Pentágono mapeia possíveis alvos para um ataque à
Venezuela
31 de Outubro, 2025
Data da modificação: Oct 31, 2025
Um B-1B Lancer na Base
Aérea de Misawa, Japão, 3 de Maio de 2025. (Foto de Mattison Cole)
Pontos-chave
· O governo Trump identificou alvos militares na Venezuela ligados a supostas operações de tráfico de drogas, incluindo portos, pistas de pouso e bases navais, informou o WSJ.
· Bombardeiros B-1B da Força Aérea dos EUA e navios da Marinha realizaram operações perto da Venezuela, com o USS Gravely a atracar em Trinidad e Tobago.
O governo Trump identificou uma série de potenciais alvos militares na
Venezuela, incluindo portos, pistas de pouso e bases navais supostamente
ligadas a operações de tráfico de drogas, informou o The Wall Street Journal na
quarta-feira, citando autoridades dos EUA familiarizadas com o assunto.
De acordo com o relatório, o governo tem considerado opções para ataques
limitados com o objectivo de degradar o que descreve como uma rede de
narcóticos ligada ao governo do presidente Nicolás Maduro. Os alvos em análise
incluem instalações que se acredita serem usadas para o tráfico transnacional
de narcóticos para os Estados Unidos.
A iniciativa ocorre no meio de tensões crescentes na região, à medida que a
Marinha e a Força Aérea dos EUA intensificam as operações perto da Venezuela.
Um par de bombardeiros B-1B Lancer da Força Aérea dos EUA voou a 50 quilómetros
da costa norte da Venezuela, perto de Caracas, no início desta semana, marcando
o sobrevoo mais próximo desde que a actividade militar começou a aumentar nos
últimos meses.
Numa demonstração paralela de força, o contra-torpedeiro USS Gravely chegou
a Port of Spain, em Trinidad e Tobago, enquanto o porta-aviões USS Gerald R.
Ford continua a manobrar para se aproximar da costa venezuelana. Maduro, em
resposta ao destacamento, classificou o movimento dos recursos navais dos EUA
como uma tentativa de fabricar «uma nova guerra eterna» contra o seu país.
«Trump e os seus assessores seniores têm-se concentrado particularmente em
perturbar Maduro», escreveu o The Wall Street Journal, acrescentando que a
administração ligou a liderança da Venezuela ao fluxo de narcóticos para os
EUA.
Autoridades dos EUA não confirmaram nenhuma decisão final sobre a acção
militar, mas enfatizaram que o planeamento operacional continua.
A campanha também está a ser travada através de canais diplomáticos e de
informação. Washington intensificou as mensagens que retratam Maduro como um actor-chave
num narco-estado que está a contribuir para o fluxo de cocaína e drogas
sintéticas para o território dos EUA. Maduro nega as acusações, classificando-as
de politicamente motivadas.
Num desenvolvimento que provavelmente complicará a dinâmica regional, um
avião de transporte militar russo Ilyushin Il-76TD pousou na Venezuela esta
semana, tendo voado da Rússia através da Arménia, Argélia, Marrocos, Senegal e
Mauritânia. De acordo com o rastreamento de voos de código aberto, a aeronave
era operada pela Aviacon Zitotrans, uma companhia aérea de carga russa
sancionada pelos EUA desde Janeiro de 2023 pelo seu papel no transporte de
suprimentos para o Grupo Wagner e outras entidades ligadas à indústria de
defesa russa.
Os dados de voo do FlightRadar24
Acredita-se que a aeronave tenha transportado equipamento militar e contratados estrangeiros da Rússia e da China, uma acção vista pelas autoridades de defesa dos EUA como um aprofundamento da dependência da Venezuela em relação ao apoio militar não ocidental.
A presença de contratados russos e a movimentação de
pessoal chinês para o país aumentam os riscos de qualquer acção potencial dos
EUA. Analistas alertam que mesmo um ataque limitado com o objectivo de desactivar
aeródromos ou apreender bens relacionados com o tráfico de drogas poderia
desencadear um confronto mais amplo com Moscovo e Pequim, que têm interesses no
governo de Maduro.
A convergência da pressão militar dos EUA, da
cooperação entre a Venezuela e a Rússia e da crescente instabilidade regional
pode colocar as forças americanas em concorrência directa com potências
estrangeiras na periferia da América do Sul. Para os EUA, isso levanta
preocupações sobre uma potencial escalada, interrupção da cadeia de
abastecimento e uma nova frente de rivalidade estratégica no hemisfério
ocidental.
Fonte:
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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