quinta-feira, 29 de abril de 2021

ENGELS: Para entender o "Capital", documento

 


 23 de Abril de 2021  Oeil de Faucon 

Entrego-vos, em duas partes, este documento pouco conhecido de Engels. Foi publicado pela primeira vez pelo GIT LE COEUR e uma segunda pelas edições da NBE.


Para entender o "capital", documento, por Friedrich Engels

EDITORES…………………………………………………………3

O « CAPITAL » DE MARX……………………………………………5
EXTRACTO DO PRÉFACE AU DEUXIÈME LIVRE DU « CAPITAL »………………………………………….13
RÉSUMÉ DU CAPITAL LE PREFÁCIO DA PRODUCÇÃO DO CAPITAL (LIVRO PRIMEIRO)……..........................................................................................15
PREFÁCIO…………………………………….
……………………………… 15

 

PRIMEIRA PARTE A MERCADORIA E O DINHEIRO ……….……….17
I. A mercadoria em si…………………………………….....................................17
II. Processo de troca da mercadoria………………………………………………………….........................18
III. O dinheiro ou a circulação das mercadorias………………………………………20

 

SEGUNDA PARTE A TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL.…………………………………..26
I. Fórmula geral do capital……………………………………………26
II. Contradição da fórmula geral ………………………………………………28
III. Compra e venda da força de trabalho……………………………………………30



O estudo do Capital de Marx apresenta algumas dificuldades. O imprevisto do método, a profundidade da análise, a multiplicidade de novos pontos de vista são confusos e, às vezes, requerem ao leitor pouco sofisticado um certo esforço.

É preferível iniciar o estudo da ciência marxista com obras mais acessíveis, mas mesmo para aqueles que possuem os primeiros elementos dessa ciência, ler O Capital requer alguma perseverança. Já é possível tornar mais fácil, tomando antes do mais conhecimento dos comentários autorizados que devemos ao co-fundador da doutrina, ao próprio Engels.

A colecção "Elementos do Comunismo" teve que se esforçar para preparar os alunos do marxismo para a elucidação do seu trabalho essencial. Para isso, reunimos quatro trabalhos de Engels relacionados com o estudo do Capital num folheto.

1. O artigo "O Capital de Marx" publicado, em 21 e 28 de Março de 1868, no Demokratisches Wochenblatt em Leipzig, que constitui uma exposição magistral do primeiro livro do Capital.
2. Um "Trecho do prefácio do segundo livro do Capital" dedicado especificamente à descoberta do valor agregado.
3. O "Resumo do Capital", onde Engels, capítulo a capítulo, resume e comenta a maior parte do primeiro livro do Capital. A escrita deste trabalho, enriquecida por inúmeras notas explicativas, foi realizada pelos cuidados do Instituto Marx-Engels-Lenine em Moscovo.
4. O "Complemento e Suplemento ao Terceiro Livro do Capital", publicado em 1895 no The Social Becoming e que hoje não se encontra disponível. Estamos a dar uma nova versão que foi cuidadosamente revista e melhorada. Este trabalho é a introdução indispensável ao estudo do terceiro livro;
5. Em seguida, vem um estudo sobre "A Bolsa de Valores". Consiste em observações adicionais sobre o terceiro livro do Capital. Damos este trabalho de acordo com a cópia fotográfica do Instituto Marx-Engels-Lenine.

Achamos útil adicionar num apêndice um trecho do livro clássico de Franz Mehring: Karl Marx: Geschichte seines Lebens (Karl Marx, história da sua vida), no qual o grande propagandista expõe a génese do Capital e analisa o primeiro livro, e algumas passagens da mesma obra, atribuídas à caneta de Rosa Luxemburgo e na qual a famosa activista com a sua clareza habitual, nos dá a substância do segundo e terceiro livros.

Estamos convencidos de que, assim composto, este pequeno trabalho será capaz de prestar reais serviços a todos eles que desejam realizar o estudo sério do Capital.

Mais uma palavra. O "Resumo do Capital" não foi preparado por Engels para impressão; Por isso, era necessário um trabalho de desenvolvimento. Completamos as palavras abreviadas colocando a parte complementar em suportes []. Também demos em notas, in-extenso, muitas passagens de Marx analisadas por Engels.

No final de alguns parágrafos figuram três dígitos; o primeiro indica a paginação da edição alemã do Capital utilizado por Engels; das duas figuras entre parênteses, a primeira indica a paginação da moderna edição alemã do Capital (Verlag f-r Literatur und Politik, Wien-Berlin S. W, 61, 1932), a segunda refere-se à edição francesa que está a ser publicada pelas Editions Sociales.
As notas não assinadas são de Engels.
As notas dos editores são assinadas (N.R.), tradutor (N.T.).


O "CAPITAL" DE MARX

Desde que existem capitalistas e operários no mundo, não há nenhum livro que fosse tão importante para os operários quanto este. A relação entre capital e trabalho, o eixo em torno do qual todo o nosso sistema social de hoje gira, é pela primeira vez cientificamente desenvolvida, e isso com uma profundidade e nitidez possível apenas para um alemão. Por mais preciosos que os escritos de um Owen, um Saint-Simon, um Fourier permanecerão, foi reservado a um alemão atingir a altura a partir da qual se pode claramente abraçar, de relance, todo o campo das relações sociais modernas, da mesma forma que aparece aos olhos do espectador, de pé no pico mais alto, os locais mais baixos das montanhas.

A economia política até agora ensinou-nos que o trabalho é a fonte de toda a riqueza e a medida de todos os valores, de modo que dois objectos cuja produção custou o mesmo tempo de trabalho também têm o mesmo valor e que valores iguais geralmente só são trocados entre eles, eles também devem necessariamente ser trocados uns pelos outros.

Mas, ao mesmo tempo, ela ensina que há uma espécie de trabalho armazenado que ela chama de capital; que esse capital, graças aos recursos que contém, multiplica por cem e por mil a produtividade do trabalho vivo  e exige por isso uma certa compensação, que designamos por lucro ou benefício. Como todos sabemos, as coisas são realmente as seguintes: os lucros do trabalho morto, acumulados, constituem uma massa crescente, o capital dos capitalistas está a tomar proporções cada vez mais colossais, enquanto os salários do trabalho vivo estão a tornar-se cada vez mais minúsculos, e a massa de trabalhadores a viver apenas com salários cada vez numerosos e cada vez mais pobres. Como resolver esta orientação?
Como pode sobrar um lucro para o capitalista se o trabalhador recebe o valor total do trabalho que ele adiciona ao seu produto?

E ainda assim, como apenas valores iguais são trocados, este devia ser o caso. Por outro lado, como os valores iguais podem ser trocados, como é que o trabalhador pode receber o valor total do seu produto, se, como é concedido por muitos economistas, este produto é compartilhado entre os capitalistas e ele?

A economia permanece até agora perplexa com essa contradição, escrita ou gaguejada de fórmulas envergonhadas e vazias. Mesmo os críticos socialistas da economia até agora não foram capazes de fazer nada para além de apontar essa contradição; ninguém a resolveu até que, finalmente, Marx, perseguindo o processo de formação desse lucro até ao seu local de nascimento, fez sobre o todo  luz total.

No desenvolvimento do capital, Marx parte do simples e notório facto de que os capitalistas fazem valer o seu capital como meio de troca; eles compram mercadorias com o seu dinheiro e, em seguida, revendem-nas por uma quantia maior do que aquela que lhes custou. Um capitalista compra, por exemplo, algodão por mil thalers e vende por 1.100 thalers, assim "ganhando" 100 thalers. É esse excedente de 100 thalers no capital inicial que Marx chama de ganho de capital. De onde vem esse valor agregado?

De acordo com a hipótese dos economistas, apenas valores iguais são trocados, e no campo da teoria abstracta, isso também é correcto. A compra de algodão e a sua revenda não podem, portanto, fornecer mais valor agregado do que a troca de um thaler de prata por 30 quantidades de dinheiro e uma nova troca dessa moeda de conta pelo thaler de prata, uma operação na qual ninguém fica mais rico ou mais pobre.

Mas o valor agregado também pode vir do facto de que os vendedores vendem os produtos acima do seu valor, ou que os compradores os compram abaixo do seu valor, pois cada um deles à vez, tanto pode ser comprador, como vendedor, havendo, por consequência, lugar a uma compensação. Isso também não pode advir do facto de que compradores e vendedores se exploram uns aos outros, porque não produziriam novo valor ou ganho de capital, mas, pelo contrário, apenas distribuiriam o capital existente entre os capitalistas de uma forma diferente. Embora o capitalista compre e revenda as mercadorias pelo seu valor, ele retira mais valor deles do que aquele que nelas colocou. Como é que isso acontece?

Nas condições sociais actuais, o capitalista encontra no mercado uma mercadoria que tem essa propriedade particular que o seu consumo é uma fonte de novo valor, cria um novo valor, e essa mercadoria é a força do trabalho.

Qual é o valor da força de trabalho? O valor de cada mercadoria é medido pelo trabalho necessário para a sua producção. A força de trabalho existe na forma do trabalhador vivo que precisa, para viver, bem como para manter a sua família, aquilo que garante a persistência da força de trabalho também após sua morte, uma soma especificada de meios de subsistência. É, portanto, o tempo de trabalho necessário para produzir esses meios de subsistência que representa o valor da força de trabalho. O capitalista paga ao trabalhador uma semana e compra o trabalho dele por uma semana. Os economistas concordarão connosco até agora sobre o valor da força de trabalho.

