22 de Janeiro de 2022 Robert Bibeau
Por Strategika 51.
Um número considerável de 195 Estados do mundo está classificado em 2022
como falido ou em desmembramento ou em estado de colapso. A maioria tem uma
população bastante grande e um grande aparelho securitário ao ponto de a
aparência da vida continuar, disfarçada por uma propaganda muito pouco
imaginativa e um matraquear mediático em circuito fechado.
O que fazer com todos estes estados falhados ou falidos? A abordagem
tradicional que envolve os mecanismos do Fundo Monetário Internacional, do
Banco Mundial ou de qualquer outra instituição financeira internacional já não
está em consonância com esta nova realidade. Já não se trata de implementar
reformas estruturais ou processos de reescalonamento da dívida ou de aplicação
de medidas drásticas e radicais. Este tipo de medida, que gera tensões e crises
sociopolíticas e económicas, corre o risco de desencadear uma espiral de
conflitos simétricos e assimétricos intermináveis num mundo que já foi extinto
e uma grande população que já emigrou para espaços virtuais para escapar à
realidade.
O fenómeno conhecido como descolonização resultou na proliferação do Estado
e na criação de dezenas de novos estados-nação nos territórios de províncias de
impérios extintos ou reinos passados. A história deste movimento e do seu
contexto, o da Guerra Fria 1.0, mostrou que os mecanismos da história não são
tão determinísticos ou reversíveis como se pensa frequentemente. Acima de tudo,
propagou um conceito de nacionalismo bastante recente e bastante redutor no
sentido europeu, baseado na exclusão do outro e na dicotomia da alienação do
estrangeiro. Esta forma de ideologia forjada no separatismo, compartimentação e
conflito tornou-se objecto de um mimetismo com ou sem nuances e levou à criação
de tantos Estados artificiais que alargariam a lista dos países membros das
Nações Unidas e, em especial, o encerramento do FMI, duas instituições criadas
no rescaldo do fim da Segunda Guerra Mundial como parte de uma nova divisão do
mundo.
Isto foi o que alguns
chamavam de Terceiro Mundo nos anos 70. No entanto, de forma gradual, a maioria
dos países do mundo, mesmo aqueles que foram apresentados como entre os mais
industrializados ou aqueles com uma potência militar da primeira ordem
tornaram-se países do terceiro mundo em 2020, enquanto os outros, promovidos
por menos de uma década graças à mundialização triunfante ao posto de potências
emergentes, caiu para o fundo da escada, se não destruído. A realidade dos
factos provou que um Estado falido pode suportar e até funcionar dada a
tremenda capacidade humana de se adaptar e sobreviver a todas as contingências.
Na realidade, mesmo um
Estado cujas fundações foram destruídas pode perdurar desde que haja pessoas
suficientes para acreditar nele e aderir ao mito desse Estado.
A dívida interna de alguns Estados muito ricos é igual ou superior ao Produto Interno Bruto (PIB) destes Estados e a vida continua. Os Estados de baixos rendimentos deveriam ter entrado em colapso em 2021, mas continuam a existir. É necessário ocupar as massas dos seres humanos e prevenir a todo o custo uma consciência da gravidade da situação sob pena de um movimento de pânico e pior, uma perda de crença no "sistema" que seria fatal e levaria a um caos indescritível como o que afectou o mundo antigo por volta de 1800 a.C. ou a grande agitação gerada pela grande epidemia da peste bubónica de 1346-1353. . Daí a ideia de um grande reset ou um reset impossível dadas as estatísticas astronómicas do fracasso. A ocupação das massas humanas por temas messiânicos ou medo parece, para já, o único expediente possível para atrasar uma consciência e uma perda brutal e massiva do credo num sistema que atingiu os seus limites e entrou em colapso sem que ninguém o percebesse tão massivo e global que é, mas também porque é mantido pela ficção da virtualidade assistida pelas novas tecnologias da informação e comunicação. Estas tecnologias estão a criar novas sociedades, novas economias e um novo sistema de intercâmbios e valores cujos contornos começam a ganhar forma, revelando as premissas de um mundo mais promissor do que a pior distopia imaginada durante o século XX.
fonte: https://strategika51.org
Fonte: Ces pays en faillite post-pandémique…quel
sera leur avenir? – les 7 du quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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