12 de Fevereiro
de 2023 ROBERT GIL
Investigação conduzida por Robert Gil
Em 2016, celebrámos o 80º aniversário da Frente Popular e as suas conquistas sociais, que constituem a base comum da nossa sociedade. É importante compreender que estes avanços históricos (tal como os resultantes do programa do Conselho Nacional da Resistência no final da Segunda Guerra Mundial relativo à nacionalização dos principais meios de produção, dos grandes bancos e companhias de seguros, da segurança social e da reforma ou mesmo da liberdade de imprensa...) não se devem à complacência dos empregadores e do governo para com os assalariados. São o resultado de greves e ocupações de locais por mulheres e homens que acreditavam que, unidos e solidários, poderiam inverter o equilíbrio de poder e conquistar novos direitos para uma sociedade melhor.
Este movimento popular nasceu em 1934 como reacção à ascensão do fascismo em França e na Europa e ao agravamento da exploração dos assalariados causada pela crise e pelo desenvolvimento da economia de guerra dos anos 30.
Há um "antes", um "durante" e um "depois" de 1936. Antes, eram os patrões do direito divino com os seus ataques anti-operários, a repressão da militância operária, o questionamento dos direitos sociais.
Em 1936, foi a revolta dos trabalhadores face a sacrifícios, miséria, despedimentos, e o agravamento das condições de exploração. Foi uma onda de greves que se espalhou por todo o país e deu esperança ao mundo do trabalho. Foi a ocupação de fábricas e o início das negociações patronais sobre as exigências dos assalariados.
Depois disso, é o desenvolvimento das conquistas sociais com a
sensação de que "tudo é possível". Entre as medidas adoptadas está o
aumento dos salários. Varia de 15% para os salários mais baixos para 7% para os
mais altos, sob a condição de retomar o trabalho.
Os fazedores de guerras acreditam, assim, que puseram fim à greve e vêem
as suas fábricas a funcionar a toda a velocidade para fabricarem as suas
máquinas da morte e se enriquecerem. Mas isto não é suficiente. Os
trabalhadores demoram a voltar ao trabalho. Pelo contrário, o movimento está a
crescer. Para incentivar o regresso ao trabalho, o governo adoptou então as
famosas "leis sociais", sendo as principais:
§ As 40 horas de trabalho semanal (em comparação com as 48 anteriormente)
sem perda de salário.
§ Os 15 dias de férias
pagas para todos os trabalhadores (imaginem, 15 dias pagos sem
trabalhar!).
§ A criação de
delegados de pessoal e de convenções colectivas sectoriais.
Perante o que parecia ser um avanço social considerável, a luta desmoronou-se e depois parou. A lógica da guerra pode recomeçar, com as consequências que conhecemos.
Não escapa a ninguém que durante anos, sucessivos governos, sujeitos ao diktat dos empregadores, têm vindo a trabalhar para destruir sistematicamente as conquistas sociais e o progresso colectivo. O imobilismo dos assalariados torna a sua tarefa mais fácil. De facto, no sistema capitalista, os direitos sociais nunca são realmente adquiridos e, além disso, têm sido constantemente postos em causa desde o seu aparecimento.
As nossas lutas construíram os nossos direitos, a nossa demissão vai destruí-los! Temos de regressar aos fundamentos da luta social e de classe. Devemos informar-nos, formar-nos, deixar de ouvir televisão, rádio ou jornais, todos esses media pertencem a 5 ou 6 multimilionários que forjam a opinião e protegem os interesses da classe capitalista. E quer na Europa quer fora da Europa, teremos sempre de lutar para defender os nossos direitos e adquirir novos direitos, porque quer dentro das nossas fronteiras históricas quer dentro das nossas fronteiras alargadas, o capital não respeita nenhuma delas.
JMD
Robert Bibeau
1º Comentário
Li isto no texto acima: "A Frente Popular nasceu em 1934 como reacção à ascensão do fascismo em França e na Europa e ao agravamento da exploração dos assalariados, causada pela crise e pelo desenvolvimento da economia de guerra dos anos 30 (que acrescenta) as suas conquistas sociais que constituem a base comum da nossa sociedade.
