terça-feira, 6 de maio de 2025

Eu acuso… por Haytham Manna

 


Eu acuso… por Haytham Manna

6 de Maio de 2025 René Naba

RENÉ NABA — Este texto é publicado em parceria com www.madaniya.info.

.Haytham Manna é presidente do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos (SIHR), membro sénior da oposição democrática síria e colaborador do madaniya.info.

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§  A lista das suas contribuições está neste link:   https://www.madaniya.info/author/haytham-manna

§  O seu retrato neste link:  https://www.madaniya.info/2017/09/01/haytham-manna-le-paria-de-damas-ou-la-rectitude-en-politique/


Sou um cidadão deste mundo, privado de ver a minha família e amigos pela família Assad durante um quarto de século, porque rejeitei a ditadura militar no meu país. O meu irmão, o engenheiro Maan Aloudat, e 34 membros da minha família foram mortos. Aqueles da minha família e amigos que não foram mortos ou presos passaram um total de mais de mil anos nas prisões de Assad, pai e filho...

Hoje, acuso as autoridades russas de terem oferecido refúgio a um criminoso contra a humanidade chamado Bashar al-Assad, e exijo que a Federação Russa entregue este criminoso e os seus associados ao Tribunal Penal Internacional...

Acuso o Presidente Recep Tayyip Erdoğan e o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, de facilitarem a entrada de 120 000 jihadistas takfiris na Síria e no Iraque em menos de uma década.

Acuso os Guardas Revolucionários Iranianos e as milícias suas aliadas de terem trazido quase sessenta mil extremistas xiitas para o território sírio a pretexto da defesa de lugares santos, o que conduziu a sangrentas guerras sectárias na Síria.

Acuso os chamados “Amigos do Povo Sírio” de transformarem a mais importante revolução civil pacífica contra a ditadura num conflito geo-estratégico armado pela Síria.

Acuso os serviços secretos do Qatar, da Turquia e da Grã-Bretanha de apoiarem directamente o Hay'at Tahrir al-Sham HTS, que está classificado nas listas terroristas das Nações Unidas e também destes países, como alternativa à ditadura de Assad, como se fosse o destino do povo sírio, que fez enormes sacrifícios, escolher entre a cólera e a peste.

Acuso a extrema-direita israelita de explorar desdenhosamente o drama sírio, destruindo todas as infra-estruturas possíveis e ocupando uma superfície cinco vezes superior à de Gaza em comparação com o que restava dos Montes Golã, num vergonhoso silêncio internacional.

Acuso todas as delegações dos países da União Europeia que vieram a Damasco de passarem um atestado de boa conduta àqueles que vão ser julgados pelos tribunais europeus.

Acuso os canais de ódio sectário, em particular a Al Jazeera e a Al Arabiya Al Hadath, de retratarem o genocídio que está a ocorrer hoje no meu país, apresentando o que estamos a sofrer como uma resposta a uma conspiração dos remanescentes do antigo regime.

Acuso todas as ONG envolvidas na promoção desta narrativa de esconderem os factos e as verdades e de justificarem os apelos à punição colectiva de três milhões de alauítas na Síria.

Acuso o pequeno homem, Geir Pedersen, de ter fugido para a Noruega numa altura em que o seu lugar natural deveria ser o de denunciar o que está a acontecer perante o Conselho de Segurança e a comunidade internacional...

Acuso as agências noticiosas internacionais de se manterem em silêncio sobre os crimes em curso, que, segundo uma equipa de investigação formada por 13 ONG de defesa dos direitos humanos, custaram a vida a 2.012 civis, mortos por takfiris sírios e estrangeiros que fazem parte da aliança militar no poder em Damasco.

Milhares de civis que fogem dos massacres para a região de Akkar, no Líbano, para a base militar de Hmeimim e para as montanhas de Latakia reviverão as cenas dos barcos da morte se a comunidade internacional mantiver a sua actual cumplicidade com os criminosos e se calar perante eles.

O ódio sectário é uma arma de destruição maciça para os povos da região. É a tradução local do racismo, e quem se cala perante ele está a contribuir para a sua propagação.

 

Fonte: https://les7duquebec.net/archives/299540#

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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