O que terá levado a Polícia Judiciária e o Ministério Público a despoletar a Operação Olissupus que, conforme está a ser anunciado pela “comunicação social” a soldo do grande capital, levou aquela polícia a realizar, na passada 3ª feira, buscas na Câmara Municipal de Lisboa (CML) e em vários outros locais, incluindo os domicílios de Manuel Salgado e do seu filho?
Alegadamente, e pelo que se infere do texto da nota que a PJ divulgou sobre esta operação, esta terá sido realizada no âmbito de 8 inquéritos dirigidos pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) Regional de Lisboa. Da acção em causa resultaram “28 mandatos de busca, 10 buscas domiciliárias – entre as quais os domicílios de Manuel Salgado e do seu filho – e 18 não domiciliárias”, todas elas visando a “recolha de documentação relacionada com suspeitas de práticas criminosas, sob investigação.
Há vários anos que o PCTP/MRPP, em particular através de artigos e tweets escritos pelo meu saudoso camarada Arnaldo Matos, tem-se constituído como a “voz que prega no deserto” da corrupção burguesa e vem denunciando vários crimes praticados, sobretudo na área do Urbanismo, pela CML. Crimes que, pelos vistos, só agora, e volvidos muitos anos após as nossas denúncias, merecem o olhar investigatório da PJ e do Ministério Público.
Ainda assim, pelo menos pelo que “veio a público”, soprado pela própria PJ e pelo
Ministério Público – que, como vai sendo hábito liberta a informação à medida das suas preferências de agenda – está
longe de estar completa a lista de crimes que essa sinistra personagem que dá
pelo nome de Manuel Salgado, vereador da Área do Urbanismo da CML durante
muitos anos, primo do DDT (Dono
disto tudo, o famigerado Ricardo Salgado) e, também ele, DDTLX (Dono Disto Tudo Lisboa) alegadamente cometeu, alguns deles a
configurar crimes cometidos no
exercício de funções públicas, inclusive abuso de poder, participação económica
em negócio e corrupção.
Há mais
de um ano, e na sequência do caso Robles, um manifesto caso de corrupção
em que o então vereador do BE, Ricardo Robles, foi apanhado com a “boca na
botija” por ter adquirido, em 2014, com o beneplácito da CML, um edifício em
Alfama por 347 mil euros para, volvidos cerca de 3 anos o colocar à venda por 5,7
milhões, o meu camarada Arnaldo Matos – ainda em vida – deslocou-se à Sede da
CML nos Paços do Concelho, em Lisboa, a exigir que lhe fosse disponibilizada a
documentação – que deveria ser pública – do “negócio”. O que, obviamente, lhe
foi recusado.
Exigia-se
um conhecimento integral dos factos que levaram a que a Ricardo Robles - que se
auto-intitulava então, enquanto candidato do BE à Presidência da CML, como
crítico do “carrossel da especulação” -, tivessem sido dadas condições que o
fariam entrar, rapidamente, na lista das individualidades cujo enriquecimento
seria tão meteórico quanto criminoso e ilícito.
Agora, e segundo a supracitada nota da PJ, as buscas na CML foram realizadas nas instalações do Campo Grande e nos Paços do Concelho e “resultaram de várias denúncias, incluindo participação ao Ministério Público”, todas elas relativas a processos urbanísticos. Para já, e do que consta da informação prestada pelos diferentes órgão da “comunicação social” burguesa, estão em causa processos que já haviam sido anunciados em 2017 (!!!!):
·
A empreitada anulada pelo município na Segunda
Circular
·
A Torre de Picoas
·
O Hospital da Luz
A própria CML vem
reconhecer, porém, que estão em causa, também, os processos urbanísticos:
·
da Operação Integrada de Entrecampos (que envolve os
terrenos da antiga Feira Popular)
·
dos terrenos da Petrogal
·
do Plano de Pormenor da Matinha
·
de um prédio na Praça das Flores, do edifício
Continente
·
das Twin Towers
·
do Convento do Beato
·
da requalificação da piscina da Penha de França
·
das obras do miradouro de São Pedro de Alcântara
Todos eles projectos
da responsabilidade de Manuel Salgado, ex-vereador do Urbanismo na CML, pelouro
que ocupou desde 2007 – ainda sob a presidência de António Costa – até 2019 –
já sob a presidência de Fernando Medina que o veio a substituir por Ricardo
Veludo.
Mas, a lista não
está completa:
·
o que é feito do projecto da “Colina de Santana” (a
famigerada Colina de Ouro)?
·
que actividades corruptas estão por detrás do
licenciamento da construcção do Hospital da CUF , sito na Av. 24 de Julho, um
autêntico crime arquitectónico?
·
Para quando o cabal esclarecimento dos contornos do
negócio entre a CML e o ex-vereador do BES, Ricardo Robles?
E muitos mais
crimes, por enquanto “alegados”, que se poderiam acrescentar a esta
interminável lista de casos de corrupção, compadrio, participação em negócio, abuso
de poder e prepotência.
A procissão ainda
vai no adro. A seu tempo, e à medida que a malha for apertando – se é que tal
vai acontecer – os aliados de ontem vão “meter a boca no trombone” e vamos
assistir a um “passa culpa” de uns para os outros que nos poderão dar um
vislumbre da extensão dos crimes que, desde sempre, quer o PCTP/MRPP, quer o
meu saudoso camarada Arnaldo Matos, quer eu próprio, fomos denunciando ao longo
dos anos.
Denúncias que
mereceram sempre o desdém, a vil sanha persecutória e a tentativa vã de nos
fazer calar por parte daqueles que, agora, são os alvos anunciados de processos
de investigação sobre alguns dos crimes que denunciámos.
Uma coisa é certa!
Em vésperas de eleições autárquicas, os diferentes sectores da burguesia que se
perfilam para abocanhar o apetitoso bolo que representa o Orçamento da CML e seu
património. Começam as sua movimentações de bastidores. Vale tudo! E é precisamente
por isso que a classe operária e os restantes trabalhadores assalariados não
devem depositar. Nem na “justiça”, nem nos seus “justiceiros”, quaisquer
ilusões.
As denúncias devem
ser feitas. Os crimes jamais prescreverão, até que a revolução comunista
imponha uma justiça a favor de quem trabalha e julgue e condene adequadamente
toda esta canalha que se entretém a desviar o sub-produto, a mais-valia, que lhes
foi extraída pela burguesia e pelo poder que a serve.
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