Não bateremos em retirada |
9 de Dezembro de 2021 Robert Bibeau
O nível de desemprego francês continua a ser mais elevado no terceiro trimestre de 2021 do que antes da pandemia Covid-19, especialmente quando consideramos o desemprego em sentido lato. Embora o aumento do desemprego durante a pandemia tenha diminuído rapidamente, o desemprego, em sentido lato, não está a diminuir. Refere-se a alguém que procurou emprego mas não está disponível para trabalhar, OU que não procurou emprego, mas que quer e está disponível para trabalhar, OU que quer trabalhar, mas que não procurou emprego e não está disponível para trabalhar.
Desemprego
em sentido lato não cai
Em França, existem várias formas de definir um
"desempregado" e, por conseguinte, de medir o desemprego. Pôle emploi (Pólo de Emprego – NdT) distingue
assim cinco categorias de desempregados. A
categoria mais utilizada no debate público é a categoria A, que se refere a uma
pessoa desempregada, à procura de qualquer tipo de contrato, e obrigada a
procurar activamente emprego.
No entanto, é a definição da OIT
(International Labour Office) que é usada pelo INSEE para calcular a taxa de
desemprego, para comparações internacionais, e que a maioria dos meios de
comunicação social e políticos usam. A OIT define um desempregado como uma pessoa
desempregada, que não trabalhou numa semana de referência, está disponível no
prazo de quinze dias para assumir o emprego, esteve activamente à procura de
trabalho no mês anterior.
Segundo Pôle emploi, em Setembro de
2021, o número de desempregados no sentido lato (categoria A a E) diminuiu
ligeiramente face ao mês anterior em França. O número de desempregados na
"categoria A" diminuiu 1,5%, ou seja, menos 55 mil desempregados,
enquanto o de todas as categorias de desempregados diminuiu 2,2%, ou seja,
menos 149 mil desempregados. O número de trabalhadores temporários aumentou
muito ligeiramente.
Se considerarmos todas as categorias definidas pela Pôle Emploi ao longo dos últimos trinta anos, o número de desempregados em França aumentou significativamente:
– (D)O desemprego subiu pela primeira
vez na década de 1990, nomeadamente em resultado da recessão que atingiu a
Europa nessa altura. Com efeito, embora os Estados Unidos tenham sofrido um
dinamismo económico significativo entre 1992 e 2000, o continente europeu viveu
um período de crescimento lento.
– (1999), o desemprego mundial afectou
4,6 milhões de pessoas em França, ou seja, 17,5% da população activa. A
categoria A desempregada representava 12,5 por cento da mão-de-obra (3,3
milhões de pessoas), enquanto a OIT recenseava 10,3 por cento dos
desempregados.
– (F) O desemprego francês começou então
a cair – atingido pela explosão da bolha da Internet que aumentou o desemprego
entre 2001 e 2004 – até Abril de 2008. Em França, havia então 3,7 milhões de
desempregados (13% da população activa), incluindo 2,2 milhões de desempregados
na categoria A (7,6% da população activa), o mesmo número da OIT.
Em seguida, a crise do subprime irrompeu e impulsionou o desemprego para níveis historicamente elevados. Em Dezembro de 2015, o número de desempregados da categoria A atingiu 3,8 milhões, ou seja, 13% da população, enquanto a OIT contabilizou 10,5% de desempregados. O número de desempregados em sentido lato continuou a aumentar, atingindo 6,6 milhões de pessoas em Julho de 2017, ou seja, 22,5% da população activa.
– A partir de Janeiro de 2016, a
categoria A de desemprego diminuiu, atingindo 3.484.000 desempregados em Fevereiro
de 2020, ou seja, 11,8% da população activa, o seu nível mais baixo desde Fevereiro
de 2013. O desemprego, segundo a OIT, chegou mesmo a atingir os 7%, o nível
mais baixo em 30 anos, em Abril de 2020.
– Em Março de 2020, a crise Covid-19
provocou um aumento acentuado do desemprego: o desemprego da "categoria
A" subiu para 15,5% da população activa em Abril de 2020 (14% numa curva
suavizada) e para 9,3% em Agosto de 2020, segundo a OIT. O desemprego alargado
também está a subir para 23% em Maio de 2020.
– Em 2021, enquanto na categoria A o
desemprego caiu rapidamente, para 12% em Setembro de 2021 (3,5 milhões de
pessoas), o desemprego em sentido geral já não diminui e está num patamar de
23%. O desemprego na acepção da OIT também se mantém num patamar, mas em 8,2%.
Este nível de desemprego - medido pela
Pôle emploi ou pela OIT - é, portanto, ainda mais elevado do que o registado
nas vésperas da crise de 2008, que ilustra a dimensão desta crise, das quais as
consequências ainda são amplamente visíveis. O gráfico abaixo dá também uma boa
explicação do longo período de aumento do desemprego (na categoria A) na
sequência da crise de 2008.
Existe também um fenómeno identificável desde 2009: a
taxa de desemprego na acepção da OIT está a divergir cada vez mais do número de
pessoas inscritas na categoria A na Pôle emploi. Isto deve-se ao facto de um número crescente de pessoas
inscritas na categoria A não corresponder à definição de desemprego da OIT. Assim, em 2017, 44% dos inscritos na categoria A
na Pôle emploi não estavam desempregados na acepção da OIT, segundo o INSEE.
Com efeito, a OIT não considera como desempregados
localizados na "auréola
do desemprego", enquanto este último pode ser
registado na categoria A em Pôle Emploi. Por exemplo, podem ser pessoas em
formação. Além disso, a OIT não considera como desempregados "inactivos
fora da auréola", que podem ser registados na categoria A na Pôle emploi.
