domingo, 30 de janeiro de 2022

China-Rússia-Irão: Reforço da interacção militar

 


 30 de Janeiro de 2022  Robert Bibeau  

Por Mikhail Gamandiy-Egorov.

No fatídico momento das tensões do eixo da multipolaridade face aos nostálgicos da era unipolar passada – Pequim, Moscovo e Teerão reafirmam a sua firme solidariedade, incluindo no domínio da segurança militar, confirmando mais uma vez o papel crucial do espaço euro-asiático na promoção da actual ordem internacional multipolar.

China, Rússia e Irão completaram exercícios navais conjuntos no Golfo de Omã, conforme anunciado pelo canal internacional chinês CGTN. De acordo com o Ministério da Defesa Nacional da China, os exercícios em questão foram realizados ao longo de três dias e envolveram cruzadores de mísseis, fragatas e navios anti-submarino.

O lado chinês tinha enviado um cruzador de mísseis, um navio de abastecimento e vários helicópteros. Estiveram também envolvidos 40 membros do Corpo de Fuzileiros Navais chineses. As nações participantes afirmaram que este exercício visa aprofundar a cooperação prática e construir uma comunidade marítima para um futuro partilhado.

Estas manobras militares conjuntas - a terceira do género para o triunvirato nos últimos anos - são, de facto, de particular importância por várias razões. Em primeiro lugar, e de um ponto de vista puramente prático, possibilitam aumentar activamente a interacção militar-técnica entre as forças armadas das três nações. E isto tendo em conta a regularidade destes exercícios, bem como os laços estratégicos que unem as três potências na arena internacional.

O momento escolhido também é interessante. Com efeito, as manobras conjuntas ocorreram logo após a visita do Presidente iraniano Ebrahim Raisi a Moscovo, durante a qual se reuniu com o seu homólogo Vladimir Putin e também se dirigiu aos parlamentares russos. Confirmando mais uma vez o grande nível de confiança entre Teerão e Moscovo. Irão-Rússia: rumo à expansão da aliança militar e estratégica – o 7 du Quebec

Também como parte do calendário, tal aconteceu quando a China e o Irão anunciaram a implementação do acordo estratégico entre os dois países assinado por um período de 25 anos. Tudo isto sem esquecer o processo de adesão do Irão como membro efectivo da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), composto pela Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Índia e Paquistão. 

https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2022/01/uma-alianca-militar-sino-russa-e.html

A localização destas manobras também merece uma atenção especial. Para o correspondente do canal de televisão TV5 Monde, Siavosh Ghazi, é uma região estratégica para o transporte marítimo internacional e uma região que até há pouco tempo era a reserva dos Estados Unidos.

Por último, seria certamente justo notar que, para além das crescentes tensões dos três países com o establishment atlântico ocidental, é provavelmente mais do que nunca um momento para se reunirem entre os principais promotores da ordem multipolar internacional – a fim de bloquear o caminho para qualquer tentativa agressiva por parte dos nostálgicos resolutos de uma ordem totalmente ultrapassada – a da unipolaridade.

Obviamente e para além da China, da Rússia e do Irão, cuja aliança tripartida já não se pretende realmente apresentar, o que também é importante notar é que o eixo da multipolaridade está a ganhar cada vez mais apoio óbvio em várias partes do planeta, tanto por parte das lideranças militares e políticas, tudo sem esquecer a grande parte da opinião pública nos países em questão. Da África à América Latina, para não falar do Médio Oriente e mesmo no espaço europeu, há muitas vozes a favor do eixo multipolar.

Isto é tanto mais interessante quanto muitos países, incluindo os tradicionalmente considerados próximos do Ocidente, que estão a assistir com grande atenção às convulsões geopolíticas planetárias – já desejam aproximar-se consideravelmente das principais potências euro-asiáticas. Incluindo quando se trata de poder fazer parte das novas Rotas da Seda – o projecto chinês em larga escala que permitirá benefícios económicos significativos para os Estados que aderiram à referida iniciativa, ou que estariam em vias de o fazer.

Um projecto que, ao mesmo tempo, desagrada veementemente a Washington, embora este último não possa propor nada comparável à superpotência económica chinesa. Uma China que é também hoje a principal potência económica do mundo em termos de PIB na paridade do poder de compra (PIB-PPP). Neste sentido, a relação de vassalagem que os EUA mantêm com os seus principais parceiros só demonstra mais uma vez esta incapacidade de propor esquemas vantajosos.

Uma coisa é certa: o triunvirato sino-russo-iraniano continuará a desempenhar um papel de liderança não só no grande espaço euro-asiático, mas também no seio da comunidade internacional. Obviamente – da verdadeira comunidade internacional – não a que representa 10 a 15% da população da Terra, e que ao mesmo tempo já representa menos de metade do Top 10 das principais potências económicas mundiais. Um declínio que até mesmo os analistas ocidentais acreditam que vai continuar. Daí as acções agressivas do eixo atlântico para tentar travar o contágio, mas que provavelmente não será capaz de derrubar um processo já em curso.

Mikhail Gamandiy-Egorov

As opiniões expressas pelos analistas não podem ser consideradas como provenientes dos editores do portal. Só envolvem a responsabilidade dos autores

 

Fonte: Chine-Russie-Iran: poursuite du renforcement de l’interaction militaire – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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