Neste momento, o capitalista coloca o seu operário a trabalhar. Num tempo determinado, o operário terá entregue tanto trabalho quanto o seu salário semanal representava.

Assumindo que o salário semanal de um operário representa três dias de trabalho, o operário que começa na segunda-feira devolveu ao capitalista na noite de quarta-feira o valor integral do salário pago. Mas então ele para de trabalhar? De modo algum. O capitalista comprou o seu trabalho por uma semana, e o operário ainda deve trabalhar nos últimos três dias da semana. Esse sobre-trabalho do operário, para além do tempo necessário para substituir o seu salário é a fonte da mais-valia, do lucro, do crescimento cada vez maior do capital.

Não se diga que é uma suposição gratuita que o operário retira o salário que recebeu do seu trabalho em três dias e que nos outros três dias trabalha para o capitalista. Se ele precisa de apenas três dias para devolver o seu salário, ou dois, ou quatro, isso é uma coisa completamente irrelevante aqui, e também varia de acordo com as circunstâncias; mas o principal é que o capitalista, além do trabalho que paga, ainda recebe trabalho que não paga, e não há nenhuma suposição arbitrária aqui, porque no dia em que o capitalista receber continuamente do operário tanto quanto lhe pagou de salário, nesse dia ele fecharia as portas da sua fábrica, por todo o seu lucro voaria.

E eis que resolvemos todas essas contradições. A formação da mais-valia (da qual o lucro do capitalista constitui uma parte importante) é agora bastante clara e natural. O valor da força de trabalho é pago, mas esse valor é muito menor do que o que o capitalista sabe derivar da força de trabalho, e a diferença, o trabalho não remunerado, é precisamente a parte do capitalista, ou mais precisamente, da classe capitalista. Porque mesmo o lucro que, no exemplo mencionado acima, o comerciante de algodão retira do seu algodão, deve necessariamente consistir em trabalho não remunerado se os preços do algodão não tiverem aumentado. O comerciante deve ter vendido a um fabricante de tecidos de algodão que, além desses cem thalers, ainda pode lucrar com a sua manufactura, e que, portanto, compartilha com ele o trabalho não remunerado que embolsou. É esse trabalho não remunerado que, em geral, sustenta todos os membros da sociedade que não trabalham. É com ele que pagamos os impostos do Estado e dos municípios na medida em que atingem a classe capitalista, ao aluguer de terras dos proprietários, etc. É sobre ele que todo o estado social existente repousa.

Por outro lado, seria ridículo supor que o trabalho não remunerado só era formado nas condições actuais em que a produção é feita por um lado pelos capitalistas e por outro lado pelos operários. Pelo contrário, a classe oprimida sempre teve que fazer trabalho não remunerado. Durante o longo período em que a escravidão era a forma dominante de organização do trabalho, os escravos foram forçados a trabalhar muito mais do que aquilo que lhes era dado sob a forma de meios de subsistência. Sob a dominação da servidão e até à abolição da serventia camponesa, foi sempre o mesmo; e lá aparece, de forma tangível, a diferença entre o tempo em que o camponês trabalha para a sua própria subsistência e o tempo em que ele desenvolve sobre-trabalho para o Senhor, porque essas duas formas de trabalho completam-se de forma separada. A forma agora é diferente, mas a coisa permaneceu, e enquanto uma parte da sociedade possui o monopólio sobre os meios de produção, o trabalhador, livre ou não, é obrigado a acrescentar ao tempo de trabalho necessário para sua própria manutenção um excedente destinado a produzir a subsistência do proprietário dos meios de produção.1 Capital, t. 1, p, 231.



II


No artigo anterior, vimos que cada operário que é ocupado pelo capitalista, faz um trabalho duplo: durante parte do seu tempo de trabalho, ele devolve o salário que lhe é adiantado pelo capitalista, e esta parte do seu trabalho é designada por Marx de trabalho necessário. Mas então ele ainda tem que continuar a trabalhar e produzir durante esse tempo a mais-valiao para o capitalista, cujo lucro constitui uma parte importante. Essa parte do trabalho é designada por sobre-trabalho.

Suponha que o trabalhador trabalha três dias da semana para devolver o seu salário e três dias para produzir mais-valia para o capitalista. Isso significa, por outras palavras, que ele trabalha, num dia de doze horas, seis horas por dia para o seu salário e seis horas para criar mais-valia. Mas nós não podemos tirar da semana senão seis dias e mesmo adicionando os domingos, apenas sete dias, enquanto todos os dias podemos retirar seis, oito, dez, doze, quinze e ainda mais horas de trabalho. O trabalhador vendeu um dia de trabalho ao capitalista pelo seu salário. Mas o que é um dia de trabalho? Oito ou dezoito horas?

O capitalista tem interesse em fazer do dia de trabalho a jornada mais longa possível. Quanto mais tempo é, mais valor ele cria. O operário tem o justo sentimento de que cada hora de trabalho que realiza para além da restituição do seu salário lhe é tirado de forma ilegítima; é no seu próprio corpo que ele deve sentir o que significa trabalhar muito tempo. O capitalista luta pelo seu lucro, o trabalhador pela sua saúde, por algumas horas de descanso diário, a fim de poder, fora do trabalho, dormir e comer para se manifestar novamente, como um homem.

Deve-se notar de passagem que não depende da boa vontade dos capitalistas considerados isoladamente se querem ou não envolver-se nesta luta, porque a concorrência força os mais filantrópicos deles a juntarem-se aos seus colegas e fazê-los realizar uma longa jornada de trabalho como estes.

A luta por essa fixação da jornada de trabalho data da primeira aparição dos operários livres na história e dura até hoje. Em várias indústrias, existem diversos costumes relativos à jornada de trabalho; mas, na realidade, raramente são observados.

É somente aí onde a lei define a jornada de trabalho e controla a sua conformidade, é só aí que podemos realmente dizer que há uma jornada de trabalho. E até agora, este é quase apenas o caso nos distritos industriais da Inglaterra. Lá, a jornada de trabalho é marcada às dez horas (10 horas e meia durante cinco dias e 7 horas e meia no sábado) para todas as mulheres e para meninos dos 13 aos 18 anos, e como os homens não podem trabalhar sem eles, eles também caem sob a lei do dia das dez horas. Esta lei, os operários das fábricas de Inglaterra, conquistaram-na através de longos anos de perseverança, pela luta mais tenaz e teimosa contra os fabricantes, pela liberdade de imprensa, pelo direito de aliança e reunião, bem como pelo hábil uso de divisões dentro da própria classe dominante.

Tornou-se a salvaguarda dos operários ingleses, foi gradualmente estendida a todas as grandes indústrias e estendida, no ano passado, a quase todas as ocupações, pelo menos a todas aquelas onde mulheres e crianças estão empregadas. Sobre a história deste regulamento legal da jornada de trabalho em Inglaterra, o livro aqui contém documentação extremamente detalhada. O próximo "Reichstag do Norte da Alemanha" também terá de discutir uma lei industrial e, portanto, regular o trabalho nas fábricas. Esperamos que nenhum dos deputados que deveram a sua eleição aos operários alemães, vá para a discussão desta lei sem se ter anteriormente familiarizado completamente com o livro de Marx. Podemos conseguir muito. As divisões nas classes dominantes são mais favoráveis aos operários do que nunca foram em Inglaterra, porque o sufrágio universal forçou as classes dominantes a procurar favores para os trabalhadores. Nestas circunstâncias, quatro ou cinco representantes do proletariado são um poder, se souberem como usar a sua situação, se souberem em primeiro lugar do que se trata; o que os burgueses não sabem. E para isso, o livro de Marx coloca nas suas mãos a documentação pronta.

Deixaremos de lado uma série de outras pesquisas muito boas de interesse mais teórico e chegaremos ao capítulo final que trata da acumulação de capital. Prova, em primeiro lugar, que o método de produção capitalista, ou seja, realizado pelos capitalistas por um lado e pelos assalariados, por outro, não só reproduz constantemente o seu capital ao capitalista, como produz também e sempre ao mesmo tempo a miséria dos operários; para que garantamos que, de forma constante e renovada, haja capitalistas, por um lado, que sejam os donos de todos os meios de subsistência, matérias-primas e instrumentos de trabalho, e, por outro lado, a grande massa de operários que são forçados a vender a sua força de trabalho a esses capitalistas por uma certa quantidade de subsistência. , na melhor das hipóteses, suficiente para mantê-los aptos a trabalhar e a fazer crescer uma nova geração de proletários aptos para o trabalho.

Mas o capital não se contenta em ser reproduzido: é continuamente aumentado e ampliado e, com ele, o seu poder sobre a classe não possuidora de operários. E ao mesmo tempo que reproduz em proporções cada vez maiores, o modo de produção capitalista moderno também reproduz em escala cada vez maior, e em números cada vez maiores, a classe dos operários que não possuem nada.

A acumulação do capital reproduz as relações do capital a uma escala maior, mais capitalistas ou capitalistas maiores para um polo, mais operários assalariados para outro... A acumulação de capital é, portanto, o aumento do proletariado.

Mas, como na quantidade de produtos, menos trabalhadores são necessários como resultado do progresso da maquinaria, da melhoria da agricultura, etc., como esse desenvolvimento, ou seja, esse excedente de trabalhadores cresce mais rápido que o próprio capital, o que acontece com esse número cada vez maior de trabalhadores? Formam um exército de reserva industrial que, durante períodos de negócios maus ou medíocres, é pago abaixo do valor do seu trabalho e é ocupado irregularmente ou fica ainda a cargo da assistência pública, mas é indispensável para a classe capitalista para momentos de actividade empresarial particularmente animada, como aparece de forma tangível em Inglaterra, mas que , de em todo o caso, serve para quebrar a resistência dos operários regularmente empregados para manter os seus salários baixos.