É o caso de alguns idosos próximos da reforma, que já não estão activamente à
procura de trabalho.
Por conseguinte, não é de estranhar que
os nossos dirigentes políticos prefiram comunicar a taxa de desemprego da OIT,
que é muito mais baixa, uma vez que não conta com uma grande parte dos
desempregados que se encontram na auréola do desemprego ou são considerados
"inactivos".
Após
20 anos, uma série de ofertas de emprego que não aumenta
Olhando para o número de ofertas de emprego recolhidas pela Pôle Emploi todos os meses, notamos uma certa estabilidade entre 2000 e 2020. Este número ronda as 250.000 ofertas mensais, com um pico de 315.000 em Novembro de 2007 e um mínimo de 215.000 em Janeiro de 2015.
A crise Covid-19 fez com que o número de
ofertas de emprego baixasse para um mínimo de sempre de 74.900 em Abril de
2020, durante o primeiro confinamento. O número de ofertas de emprego aumentou
rapidamente: em Setembro de 2021, situou-se em 305.000, o seu nível mais
elevado desde Junho de 2008.
Constatamos, alterando a periodicidade
do gráfico, que o segundo confinamento nacional, iniciado em 30 de Outubro de
2020, foi muito menos violento do que o confinamento de Março em termos de
emprego. O número de ofertas de emprego recolhidas diminuiu "apenas"
em 28.000 em Novembro de 2020, contra uma queda de 210.000 durante o primeiro confinamento
em Março de 2020.
Além disso, é interessante contar também
as ofertas de emprego divulgadas pelas organizações parceiras da Pôle emploi.
Desde 2015, estes números estão
disponíveis e mostram que os parceiros da Pôle Emploi divulgaram entre 300.000
e 450.000 ofertas de emprego por mês desde 2016, ou mais do que a Pôle emploi.
Em Março de 2021, o fosso alargou-se: os parceiros da Pôle Emploi publicaram
560.000 ofertas de emprego, contra 230.000 para a Pôle emploi.
O
aparecimento de rupturas convencionais, o aumento das radiações
As entradas mensais no Pôle emploi aumentaram de 300.000 em Janeiro de 1996 para 370.000 em Setembro de 2021.
Os gráficos abaixo mostram que os
padrões de entradas mensais não mudaram significativamente ao longo dos últimos
25 anos. Assim, a percentagem de demissões, as primeiras procuras de emprego e
o fim dos contratos de trabalho temporário mantiveram-se relativamente estáveis
entre as razões da entrada na Pôle emploi.
Podemos, no entanto, identificar alguns fenómenos marcantes (sem levar em conta o aumento súbito da razão do "Retorno da actividade" em 2016, devido a uma reformulação dos motivos de entrada no Pôle d’emploi):
– O dispositivo de ruptura convencional
– implementado em Agosto de 2008 – tem vindo a ter um lugar crescente entre as
razões da entrada no Pôle emploi. Desde 2018, o número de pessoas que entram em
emploi na sequência de uma pausa convencional estabilizou em cerca de 35.000
por mês, ou 9% do total de entradas.
– Esse procedimento acarretou
automaticamente uma queda nas inscricções na Pôle emploi devido ao despedimento
registado a partir de 2008. Assim, tendo em conta todos os tipos de
despedimentos, elas representaram 70.000 admissões mensais na Pôle emploi no final
de 2008, contra 43.000 em Setembro de 2021.
– A crise Covid-19 provocou um aumento
das admissões à Pôle emploi devido ao fim de um contrato – principalmente
contratos a prazo não renovados – com um pico de 132.000 admissões por esse
motivo em Abril de 2020.
– O trabalho temporário foi também uma
variável de ajustamento para as empresas durante a crise Covid-19, uma vez que
o afluxo de pessoas no final do emprego temporário ocorreu em Abril de 2020, no
auge da crise sanitária (52.000 admissões), antes de cair rapidamente e
fixar-se em 26.000 em Setembro de 2021, abaixo do nível pré-pandemia.
À semelhança do número de entradas
mensais, o número de saídas mensais de Pôle emploi também aumentou desde 1996,
de 340 mil para 525 mil em Setembro de 2021. A crise sanitária de 2020 não
parece ter tido consequências importantes na estrutura das razões para deixar a
Pôle emploi.
Algumas tendências emergem da análise
gráfica:
– Aumento da quota de descontos no número de saídas: representaram 90.000 pessoas em 1996, ou 27% das saídas, contra 210.000 em Setembro de 2021, ou 40% das saídas.
– Um ligeiro aumento de saídas para
estágios ou formação, que representou 34.000 saídas (10% de saídas) em 1996,
contra 70.000 em Setembro de 2021, ou 13% das saídas.
– Um aumento e, em seguida, uma
estabilização de cancelamentos administrativos. Entre 2006 e 2019, os
cancelamentos administrativos da Pôle emploi estabilizaram ligeiramente abaixo
dos 50.000 por mês. Podemos também observar que, após a crise covid-19, a taxa
mensal de radiação abrandou e situa-se nos 39.000 em Setembro de 2021.
A crise de 2008 também continua a ter
consequências em 2021, uma vez que o nível de emprego que prevalecia antes
ainda não foi restaurado. Neste caso, a crise do subprime foi mais devastadora
em termos de emprego do que a crise sanitária de 2020.
Fonte: Le taux de chômage en France est plus près de 23% que de 8%! – les 7 du
quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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