro do sistema capitalista atolado numa crise sistémica mortal. Na realidade, sem uma ruptura radical com o capitalismo, nenhuma solução é viável.

Por isso, o povo trabalhador da França deve desconfiar de toda essa classe política, tanto da esquerda como da direita. Caso contrário, será a continuação da mesma política liberal anti-social, a perpetuação da mesma miséria para a população empobrecida. E, acima de tudo, o mesmo projecto de marcha forçada para uma economia de guerra apoiada por toda a classe política, encarnada pelo aumento excepcional do orçamento militar e pela militarização da sociedade.

Numa França onde a terceirização política disputa com a mendicância económica, a salvação do povo trabalhador francês não virá dos políticos, desses bandos de oportunistas sem fé nem lei, desses vigaristas da política desconectados das realidades sociais, mas, por outro lado, com os olhos sempre fixos nos picos do poder ou no poder dos crimes... sociais.

Uma coisa é certa: o povo trabalhador da França não deve lutar abstractamente contra o poder, contra as classes dominantes, ainda mais com slogans niilistas ou um programa político retrógrado. Mas contra o sistema económico dominante concreto, ou seja, o modo de produção capitalista...

O povo trabalhador da França, hoje novamente envolvido no segundo acto do movimento dos Coletes Amarelos, baptizado de setembrista (Bloquons tout le 10 septembre, ou «Vamos bloquear tudo no dia 10 de Setembro»), deve assumir concretamente o seu destino nacional, organizar-se realmente fora das instâncias políticas parasitárias, das instituições governamentais subordinadas ao sionismo genocida.

O povo trabalhador da França, para além das dissensões étnicas e religiosas habilmente orquestradas pelos meios de comunicação social para o fragmentar, deve estruturar-se de forma a autonomizar a sua luta com vista a construir o seu próprio poder político, à escala local e nacional, dirigido pelos seus representantes íntegros, no quadro de uma democracia directa auto-gerida, estabelecida fora das instâncias parlamentares e governamentais burguesas moribundas, com o objectivo político de construir uma sociedade igualitária, livre do lucro, das mercadorias e do dinheiro.  Em suma: uma economia que produza para satisfazer as necessidades sociais, não para o lucro. Muito menos para a guerra.

A guerra tornou-se o único programa e o projecto injusto de toda essa classe política belicista francesa.

Khider MESLOUB

 

Fonte: Les préconisations démagogiques des sectes politiques françaises pour juguler la crise – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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