Quanto maior a riqueza social... maior a relativa sobrelotação ou o exército da reserva industrial. Mas quanto maior for esse exército de reserva em relação ao exército activo de trabalho [regularmente ocupado] e mais massiva é a sobrelotação consolidada [permanente], ou seja, as camadas de operários cuja miséria é inversa à dureza do seu trabalho. Enfim, quanto maior for a camada da classe operária que compartilha o destino de Lázaro e do exército da reserva industrial, tanto maior será o pauperismo oficial. Esta é a lei geral e absoluta da acumulação capitalista.

Estas são, comprovadamente científicas - e os economistas oficiais têm o cuidado de não tentar apenas refutá-los - algumas das principais leis do sistema social capitalista moderno. Mas com isso dissemos tudo? De modo algum. Com a mesma nitidez que Marx enfatiza os aspectos maus da produção capitalista, ele prova, tão claramente, que essa forma social era necessária para desenvolver as forças produtivas da sociedade num nível que permite o mesmo desenvolvimento verdadeiramente humano para todos os membros da sociedade. Todas as formas sociais anteriores foram muito pobres para o fazer. Apenas a produção capitalista cria a riqueza e as forças de produção necessárias para esse fim, cria ao mesmo tempo, com a massa de operários oprimidos, a classe social que, cada vez mais, é forçada a reivindicar o uso dessas riquezas e as forças produtivas para toda a sociedade e não, como hoje, para uma classe monopolista.

(Demokratisches Wochenblatt, Leipzig, 21-28 de março de 1868.)



EXTRACTO DO PREFÁCIO DO SEGUNDO LIVRO DO "CAPITAL"

No final do século passado, prevalecia ainda, como todos sabem,  a teoria do flogisto (ou do flogístico, teoria obsoleta sobre a combustão – NdT), segundo o qual a natureza de toda a combustão consistia no corpo em chamas ser separado de outro corpo, um corpo hipotético, um material combustível absoluto do qual o phlogiston recebeu o nome. Esta teoria foi suficiente para explicar a maioria dos fenómenos químicos então conhecidos, mas não sem, em alguns casos, violentar os factos. Em 1774, Priestley produziu uma espécie de ar "que ele encontrou tão puro ou livre de phlogiston que, em comparação, o ar comum já parecia velho" Ele o designou por: ar deflogistisado. Logo a seguir, Scheele produziu o mesmo tipo de ar na Suécia e provou que ele existia na atmosfera. Ele constatou também que este desaparecia quando se queima um corpo no seu seio ou no ar comum. Então ele o designou como "ar de fogo".

A partir desses resultados, concluiu que a combinação que surge da aliança do flogista com um dos elementos do ar [ou seja, na combustão], era apenas fogo ou calor a escapar do vidro.2

Priestley e Scheele produziram oxigénio, mas sem compreender o que tinham entre mãos. Eles "não podiam slibertar-se das categorias "fologisticas",  tal como eles consideravam estarem estabelecidas." O elemento que derrubaria toda a concepção fólogistica e revolucionaria a química permaneceu, nas suas mãos, estéril."
Mas Priestley havia imediatamente comunicado a sua descoberta a Lavoisier, em Paris, e este último, sobre este novo facto, submeteu a investigação toda a química fálogistica; foi então que ele descobriu que o novo tipo de ar era um novo elemento químico, que, na combustão de um corpo, não era o misterioso flogista que escapou, mas sim esse novo elemento que combinava com o corpo, e assim ele colocou a seus pés toda a química que, na sua forma fáloga, foi virada de cabeça para baixo.

E embora não seja verdade, ao contrário do que ele mais tarde alegou, que ele produziu oxigénio ao mesmo tempo que Priestley e Scheele e independentemente deles, ele continua a ser o único que realmente descobriu oxigénio em comparação com os outros dois que simplesmente o produziram, sem ter a mínima ideia do que tinham produzido.

Marx é para os seus antecessores, quanto à teoria da mais-valia, o que Lavoisier é para Priestley e Scheele. Muito antes de Marx, havia sido estabelecida essa parte do valor do produto a que hoje chamamos mais-valia; havíamos enunciado de forma mais ou menos clara no que é que consistia: a saber no produto do trabalho para o qual o comprador não dá um equivalente. Mas não fomos mais longe. Alguns, os economistas burgueses clássicos, estavam, no máximo, a estudar a relação entre o produto do trabalho e o proprietário dos meios de produção. Os outros, os socialistas, acharam essa distribuição injusta e procuraram meios utópicos para acabar com essa injustiça. Nenhum deles foi capaz de se libertar das categorias económicas que haviam encontrado estabelecidas.

    Então veio Marx. E ele tomou o contrapeso directo de todos os seus antecessores. Onde eles tinham visto uma solução, ele viu apenas um problema. Ele percebeu que não havia "ar deslogistizado" nem "ar de fogo" aqui, mas oxigénio; que esta não era uma mera observação de um facto económico, nem do conflito deste facto com justiça eterna e verdadeira moralidade, mas um facto chamado para perturbar toda a economia, e que, para a compreensão de toda a producção capitalista, ofereceu a chave àqueles que sabiam como lhe dar uso. Com base nisso, ele examinou todas as categorias existentes, assim como Lavoisier partindo do oxigênio havia examinado as categorias existentes de química fálogistica.

______________

2 ROSCOE-SCHORLEMMER: Manual completo de Química, Brunswick, 1877 I, 3-18 (nota Engels.)



RESUMO DO CAPITAL

O processo da producção de Capital (Livro Primeiro)


Prefácio para a edição alemã

50 anos se passaram desde a morte de Karl Marx. Embora este período tenha sido suficiente para trazer as obras de escritores bem conhecidos pelos seus contemporâneos para o esquecimento, foi apenas uma marcha triunfante para o Capital de Karl Marx, em todo o mundo. O resumo deste trabalho de Engels, que podemos pela primeira vez fazer ler em língua alemã o proletariado alemão, é, portanto, de particular importância por esta razão.

Engels empreendeu este trabalho quando, a pedido de Marx, escreveu um artigo sobre o primeiro volume do Capital para a Fortnightly Review, uma revista liberal de esquerda publicada em Londres. Mas o editor da Revista Quinzenal encaminhou a primeira parte do artigo ao autor, e Engels parou de trabalhar nele.

Engels, que preparou o seu trabalho com muito cuidado, começou a seguir as instruções precisas de Marx, tomando trechos do Capital; o resumo que publicamos hoje é o resultado.
Em 17 de Abril de 1868, Engels escrevia a Marx:

“Com o tempo limitado de que disponho, a dissecação do teu livro dá-me mais trabalho do que eu esperava; porque, finalmente, uma vez que entramos neste trabalho, devemos pelo menos fazê-lo completamente e não apenas com este objetivo especial.”

Este trabalho, Engels efectuou-o muito provavelmente no primeiro semestre do ano de 1868 e não excedeu a quarta parte. Produção de Ganho de Capital Relativo, Capítulo XIII: "Maquinismo e Grande Indústria", Sub-Capítulo 6. O resumo não foi concluído, porém, mesmo nesta forma, prestará valiosos serviços ao proletariado, pois, com maestria, resume nos seus próprios termos, as ideias fundamentais do Capital. Engels mostra-nos o caminho a seguir para entrar nos ensinamentos do Capital. Portanto, o resumo será um importante guia no estudo da economia política marxista.

Este trabalho é, por vezes, difícil de entender. Não se destina a substituir o estudo preliminar de obras económicas marxistas elementares, como Trabalho Salarial e Capital, Salários, Preços e Lucros, como as partes económicas do artigo sobre Karl Marx de Lenine e Anti-Duhring de Engels; só deve permitir que o leitor proletário passe do estudo dessas obras facilmente compreensíveis para a do Capital.

Apenas Engels, o genial colaborador de Marx, co-fundador do materialismo histórico e do comunismo científico, que explorou ele próprio o campo da economia política, poderia, no seu resumo, restituir o conteúdo do Capital de forma tão clara e condensada. A sua arte de popularização baseia-se num domínio absoluto do método do materialismo dialético. O resumo é um modelo de pesquisa e (3 em francês no texto (N.T.) espaço de exposição materialista. As categorias económicas são mostradas no seu desenvolvimento histórico. Engels não omitiu, no seu resumo, nenhuma das transições reveladas pelo Capital. Enquanto os falsificadores idealistas do marxismo contestam a base material que serve de base para as categorias marxistas da economia política, Engels, um materialista, parte sempre das condições de producção. É por isso que o seu resumo é uma arma contra a distorção menchevique da economia marxista no sentido idealista.

O resumo concentra-se na teoria da mais-valia. Quando, em 1884, Deville publicou em França o popular resumo do Capital, Engels repreendeu-o, em particular, por nele ter colocado coisas "inúteis para a inteligência da teoria da mais-valia e das suas consequências (e isso é precisamente o que importa para um resumo popular)." Engels estuda com especial atenção as leis da produção de mais-valia, pois a producção de mais-valia, a exploração dos trabalhadores, desperta no proletariado as forças da indignação, da revolta. Além disso, a producção de mais-valia resulta num tal florescimento das forças produtivas que a estrutura do modo de producção capitalista se torna muito estreita, que o derrube da burguesia, o estabelecimento da ditadura proletária, a construcção do socialismo se tornam possíveis, e necessários.

É na forma como Engels coloca a producção de mais-valia no centro da sua obra que o personagem revolucionário aparece. Trata-se das contradições económicas da producção de bens, desde a contradição entre o valor de uso e o valor de troca, até à sua forma mais elevada no capitalismo.
Na contradição económica descobre a contradição de classe que mostra as classes como apoio às contradições económicas. Seja por citações de Marx ou através de formulações pessoais, Engels destaca com razão o lado revolucionário e "revolucionador" do capitalismo:

A mais-valia é o sobre-trabalho cristalizado e apenas a forma da sua extorsão distingue as diversas formações sociais. O capital, portanto, não se importa de forma alguma com a saúde e a vida do trabalhador, a menos que a isso seja forçado pela sociedade.

Engels ressalta que:

Perante os operários alinham-se os poderes espirituais do processo de trabalho enquanto propriedade estranha e força que os domina.

Como parecem lamentáveis face ao resumo de Engels as inúmeras tentativas feitas pelos economistas burgueses e social-democratas (Kautsky, Borchardt, etc.) de popularizar e encurtar o Capital, ou seja, popularizá-lo - no pior sentido da palavra - e falsificá-lo.

É lamentável que Engels não tenha conseguido completar o seu trabalho. No entanto, mesmo sob esta forma inacabada, ele será um guia indispensável para o leitor através do Capital.

O texto foi elaborado com base numa verificação cuidadosa do texto original, com base em cópias fotográficas do Instituto Marx-Engels-Lenine. Os nossos aditamentos, que são essencialmente limitados à explicação de palavras estrangeiras, foram colocados entre parênteses. As indicações paginais dadas por Engels referem-se à primeira edição alemã do Capital, Volume I, Edições Otto Meissner; os números adicionados entre parênteses referem-se à edição produzida pelo Instituto Marx-Engels-Lenine.

A edição do resumo que publicamos hoje foi preparada por Horst Frochlich. INSTITUTO MARX-ENGELS-LENINE



LIVRO 1

O processo da producção do capital

 

PRIMEIRA PARTE

 

MERCADORIAS E DINHEIRO


I.I. A mercadoria em si

A riqueza das sociedades em que a producção capitalista reina consiste em bens. A mercadoria é algo que tem um valor de uso; este último existe em todas as formas de sociedade, mas na sociedade capitalista, o valor de uso é, ao mesmo tempo, o apoio material do valor de troca.

O valor de troca pressupõe uma tertium comparationis 4 (a qualidade que têm em comum duas coisas que se comparam – NdT), à qual é medida: trabalho, a substância social comum dos valores de troca, especificamente o tempo de trabalho socialmente necessário que aí se materializa.

Assim como a mercadoria [é] um duplo aspecto do valor de uso e valor de troca, de modo que o trabalho contido nela [é] duplamente determinado: por um lado como uma actividade produtiva determinada, o trabalho do tecelão, o alfaiate, etc., "trabalho útil", por outro lado, como um simples gasto da força de trabalho humana, cristalizado, trabalho abstracto. O primeiro produto do valor de uso, o segundo do valor de troca; sozinhos, este último é quantitativamente comparável (confirma a distinção entre trabalho qualificado [qualidade] e não qualificado, trabalho composto e trabalho simples).

[A] substância do valor de troca [é] portanto o trabalho abstracto. O seu tamanho [é medido] pelo tempo usado. [Resta] ainda considerar a forma do valor de troca.

1. x bens A - y bens B, o valor de uma mercadoria expressa no valor de outro [bens] é o seu valor relativo 5. A expressão da equivalência de dois bens é a forma simples de valor relativo. Na equação acima, y mercadoria B é o equivalente. Nele, x mercadoria A recebe a sua forma de valor em oposição à sua forma 6 natural, enquanto que y mercadoria B recebe ao mesmo tempo, na sua própria forma natural, a propriedade de poder ser trocada directamente.

O valor de troca está impresso no valor de uso da mercadoria por condições históricas determinadas. Não pode, portanto, expressá-lo no seu próprio valor de uso, mas apenas no valor de uso de outra mercadoria. É somente na igualdade de dois produtos concretos de trabalho que o trabalho concreto contido num e noutro revela a sua qualidade de trabalho humano abstracto; ou seja, uma mercadoria pode comportar-se como uma mera materialização do trabalho abstracto, não em relação ao trabalho concreto contido em si, mas mas em relação ao trabalho concreto contido noutro tipo de mercadoria.

A equação x mercadoria A - y mercadoria B implica. necessariamente que x mercadoria A também pode ser expressa noutros bens, portanto:

2. x mercadoria A - y mercadoria B - z mercadoria C -v mimercadoria D - u mercadoria E . etc., etc.
Esta é a forma desenvolvida de valor relativo. Aqui, x mercadoria A, como mera materialização do trabalho nele contido, não se refere mais a uma mercadoria, mas a todas. Mas por simples inversão, ela leva a

4 Termos de Comparação. (N.T.)
5 Refere-se à frase "x mercadoria A". (N.R.)
6 Refere-se à palavra "bens". (N.R.)
3. a segunda forma pensativa de valor relativo.
y mercadoria B - x mercadoria A
z mercadoria C - x mercadoria A                                                                                                                        v mercadoria D - x mercadoria A                                                                                                                      u mercadoria E - x mercadoria A                                                                                                                   etc., etc.

Aqui, as mercadorias recebem a forma de valor relativo generalizado, no qual, como mercadorias, abstraiem-se do seu valor de uso para se identificarem, como a materialização do trabalho abstracto, na [expressão] x mercadoria A. A expressão x mercadoria A é a forma genérica do equivalente para todos os outros bens, é o seu equivalente geral; o trabalho que aí se materializa é simplesmente válido como um trabalho abstrato, como um trabalho geral. Mas agora:

4. Cada mercadoria da série pode assumir o papel de equivalente geral; mas, simultaneamente, elas só podem tomar [como equivalente geral] um dos bens [na série] porque se todas as mercadorias fossem equivalentes gerais, cada uma excluiria a outra novamente.

A forma 3 não é gerada pela x mercadoria A, mas por outros bens, objectivamente. Assim, uma mercadoria específica tem que assumir o papel [de equivalente geral] - pode mudar por enquanto - e essa é a única maneira de fazer a mercadoria inteiramente mercadoria. Esta mercadoria em particular, com a forma natural [da qual] a forma do equivalente geral se funde, é o dinheiro.

A dificuldade da mercadoria reside no facto de que, como todas as categorias de producção capitalista, ela representa sob um invólucro material uma relação entre indivíduos. Os produtores relacionam os seus diversos trabalhos uns com os outros como trabalho humano geral, ao passo que relacionam os seus produtos duns com os outros como mercadorias, sem a mediação das coisas que não poderiam alcançar. A relação entre os indivíduos, portanto, aparece como uma relação entre as coisas.

Para uma sociedade onde a produção de bens predomina, o cristianismo, [e mais] especialmente o protestantismo, [é] a religião apropriada.

II. Processo de troca da mercadoria.

NA troca, a mercadoria demonstra que é mercadoria. Os proprietários de duas mercadorias devem ter a vontade de trocar as suas mercadorias e, portanto, reconhecer-se uns mutuamente como proprietários privados. Essa relação jurídica, a forma de contrato, é apenas a relação de vontades, na qual se reflecte a relação económica. O conteúdo desta relação [de direito e de vontades] é dado pela própria relação económica, S. 45 (90/95).

Os bens são o valor de uso para quem não os possui, não são o valor de uso para o seu proprietário7. Daí a necessidade de troca. Mas todo o proprietário de mercadoria quer adquirir valores de uso que são especificamente úteis para ele - nesse sentido, a troca é um processo individual. Por outro lado, ele quer realizar os seus bens como valor, portanto em qualquer mercadoria, se a sua mercadoria [própria] for ou não de valor de uso para o proprietário da outra mercadoria. Nesse sentido, a troca é para ele um processo social geral. Mas o mesmo processo não pode ser para todos os proprietários de bens, tanto individuais quanto sociais em geral. Cada proprietário de mercadoria considera a sua mercadoria [própria] como o equivalente geral, e todos os outros bens como equivalentes particulares da sua. Como todos os possuidores de mercadorias fazem o mesmo, nenhuma mercadoria é equivalente geral: como resultado, nenhuma mercadoria assume a forma geral de valor relativo, na qual todos os valores corresponderiam e poderiam ser comparados como grandeza de valor. Portanto, não se relacionam uns com os outros como mercadorias, mas apenas como produtos. P. 47 [92/97].

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7 Engels usa as palavras não-possuidor e não- valor de uso e diz literalmente: "A mercadoria é o valor de uso para o seu não possuidor, não é um valor de uso para o seu possuidor." (N.T.)

As mercadorias só se podem relacionar entre si como valores e, consequentemente, como bens, se todos se relacionam com qualquer outra mercadoria como equivalente geral. Mas só o facto social pode transformar uma determinada mercadoria num equivalente geral: o dinheiro.

A imanente contradição dos bens como uma unidade directa de valor de uso e valor de troca, como produto de trabalho privado útil... e como materialização directa e social do trabalho humano abstracto, essa contradição não cessa até que resulte na duplicação de bens em bens e dinheiro. S. 48 [92-93/97].

Todos os outros bens são apenas equivalentes particulares de dinheiro, sendo o dinheiro o seu equivalente geral, elas comportam-se como mercadorias particulares em relação ao dinheiro, uma mercadoria geral. O processo de troca dá à mercadoria, que ele transforma em dinheiro, não o seu valor, mas o seu valor-forma. S. 53 [97-98/100].

Fetichismo: uma mercadoria não parece tornar-se dinheiro porque outras mercadorias nela expressam os seus valores, mas esta, pelo contrário, parece expressar os seus valores nela porque é dinheiro.



                                III. Moeda ou movimentação de mercadorias.


                                     A. Medição dos valores (ouro - suposta moeda) 8


A moeda como medida de valor é a forma sob a qual se manifesta necessariamente a medida do valor imanente das mercadorias: tempo de trabalho. A simples expressão do valor relativo das mercadorias em dinheiro, x A-y-dinheiro, é o seu preço. S. 55 [99-100/105].

O preço das mercadorias, a sua forma dinheiro, é expresso em moeda ideal; por isso é apenas o dinheiro ideal que mede valores. P. 57 -101/105].

Uma vez alcançada a transformação do valor em preço, torna-se tecnicamente necessário desenvolver ainda mais a medição dos valores para alcançar o padrão de preço; ou seja, é fixada uma quantidade de ouro que serve como medida para as várias [outras] quantidades de ouro. O todo é essencialmente distinto da medição dos valores que, eles mesmos, dependem do valor do ouro; quanto a este último, é indiferente à medição dos preços. P, 59 [l05-106/108].

Uma vez que os preços são formulados em denominações aritméticas de ouro9, o dinheiro serve [então] de moeda de conta.
Se o preço, como expoente da quantidade de valor da mercadoria, é o expoente da sua relação de troca com a moeda, não se segue reciprocamente que o expoente da relação de troca com a moeda seja necessariamente a relação da sua grandeza de valor.

Supondo que as circunstâncias permitem ou exijem que uma mercadoria seja vendida acima ou abaixo do seu valor, estes preços de venda, se não corresponderem ao seu valor, são, no entanto, o preço da mercadoria, porque são: 

1. a forma do seu valor, o dinheiro, e                                                                                                                 2. Os expoentes da sua relação de troca com o dinheiro.

A possibilidade de discordância quantitativa entre preço e grandeza de valor é, portanto, dada na própria forma de preço. Isso não constitui um defeito nesta forma; pelo contrário, torna-se, assim, a forma adequada de um modo de producção no qual a regra só pode prevalecer como lei média, uma acção cega, da irregularidade.

A forma de preço pode entretanto [também] ocultar [uma] contradição qualitativa, de modo que o preço cesse, de uma forma geral, de ser uma expressão de valor... Consciência, honra, etc., pode... pelo seu preço adquirir a forma de mercadoria. 60-61 [107/112].

A medição dos valores em dinheiro, a forma preço, implica a necessidade de alienação [venda]; a medida de preço ideal [envolve] a [medição] real. Daí a circulação.



                                                  B. Meios de circulação.

a) A metamorfose das mercadorias.


Forma simples: M-A-M (mercadoria-dinheiro-mercadoria), cujo conteúdo material é M-M. Abandono do valor de troca, apropriação do valor de uso.

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8 O texto de Marx diz, mais claramente: "Para efeito de simplificação, assumimos que o ouro é a mercadoria que cumpre as funções do dinheiro". (N.T.)

2.Quer-se dizer em nomes monetários; libra, franco, ducado... (N, T.)

1. Primeira fase: M-A = venda, com duas contingências: a do não-sucesso [da venda] ou a da venda abaixo do valor ou abaixo do preço de custo, se o valor social da mercadoria mudar.

A divisão do trabalho transforma o produto do trabalho em mercadoria e, assim, requer a sua transformação em dinheiro.

Ao mesmo tempo, adia aleatoriamente o sucesso desta trans-substanciação. S. 60-67 [111-113/115-116]. Para considerar aqui o fenómeno em si, M-A pressupõe que o proprietário do A (caso ele não seja um produtor de ouro) já tenha trocado outros M pelo seu A (a posse dos resultados A para ele da venda anterior de outros M): para o comprador, o fenómeno não é apenas o oposto - A-M, mas [novamente] pressupõe da sua parte uma venda anterior, etc., de modo que nos encontremos numa série infinita de compras e vendas.

2. A mesma coisa acontece na segunda fase, A-M. Compra, que ao mesmo tempo é uma venda para o outro participante.

3. O processo geral é, portanto, um ciclo de compras e vendas. Circulação de mercadorias.
Este último [é] bastante diferente da troca directa de produtos; por um lado, os limites locais e individuais de troca directa de produtos são quebrados, a permutação do trabalho humano [é]desenvolvida; por outro lado, já aparece aqui que todo o processo está condicionado por relações sociais naturais independentes das pessoas envolvidas nessas operações. P. 72 [117/120].

A simples troca acabou no único acto de troca em que cada um [dos parceiros] trocou o valor de não uso pelo valor de uso; [mas] a circulação continua indefinidamente.

P. 73 [118/121]. Aqui está um falso dogma económico: A movimentação de mercadorias exigiria necessariamente o equilíbrio de compras e vendas, com cada compra a ser vendida e vice-versa - o que significaria que cada vendedor traz o seu comprador [próprio] para o mercado.

1. A compra e a venda constituem, por um lado, um acto idêntico de duas pessoas polarizadas opostas, e por outro lado, dois actos polarizados opostos de uma [ mesma] pessoa. A identidade entre a compra e a venda implica, portanto, que os bens são inúteis, quando não são vendidos, e, portanto, que essa possibilidade pode surgir.

2.M-A como parte do processo é ao mesmo tempo um processo independente e implica que o comprador do A pode escolher quando é que ele vai transformar este A novamente em M. Ele pode esperar. A unidade interna dos processos independentes, M-A e A-M, move-se, justamente pela independência desses processos, em contradições externas, e quando a tendência desses processos dependentes de se tornarem independentes atinge um certo limite, a unidade é imposta por uma crise, daí a possibilidade [ser] aqui dada. Como intermediário da circulação de mercadorias, o dinheiro é um meio de movimento.



                                                   
  b) Movimento do dinheiro


Cada mercadoria individual entra e sai da circulação através do dinheiro; a moeda fica sempre lá. Embora, como resultado, a movimentação do dinheiro seja apenas a expressão do movimento das bens, esta última, no entanto, aparece como resultado do movimento do dinheiro. Como o dinheiro está constantemente na esfera de circulação, surge a questão quanto à quantidade de dinheiro nele contida.

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10 letras gregas no texto de Engels. (N.R.)

A massa de dinheiro a circular é determinada pela soma dos preços das mercadorias (para um valor constante da moeda), e essa soma dos preços pela massa de mercadorias em circulação. Como essa massa de mercadorias é assumida, a massa de dinheiro a fluir varia de acordo com flutuações no preço das mercadorias. A mesma moeda usada para concluir um certo número de casos num determinado tempo, tem-se por um determinado período de tempo:

a soma dos preços das mercadorias por número de ciclos de uma peça da moeda-massa da moeda a operar como um meio de circulação. P. 80 [125/126].

Como resultado, o dinheiro em papel pode destituir o ouro quando é lançado numa circulação saturada.

Como na movimentação do dinheiro aparece apenas o processo de movimentação de mercadorias, a velocidade desse movimento revela também a das suas metamorfoses [as metamorfoses do movimento das mercadorias], a sua desaceleração [revela] a separação entre compra e venda, o abrandamento das trocas sociais. A circulação não nos diz a causa dessa desaceleração; ela só nos mostra o fenómeno. O filisteu explica isso pela quantidade insuficiente de meios de circulação. S. 81 [125-126/126-127].
Ergo1:

1. À medida que os preços das matérias-primas permanecem constantes, a massa de dinheiro circulante aumenta à medida que a massa de mercadorias em circulação aumenta ou o movimento da moeda desacelera; e diminui vice-versa [quando a massa de mercadorias em circulação diminui ou o movimento da moeda acelera].

2. À medida que os preços das mercadorias sobem em geral, a massa da moeda circulante permanece constante se a massa de mercadorias diminuir ou se a velocidade de movimento aumentar na mesma medida.

3. Os preços das mercadorias caem em geral, inverso de 2.
No geral, há uma média bastante consistente para a qual apenas convulsões, por assim dizer, causam interrupções significativas.



                                                   
     c) Dinheiro. Sinal de valor.


O padrão de preço é definido pelo Estado, assim como o nome dado à moeda de ouro - dinheiro e sua fabricação. No mercado mundial, os respectivos uniformes nacionais são removidos (o tesouro acumulado da Casa da Moeda é excluído aqui), de modo que dinheiro e lingotes12 são distinguidos apenas pela forma.

Mas o dinheiro desgasta-se em circulação, o ouro como meio de circulação difere do ouro como padrão de preço; dinheiro está a tornar-se cada vez mais [o] símbolo do seu conteúdo oficial.

Isso dá origem à possibilidade latente de substituir o dinheiro metálico por fichas ou símbolos. De onde:

1. Moeda de cobre ou prata transfronteiriça, cuja fixação contra a moeda real do ouro é impedida pela limitação do montante em que constitui uma proposta legal13. O seu conteúdo puramente arbitrário [é] fixado por lei e a sua função de dinheiro torna-se, assim, independente do seu valor. Daí o possível progresso em direcção a sinais absolutamente inúteis.

2. Dinheiro em papel, ou seja, dinheiro em papel estatal com preço forçado (a moeda de crédito ainda não será processada aqui). Na medida em que esse dinheiro em papel realmente circula no lugar da moeda de ouro, está sujeito às leis de circulação monetária. Apenas a razão pela qual este papel substitui o ouro pode ser objecto de uma lei especial, ou seja: a emissão de dinheiro em papel deve limitar-se à quantidade em que o ouro que ele simboliza realmente circularia.14 É verdade que o grau de saturação da circulação oscila, mas em todos os lugares a experiência mostra um mínimo abaixo do qual nunca cai. Esse mínimo pode ser emitido. Além disso, quando o grau de saturação é reduzido ao mínimo, alguns [do dinheiro em papel] tornam-se supérfluos. Nesses casos, porém, a quantidade total de papel no mundo das mercadorias simboliza apenas a quantidade de ouro determinada pelas suas leis imanentes, sendo assim a única capaz de ser simbolizada.15 [Se] a massa de papel [constitui] o dobro da massa de ouro absorvida, cada pedaço de papel deprecia [e cai] para metade do seu valor facial. Assim como se o ouro tivesse sofrido uma mudança na sua função de medição de preços, no seu valor. S. 89 (133/133-134).

______________
11 Então. (N.T.)
12 Barras de ouro e ouro cunhadas. (N.T.)
13 Método legal de pagamento. (N.R.)



                                       
   C. Dinheiro ou dinheiro-moeda.


                                                            a) Acumulação.


Com o primeiro desenvolvimento do movimento de mercadorias desenvolve-se a necessidade e a paixão de reter o produto do M-A, o A. Em vez de simplesmente servir como um intermediário de trocas, essa metamorfose torna-se um objectivo em si mesmo. O dinheiro petrifica, torna-se tesouro, e o vendedor  transforma-se num acumulador. S. 91 [135-136/135-136].

Essa forma predominante [predomina] precisamente nos primeiros dias do movimento das mercadorias. Ásia. Com o desenvolvimento do movimento de mercadorias, cada produtor de mercadorias deve garantir o nervus rerum16, a garantia social de força, as reservas A constituem-se assim por todo o lado17. O desenvolvimento do movimento de mercadorias aumenta o poder do dinheiro, sempre disponível e forma absolutamente social de riqueza. S. 92 [1.36-137/136-138]. O instinto de acumulação é inerentemente ilimitado. Em termos de qualidade ou forma, o dinheiro não tem limites e continua a ser o representante geral da riqueza material, pois pode transformar-se directamente em qualquer mercadoria. Mas do ponto de vista da quantidade, qualquer quantia real é limitada e, portanto, tem, como meio de compra, apenas uma acção limitada. Essa contradição conduz sem cessar o acumulador de volta ao seu trabalho como Sísifo da acumulação.

Além disso, o acúmulo de ouro e prata lisa 18, [constitui] ao mesmo tempo [um] novo mercado para esses metais, e [uma] fonte latente de dinheiro.

A acumulação serve como um canal abdutor e adutor de dinheiro a circular nas oscilações permanentes do grau de saturação de circulação. S. 93 [139-140/139].

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14 No texto de Marx "A emissão de dinheiro em papel deve ser proporcional à quantidade de ouro (ou prata) da qual é o símbolo e que deve realmente circular." (N T)
15 No texto de Marx: O dinheiro em papel é, portanto, um sinal de valor apenas enquanto representa quantidades de ouro que, como todas as outras quantidades de mercadorias, também são quantidades de valor. (N.T.)
16 O nervo das coisas. (N.T.)
17 Tesouros. (N.T.)
18 objectos preciosos. (N.T.)



                                                          b) Meio de pagamento


O desenvolvimento da circulação de mercadorias traz novas condições: a alienação das mercadorias pode ser separada cronologicamente da realização do seu preço.
A produção das diversas mercadorias requer várias durações; Elas são feitas em diferentes estações; muitas mercadorias devem ser enviadas para mercados distantes, etc. X 19 pode, portanto, ser um vendedor antes que Y, o comprador, seja solvente. A prática regula as condições de pagamento da seguinte forma: X torna-se credor, Y devedor, o dinheiro torna-se meio de pagamento. A relação entre o credor e o devedor já é antagónica. (Isso pode ser assim independentemente do movimento das mercadorias, por exemplo, na antiguidade e na Idade Média.) S. 97 -[140-141/1140-141].

Nesta relação, o dinheiro funciona:

1. como medida de valor para determinar os preços das mercadorias vendidas;
2. como um meio ideal de compra.

Enquanto tesouro, A tinha havia sido subtraído aqui à circulação, enquanto meio de pagamento 20, A entra em circulação, mas só quando M saiu. O comprador-devedor vende para poder pagar ou correr o risco de ser penhorado. A torna-se, assim, o próprio propósito da venda, por uma necessidade social decorrente das próprias condições da circulação. 97-98 [141-142/141].

A não simultaneidade das compras e vendas, que dá origem à função do dinheiro como meio de pagamento, traz,21 ao mesmo tempo, uma economia de meios de movimentação, a concentração de pagamentos num determinado local.

(Transferências para Lyon, na Idade Média, uma espécie de casa de compensação onde apenas [o saldo de reivindicações recíprocas] era pago. S. 98 [;143/ 142].

Enquanto os pagamentos estiverem a oscilar, a moeda só funciona, idealmente como uma moeda de conta ou medida de valor. Assim que os pagamentos reais são necessários, ele não se apresenta mais como um meio de circulação, como uma mera forma efémera usada como intermediária para o comércio; torna-se a personificação individual do trabalho social, a realização independente do valor de troca, uma mercadoria absoluta. Essa contradição directa eclode, durante as crises industriais e comerciais, na época chamada crise monetária. Só ocorre aí, onde a cadeia gradual de pagamentos e um sistema artificial de equilíbrio entre eles se desenvolveram completamente. Este mecanismo sofre, por alguma razão, perturbações de ordem geral, o dinheiro abruptamente e sem transicção renuncia à sua forma ideal de moeda de conta para se tornar dinheiro vivo. Não pode mais ser substituído por bens vulgares. S. 99 [143-144/143].

     A moeda de crédito resulta da função da moeda como meio de pagamento, as certidões de dívida, por sua vez, circulam e movimentam os recebíveis. Com o sistema de crédito a função do dinheiro como meio de pagamento expande-se uma vez mais, como tal, adquire suas próprias formas de existência, nas quais assombra a esfera de grandes transacções comerciais, enquanto a moeda [metálica] é principalmente empurrada de volta para a esfera do comércio retalhista. P. 101, [145/144-145].

Quando a produção de mercadorias atinge um certo nível e extensão, a função da moeda-meio depagamento vai além da esfera do movimento das mercadorias, torna-se a mercadoria geral dos contratos. A partir de pagamentos em espécie, anuidades, impostos, etc., transformam-se num pagamento de dinheiro. Veja a França de Luís XIV (Boisguillebert e Vauban), por outro lado Ásia, Turquia, Japão, etc. P. 102 [146/145].

A transformação do dinheiro num meio de pagamento requer - um acúmulo de dinheiro para os dias de vencimento - acumulação, que desaparece em desenvolvimento social contínuo como uma forma independente de enriquecimento, e é novamente restabelecido como um fundo de reserva de meios de pagamento. P. 103 [148/147].

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19 No texto de Engels, o comprador e o vendedor são designados por A e B. Substituímos por X e Y para evitar confusão com dinheiro A (G. em alemão) (N.T.)
20 Marx escreve: "Os meios de circulação transformaram-se num tesouro, porque o movimento da circulação havia parado no seu primeiro semestre. Os meios de pagamento entram em circulação, mas somente depois que a mercadoria sair dela" (N.T.)
21 No manuscrito de Engels.: dar e trazer. (N-T.)


c) A moeda universal


Na circulação universal, as formas locais de dinheiro, moeda transfronteiriça, sinais de valor são despojados e apenas a forma de prata [metal] em barras serve como moeda universal. É apenas no mercado mundial que o dinheiro funciona plenamente como a mercadoria cuja forma natural é, ao mesmo tempo, a realização social imediata do trabalho humano em abstracto 22. O seu modo de ser torna-se adequado ao seu conceito. S. 103-104 (Detalhes, 105) [148. Detalhes149-151/147-150].
22
Em geral. (N.S. T.)



 
PARTE DOIS

A TRANSFORMAÇÃO DO DINHEIRO EM CAPITAL

I. Fórmula geral do capital.


O movimento das mercadorias é o ponto de partida do capital. A produção de mercadorias, sua circulação e desenvolvimento, o comércio, estão, portanto, em todos os lugares os factores históricos que dão origem ao capital. A história moderna do capital data da criação do comércio moderno e do mercado mundial no século XVI. S. 106 (153/151).

Para não considerar apenas as formas económicas geradas pela movimentação de mercadorias, [descobrimos que] o seu último produto é o dinheiro e esta é a primeira forma do surgimento do capital. Historicamente, o capital fica sempre à frente da propriedade da terra sob a forma de riqueza monetária, capital comercial ou capital usurário, e, ainda hoje, qualquer novo capital entra em jogo na forma de dinheiro que deve ser convertido em capital através de processos determinados.

Dinheiro como dinheiro e dinheiro como capital são distinguidos em primeiro lugar apenas pela forma da sua circulação. Ao lado de M-A-M também vem a forma A-M-A, comprar para vender. O dinheiro, que descreve neste movimento esta forma de circulação, torna-se capital, já está contido em si próprio, quer dizer, pelo seu destino, do capital.

