A surpresa do Chef

 

 27 de Fevereiro de 2023  Olivier Cabanel  

OLIVIER CABANEL — O que é que se esconde nos nossos pratos?

Depois do frango com dioxinas, dos óleos reciclados na fritura, uma nova surpresa nos espera: a melamina na nossa dieta.

 

Ninguém ignora que, para ter sucesso no aumento da rotatividade, é preciso ser imaginativo.

Os nossos amigos chineses compreenderam isto, e todos ouviram falar do leite contaminado com melamina sem conhecerem os detalhes.

Melamina?

Utiliza-a todos os dias, muitas vezes sem o saber, porque é um químico industrial utilizado para fabricar vários materiais plásticos, por exemplo, para fazer os revestimentos dos seus utensílios de cozinha.

A melamina dá um aspecto plástico e brilhante, dando "um efeito mais bonito".

Os gigantes da indústria alimentar acabaram por encontrar outras utilizações para ela.

Tudo começou em 2007 nos EUA, quando se descobriu que cães e gatos estavam a morrer depois de comerem alimentos contendo melamina da China.

Em 2008, na China, foram descobertos casos de crianças que sofriam de crescimento anormal e de anomalias renais, levando à sua morte.Em Agosto de 2008, a melamina foi descoberta num leite da China (leite sanlu).

 

Em Setembro, a melamina foi descoberta em produtos de Taiwan.

Poder-se-ia perguntar porquê usar este produto químico adicionando-o aos produtos lácteos?

Na verdade, o elemento mais importante do leite é a proteína, e a melamina tem a mesma proteína que contém azoto.

A adição de melamina ao leite reduz o volume do leite. Como custa menos do que o leite, aumenta os lucros dos vendedores.

Além disso, não tem cheiro e não pode ser detectado pelo sabor.

A melamina tem um efeito terrível no organismo, uma vez que não é eliminada pelos rins e transforma-se numa "pedra", impedindo a vítima de urinar e fazendo com que os rins se expandam.

Naturalmente, a diálise permite a limpeza dos rins, mas quando este problema ocorre num bebé, as coisas tornam-se muito mais complicadas, uma vez que o tamanho dos rins do bebé é minúsculo.

Então, seria suficiente evitar consumir certo leite em pó da China?

Infelizmente, não é assim tão simples.

Os produtos lácteos encontram-se em muitos outros alimentos: bolos, biscoitos, iogurtes, cremes, queijos, doces, e até mesmo alguns frios.

E como é que se sabe o que é da China ou Taiwan?

O código de barras é uma boa solução, mas precisa de alguma explicação.

A palavra código é composta por 8 ou 13 caracteres divididos entre três zonas. Lendo da esquerda para a direita, encontramos :

• a codificação "flag" em dois caracteres a origem do código
• A "área útil de codificação", que consiste em 10 caracteres, sendo os 4 primeiros representando o fabricante e os últimos 6 o artigo (caso de um código de 13 dígitos). No caso desta área, a codificação depende da área de origem. O último caractere é o "código de controle" que determina a validade do código. É calculado usando um algoritmo padronizado.

Ora,o código de Taiwan é o 471, e o da China vai de 690 a 693.

É de esperar que outros países não tenham incluído a melamina nos seus produtos lácteos.

A mundialização traz-nos definitivamente a sua quota-parte de más notícias todos os dias, e como disse um velho amigo africano:

"Quem come uma noz de coco confia no ânus."

 

Fonte: La surprise du Chef – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice