A
demonstrar que a falácia dos “homens de boa vontade” e o “espírito de Natal”
não existe, sobretudo para a burguesia
exploradora de mão de obra, os trabalhadores da APPLE , que integram a gigantesca GAFAM, entraram, na véspera de
Natal, num curioso e imaginativo processo de luta no Reino Unido.
Na véspera de Natal, os trabalhadores apresentaram-se ao serviço, quer nas lojas, quer nos armazéns para, logo de seguida organizarem aquilo a que se chamam um WALKOUT (saída para a rua), onde expuseram ao público consumidor os motivos da sua luta e apelaram ao boicote às compras nas lojas APPLE e às encomendas online a esta gigante da informática.
Na APPLE a movimentação para a luta foi organizada e protagonizada por actuais e ex-funcionários da empresa e dirigida pelo Grupo Apple Togheter que representa trabalhadores e ex-trabalhadores desta empresa. E, veja-se a clareza com que expuseram as suas exigências:
·
Um
local de trabalho respeitável
·
Pagamento
dos salários a tempo
·
Protecção
para as falhas de caixa
·
Assegurar
a saúde mental ao trabalhadores da linha
da frente
·
Combate
sem tréguas ao assédio – seja de que natureza for – e à discriminação
Os trabalhadores e suas organizações representativas demonstram que a taxa de abstenção ao trabalho é irrelvante e residual, pelo que, a haver “homens de boa vontade”, serão os assalariados, o que demonstra que de boas intenções está o inferno cheio e de que o que aqui está em causa é uma clara luta de classes.
AMAZON WALKOUT
Esta forma de luta
adoptada pelos trabalhadores da APPLE no Reino Unido, já uma semana antes tinha
sido levada a cabo nos EUA, pelos trabalhadores de outra das gigantes dos GAFAM,
a AMAZON, onde dezenas de trabalhadores desta empresa haviam protestado – no Illinois
e em Nova Iorque – para exigir um tratamento melhor e salários mais elevados,
durante o período de festas.
A greve pré-natal
ocorreu em dois depósitos da AMAZON em Staten Island e
Cicero, Illinois , na
quarta-feira, 22 de Dezembro. De acordo com uma declaração dos activistas,
trabalhadores em quatro instalações de Staten Island fizeram uma “greve na hora
do almoço”, criticando “práticas trabalhistas injustas cometidas pela Amazon”,
incluindo interferência ilegal na organização sindical.
Considerando a
crecende gravidade da pandemia Covid-19 e da variante Omicron, os activistas
exigem, para além daquelas reivindicações, a devolução do adicional de
periculosidade e tempo de folga ilimitado sem vencimento.
Neste vídeo compartilhado no Twitter pelo
organizador Christian Smalls vêem-se os organizadores a distribuir panfletos a
promover a greve e a recolher alimentos para distribuir aos trabalhadores
Em Illinois, duas
instalações da Amazon perto de Chicago realizaram uma paralisação antes do Natal
durante a época mais movimentada do ano. Enquanto, assalariados de dois armazéns da
Amazon em Nova York fizeram uma greve na quarta-feira.
Apesar das temperaturas frias, os
trabalhadores da Amazone reuniram-se na Times Square na quarta-feira.
“Fomos preteridos
pelos aumentos. Estamos sobrecarregados, mesmo quando há gente suficiente
para trabalhar aqui ”, disse um funcionário da unidade DLN2 em
Cícero numa transmissão ao vivo postada
pelo Amazonians United.
“Não recebemos os bónus
que nos foram prometidos. Há pessoas aqui que foram contratadas como
trabalhadores permanentes, e então tiraram os seus crachás e transformaram-nos
em trabalhadores temporários”.
"Eles estão a
ocupar este lugar de maneira insegura, fazendo com que as pessoas trabalhem
rápido demais, embora não seja necessário."
Os trabalhadores de
Illinois, que trabalham entre as 1h20 e as 11h50, também estão a exigir um
aumento de US $ 5 por hora.
Os protestos dos
trabalhadores da Amazon vieram depois de um tornado ter
atingido um armazém em Edwardsville, Illinois, em 10 de Dezembro , deixando seis funcionários mortos e sequestrando 100
trabalhadores lá dentro.
As três mulheres,
todas entregadoras, chegaram ao armazém às 20h do dia 10 de Dezembro e foram
orientadas para "irem directamente
para a casa de banho", de acordo com uma ligação para o 911 de dentro do edifício.
No total, pelo menos 45 pessoas escaparam vivas do edifício, e apenas sete delas
trabalharam para a Amazon a tempo integral.
Os trabalhadores falecidos no depósito da Amazon foram posteriormente identificados como sendo
Clayton Hope, 29 anos, Deandre S.
Morrow, 28, Kevin D. Dickey, 62, Etheria S. Hebb, 34, Larry E. Virden, 46, e
Austin J. McEwen, 26 .
Esta luta, assente em
muitos pontos comuns, levada a cabo por trabalhadores da APPLE no Reino Unido e
da AMAZON nos EUA, demonstra que o único caminho a seguir pela classe operária
e pelos escravos assalariados em todo o mundo tenderá, como deve ser, a
internacionalizar-se. Isto porque, quer o grande capital, quer o proletariado,
não conce o conceito de Nação, a exploração e o combate contra ela é cada vez
mais internacional.
Luis
Júdice
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