O resultado de A-M-A é A-A, troca indireta de dinheiro, por dinheiro. Eu compro 100 libras de algodão, que eu vendo por 110 libras; no final eu troquei 100 libras por 110, dinheiro por dinheiro.

Se esse processo resultasse no mesmo valor monetário que foi nele lançado  inicialmente - 100 libras [de] 100 libras - isso seria absurdo. Mas, quer das suas 100 libras o comerciante retire 100, 110 ou apenas 50 libras, o seu dinheiro, no entanto, descreveu um movimento particular, bastante diferente do fluxo de mercadorias M-A-M. A análise das diferenças na forma que distinguem esse movimento de M-A-M também nos permitirá discernir a diferença de conteúdo.

As duas fases do processo são as mesmas do M-A-M, respectivamente. Mas há uma grande diferença como um todo. Em M-A-M, o dinheiro é o intermediário, a mercadoria o ponto de partida e o acabamento; aqui, é M quem é o intermediário, no ponto de partida e o resultado final. Em M-A-M, o dinheiro é definitivamente gasto, em A-M-A, ele só é avançado e deve ser encontrado. Ele volta ao seu ponto de partida - então [há] aqui já uma diferença perceptível e palpável entre a circulação de dinheiro como dinheiro e dinheiro como capital.

Em M-A-M o dinheiro só pode fluir de volta ao seu ponto de partida através da repetição de todo o processo, pela venda de mercadorias frescas, [novas]; o refluxo é, portanto, independente do processo em si. Em A-M-A, por outro lado, é condicionado antecipadamente pela própria estrutura do processo, que está incompleta se não tiver sucesso. P. 110 [156/153].

M-A-M, tem o objectivo final do valor de uso, A-M-A, o valor da troca em si.

Em M-A-M, os dois extremos têm a mesma forma económica 23. Ambos são mercadorias do mesmo valor. Mas, ao mesmo tempo, são valores de uso qualitativamente diferentes e o processo é o conteúdo do intercâmbio social. Em A-M-A, a operação parece à primeira vista tautológica, vazia de conteúdo. Parece absurdo trocar 100 libras esterlinas por 100 libras esterlinas, e por um desvio para o excedente. Uma soma de dinheiro não se pode  distinguir de qualquer outra, senão pela grandeza; A-M-A não recebe o seu conteúdo senão pela diferença quantitativa dos extremos. Mais dinheiro está a ser tirado de circulação do que foi deitado fora. Algodão comprado a 100 libras é vendido, por exemplo, a 100 libras + 10 libras; o processo toma a forma de A-M-A', onde A' - A - A. Esse A, esse incremento [aumento] é mais-valia. O valor inicialmente avançado não só permanece em circulação, mas também aumenta com mais-valia, valoriza-se, e esse movimento transforma dinheiro em capital.

Em M-A-M pode, naturalmente, existir uma diferença de valor entre os extremos, mas é puramente fortuita nesta forma de circulação e o M-A-M não se torna absurdo quando os extremos têm valor idêntico - pelo contrário, é mesmo a condição de um funcionamento normal.

A repetição do M-A-M encontra a sua medida e a sua razão de ser para um fim fora da venda, e que é o consumo, a satisfação das necessidades específicas. Em A-M-A, pelo contrário, o começo e o fim são os mesmos - dinheiro - e só isso, o movimento é indefinido. No entanto, A-A é uma quantidade diferente de A, mas, no entanto, uma quantidade limitada de dinheiro; se fosse gasto, deixaria de ser capital; se fosse removido da circulação, ele [permaneceria] parado na forma de poupança.24 Uma vez dada a necessidade de aprimoramento de valor, ela existe tanto para A' quanto para A e o movimento do capital é ilimitado porque no final do processo o seu objectivo é tão pouco alcançado quanto no início. P. 111 [1b6-159/153-156]. Como apoio a esse processo, o dono do dinheiro torna-se um capitalista.

Se na circulação de mercadorias o valor de troca vem no máximo para uma forma independente [a do dinheiro] em relação ao valor de uso da mercadoria, aqui ele aparece de repente como uma substância processiva 25, dotada de um movimento próprio e para a qual mercadorias e dinheiro são meras formas; mais do que isso, como valor original, ele difere de si mesmo considerado como mais-valia. Torna-se dinheiro processual 26 e, como tal, capital. P. 116 [162/158].

A-M-A' parece, é verdade, ser uma forma de capital comercial sozinho. Mas o capital industrial também é o dinheiro que se transforma em mercadoria e, através da venda [das mercadorias], é convertido numa maior soma de dinheiro. Actos que podem acontecer entre a compra e a venda, fora da esfera da circulação, não mudam nada. Finalmente, no capital portador de juros, o processo apresenta-se, directamente [na forma] A-A', um valor que é ao mesmo tempo maior do que ele mesmo. P. 117 [162-163/158-159].

_______________________________

23 Marx usa apenas a palavra "forma" Engels usa Formbes limmtheit. difícil de traduzir: certeza, precisão de forma, a ideia sendo rigorosamente a mesma forma (N.T.)
24 Marx escreve: "Se forem roubados da circulação, eles -[essas somas] petrificam-se em forma de poupança e não crescem mais até o julgamento-último" (N. T.)
25 Engels reproduz aqui a palavra usada por Marx: prozessierende Substanz, ou seja, uma substância no processo, em movimento contínuo. (N.T.)
26 idem que 25                                                                                                                         27 Marx escreve: "Finalmente, em relação ao capital usuário, a forma é reduzida aos seus dois extremos sem meios termos; ela resume-se, ao estilo lapidário, em A', dinheiro que vale mais dinheiro, valor que é maior do que ele mesmo. (N.T.)



                            II. Contradição da fórmula geral.


A forma de circulação pela qual o dinheiro se torna capital contradiz todas as leis desenvolvidas acima relacionadas à natureza das mercadorias, ao valor, ao dinheiro e à própria circulação. Foi a diferença puramente formal na ordem de sucessão [das duas fases opostas, a venda e a compra inversa] que poderia ter produzido esse resultado?

Mais ainda, essa inversão só existe para uma das três pessoas [para um dos três contratantes]. Capitalista, eu compro mercadorias de A e vendo para B, A e B simplesmente intervêm como comprador e vendedor de mercadorias. Em ambos os casos, sou um mero possuidor de dinheiro ou uma mera posse de mercadorias em relação a um [ajo] como comprador ou dinheiro, no que diz respeito ao outro como vendedor ou mercadoria, mas em relação a qualquer um, não sou capitalista ou representante de algo que seria mais do que dinheiro ou mercadoria. Para A o negócio começou com uma venda, para B, terminou com uma compra, portanto exactamente como na circulação de mercadorias. Da mesma forma, se eu basear o direito aos ganhos de capital em cada uma das séries isoladas 28, A poderia vender directamente para B, e a possibilidade de ganhos de capital cairia.

Suponha que A e B comprem mercadorias directamente. Em termos de valor de uso, ambos podem ganhar. A pode até produzir mais da sua mercadoria do que B poderia produzir ao mesmo tempo e vice-versa, de modo que ambos ganham. Mas [é] diferente com o valor da troca. Aqui, magnitudes de valores iguais são trocadas, mesmo quando o dinheiro intervém como meio de circulação. P. 119 [164-165/161].

Do ponto de vista abstracto, na simples circulação das mercadorias, além de substituir um valor de uso por outro, há apenas uma mudança na forma [metamorfose] das mercadorias. Na medida em que ele [o movimento das mercadorias] só leva a uma mudança na forma do seu valor de uso, ele [faz] causa, quando esse fenómeno é realizado em toda a sua pureza [que] uma troca de equivalentes. Embora as mercadorias possam ser vendidas a preços diferentes do seu valor, somente quando a lei da troca de mercadorias for violada. Em sua forma pura, é [esta troca] uma troca de equivalentes; [não representa portanto], um meio para enriquecer. P. 120 [165-166/162].

Daí o erro de todas as tentativas de derivar a mais-valia da circulação de mercadorias. Condillac, 121. [166/162-163]. Newmann, 122 [167/163].

Mas vamos admitir que a troca não ocorre na sua forma pura, que não-equivalentes são trocados. Digamos que cada vendedor vende a sua mercadoria 10% acima do seu valor. Tudo permanece igual, o que todos ganham como vendedor, ele perde como comprador. Assim como se o valor do dinheiro tivesse mudado em 10% - assim como os compradores estavam a comprar 10% abaixo do valor. S. 123 [168169/164] (Torrens).

O pressuposto de que a mais-valia decorre de um aumento nos preços pressupõe que existe uma classe que compra sem vender, ou seja, consome sem produzir, [uma classe] para a qual o dinheiro flui constantemente, gratuitamente.29 Vender mercadorias acima do preço para esta classe é recuperar em parte, por meios fraudulentos, dinheiro que tinha sido dado sem receber nada em troca. (Ásia Menor e Roma). No entanto, o vendedor está sempre frustrado e não consegue, dessa forma, enriquecer, produzir mais-valia.

Vamos tomar como exemplo o caso da fraude. A vende a B vinho que vale 40 libras para trigo que vale 50 libras. Um ganha 10 [libras]. Mas A e B juntos têm apenas 90. A tem 50 e B [tem] apenas 40. O valor foi deslocado, mas não criado. No seu conjunto, a classe capitalista de um país não pode lesar-se a si própria. P. 126 [170/166].

28 A série aqui são as duas transacções: comprar as mercadorias de A e vender as mercadorias para B. (N. T.)

29 Marx escreve que "o dinheiro com o qual uma tal classe compra constantemente deve retornar constantemente dos cofres dos produtores para o seu, gratuito, sem troca, voluntariamente ou em virtude de um direito adquirido". (N.T.)

