Viva o 1.º de Maio Vermelho!
O esvaziamento do significado político do 1.º de Maio, enquanto dia
de luta e de resistência, é a estratégia do grande capital para travar o
movimento e acção dos trabalhadores, para os alienar, para subtilmente
desvirtuar o que sabe ser uma ode à pulsão dos trabalhadores, para o
transformar numa data não de protestos e de luta de classes, mas num dia onde
parte das linhas de produção paralisam com consentimento de antíteses: do
proletário e dos detentores dos meios de produção, ou seja, o dia para a "besta
de carga" (na concepção burguesa) recompor as suas baterias, manifestar a
sua revolta para que regresse no dia seguinte, mais manso, quiçá
grato ao seu patrão pela “benesse” ainda concedida, mas que contém em si a luta
de milhões e milhões de trabalhadores em todo o mundo.
Perante esta desfiguração, o trabalhador alienado volta, no dia seguinte,
pronto para mais uma dose incontestável e esmagadora de estranhamento, para
sofrer mais sobretrabalho e mais mais-valia, para que possa, então, diante do
ciclo, desejar mais dias de folga e finais de semana (“concedidos” pelo
patrão), onde regride a (contra) gosto à fera, no seu lar. É esse o papel dos
desfiles da Intersindical e das conferências da UGT, sem pingo de nervo nem
alvo credível, com a palavra “luta” na boca, mas o coração e o cérebro vazios
de futuro.
Mas, o desenvolvimento do capitalismo e a realidade daí decorrente
encarregar-se-á de obrigar os trabalhadores a lutar pela sua sobrevivência.
É bem verdade que subjacente e consequente à gravíssima crise económica,
sanitária, social e ambiental que varre todo o planeta e que mata,
literalmente, milhões de pessoas à fome e de doença evitável, está a ocorrer
uma gigantesca reconfiguração do capitalismo, uma espécie de reset do sistema
sob novas condições mais favoráveis à sua acção mortal. Parafraseando Lenine:
A catástrofe está iminente.
Mobilizemos
os meios para a conjurar!
Apoiando-se no poder político e militar dos Estados onde têm a principal
base de acção, um pequeno punhado de capitalistas está a pôr em acção um plano
feroz para açambarcar lucros e rendas, sem qualquer espécie de
consideração pela vida e pela sobrevivência dos operários e das camadas
intermédias da sociedade, sobretudo nos países que são dominados pelo poder
económico e militar das grandes potências imperialistas, à cabeça das quais se
encontram os Estados Unidos da América e a China, mas que incluem também, entre
outras potências de segunda ordem, o directório de quatro ou cinco governos que
mandam na União Europeia.
O governo do Costa age como um simples peão de brega desta pequena
oligarquia capitalista e das grandes potências imperialistas. É um governo com
carne de obedecer e que é movido apenas pela ambição que os seus membros e
respectivo séquito de lacaios alimentam de virem a receber recompensas e
sinecuras pelos serviços prestados ao grande capital.
Esta condição de agente do grande capital e de máquina repressora
cripto-fascista contra os trabalhadores e o povo português, foi sempre a imagem
de marca do governo do Costa desde que entrou em funções com o apoio das suas
muletas. Há muito que este governo devia ter sido forçado a demitir-se, e
inúmeras foram, durante os últimos seis anos, as ocasiões para haver mobilização
e indignação populares capazes de impor uma tal demissão.
Nunca, desde o regime fascista, foi um governo tão incensado pela imprensa
e nunca um governo do grande capital deveu tanto a sua sobrevivência à inacção
e à cumplicidade por parte dos partidos da oposição parlamentar e das
principais organizações sindicais.
Uma “gestão da pandemia”, alinhada com as farmacêuticas e a reconfiguração
do sistema, anuncia a desgraça nesse capítulo (novas variantes do vírus cada
vez mais infecciosas, mortais e resistentes às vacinas que o sistema de
confinamento, imposto por governos sabujos como o do Costa em todo o mundo,
promove), acelera o processo de monopolização em inúmeros sectores produtivos
pela liquidação maciça dos concorrentes mais fracos atirando-os para a miséria,
e propicia condições para o telecontrolo generalizado das populações.
Ao mesmo tempo, alimentado pelos ventos doentios de Bruxelas e Washington,
anuncia como soluções para o mundo, nas quais “estaremos entre os primeiros”,
as “transições” energética, digital e verde. Por trás prepara, à imagem de
todos os outros governos imperialistas, os instrumentos para executá-las: leis
fascistas e polícias fascistas de mãos livres.
Para isso conta com todo o parlamento. O mote foi dado no 25 de Abril. Não
foi preciso muita atenção para perceber o estado de unidade dos partidos
parlamentares em torno dos “desígnios nacionais”, incluindo o fascista com o
seu jogo enganoso de patranhas.
É por força da atitude de capitulação por parte das centrais sindicais que o
governo do Costa se abalança, de novo ao arrepio dos seus compromissos
eleitorais, a uma nova revisão do Código de Trabalho, agora à luz de um “Livro
verde sobre o futuro do Trabalho”, e que consegue ser ainda mais gravosa para
os trabalhadores do que a actual versão, aprovada pelo governo de traição
nacional Passos/Portas/Cavaco, ao propor uma regulamentação do teletrabalho,
entre outras, totalmente favorável ao patronato. Trata-se, como é bom de ver,
de um dos elementos do plano de acção capitalista para se salvar ao mesmo tempo
que transporta a pobreza e a insegurança na vida dos trabalhadores para níveis
de escabrosidade nunca antes alcançados.
Não esperem pela resposta!
HORÁRIO MÁXIMO DE 35 HORAS SEMANAIS!
REDUÇÃO DE HORÁRIO SEM PERDA DE SALÁRIO!
O 1º DE MAIO É DIA DE LUTA!
VIVA O 1º DE MAIO VERMELHO!
30Abr2021
Retirado de: http://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/92-movimento-operario-e-sindical/2917-viva-o-1-de-maio-vermelho
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