quinta-feira, 22 de abril de 2021

Operação Olissipus – Começou a dança do “passa culpas”!

 

O que terá levado a Polícia Judiciária e o Ministério Público a despoletar a Operação Olissupus que, conforme está a ser anunciado pela “comunicação social” a soldo do grande capital, levou aquela polícia a realizar, na passada 3ª feira, buscas na Câmara Municipal de Lisboa (CML) e em vários outros locais, incluindo os domicílios de Manuel Salgado e do seu filho?

Alegadamente, e pelo que se infere do texto da nota que a PJ divulgou sobre esta operação, esta terá sido realizada no âmbito de 8 inquéritos dirigidos pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) Regional de Lisboa. Da acção em causa resultaram “28 mandatos de busca, 10 buscas domiciliárias – entre as quais os domicílios de Manuel Salgado e do seu filho – e 18 não domiciliárias”, todas elas visando a “recolha de documentação relacionada com suspeitas de práticas criminosas, sob investigação.

Há vários anos que o PCTP/MRPP, em particular através de artigos e tweets escritos pelo meu saudoso camarada Arnaldo Matos, tem-se constituído como a “voz que prega no deserto” da corrupção burguesa e vem denunciando vários crimes praticados, sobretudo na área do Urbanismo, pela CML. Crimes que, pelos vistos, só agora, e volvidos muitos anos após as nossas denúncias, merecem o olhar investigatório da PJ e do Ministério Público.

Ainda assim, pelo menos pelo que “veio a público”, soprado pela própria PJ e pelo Ministério Público – que, como vai sendo hábito liberta a informação à medida das suas preferências de agenda – está longe de estar completa a lista de crimes que essa sinistra personagem que dá pelo nome de Manuel Salgado, vereador da Área do Urbanismo da CML durante muitos anos, primo do DDT (Dono disto tudo, o famigerado Ricardo Salgado) e, também ele, DDTLX (Dono Disto Tudo Lisboa) alegadamente cometeu, alguns deles a configurar crimes cometidos no exercício de funções públicas, inclusive abuso de poder, participação económica em negócio e corrupção.

Há mais de um ano, e na sequência do caso Robles, um manifesto caso de corrupção em que o então vereador do BE, Ricardo Robles, foi apanhado com a “boca na botija” por ter adquirido, em 2014, com o beneplácito da CML, um edifício em Alfama por 347 mil euros para, volvidos cerca de 3 anos o colocar à venda por 5,7 milhões, o meu camarada Arnaldo Matos – ainda em vida – deslocou-se à Sede da CML nos Paços do Concelho, em Lisboa, a exigir que lhe fosse disponibilizada a documentação – que deveria ser pública – do “negócio”. O que, obviamente, lhe foi recusado.

Exigia-se um conhecimento integral dos factos que levaram a que a Ricardo Robles - que se auto-intitulava então, enquanto candidato do BE à Presidência da CML, como crítico do “carrossel da especulação” -, tivessem sido dadas condições que o fariam entrar, rapidamente, na lista das individualidades cujo enriquecimento seria tão meteórico quanto criminoso e ilícito.

Agora, e segundo a supracitada nota da PJ, as buscas na CML foram realizadas nas instalações do Campo Grande e nos Paços do Concelho e “resultaram de várias denúncias, incluindo participação ao Ministério Público”, todas elas relativas a processos urbanísticos. Para já, e do que consta da informação prestada pelos diferentes órgão da “comunicação social” burguesa, estão em causa processos que já haviam sido anunciados em 2017 (!!!!):

·         A empreitada anulada pelo município na Segunda Circular

 

·         A Torre de Picoas

 

·         O Hospital da Luz

A própria CML vem reconhecer, porém, que estão em causa, também, os processos urbanísticos:

·         da Operação Integrada de Entrecampos (que envolve os terrenos da antiga Feira Popular)

·         dos terrenos da Petrogal

·         do Plano de Pormenor da Matinha

·         de um prédio na Praça das Flores, do edifício Continente

·         das Twin Towers

·         do Convento do Beato

·         da requalificação da piscina da Penha de França

·         das obras do miradouro de São Pedro de Alcântara

Todos eles projectos da responsabilidade de Manuel Salgado, ex-vereador do Urbanismo na CML, pelouro que ocupou desde 2007 – ainda sob a presidência de António Costa – até 2019 – já sob a presidência de Fernando Medina que o veio a substituir por Ricardo Veludo.

Mas, a lista não está completa:

·         o que é feito do projecto da “Colina de Santana” (a famigerada Colina de Ouro)?

·         que actividades corruptas estão por detrás do licenciamento da construcção do Hospital da CUF , sito na Av. 24 de Julho, um autêntico crime arquitectónico?

·         Para quando o cabal esclarecimento dos contornos do negócio entre a CML e o ex-vereador do BES, Ricardo Robles?

E muitos mais crimes, por enquanto “alegados”, que se poderiam acrescentar a esta interminável lista de casos de corrupção, compadrio, participação em negócio, abuso de poder e prepotência.

A procissão ainda vai no adro. A seu tempo, e à medida que a malha for apertando – se é que tal vai acontecer – os aliados de ontem vão “meter a boca no trombone” e vamos assistir a um “passa culpa” de uns para os outros que nos poderão dar um vislumbre da extensão dos crimes que, desde sempre, quer o PCTP/MRPP, quer o meu saudoso camarada Arnaldo Matos, quer eu próprio, fomos denunciando ao longo dos anos.

Denúncias que mereceram sempre o desdém, a vil sanha persecutória e a tentativa vã de nos fazer calar por parte daqueles que, agora, são os alvos anunciados de processos de investigação sobre alguns dos crimes que denunciámos.

Uma coisa é certa! Em vésperas de eleições autárquicas, os diferentes sectores da burguesia que se perfilam para abocanhar o apetitoso bolo que representa o Orçamento da CML e seu património. Começam as sua movimentações de bastidores. Vale tudo! E é precisamente por isso que a classe operária e os restantes trabalhadores assalariados não devem depositar. Nem na “justiça”, nem nos seus “justiceiros”, quaisquer ilusões.

As denúncias devem ser feitas. Os crimes jamais prescreverão, até que a revolução comunista imponha uma justiça a favor de quem trabalha e julgue e condene adequadamente toda esta canalha que se entretém a desviar o sub-produto, a mais-valia, que lhes foi extraída pela burguesia e pelo poder que a serve.

Ler também:

https://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/96-local/760-a-colina-de-ouro?fbclid=IwAR02SFNaz3CgwsNUFbx5KX9p5nMj4fNoKN11xjVc0Q_jUCT5U-dYGM95UpA

https://www.lutapopularonline.org/index.php/pais/104-politica-geral/1219-o-costa-e-o-bes?fbclid=IwAR0mmVhLvFVdiSZV7SMiYsVftuwMkGNyP2-SgPLqvTM3nEiH7dA4fDDmg2U

https://www.lutapopularonline.org/index.php/editorial/2428-ali-baba-e-o-negocio-da-torre-das-picoas?fbclid=IwAR2rztN-9IV7AxmpovwnkqKJagoCc9JgXRzoucNJHzZg171PUSDVJk_8xqk

 

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