segunda-feira, 22 de abril de 2024

Economia mundial: em que ponto nos encontramos em 2024?

 


 22 de Abril de 2024  Robert Bibeau 


Por Dominique Delawarde.

 

Economia mundial: em que ponto nos encontramos?

O FMI acaba de divulgar a sua actualização de Abril (2024) sobre o estado da economia mundial e as suas previsões para o futuro.

Antes de entrar em pormenores sobre os números, devem ser tidas em conta duas observações preliminares.

§  – Os números e previsões apresentados pelo FMI, que acompanho há 30 anos, são sempre optimistas para os países do Ocidente EUA-UE e para os países próximos (Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Austrália, Nova Zelândia) e ainda pessimistas para os países emergentes agora referidos como o Sul Global. A cada actualização trimestral, os números deterioram-se principalmente para os países ocidentais e melhoram para os seus adversários.

Assim, a Rússia dada pelo FMI em 0,7% no início de 2023 fechou o ano em 3,6%, o que não foi um pequeno erro de julgamento por parte do FMI.

§  – Os números e as classificações apresentados pelo FMI diferem dos apresentados pelo Banco Mundial, e não apenas um pouco. Por exemplo, a Rússia, classificada em 4º lugar no mundo em termos de PIB/paridade do poder de compra pelo Banco Mundial no final de 2024, é apenas o 6º lugar de acordo com o FMI, que parece ser mais severo na sua avaliação da Rússia, mas que irá rever a sua posição no decurso do ano. Note-se que o FMI mantém as classificações do Japão, da Alemanha e da Rússia, por esta ordem, até 2029, inclusive.

O tempo dirá se o Banco Mundial ou o FMI estavam certos.

Passemos às tabelas do PIB medido pelo FMI em paridade de poder de compra.

§  Os BRICS 10, (que se podem tornar 15 ou 20 ou mais até 2029)

País

PIB/PPP 2024 visto pelo FMI em milhares de milhões de dólares/PPP

PIB/PPP 2029 visto pelo FMI em bilhões de dólares/PPP

China

35 290

46 250

Índia

14 590

21 910

Rússia

5 470

6 420

Brasil

4 270

5 190

Arábia Saudita

2 350

3 140

Egito

1 900

2 670

Irão

1 850

2 290

Emirados Árabes Unidos

948

1 290

África do Sul

1 030

1 200

Etiópia

432

658

Total BRICS 10

68.130 (36,69% do PIB mundial)

91.020 (38,34% do PIB global)

Total em todo o mundo

185 680

237 390

§  O G7

País

2024 PIB/PPP em bilhões de $/PPC

PIB/PPC 2029 em bilhões de $/PPC

EUA

28 780

34 950

Japão

6 720

7 630

Alemanha

5 690

6 580

Reino Unido

4 030

4 790

França

3 990

4 700

Itália

3 350

3 780

Canadá

2 470

2 970

Total acumulado G7

55.030 (29,64% do PIB mundial)

65.400 (27,55% do PIB global)

Mundo

185 680

237 390

§  EUA + UE

País

2024 PIB/PPP em bilhões de $/PPC

PIB/PPC 2029 em bilhões de $/PPC

EUA

28 780

34 950

UE

26 310

31 310

Total acumulado EUA + UE

55.090 (29,67% do PIB mundial)

66.260 (27,91% do PIB mundial)

Mundo

185 680

237 390

Comentários sobre os quadros acima:

§  – Sem falar nos vieses e erros de cálculo involuntários ou deliberados que são sempre a favor dos países ocidentais, o FMI dá uma diferença de mais de 10 pontos a favor dos BRICS 10 até 2029. (BRICS 38,34% do PIB mundial, G7 27,55%, EUA+UE 27,91%).

§  – O que acontecerá se os BRICS 10 se tornarem BRICS 20 ou mais até 2029? Não está excluído que os BRICS 20 ou mais sozinhos ultrapassarão 50% da economia mundial, especialmente se países importantes como a Indonésia e por que não a Turquia aderirem à multipolaridade (sic).

§  – Se os novos membros dos BRICS forem sabiamente escolhidos entre os muitos candidatos, e provavelmente serão, eles poderiam muito bem ter, por conta própria, uma enorme proporção da energia (gás, petróleo) e matérias-primas ainda disponíveis no planeta. O futuro das economias dos países do Ocidente da NATO e do G7 seria então muito sombrio, especialmente porque a massa cinzenta também parece estar a migrar para a multipolaridade, que hoje forma muito mais engenheiros e regista duas vezes mais patentes para invenções inovadoras do que a NATO Ocidental.

É compreensível que este Ocidente da NATO esteja desesperadamente agarrado à sua hegemonia e ao seu sistema financeiro baseado num dólar em declínio, numa tentativa de se manter à tona o máximo de tempo possível. Tornou-se existencial para ele, talvez a ponto de arriscar os caprichos da guerra na tentativa de prolongar sua hegemonia por mais algumas décadas.

Com os acontecimentos na Ucrânia e no Próximo e Médio Oriente, as coisas podem mudar muito rapidamente.

Fonte: Économie mondiale : où en est on en 2024? – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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