Então, se você trocar equivalentes, não há ganho de capital; se não-equivalentes forem trocados, não há mais mais-valia. A movimentação de mercadorias não cria um novo valor.

É por isso que deixamos de lado aqui as formas mais antigas e populares de capital, capital comercial e capital usurário. Se não queremos explicar o desenvolvimento do capital comercial pela simples fraude, devemos recorrer a muitos termos intermediários que ainda faltam aqui. Ainda mais para o capital usurário e o capital que rende juros. Posteriormente, ambos aparecerão como formas derivadas; [também veremos] por que é que eles aparecem historicamente diante do capital moderno.

A mais-valia não pode ser gerada a partir da circulação. Mas fora dela. Além dele, o proprietário de mercadorias é um mero produtor das suas mercadorias, cujo valor depende da quantidade - medida de acordo com uma determinada lei social - do seu próprio trabalho contido nela; esse valor é expresso em moeda de conta, por exemplo, num preço de 10. Mas esse valor não vale ao mesmo tempo 11 libras; o seu trabalho cria valores, mas nenhum valor que cresça por conta própria.30 Ele pode agregar valor a um valor existente, mas apenas adicionando trabalho. O produtor de mercadorias não pode, portanto, produzir ganhos de capital, fora da esfera da circulação, sem entrar em contacto com outros proprietários de mercadorias.

O capital deve, portanto, surgir tanto na circulação de mercadorias quanto fora dela.31 P. 128 [173/168].

Assim, a transformação do dinheiro em capital, deve ser desenvolvida com base nas leis imanentes à troca de mercadorias, de modo que a troca de equivalentes sirva de ponto de partida. O nosso possuidor de dinheiro, que existe apenas no estado da crisálida capitalista, deve comprar as mercadorias pelo seu valor, vendê-los pelo seu valor e, no entanto, retirar no final do processo mais valor do que aquele que investiu. A sua metamorfose numa borboleta deve ocorrer na esfera da circulação e ao mesmo tempo fora dessa esfera. Estes são os dados do problema. Hic Rhodus, snag salta!32. S. 129 [173174/168-169].

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30 Engels usa a palavra marx sich verwerlende Werte, "valores que se destacam" (N. T.)
31 Marx escreve: "O capital não pode, portanto, resultar da circulação, nem pode ser o resultado da circulação. Deve surgir tanto nele como fora dele. Um resultado duplo foi alcançado." Esta passagem não existe na tradução de Roy. (N.T.)
32 Aqui é Rhodes, aqui salta! Ou seja, aqui você tem a oportunidade de mostrar os seus talentos (N.R.)



                                 III. Compra e venda da força de trabalho.


A mudança do valor do dinheiro, que deve ser transformado em capital, não pode ocorrer nesse próprio dinheiro, pois ele não alcança na compra senão o preço da mercadoria; além disso, enquanto houver dinheiro, o seu valor não muda e, na venda, a mercadoria apenas se transforma da sua forma natural na sua forma dinheiro.

A transformação deve ocorrer, portanto, na mercadoria [durante] o [processo] A-M-A, mas não com o seu valor de troca, uma vez que os equivalentes são trocados; ela [essa transformação] só pode surgir do seu valor de uso [das mercadorias] como tal, ou seja, do seu consumo [do seu uso]. Para isso, é preciso ter uma mercadoria cujo valor de uso tenha a propriedade de ser uma fonte de valor de troca, e essa mercadoria existe: [é] a força de trabalho. S. 130 [174-175/170].

Mas para o detentor do dinheiro encontrar a força de trabalho como uma mercadoria no mercado, ela deve ser vendida pelo seu próprio proprietário, ou seja, deve ser uma força de trabalho livre. Mas como tanto o comprador quanto o vendedor são, como contratantes, pessoas legalmente iguais, a força de trabalho deve ser vendida apenas temporariamente, pois, na venda a granel 33, o vendedor não permanece vendedor e torna-se uma mercadoria. Mas então, em vez de ser capaz de vender bens onde o seu trabalho é materializado, o proprietário deve ser capaz de vender a sua força de trabalho como uma mercadoria. S. 131 [175-176/1711.

A transformação do dinheiro em capital exige, portanto, que o detentor do dinheiro encontre no mercado o trabalhador livre, livre de um ponto de vista duplo. Primeiro, o trabalhador deve ser capaz de dispor, pessoalmente, da sua força de trabalho como mercadoria que lhe pertence, depois ele não deve ter outras mercadorias para vender e que, livre em todos os sentidos da palavra, ele não tem nenhum dos objectos necessários para realizar a sua força de trabalho. P. 132 [176/172].

Deve-se notar, aliás, que a relação entre o dono do dinheiro e o possuidor da força de trabalho não é uma relação natural ou comum em todos os momentos, social, mas uma relação histórica, produto de muitas transformações económicas.

Assim, as categorias económicas consideradas até agora também carregam o seu cunho histórico. Para se tornar uma mercadoria, o produto não deve ser fabricado como meio imediato de subsistência; a massa de produtos só pode assumir a forma de mercadorias dentro de um modo específico de produção, o modo capitalista, embora a producção de mercadorias e circulação já possa ocorrer onde a massa de produtos nunca se torna mercadoria. O dinheiro propriamente dito 34 pode existir em todos os momentos que atingiram um certo nível de movimentação de mercadorias; as formas particulares de dinheiro, desde o simples equivalente à moeda mundial, pressupõe diferentes estágios de desenvolvimento; no entanto, um movimento muito fragilmente desenvolvido de mercadorias pode produzir todos elas. Por outro lado, o capital só surge quando a condição definida acima é dada, e essa condição abrange [todos] um período da história universal. S. 133 [177-178/173].

A força de trabalho tem um valor de troca, que é determinado, como o de todos as mercadorias pelo tempo de trabalho necessário para a sua producção, assim como a sua reprodução. O valor da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência necessários para a preservação do seu proprietário, para a sua preservação num

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33 em francês no texto. (N.T.)
34 Paralelamente. (N.T.)

estado em que mantenha uma capacidade normal de trabalho. Esta  julga-se segundo o clima, as condições naturais, etc., bem como pelo padrão de vida 35, dado historicamente em cada país. Elas [essas condições] variam, mas são fixadas para um determinado país e um período especificado. Ela [a soma dos meios de subsistência necessários] também inclui os meios de subsistência dos homens substitutos, ou seja, crianças, para que a raça desses possuidores particulares de mercadorias seja perpetuada. Além disso, para um trabalho hábil, ele [o mesmo] também inclui custos de aprendizagem. P. 135 [178-180/174475].

O limite mínimo do valor da força de trabalho é o valor dos meios de subsistência fisicamente indispensáveis. Se o preço da força de trabalho cair para esse mínimo, ele cai abaixo do seu valor, pois este último pressupõe uma qualidade normal e não reduzida da força de trabalho. S. 136 [180-181/175-176].

A natureza do trabalho implica que a força de trabalho só é consumida após a celebração do contrato e como, para tais mercadorias, o dinheiro é o meio de pagamento mais frequente, ele [a força de trabalho] é pago, em todos os países do modo de producção capitalista, somente após ser fornecido. Em todos os lugares, portanto, o trabalhador credita ao capitalista.36 S. 137 [181-182/176-177].

O processo de consumo da força de trabalho é, ao mesmo tempo, um processo de producção, mercadorias e mais-valia e esse consumo ocorre fora da esfera da circulação.   P. 140 [183-184/178].

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33 em francês no texto. (N.T.)
34 Idem. (N.T.)
35 Padrão de vida. (N.T.)
36 Marx escreve: "Em todos os países onde prevalece o modo de producção capitalista, a força de trabalho só é pavimentada quando já funcionou por um determinado tempo fixado pelo contrato. O trabalhador, portanto, avança o valor usual da sua força em todos os lugares para o capitalista; ele permite que ele seja consumido pelo comprador antes que ele obtenha o preço; em suma, ele dá-lhe crédito em todos os lugares. (N.T.)


MAIS NA PRÓXIMA SEMANA

TERCEIRA PARTE A PRODUÇÃO DA MAIS-VALIA ABSOLUTA.........32


I. Processos de trabalho e processos de valorização.......32

II. Capital constante e capital variável............ 33
III. A taxa de mais-valia................34
IV. O dia do trabalho............ 35
V. Taxa e massa da mais-valia ..................37

QUARTA PARTE A PRODUÇÃO DE MAIS-VALIA RELATIVA.................. 39

I. Noção da mais-valia relativa.............................39
II. A cooperação............................39
III. Divisão de Trabalho e Manufactura..........................42
IV. Maquinaria e grande indústria.........................45

V. Novas pesquisas sobre a producção de mais-valia

SUPLEMENTO E COMPLEMENTO DO LIVRO III DO "CAPITAL"................................................................................................................52 
1. LEI DE VALOR E TAXA DE LUCRO. "PROFIT RATE"......................52
2. A BOLSA...........................................................................................................62
FRANZ MEHRING: “O CAPITAL” .....................................................65

I. AS DORES DA INFÂNCIA ..............................................65

II. O PRIMEIRO LIVRO...............................................................................67

ROSA LUXEMBURGO .........................................................................76
III. O SEGUNDO E TERCEIRO LIVROS.........76

NOTA DOS EDITORES

Fonte:  ENGELS: Pour comprendre « le capital », document – les 7 du quebec

Traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice

 

 

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