Não estou de acordo com isto
1) A fundação das nossas sociedades capitalistas não pode datar de 1934-1936,
quando este modo de produção foi colocado no poder político da sociedade depois
de ter tomado o poder económico em 1789 no caso específico da França.Foi aqui
que a fundação foi forjada.
2) 1934-1936 = Frente Popular = é um episódio que se segue à grande crise
económica de 1929 e à recuperação económica que permitiu ao proletariado fazer
exigências e impô-las ao capital, o que foi aceite para evitar a insurreição
popular. Os patrões disseram a si próprios que recuperariam tudo de novo assim
que pudessem. E depois veio a guerra e todo este terreno comum foi
desintegrado... os proletários encontraram-se soldados nos campos - nas
trincheiras – no mato - no estrangeiro.
3) Uma parte do proletariado foi varrida pela esquerda
liderada pela pequena burguesia (que se organizou na FRENTE POPULAR NACIONAL) e
outra parte do proletariado foi recrutada pela pequena burguesia para a FRENTE POPULAR NACIONAL)
E O CAPITAL FEZ a ala esquerda da burguesia bater-se contra a ala direita da
burguesia FAZENDO OS PROLETÁRIOS SERVIR COMO CARNE PARA CANHÃO NOS DOIS CAMPOS.
4) Hoje, o capital mundial tenta reproduzir o mesmo cenário com os NEO-NAZIS
CONTRA A ULTRA-ESQUERDA RADICAL, mas não funciona - a maionese não cola -
apenas a pequena burguesia se mobiliza para um lado ou para o outro (pró e
anti-muçulmano, pró e anti-feminista, pró e anti imigrante, etc.) mas não se vê
nenhum daqueles grandes comícios que os FASCIST AS e o BLOCO POPULAR faziam na
altura.
5) O experiente proletariado mantém a distância e assiste aos
desfiles (desculpem = as manifestações) de esquerdistas e direitistas pequeno-burgueses
E ESTÁ MUITO BEM ASSIM
6) Procuram a vanguarda??? Procurem na rectaguarda
robert Bibeau http://www.les7duquebec.com
2º Comentário
Várias vezes no Livro dos Feitiços (Grimoire) repetimos o nosso argumento:
Está
escrito acima: "As vitórias alcançadas nos últimos anos (em relação à
nacionalização dos principais meios de produção, dos grandes bancos e
companhias de seguros, à segurança social e à reforma, ou à liberdade de
imprensa...) não se devem à complacência dos empregadores e do governo para com
os trabalhadores. São o resultado de greves e ocupações de locais por mulheres
e homens que acreditavam que, unidos e solidários, poderiam inverter o
equilíbrio de poder e conquistar novos direitos para uma sociedade melhor.
1)
O que resta hoje das "conquistas" destes trabalhadores em 2020?
2)
Foram a nacionalização dos principais meios de produção e dos bancos e
companhias de seguros "conquistas e avanços sociais - operários" ????
3)
A classe proletária "inverteu" o equilíbrio de poder (económico e
político) durante a Frente Popular e a CNN?
4)
O que é feito hoje deste equilíbrio de poder ENTRE QUEM E QUEM É ESTE EQUILÍBRIO
DE PODER?
Para
responder a estas diferentes questões que estão no cerne da avaliação
ideológica = teórica = e política da experiência - do movimento da Frente
Popular, cada um deve primeiro escolher o seu campo. Depois, tendo escolhido o
seu campo para defender a perspectiva - o ponto de vista - o ângulo de análise
da sua classe social (um campo é uma classe social à qual se adere e à qual se
serve)
Os
campos são a) o grande capital; b) a burguesia nacional e nacionalista
chauvinista; c) a pequena burguesia - cão de guarda e correia de transmissão da
burguesia junto do proletariado; d) a classe social operária e proletária.
5)
A análise acima deriva de que classe social = de que campo e serve que campo na
luta de classes?
Robert Bibeau
Fonte: LES 80 ANS DU FRONT POPULAIRE: continuons la lutte! – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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